A luz solar melhora a saúde intestinal

Fatos verificados
luz solar

Resumo da matéria -

  • Dados recentes demonstram que o hormônio lipossolúvel conhecido como vitamina D modula o microbioma intestinal, criando um ambiente mais saudável. É possível que essa seja uma das razões pelas quais a luz solar tem um efeito positivo sobre pessoas que sofrem de doença inflamatória intestinal e esclerose múltipla
  • A vitamina D é conhecida como vitamina do sol, pois é fabricada pela pele após a exposição aos raios UVB. A deficiência de vitamina D está associada a doenças cardíacas, lúpus e derrame, podendo também exacerbar doenças inflamatórias intestinais crônicas
  • O sequenciamento do RNA nas amostras de fezes antes e após a intervenção do estudo demonstram que a luz UVB alterou e melhorou o microbioma intestinal em mulheres cujos níveis de vitamina D eram baixos, mas não tiveram impacto naqueles cujos níveis eram mais altos
  • A combinação do uso excessivo de antibióticos e baixa exposição ao sol pode estar causando alterações sociais no microbioma intestinal, o que leva a doenças inflamatórias. A melhor opção é a exposição ao sol, seguida por aparelhos de fototerapia e suplementação

Por Dr. Mercola

Embora a vitamina D não seja tecnicamente uma vitamina, ela é crucial para vários processos importantes no corpo. Essa substância química é um hormônio lipossolúvel produzido pelo corpo na presença de luz solar. Ela não é comumente encontrada em alimentos, mas é adicionada a alguns alimentos processados. Também está disponível na forma de suplemento.

Visto que a pele fabrica vitamina D quando é exposta a certos comprimentos de onda de luz encontrados em aparelhos de fototerapia e luz solar, ela é conhecida como vitamina do sol. Nos últimos anos, os pesquisadores revelaram o importante papel da vitamina D na modulação do crescimento celular, otimizando suas funções neuromusculares e imunológicas e ajudando o intestino a absorver cálcio.

A deficiência crônica de vitamina D está associada a doenças ósseas como o raquitismo e deformidades esqueléticas. Porém, não é preciso ter uma deficiência absoluta para sentir os efeitos negativos dos baixos níveis de vitamina D. A deficiência de vitamina D também está associada a várias condições de saúde, incluindo envelhecimento acelerado, pressão alta, problemas comportamentais em adolescentes e níveis elevados de leptina, que podem levar à obesidade.

A exposição aos raios UVB, a saúde intestinal e a inflamação

Uma equipe de pesquisa da Universidade de British Columbia procurou determinar se a exposição à luz UVB afeta o microbioma intestinal humano. Os resultados dos estudos recentes sugeriram que a vitamina D poderia promover as alterações, enquanto os autores de estudos anteriores demonstraram que a exposição ao UVB desencadeia alterações no microbioma intestinal de roedores.

Existem poucos alimentos naturais que contêm vitamina D, então 80% da necessidade do seu corpo é normalmente atendida através da exposição da pele aos raios UVB. Pessoas que moram mais ao norte ou ao sul do equador, passam horas em ambientes fechados ou preferem ficar longe da luz solar têm um risco maior de insuficiência de vitamina D.

A exposição à luz solar tem um efeito positivo sobre aqueles que sofrem de doença inflamatória intestinal (DII) e esclerose múltipla (EM). Ambas as doenças são exacerbadas pela inflamação. Os pesquisadores de British Columbia expuseram isso, escrevendo:

"Nossas observações corroboram com as descobertas de que os seres humanos exibem flutuações sazonais na composição de seus microbiomas, potencialmente coincidentes com as flutuações nos níveis de vitamina D ao longo do ano."

E:

“Várias doenças inflamatórias crônicas exibem padrões sazonais quanto à gravidade da doença. Especificamente, a natureza recidivante e remitente da DII e da EM está fortemente associada aos níveis de vitamina D.

Exacerbações na atividade da DII são comumente relatadas quando os níveis de vitamina D estão baixos. Através dos dados coletados, queremos saber se essas alterações na atividade da doença podem ser precipitadas por alterações simultâneas na composição do microbioma."

