Estudo confirma que o colágeno beneficia a pele e as articulações

Por Dr. Mercola

O colágeno é a proteína mais comum e abundante no corpo, o que faz sentido quando consideramos um dos seus propósitos principais, que é fornecer estrutura para vários tecidos, permitindo que eles se estiquem sem perder a integridade.

O colágeno compõe entre 25% e 30% das proteínas do corpo e chega de 70% a 80% das proteínas da pele, quando levamos em conta apenas o peso seco (ou seja, não consideramos nossos fluidos corporais).

Isso foi constatado especificamente nos tecidos conjuntivos por todo o corpo, dos músculos, ossos e tendões até os vasos sanguíneos e o sistema digestivo. Como componente de aminoácidos essenciais, há apenas uma forma de obter colágeno, que é a alimentação. Nosso corpo não produz essa proteína.

Historicamente, a alimentação tradicional fornecia muito colágeno na forma de caldo feito de pés de galinha cozidos ou ossos de carne bovina. Hoje em dia, poucos se lembram ou dão valor ao caldo de osso caseiro como ingrediente básico, o que praticamente gerou a indústria de suplementos de colágeno.

Embora os suplementos possam ser de grande ajuda, nem todos são iguais. Caso você esteja pensando em comprar um suplemento de colágeno, é melhor saber o que procurar antes de levar o produto para casa.

Em outras palavras, esse é mais um caso de prestar atenção no que está comprando, já que muitos caldos e suplementos de colágeno populares podem nos expor a contaminantes, desde antibióticos e metabólicos vendidos apenas com receita até parabenos e inseticidas.

Apesar de destacar os perigos dos produtos inorgânicos, muitos levantam dúvidas sobre a eficiência da ingestão de colágeno para benefício da pele e dos tecidos conjuntivos, acreditando que ele não sobrevive à digestão.

No entanto, pesquisas mais recentes demonstraram a eficiência do colágeno através de um mecanismo biológico, demonstrando que certos peptídeos chegam intactos à corrente sanguínea. Mas, antes de falarmos sobre isso, vamos voltar ao básico.

Tipos de colágeno

Embora vários tipos diferentes de colágeno tenham sido identificados, 80% a 90% do colágeno presente em nosso corpo limita-se a três categorias:

• Tipo I — O mais abundante, encontrado na pele, tendões, tecidos conjuntivos e ossos de todos os vertebrados. O colágeno dos suplementos deriva-se de vacas, porcos, frango ou peixe.
• Tipo II — Um componente primário da cartilagem. Em suplementos, o colágeno tipo II deriva-se tradicionalmente de aves.
• Tipo III — A proteína fibrosa nos ossos, tendões, cartilagem e tecidos conjuntivos. O colágeno tipo III nos suplementos deriva-se de vacas, porcos, frango ou peixe.

Tipos de suplemento de colágeno

Suplementos de colágeno podem ser não hidrolisados (não naturais) ou hidrolisados (naturais). A hidrolisação é uma técnica de processamento que quebra as moléculas em fragmentos menores, melhorando a absorção intestinal. As moléculas não hidrolisadas e naturais do colágeno não são bem absorvidas devido ao seu tamanho. A maioria dos produtos com colágeno, seja de uso tópico ou oral, é hidrolisada.

Porém, como discutiremos a seguir, o processo de hidrolisação da maioria dos suplementos de colágeno os contamina com alguns subprodutos que seria melhor não consumir.

Isso gera algumas dúvidas com relação à nossa abordagem: é melhor consumir o produto não hidrolisado, arriscando não receber parte dos benefícios, ou ingerir substâncias indesejadas junto com a versão hidrolisada?

Os produtos não hidrolisados têm um ponto positivo, já que normalmente contêm um amplo espectro de aminoácidos e peptídeos preservados.

