Por Dr. Mercola
A vitamina K é uma vitamina lipossolúvel que exerce uma influência significativa sobre sua saúde. É infeliz o fato de muitas pessoas não recebem vitamina K suficiente em suas dietas. Seu organismo armazena pouca vitamina K, de modo que ela se esgota de maneira rápida, sem a ingestão regular através de alimentos. Dados da Edith Cowan University mostraram que pessoas cuja dieta era rica em vitamina K2 tinham um risco 34% menor de ter qualquer doença cardíaca relacionada à aterosclerose.
Medicamentos comuns podem enfraquecer seu estoque de vitamina K, fazendo com que seja ainda mais importante observar o que você consome. As vitaminas naturais são a vitamina K1 (chamada também de filoquinona) e a vitamina K2 (chamada também de menaquinona).
A vitamina K1 é encontrada em plantas de folhas verdes, sendo mais conhecida pela função que desempenha na coagulação do sangue. A vitamina K2 é originada sobretudo de alimentos fermentados e produtos de origem animal, como ovos, fígado e carne. A vitamina K2 é fundamental na produção e utilização de hormônios, assim como para a saúde dos ossos e do coração.
Os diferentes tipos de vitamina K2
Há também diferentes formas de vitamina K2, que podem ser confundidas. Vamos detalhar o básico, sobre suas funções e fontes primárias conhecidas:
• Vitamina K2 (menaquinona) — A menaquinona desempenha um papel importante na saúde óssea e cardíaca. Dentro do organismo, a vitamina K2 é sintetizada por certas bactérias no intestino. Existem diversos subtipos de K2, nomeadas pelo tamanho da cadeia. Eles são classificados como MK-4 a MK-13. Dois dos mais comuns que você vai encontrar são:
◦ Menaquinona-4 (MK-4) — Uma forma de vitamina K2 de cadeia curta encontrada em produtos de origem animal como carne, ovos, fígado e laticínios. Porém, sua fonte é importante. Por exemplo, laticínios pasteurizados e carnes de animais de criação industrial não são ricos em MK-4 e devem ser evitados. Somente animais terminados a pasto desenvolvem níveis naturalmente altos da vitamina.
A MK-4 possui uma meia-vida biológica curta, o que a torna um candidato ruim como suplemento. No entanto, a MK-4 presente de maneira natural nos alimentos é importante para a saúde, pois influencia na expressão gênica. Por exemplo, uma pesquisa descobriu que ela pode diminuir o risco de câncer de fígado.
◦ Menaquinona-7 (MK-7) — Uma forma de vitamina K2 de cadeia mais longa, encontrada em alimentos fermentados como chucrute, certos queijos e natto. Esse é o que você deve procurar em suplementos, pois esta forma é extraída de alimentos reais, sobretudo natto, um produto fermentado de soja. Seja como alimento ou suplemento, garanta que a soja da qual é derivado seja 100% orgânica.
A MK-7 é produzida por bactérias específicas durante o processo de fermentação. No entanto, nem todas as cepas de bactérias a produzem, portanto, nem todos os alimentos fermentados a fornecem. A maioria dos iogurtes industrializados, por exemplo, são de certo modo desprovidos de vitamina K2 e, embora certos tipos de queijos, como Gouda, Brie e Edam, sejam ricos em K2, outros não são.
Uma das melhores fontes para garantir que a vitamina K2 seja 100% orgânica, é fermentar seus próprios vegetais através de uma cultura inicial especial com cepas bacterianas que produzem vitamina K2. O MK-7 desenvolvido no processo de fermentação possui duas grandes vantagens: permanece em seu organismo por mais tempo e tem uma meia-vida mais longa que o MK-4.
Uma pesquisa demonstrou que a MK-7 ajuda a prevenir a inflamação, inibindo marcadores pró-inflamatórios que podem causar doenças auto-imunes, como a artrite reumatoide. Embora a vitamina K1 reduza de maneira moderada o risco de fraturas ósseas, a MK-7 é mais eficiente do que a vitamina K1 em atingir (e proteger) os ossos.