A exposição ao sol aumenta a diversidade e a saúde do microbioma

Visto que a exposição insuficiente à luz solar pode exacerbar ou desencadear doenças inflamatórias intestinais crônicas e que a vitamina D impacta a diversidade do microbioma intestinal, a equipe elaborou um estudo para analisar a influência desses fatores sobre os outros. Eles recrutaram 21 mulheres jovens e saudáveis que viviam no Canadá o inverno inteiro e provavelmente não eram expostas à luz solar tanto quanto o necessário.

Antes do início do tratamento com luz UVB de banda estreita (NB-UVB), os pesquisadores coletaram amostras de fezes para analisar a diversidade de bactérias intestinais. Eles também coletaram amostras de sangue para determinar os níveis de vitamina D. Ao longo de uma semana, as voluntárias foram submetidas a três sessões de um minuto de exposição à luz NB-UVB no corpo inteiro.

A luz NB-UVB demonstrou-se eficiente no tratamento de doenças de pele. Doze das 21 participantes não estavam tomando suplementos de vitamina D e demonstraram um perfil intestinal menos diverso do que aquelas que tomavam o suplemento regularmente.

O sequenciamento de RNA foi utilizado nas amostras fecais colhidas antes e após a intervenção. Os resultados revelaram que a curta exposição à luz NB-UVB aumenta os níveis de vitamina D e altera o microbioma intestinal. As mulheres com níveis iniciais baixos de vitamina D também tinham um microbioma intestinal pouco diversificado.

Após a intervenção, houve um aumento no número de espécies, principalmente da Lachnospiraceae, que está associada à boa saúde. O pesquisador Bruce A. Vallance, Ph.D, do Hospital Infantil de British Columbia, ficou entusiasmado com os resultados do estudo, comentando:

“Antes da exposição ao UVB, essas mulheres tinham um microbioma intestinal menos diversificado e equilibrado do que aquelas que tomavam suplementos regulares de vitamina D. A exposição ao UVB aumentou a riqueza e a uniformidade de seu microbioma para níveis indistinguíveis no grupo suplementado, cujo microbioma não fora alterado significativamente."

E ele apontou:

“Nesse estudo, mostramos novos dados empolgantes de que a luz UVB pode modular a composição do microbioma intestinal em humanos através da síntese de vitamina D. É provável que a exposição à luz UVB altere de alguma forma o sistema imunológico da pele inicialmente e depois mais sistemicamente, o que, por sua vez, controla o quão favorável é o ambiente intestinal para as diferentes bactérias.

Os resultados deste estudo têm implicações para as pessoas que se submetem à fototerapia com UVB e identifica um novo eixo intestinal entre a pele e o intestino, que pode contribuir com o papel protetor da exposição à luz UVB contra doenças inflamatórias como EM e DII."

O preço do número crescente de doenças imunes e inflamatórias

Os resultados desse estudo podem afetar uma grande parcela da população que sofre de doenças imunológicas ou inflamatórias capazes de reagir a alterações no microbioma intestinal. A quantidade de pessoas que sofrem dessas doenças está aumentando na sociedade ocidental, em grande parte devido a mudanças na forma como vivemos e nos ambientes em que vivemos.

A combinação do uso excessivo de antibióticos e da baixa exposição à luz solar provavelmente provocou alterações na composição do microbioma intestinal, o que, por sua vez, está associado por evidências científicas a condições inflamatórias crônicas. A inflamação faz parte da reação do sistema imunológico e é uma forma de sinalizar o início da cura e da reparação do tecido danificado.

Porém, a inflamação contínua está associada a doenças cardíacas, derrame, lúpus e artrite. O preço dessa situação para comunidades e famílias lidando com os números crescente dessas doenças envolve encargos financeiros, mentais e emocionais.

Os resultados desse estudo demonstram como o hábito de evitar o sol e a deficiência de vitamina D podem muito bem ser as principais causas subjacentes e primárias do número crescente de morte e morbidade prematuras.