Por outro lado, o colágeno hidrolisado tem uma maior bioatividade, principalmente por conta dos peptídeos que são quebrados ou isolados. É claro que o colágeno não hidrolisado também conta com esses peptídeos, o que pode parecer um pouco confuso caso você não conheça a terminologia.

Para facilitar um pouco as coisas, pense da seguinte forma: todo mundo precisa de um bom equilíbrio entre aminoácidos como metionina e glicina. Ao isolar os peptídeos, esse equilíbrio é perturbado. Já que o corpo quebra os diferentes tipos de colágeno em um processo de hidrólise enzimática, é interessante saber que o colágeno não hidrolisado contém uma gama maior de aminoácidos.

Isso significa que, consumindo o produto não hidrolisado, você recebe aminoácidos complementares de forma equilibrada, não apenas os peptídeos isolados da versão hidrolisada.

Trata-se do mesmo argumento a ser feito sobre o whey protein concentrado versus o isolado. O perfil do produto concentrado é mais natural, embora o isolado seja mais biodisponível.

A questão é que isolar os peptídeos do colágeno envolve um processo agressivo que pode anular alguns dos benefícios do produto. Esse é um dos motivos pelos quais você deve aprender tudo que puder sobre um produto antes de comprar. Abaixo, daremos algumas informações sobre os benefícios do colágeno.

Como o colágeno beneficia a sua pele

Como já mencionamos, há alguma controvérsia sobre o colágeno sobreviver ou não à digestão. Assim como o colágeno, muitos outros alimentos contêm aminoácidos. Se o colágeno fosse decomposto em aminoácidos separados durante o processo digestivo, por que ele seria especificamente benéfico para os ligamentos, articulações e a pele, mais do que qualquer outro alimento rico em aminoácidos?

Ao que parece, o colágeno hidrolisado permite que certos peptídeos entrem na corrente sanguínea intactos, sem serem quebrados em partes menores. Foi demonstrado que um peptídeo específico, conhecido como prolil-hidroxiprolina, que possui um papel importante na saúde e reparação da pele, chega intacto à corrente sanguínea. Um estudo de 2017, publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, constatou:

“Estudos anteriores demonstraram que a ingestão oral de hidrolisado de colágeno aumenta os níveis de peptídeos derivados do colágeno no sangue, mas não está claro se esses peptídeos chegam à pele.

Analisamos a concentração plasmática de peptídeos derivados do colágeno após a ingestão de tripeptídeos com hidrolisado de colágeno em humanos.

Identificamos 17 tipos de peptídeos derivados do colágeno, com uma expressão particular de prolil-hidroxiprolina… Assim, propomos que os peptídeos funcionais podem ser transferidos para a pele através de suplementos nutricional de colágeno.”

Seguindo a mesma linha, Caroline Brochard-Garnier, gerente de comunicação da Rousselot, produtora de gelatina e colágeno para os mercados de medicamentos, alimentos e nutrição, explicou o mecanismo de ação ao site Nutraingredients.com em um artigo de março de 2015:

“Quando um preparo de peptídeo de colágeno com peso molecular otimizado e biodisponibilidade comprovada é ingerido, pequenos peptídeos de colágeno são absorvidos rapidamente pela corrente sanguínea.

A presença desses peptídeos no tecido da pele estimula os fibroblastos e ativa múltiplas vias bioquímicas que, por sua vez, geram uma resposta de ampla aceitação:

Acredita-se que os peptídeos de colágeno ajam como um falso sinal da destruição do colágeno no corpo, desencadeando a síntese de novas fibras de colágeno, reforçando a pele e reduzindo a formação de rugas. Além disso, a síntese de ácido hialurônico é estimulada, gerando um aumento na hidratação da pele.”

