Nutella Desmascarada

creme nutella

Resumo da matéria -

  • Anunciada como um creme de avelã com um toque de chocolate, a Nutella realmente contém uma grande dose de açúcar e óleo de palma
  • refinado, ambos com propriedades cancerígenas conhecidas
  • Você pode continuar a desfrutar de um creme de chocolate semelhante se o fizer em casa usando ingredientes saudáveis

Por Dr. Mercola

Se você não experimentou uma fatia de torradas com Nutella, você pode não estar perdendo tanto quanto os anunciantes gostariam que você acreditasse. A Nutella, anunciada como sendo um doce pseudo-saudável, é um creme de chocolate usado em panquecas, torradas e frita em wontons.

Na verdade, o produto tem um grande grupo de entusiastas na Europa e nos EUA. Infelizmente, embora seja anunciada como um acréscimo saudável a sua rotina de café da manhã , a Nutella não corresponde às suas expectativas .

A lista de ingredientes simples contém apenas cinco itens, sendo o maior deles o açúcar. A Nutella comemorou seu aniversário de 50 anos e parece estar bem estabelecida em seu nicho de mercado de chocolate cremoso.

Os Ingredientes na Nutella Podem Te Surpreender

Enquanto os clientes parecem adorar o sabor, chegando quase ao vício, seus ingredientes podem te surpreender. Nesta propaganda curta de Nutella, dizem para você que suas crianças necessitam da tentação do chocolate a cada manhã para fazê-los comer o café da manhã.

Mas, antes que você vá até uma loja para obter um frasco, dê uma olhada no que está dentro. A propaganda fala sobre avelãs e um toque de cacau, mas não menciona o óleo de palma refinado e a dose maciça de açúcar. O rótulo afirma que há 8,5 gramas de açúcar em uma porção de 15 gramas.

Isso significa que mais da metade de qualquer porção é composta de açúcar. No entanto, quando passa a Nutella, você provavelmente não está pesando o produto e não há uma indicação dizendo qual deve ser o tamanho de uma porção.
Isso soa bem, mas uma infusão de açúcar não faz parte de uma dieta balanceada. Na verdade, comer açúcar desencadeia opioides naturais em seu cérebro e pode ser tão viciante como cocaína para algumas pessoas.

O segundo ingrediente que chama a atenção é o óleo de palma, que tem sido predominantemente colhido nas florestas da Malásia e Indonésia, contribuindo para o desmatamento desses países e tendo um impacto significativamente negativo sobre o ambiente e os animais que dependem das palmeiras para a sobrevivência.

A Ferrero fez questão de usar o óleo de palma sustentável que eles alegam não estar contribuindo para o desmatamento e que faz parte de um amplo esforço para criar métodos sustentáveis de produção de azeite de dendê. No entanto, a sustentabilidade não é a única preocupação relacionada ao azeite de dendê usado na Nutella.

Efeitos do Óleo de Palma Refinado Sobre a Saúde

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA), similar à Food and Drug Administration (Administração de Alimentos e Drogas) dos EUA, publicou recentemente um estudo que descobriu que os contaminantes químicos resultantes do refino de óleos vegetais (incluindo o óleo de palma) podem aumentar o risco de câncer.

As substâncias que causaram preocupação incluíram: ésteres de ácidos graxos glicidílicos (GE), 3-monocloropropanodiol (3-MCPD) e 2-monocloropropanodiol (2-MCPD) e seus ésteres de ácidos graxos. Quando refinados a aproximadamente 200 ° C (392 ° F), o óleo e a gordura do óleo de palma apresentaram o maior número de contaminantes, incluindo GE.

Não foram estabelecidos níveis toleráveis ou seguros para os GE, já que o grupo encontrou provas suficientes de que eles são genotóxicos e carcinogênicos.

A análise do painel concluiu que os níveis de GE entre 2010 e 2015 foram cortados pela metade através de medidas voluntárias tomadas pelos produtores. A Ferrero afirma que seu óleo de palma, refinado para tirar a cor vermelha característica e gosto incomum, é responsável pela textura e sabor da Nutella.

A empresa afirma que seu azeite de dendê é refinado em temperaturas abaixo de 200º C e sob baixa pressão para reduzir os contaminantes. Deixar de usar o óleo de palma não só mudaria o gosto, mas também teria repercussões econômicas para a empresa.

O Custo é um Fator na Produção

O óleo de palma é o óleo vegetal mais barato, custando US$ 800 por tonelada, em comparação com US$ 845 para o girassol e US$ 900 para colza. A Ferrero usa 185 mil toneladas por ano, então a mudança pode aumentar os custos de US$ 8 a 22 milhões por ano.

Embora a Organização Mundial da Saúde e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação também tenham identificado o mesmo risco no óleo de palma refinado, eles não recomendaram a proibição do ingrediente. A indústria de óleo de palma, avaliada em US$ 44 bilhões, encontrou na Ferrero um defensor firme e apaixonado.