Vitamina K2 reduz o risco de doenças cardíacas ateroscleróticas
Pesquisadores da Universidade Edith Cowan, publicaram um estudo de coorte prospectivo no Journal of the American Heart Association em agosto de 2021. Eles envolveram participantes inscritos no Estudo dinamarquês de Dieta, Câncer e Saúde e os seguiram por no máximo 23 anos.
Os pesquisadores escolheram pessoas sem histórico prévio de doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD). Os participantes preencheram um questionário de frequência alimentar, sendo acompanhados por qualquer internação hospitalar relacionada a DCVA, como: doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral isquêmico ou doença arterial periférica.
Após estimar a ingestão dietética de vitamina K1 e vitamina K2 dos participantes dos questionários, eles descobriram que as pessoas com uma dieta rica em vitamina K tinham um risco geral reduzido de 34% sobre qualquer doença cardiovascular relacionada à aterosclerose. As informações foram coletadas de 53.372 indivíduos e os dados separados para medir os fatores de risco naqueles com maior ingestão de vitamina K1 e vitamina K2.
Os participantes com níveis mais altos de ingestão de vitamina K1 em comparação com os que tiveram a ingestão mais baixa, tiveram um risco 21% menor de hospitalização relacionada à ASCVD.
Quando os dados foram separados para a vitamina K2, eles descobriram que as pessoas com maior ingestão alimentar possuíam um risco de 14% menor de hospitalização por doenças relacionadas ao ASCVD do as que realizavam uma dieta com uma menor quantidade de vitamina K2. Dr. Jamie Bellinge, um dos cientistas do estudo, comentou a respeito dos resultados:
“Essas descobertas sustentam o efeito importante que a vitamina K possui na doença e reforça a importância de uma dieta saudável para preveni-la.”
A pesquisa também apoia estudos anteriores, onde revelaram que uma maior ingestão de vitamina K pode reduzir as doenças cardiovasculares. Escrevendo em Open Heart, os pesquisadores chamaram a vitamina K2 de “um fator negligenciado na saúde cardiovascular.”
A vitamina K2 possui a função de regular o cálcio através da ativação da proteína anticalcificante, proteína GLA da matriz. A suplementação com vitamina K2 tem sido associada à melhoria dos resultados de doenças cardíacas, modulando a “calcificação sistêmica e a rigidez arterial.”
Um estudo publicado em 2015, analisou o efeito que a vitamina K2 poderia causar na progressão da aterosclerose em pacientes com doença renal crônica que não estavam em diálise. Os pesquisadores descobriram que aqueles que ingeriram vitamina K2 demonstraram uma redução na progressão da aterosclerose, mas não na progressão da calcificação.
A suplementação de vitamina D ajudou muitas pessoas
No vídeo abaixo, o Dr. Michael Cohen, treinado como clínico geral no Reino Unido e Israel, fala um pouco sobre a necessidade de diversas vitaminas no tratamento da COVID-19. O apresentador da entrevista, Dr. John Campbell, caracteriza Cohen como “tendo um bom corpo de conhecimento médico e muito interessado em cuidados preventivos de saúde” em referência ao seu treinamento adicional em cirurgia e medicina de emergência.
Durante a entrevista, Cohen fala sobre quando ele foi infectado com COVID-19 em 2020, antes da infecção ser identificada em Israel, onde ele vive. Ele compartilhou os sintomas subsequentes que experimentou, incluindo formigamento na mão esquerda, dificuldade para dormir, asfixia à noite e baixo desempenho atlético.
Durante sua recuperação, ele usou diversas vitaminas em seu tratamento. A certa altura, ele utilizou hidroxicloroquina, que, segundo ele, “ajudou muito”. Observando a taxa de casos relatada, ele pôde observar os países próximos ao equador possuíam taxas mais baixas de infecção e ele supõe que isso se deve aos níveis de vitamina D. Ele começou a ingerir o que chamou de “altas doses de vitamina D” e recomendou que seus 2.000 pacientes fizessem o mesmo.