Pesquisas corroboram com o uso de colágeno para uma pele saudável

Vários estudos demonstraram que o colágeno tem efeitos benéficos sobre a pele, ajudando a mitigar rugas relacionadas à idade, por exemplo. Dentre eles:

Um estudo de 2014, publicado na revista Skin Pharmacology and Physiology, descobriu que mulheres de idade que ingeriram colágeno Tipo I perceberam “um aumento estatisticamente significativo na elasticidade da pele” após oito semanas. O colágeno também melhorou a hidratação da pele de idosas, embora esses resultados "não tenham atingido um nível estatístico significativo".

Um estudo de 2015, publicado no Journal of Medical Nutrition & Nutraceuticals, descobriu que mulheres pós-menopáusicas que ingeriram uma bebida de colágeno perceberam melhora na aparência e na textura da pele.

Segundo os autores, “Esse estudo mostra que a suplementação nutricional oral de colágeno hidrolisado, ácido hialurônico, vitaminas e minerais essenciais diminui significativamente a profundidade das rugas. Também foi possível notar uma melhora perceptível na elasticidade e hidratação da pele". Eles também destacaram os resultados de pesquisas anteriores.

"Três estudos feitos no japão demonstraram um efeito claro. Os benefícios da ingestão diária de colágeno hidrolisado (10 g) na hidratação da pele de 20 japonesas saudáveis, em comparação com grupo placebo (19 voluntários), foram avaliados por Sumida et al.

Foram observadas melhoras graduais na absorção de água das voluntárias que ingeriram peptídeos de colágeno durante 60 dias. Matsumoto et al. apresentou resultados que sugerem que a ingestão diária de peptídeos de colágeno melhora a hidratação da pele.

Os autores relataram uma melhora subjetiva da condição da pele das voluntárias após a ingestão de peptídeos de colágeno derivados de peixes por 6 semanas. A porcentagem de reação positiva entre as voluntárias foi considerada muito alta".

Mais recentemente, uma reavaliação sistemática publicada em janeiro de 2019 analisou 11 estudos que utilizaram hidrolisado de colágeno ou um suplemento tripeptídico de colágeno em doses que variaram entre 2,5 gramas a 10 gramas por dia por oito a vinte e quatro semanas, concluindo: “Os resultados preliminares são promissores com relação ao uso de curto e longo prazo dos suplementos orais de colágeno para cicatrização de feridas e envelhecimento da pele.”

Especificamente, constatou-se que o colágeno oral "aumenta a elasticidade da pele, bem como a hidratação e a densidade do colágeno".

Outros benefícios do colágeno para a saúde

Demonstrou-se que o colágeno oferece outros benefícios valiosos para a saúde, que incluem, mas não se limitam a:

• Redução da rigidez e dores nas articulações
• Melhora o processo de cura de ferimentos
• Melhora na pressão e redução de danos cardiovasculares
• Aumento da tolerância à glicose
• Fortalecimento dos ossos e melhora no quadro de osteoporose

Algum dos benefícios do colágeno também podem ser atribuídos ao seu teor de glicina. Embora o colágeno possua 20 aminoácidos, a glicina é o mais proeminente deles. A glicina (e o colágeno, uma vez que ele é fonte de glicina) inibe o consumo de NADPH, diminuindo assim a inflamação e o dano oxidativo em seu corpo.

O NADPH, ou nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato, é usado como um reservatório redutor de elétrons para recarregar antioxidantes quando eles oxidam. O NADPH também é necessário na produção de gorduras e hormônios esteróides.

Como discutido no artigo anterior sobre NADPH, a suplementação de glicina pode ser benéfica para a prevenção ou tratamento da síndrome metabólica, complicações da diabete, hipertrofia cardíaca e doenças do fígado, tanto alcoólicas quanto não alcoólicas.

Outras formas seguras de aumentar os níveis de colágeno

Talvez você sequer precise de um suplemento de colágeno, caso consiga ingerir os precursores necessários. Na verdade, os especialistas recomendam o aumento do consumo dos precursores do colágeno como uma melhor opção à ingestão do colágeno em si. Há várias formas de aumentar seus níveis de colágeno sem precisar recorrer à suplementação.