Como o Sulforafano Presente no Brócolis Pode Ajudar Aqueles com Esquizofrenia, Autismo e a Doença de Alzheimer

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Resumo da matéria -

  • Compostos do brócolis têm demonstrado beneficiar o coração e o cérebro, estimulando a desintoxicação e ajudando a prevenir e/ou tratar a pressão alta, as doenças cardíacas, o Alzheimer e até mesmo o autismo. Agora, os pesquisadores relatam que o sulforafano também pode ser útil no tratamento da esquizofrenia
  • Um estudo encontrou que 30mg diárias de sulforafano por dia durante oito semanas melhorou a função cognitiva em pacientes esquizofrênicos
  • Um conjunto de três estudos sugerem que o sulforafano pode também beneficiar pacientes com esquizofrenia ao ajudar a rebalancear os níveis de glutamato no cérebro

Por Dr. Mercola

A ciência provou vezes seguidas que os alimentos são medicamentos potentes. O brócolis, por exemplo, tem uma sólida base científica, mostrando que é um dos alimentos mais valiosos para promover a saúde. Embora contenha vários compostos benéficos à saúde, um dos mais amplamente estudados é o sulforafano.

As propriedades de combate ao câncer do sulforafano talvez sejam as mais conhecidas, mas ele também se mostrou benéfico para o coração e o cérebro, estimulando a desintoxicação e ajudando a prevenir e/ou tratar a pressão alta, doenças cardíacas, Alzheimer e até mesmo o autismo. Agora, os pesquisadores relatam que o sulforafano também pode ser útil no tratamento da esquizofrenia.

O Sulforafano Pode Melhorar a Cognição em Pacientes com Esquizofrenia

Um estudo inicial, publicado na revista Clinical Psychopharmacology and Neuroscience em 2015, envolveu apenas 10 pacientes ambulatoriais com esquizofrenia. Os pacientes receberam 30 miligramas (mg) de sulforafano glucosinolato por dia durante oito semanas. Conforme relatado pelos autores:

“Os sintomas clínicos, usando a Escala de Síndrome Positiva e Negativa (PANSS), e a função cognitiva, usando a versão japonesa da bateria CogState, foram avaliados no início do estudo e na semana 8.

Um total de 7 pacientes completaram o estudo. A pontuação média no componente Accuracy da One Card Learning Task aumentou significativamente após o experimento… Este resultado sugere que o SFN [sulforafano] tem o potencial de melhorar a função cognitiva em pacientes com esquizofrenia”.

A Esquizofrenia Está Ligada a Desequilíbrios Químicos no Cérebro

Mais recentemente, uma série de três estudos com animais e humanos realizados por pesquisadores da Escola de Medicina Johns Hopkins sugerem que o sulforafano também pode beneficiar pacientes com esquizofrenia, ajudando a reequilibrar os níveis de glutamato em seu cérebro. Conforme relatado pela Neuroscience News:

“A esquizofrenia é marcada por alucinações, delírios e desordem em pensamentos, sentimentos, comportamentos, percepções e conversas. As drogas usadas para tratar a esquizofrenia não funcionam completamente para todos e podem causar uma variedade de efeitos colaterais indesejáveis, incluindo problemas metabólicos que aumentam o risco cardiovascular, movimentos involuntários, inquietação, rigidez e tremores".

Regular os Níveis de Glutamato Pode Ajudar na Esquizofrenia

Para o segundo estudo da série, os pesquisadores se concentraram no controle do glutamato no cérebro. Conforme relatado pela Neuroscience News, eles se perguntaram se o controle defeituoso do glutamato poderia ser um problema-chave na doença e se as medicações poderiam ser usadas para “deslocar esse equilíbrio para ou liberar o glutamato do armazenamento quando não há o suficiente, ou enviá-lo para armazenamento se houver muito”.

Assim, neste estudo, publicado em 12 de fevereiro de 2019, na PNAS, eles bloquearam uma enzima que transforma o glutamato em glutationa nas células cerebrais de ratos, usando uma droga chamada L-butionina sulfoximina, permitindo assim o uso da glutamina.

O Sulforafano Incrementa os Níveis de Glutationa no Cérebro

Em um estudo piloto anterior (contado como o terceiro desta série) pela mesma equipe, publicado na edição de maio de 2018 da Neuropsiquiatria Molecular, eles usaram camundongos e seres humanos saudáveis para avaliar o efeito do sulforafano sobre os níveis de glutationa no cérebro. Aqui, pacientes com histórico de doença psiquiátrica foram especificamente excluídos. Conforme explicado pelos autores:

“Os participantes completaram duas visitas, programadas para 7 dias (1 semana) de intervalo. Os participantes receberam 100 µmol de sulforafano como extrato de broto de brócolis padronizado na forma de 2 cápsulas de gel e foram instruídos a ingerir o extrato todas as manhãs por 1 semana…

Amostras de urina e sangue foram coletadas antes da primeira dose do extrato de brócolis e dentro de 4 horas da dose final. Varreduras por ressonância magnética (RM) foram realizadas antes da primeira dose e 4 horas após a ingestão da dose final…

Após a administração por 1 semana de sulforafano, os participantes do estudo demonstraram um aumento significativo de GSH em não-monócitos que incluem uma mistura de células T, células B e células NK. O nível de GSH foi de 9,22 nmol/mL antes da administração de sulforafano e 12,2 nmol/mL após administração de sulforafano­, aumento de 32%…

Nós relatamos que uma administração a curto prazo de sulforafano­ foi suficiente para aumentar significativamente os níveis de GSH periféricos em seres humanos. Encontramos um aumento de GSH no Hipocampo, mas não em outras regiões do cérebro avaliadas. A proporção de GSH periférico teve uma correlação forte e significativamente positiva com os níveis de GSH no cérebro dado o tratamento do sulforafano...”