Sem ter sido estimulada a isso, após o lançamento do estudo, uma grande cadeia de supermercados na Europa decidiu boicotar o óleo de palma processado. A Barilla também o eliminou de seus produtos. No entanto, a Nutella, indo para a ofensiva, começou a passar uma série de propagandas para garantir ao público na Itália que seu produto é seguro.

A Unilever e a Nestlé também continuaram a incluir o óleo de palma em seus produtos, apesar do relatório da AESA. No entanto, a Ferrero é a única empresa, até a data, montando uma defesa pública de seu uso do óleo de palma.
A Ferrero, uma empresa privada, diz que as vendas globais não foram afetadas pelo anúncio da AESA e que continuam a crescer aproximadamente 5% ao ano.

Os Benefícios do Azeite de Dendê Não Refinado para a Saúde

Não são os efeitos do azeite de dendê que estão em questão, mas sim o que acontece com o azeite de dendê durante o processo de refinamento para remover a cor e neutralizar o cheiro. Em um estado não refinado o azeite de dendê  é rico em gorduras saturadas e contém uma série de nutrientes importantes para a sua saúde.

Relatos históricos sugerem que o azeite de dendê fazia parte da dieta das populações indígenas. Atualmente, tornou-se o segundo óleo mais comercializada no mundo, depois da soja, tendo a Malásia e a Indonésia como seus principais produtores. Em seu estado natural, o azeite de dendê é vermelho. Se você encontrar azeite de dendê branco (óleo de palma), isso indica que ele foi refinado e despojado de um denso perfil de nutrientes.

Estudos descobriram que o azeite de dendê não refinado atua na melhora da saúde cardiovascular. Em um estudo publicado no British Journal of Biomedical Science, foi relatado que, apesar dos altos níveis de gordura saturada no azeite de dendê, ele não contribuiu para a aterosclerose e / ou trombose arterial.

Os pesquisadores sugeriram que isso se deve à relação entre gorduras saturadas e insaturadas no azeite de dendê, bem como seu rico perfil nutricional.

Os tocotrienóis encontrados no azeite de dendê auxiliam seu coração na luta contra o estresse e possuem uma propriedade protetora contra doenças cardíacas. Estudos sugerem que as propriedades antioxidantes no azeite de dendê ajudam a prevenir vários tipos de cânceres, incluindo o câncer de pele, gastrointestinal,de pulmão, de mama, de próstata e outros.

O azeite de dendê é um óleo comestível que você pode usar em um estado não refinado para obter a maior parte dos benefícios nutricionais. Tem um sabor forte que você pode não gostar. Você também pode aplicá-lo diretamente na sua pele para desfrutar de alguns dos benefícios.

Lesões como contusões, queimaduras solares e cortes cicatrizam mais rapidamente quando o azeite de dendê não refinado é aplicado. Para comprar azeite de dendê com um certificado de sustentabilidade, procure pela certificação da Roundtable para um Azeite de Dendê Sustentável.

Consumir grandes quantidades do azeite não refinado não tem efeitos adversos importantes, exceto por um ligeiro amarelamento da pele causado pelos altos níveis de carotenos no azeite de dendê. Esta alteração também significa que a sua proteção contra os raios UV prejudiciais é reforçada. Topicamente, o azeite de dendê pode fazer com que sua pele fique com uma cor amarelo-alaranjada que sai quando lavada. O óleo manchará sua roupa.

Lenta Ascensão até a Popularidade

A Nutella tem desfrutado de uma base de fãs devotos na Europa já há alguns anos. Introduzido nos Estados Unidos em 1983, levou décadas para que o creme se tornasse popular. Depois de uma campanha publicitária que começou em 2009, as vendas dispararam para 240 milhões de dólares.

Graças a uma série de fãs dedicados, o creme é mais do que um sucesso financeiro; tornou-se um fenômeno alimentar.

Admiradores nos EUA criaram páginas no Facebook , livros de receitas, contas no Twitter e até mesmo criaram um feriado, comemorado pela primeira vez em 05 de fevereiro de 2007. Inicialmente, o negócio de propriedade familiar tentou esmagar os esforços dos fãs de fazer o boca a boca, mas o número daqueles dedicados a Nutella só cresceu.

Curiosamente, os especialistas acreditam que a fama da Nutella cresceu à medida que a Geração Y não queria comer os mesmos cremes de nozes que seus pais comiam e está buscando por algo único para sua cultura alimentar. Na Europa, a Nutella está nas prateleiras há décadas, mas nos Estados Unidos ela satisfaz o desejo de uma base de fãs crescente dedicados a comer algo diferente.

Reconhecendo a necessidade de se manter na dianteira, a empresa tem sido firme sobre a segurança de seu produto, criando campanhas publicitárias para tranquilizar seus fãs, e ela está se mantendo forte com sua marca que inventou a mistura de avelã, chocolate e açúcar.

Quem Está de Olho na Sua Saúde?

Infelizmente, não é possível depender de agências governamentais, fabricantes ou mesmo de agências independentes para policiar os produtos e alimentos que chegam às prateleiras de supermercados e farmácias antes de irem parar na sua casa.