A fototerapia equilibra naturalmente os níveis de vitamina D

A equipe de pesquisa acredita que a falta de luz solar é uma força motriz no número crescente de doenças. Segundo eles, “a exposição limitada aos raios UVB é um dos fatores ambientais mais importantes associados ao surgimento de doenças inflamatórias crônicas mediadas pela imunidade, como DII e EM".

Embora os dispositivos de fototerapia, também conhecidos como câmaras de bronzeamento, não sejam aconselháveis para o bronzeamento da pele, os pesquisadores conseguiram obter bons resultados com apenas três sessões de um minuto em uma semana. Existe um longo histórico de uso da luz na prevenção e tratamento, como você descobrirá no meu artigo: "Como o uso terapêutico da luz de amplo espectro pode melhorar sua saúde".

Além do desenvolvimento da produção de vitamina D, a exposição ao sol em períodos coordenados de tempo tem vários outros benefícios para a saúde, podendo induzir a produção de óxido nítrico, aliviar a dor da fibromialgia, melhorar o humor e a energia, e regular a melatonina. Segundo um estudo, quase 70% dos americanos sofrem com deficiência de vitamina D. Idosos nessa situação têm mais risco de morte.

Caso você não consiga se expor regularmente à luz solar, a melhor forma de aumentar os níveis de vitamina D são os suplementos, embora eles não substituam os raios UVB.

Por que suplementos de vitamina D não conseguem substituir totalmente o sol?

Como mencionado, a exposição solar sensata é a melhor forma de obter vitamina D. Caso a exposição ao sol não seja viável, a suplementação é uma estratégia alternativa. No entanto, é importante começar testando seu nível de vitamina D e se expor o máximo possível ao sol para receber os benefícios adicionais da exposição aos raios UVB.

O GrassrootsHealth oferece um gráfico útil que mostra a dose média necessária para adultos atingirem níveis saudáveis de vitamina D com base no ponto de partida testado. Embora alguns especialistas acreditem que você possa tomar o suplemento diariamente, semanalmente ou mensalmente, eu recomendo sempre doses diárias. Dessa forma, caso você fique sem tomar um ou dois dias, ainda assim é melhor do que passar a semana inteira sem vitamina D.

É importante lembrar que, caso você esteja tomando suplementos de vitamina D, também precisará tomar vitamina K2. A vitamina K2 tem um papel crucial na movimentação de cálcio do sangue para áreas nas quais ele é necessário, como ossos e dentes. Ela também ajuda a remover o cálcio de áreas onde ele não deveria estar, como as artérias e tecidos moles.

A deficiência de vitamina K2 é o que produz os sintomas de intoxicação por vitamina D, que podem incluir calcificação e endurecimento das artérias. À medida que você toma vitamina D, seu corpo cria mais proteínas que dependem da vitamina K2 para movimentar o cálcio pelo corpo. Sem a vitamina K2, essas proteínas não são ativadas e, portanto, os benefícios não são recebidos.

Lembre-se: ao tomar suplementos de vitamina D, você estará criando uma demanda maior pela vitamina K2. Juntos, esses dois nutrientes ajudam a fortalecer os ossos e melhorar a saúde do coração.

Evidências crescentes demonstram que a vitamina D tem um papel crucial na prevenção de doenças e na manutenção da saúde ideal. Há cerca de 30.000 genes em seu corpo, e a vitamina D afeta quase 3.000 deles, bem como os receptores de vitamina D localizados por todo o corpo.

A vitamina D pode proteger contra o câncer e outras doenças

De acordo com um estudo em larga escala, ter níveis otimizados de vitamina D pode reduzir o risco de câncer e ajudar a prevenir pelo menos 16 tipos diferentes da doença, incluindo o câncer de pâncreas, pulmão, ovário, próstata e pele.

A vitamina D recebida pela exposição ao sol também diminui radicalmente o risco de doenças auto-imunes como esclerose múltipla (EM) e diabetes tipo 1. A exposição ao sol também ajuda a prevenir a osteoporose, que é uma preocupação significativa para as mulheres em particular.