Uma Série de Estudos Sugere que o Sulforafano Pode Melhorar os Sintomas do Autismo

Outra série de estudos sugere que vegetais crucíferos ricos em sulforafano podem beneficiar aqueles com transtorno do espectro do autismo (TEA), principalmente pela regulação positiva de genes que protegem contra o estresse oxidativo, inflamações e danos no DNA, “todos os quais são características proeminentes e possivelmente mecânicas do TEA,” dizem os autores.

O sulforafano também aumenta a capacidade antioxidante, a síntese da glutationa, a função mitochondrial, a fosforilação oxidativa e a peroxidação lipídica, enquanto diminui a neuroinflamação. Segundo os pesquisadores, essas características também o torna adequado para o tratamento do TEA.

O primeiro estudo, publicado em 2014, descobriu que o tratamento diário com sulforafano na dieta reduziu significativamente a gravidade do “comportamento socialmente debilitado” em crianças com TEA após 18 semanas. As melhorias tornaram-se evidentes (comparadas com as do grupo de controle) em quatro semanas de tratamento.

Em 18 semanas, o grupo de tratamento com sulforafano teve uma redução de 34% nos escores do Aberrant Behavior Checklist (ABC) e uma redução de 17% nos escores da Social Responsiveness Scale (SRS).

Uma Série de Casos Enfatiza Histórias de Sucesso com o Tratamento com Sulforafano

O segundo estudo, publicado em 2017, apresentou uma série de casos de acompanhamento de pacientes que continuaram o tratamento com sulforafano após o término do primeiro estudo. Aqui está um pedaço da narrativa fornecida por uma das famílias cujo filho é referido como “R”:

Os pais de R queriam ajudá-lo: “Ele fazia ruídos constantes e fazia todos esses tiques motores anormais; [Nós] sentimos que ele realmente não tinha controle [sobre seu comportamento e corpo] e era apenas barulho, não palavras funcionais. Ele não tinha linguagem expressiva.”

Os pais de R viram vários médicos especialistas que prescreveram um total de 18 medicamentos diferentes, todos com efeitos mínimos ou negativos sobre R. “Nada mudava os ruídos constantes ou os terríveis ataques de raiva”, até que R tomou SF [sulforafano]...

Novo Mecanismo de Ação Revelado

O terceiro trabalho desta série, um relatório de progresso publicado em 2018, avaliou a segurança, os efeitos clínicos e os mecanismos de ação do sulforafano na TEA. Curiosamente, este artigo descreve como o sulforafano imita “o efeito da febre” no espectro autista. Que é quando a febre alta melhora temporariamente o comportamento de crianças autistas. Os pesquisadores explicam:

“A febre estimula as proteínas de choque térmico (HSP) e as respostas ao estresse celular, levando a uma melhor função sináptica e conectividade de longo alcance. A expressão da transcrição gênica por NFE2L2 (Nrf2), que é reduzida na TEA, também aumenta durante a febre.”

O Sulforafano se Destaca como Tratamento Potencial do Alzheimer

Sulforafano também pode ser útil no tratamento da doença de Alzheimer. Em um estudo de 2018, camundongos com Alzheimer foram tratados com sulforafano por quatro meses, o que inibiu significativamente a geração e o acúmulo de beta-amilóide e aliviou várias alterações patológicas associadas à doença de Alzheimer, incluindo estresse oxidativo e neuroinflamação.

Os ratos também demonstraram benefícios cognitivos, permanecendo normais, em termos cognitivos, em comparação a camundongos do tipo selvagem aos 10 meses de idade, que é quando a demência geralmente começa em camundongos com Alzheimer. Em testes dos neurônios em si, o pré-tratamento de neurônios corticais com sulforafano os protegeu contra lesões causadas pelo beta-amilóide.

O Brócolis Traz Muitos Benefícios à Saúde

Embora este artigo se concentre nos benefícios neurológicos do brócolis, pesquisas revelaram uma longa lista de benefícios à saúde associados a esse vegetal crucífero, incluindo um risco reduzido de:

Osteoartrite

Câncer Estudos demonstraram que o sulforafano auxilia a função celular normal e sua divisão enquanto causa apoptose (morte celular programada) em células de câncer de cólon, próstata, mama e de pulmão induzidas por tabaco, além da redução do número de tumores de fígado em camundongos

Pressão alta

Doenças cardíacas

Doenças renais

Resistência à insulina e diabetes tipo 2

Obesidade

Alergias

Como Ampliar os Benefícios do Sulforafano no Brócolis

Para aumentar os benefícios do sulforafano em brócolis e outros vegetais crucíferos, combine-os com alimentos que contenham mirosinase. A mirosinase é uma enzima que converte o gluocosinalato precursor e a glucorafanina em sulforafano. Os exemplos incluem sementes de mostarda, rabanete daikon, wasabi, rúcula e repolho, sendo a semente de mostarda a mais potente.

+ Recursos e Referências