Embora a retórica seja crível, os comentários históricos da organização não conseguem cumprir sua missão. Por exemplo, em um artigo no Huffington Post, Elizabeth Whelan, fundadora e então presidente da ACSH, criticou a Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental - EPA) por financiar pesquisas sobre produtos químicos que podem desencadear doenças em crianças, alegando:

"Infelizmente, aqueles que recebem as bolsas da EPA para estudar "produtos químicos ambientais" incluem aqueles que construíram suas carreiras alegando que vestígios de produtos químicos industriais fazem as crianças ficarem doentes... Apesar da sabedoria convencional, não há evidência científica convencional que aponte que a saúde das crianças está em perigo graças aos vestígios de substâncias químicas no meio ambiente."

Whelan muitas vezes se viu defendendo indústrias que financiaram parcialmente seus esforços contra grupos e agências ambientais.

A ACSH Alega Que a Classificação Cancerígena para o Óleo de Palma é Pior do que “Noticías Falsas”

O caso em questão é o ponto de vista da ACSH sobre o DDT, um inseticida comum usado até 1972. Durante uma entrevista de rádio Whelan comentou que o entusiasmo para proibir o DDT foi baseado na emoção e não em fatos científicos. No entanto, os cientistas ligaram o DDT à obesidade, diabetes tipo 2doença de Alzheimer e a um  aumento no risco de doença cardíaca.

A ACSH continua a lutar contra a saúde com o seu atual posicionamento em relação aos óleos refinados. No artigo da organização, comentando a nova pesquisa sugerindo que o azeite de dendê (óleo de palma) refinado é cancerígeno, eles escrevem:

"Qualquer um que procure por tempo suficiente pode achar que praticamente tudo tem sido associado ao câncer. Bacon. Celulares. Wi-fi... Em algum momento a insanidade tem que parar. Infelizmente, ainda não chegamos a esse ponto. Variações da manchete 'A Nutella pode causar câncer' estão se tornando virais. Como de costume, quase não há suporte para tal histeria."

A histeria à qual a ACSH se refere é a pesquisa reconhecida e baseada em evidências que demonstra os efeitos negativos significativos para a saúde. Por exemplo, quando os óleos vegetais são aquecidos tornam-se instáveis, produzindo um grande número de produtos de oxidação perigosos, incluindo aldeídos associados ao câncer de pulmão.

Os óleos vegetais também possuem grandes quantidades de gorduras ômega-6 biologicamente ativas que reduzem a proporção entre ômega-6 e ômega -3 no seu corpo, o que pode desencadear doenças cardiovasculares, asma, câncer, obesidade e artrite reumatóide.

Quando você consome alimentos ricos em gorduras ômega-6 , isso aumenta a quantidade de inflamação em seu corpo, contribuindo para o desenvolvimento das doenças listadas acima. Quanto menos gorduras ômega -6 você consumir, menos ômega-3 você irá precisar para manter um equilíbrio saudável. Um desequilíbrio de gorduras ômega-6 aumenta o risco de câncer, mesmo sem a carga tóxica adicional de moléculas GE do processo de refino.

De acordo com a International Agency for Research on Cancer (Agência Internacional de Investigação sobre o Câncer –IARC), o glicidol foi classificado como um carcinogênico 2A.

Faça Suas Próprias Gostosuras de Chocolate em Casa

A Nutella poderia facilmente ser feita de uma forma mais saudável sem aumentar seus níveis de insulina ou aumentar o risco de síndrome metabólica e diabetes tipo 2. Você pode fazer sobremesas similares em casa usando as seguintes receitas.

A primeira receita é livre de nozes, cortesia da Academy of Culinary Nutrition, e a segunda é uma das minhas receitas de chocolate favoritas que normalmente faço com nozes de macadâmia, mas você pode substituí-las por avelãs se preferir.

Creme de Chocolate de Cânhamo

Ingredientes:

  • 1/4 de xícara de sementes de cânhamo
  • 1/3 de xícara de cacau cru
  • 1/4 de xícara de manteiga clarificada ou óleo de coco
  • 2 colheres de sopa de mel
  • Uma pitada de sal marinho

Instruções:

Processe todos os ingredientes juntos até obter um creme homogêneo. Adicione mais adoçante até obter o gosto desejado.

Receita de Fudge de Macadâmia do Dr. Mercola

Ingredientes:

  • 300 Gramas (10,5 onças) de manteiga de cacau
  • 200 gramas (7,05 onças) de óleo de coco
  • 200 gramas de manteiga crua, orgânica pasteurizada
  • 300 gramas de nozes de macadâmia 
  • 8 conta-gotas cheios de estévia (pode usar Luo Han como um substituto)
  • 1 colher de chá de extrato de baunilha orgânico

Instruções:

  1. Misture as manteigas e óleos em fogo baixo por três a cinco minutos. Uma vez que a mistura esfrie, adicione as gotas de estévia e extrato de baunilha. Despeje o fudge em frascos com capacidade para 8 onças (226 gramas) de largura.
  2. Espalhe as nozes uniformemente em todos os frascos.
  3. Coloque na geladeira até que o fudge alcance a consistência desejada. Esta receita de fudge de macadâmia  serve oito porções.