Ele também diz a seus pacientes para incluir vitamina K2 e zinco. Como era de se esperar pela taxa de casos em Israel, Cohen tinha “muitos pacientes com COVID”. No entanto, enquanto ele observa que as informações que ele está compartilhando não são de um estudo, ele diz a Campbell que apenas alguns de seus pacientes foram atendidos na sala de emergência, porém nenhum deles foi admitido no hospital:
“Se você ler muitas pesquisas, mesmo que digam não haver tratamento para COVID além de anticorpos monoclonais, parece que estamos perdendo um ponto muito importante.
Acredito que o ponto primordial do COVID segundo uma visão médica, foi que nos disseram que todos os nossos esforços deveriam estar lá para evitar que os hospitais fossem lotados… queremos proteger o NHS e todos os sistemas de saúde que pudermos.
No entanto, o que estava de fato acontecendo era que as pessoas estavam sendo enviadas para casa e apenas informadas para ligarem caso seus lábios ficassem azuis... Na minha humilde opinião, essa pandemia não precisa ser como está sendo."
Grande maioria dos pacientes com COVID-19 possuem baixos níveis de vitamina D
Ao longo de 2020 e 2021, as evidências aumentaram para apoiar a hipótese de que a falta de vitamina D é um fator de risco primário para COVID-19 grave e morte. Um estudo espanhol mostrou que 82,2% dos pacientes testados com COVID eram deficientes em vitamina D, cujo termo médico é 25-hidroxicolecalciferol (25OHD).
Esse estudo não encontrou uma correlação entre os níveis de vitamina D e a gravidade da doença. No entanto, outros estudos mostraram que pacientes com níveis mais altos de vitamina D tinham uma doença mais leve. Um estudo descobriu que o risco de desenvolver um caso grave de COVID-19 e morrer da doença, de certo modo desapareceu quando o nível de vitamina D está acima de 30 ng/mL (75 nmol/L).
No dia 31 de outubro de 2020, meu artigo de revisão "Evidence About Vitamin D and Risk of COVID-19 and Its Severity", co-escrito com William Grant, Ph.D., e Dr. Carol Wagner, ambos parte do GrassrootsHealth painel de especialistas em vitamina D, foi publicado na revista Nutrients.
A Tabela 1 resume as informações de 14 estudos observacionais que sugerem que os níveis séricos de vitamina D estão inversamente correlacionados com a incidência e/ou gravidade do COVID-19.
Em um grande estudo observacional publicado em setembro de 2020, os pesquisadores analisaram dados de 191.779 pacientes americanos com idade média de 50 anos, que tiveram resultados para um teste de SARS-CoV-2 entre março e junho de 2020 e um nível de vitamina D medido em algum momento entre os 12 meses anteriores. Nesse grupo, 9,3% testaram positivo para SARS-CoV-2, sendo que desses:
- 12,5% dos pacientes que tiveram um nível de vitamina D abaixo de 20 ng/ml (deficiência) testaram positivo para SARS-CoV-2
- 8,1% daqueles que tinham um nível de vitamina D entre 30 e 34 ng/ml (adequação) testaram positivo para SARS-CoV-2
- Apenas 5,9% daqueles que tinham um nível ideal de vitamina D de 55 ng/ml ou mais testaram positivo para SARS-CoV-2
O principal pesquisador desse estudo foi o Dr. Michael Holick, muito reconhecido como um dos maiores especialistas em vitamina D do mundo inteiro. A equipe de cientistas observou que a taxa de positividade do COVID-19 foi maior no grupo com níveis de 25OHD inferiores a 20 ng/mL e escreveu:
“O risco de dar positivo para SARS-CoV-2 continuou a ser reduzido até que os níveis séricos atingissem 55 ng/mL. Essa descoberta não é surpreendente, dada a relação inversa estabelecida entre o risco de patógenos virais respiratórios, incluindo a gripe, e os níveis de 25(OH)D.”
Cohen aconselha a maioria de seus pacientes a ingerir 4.000 unidades internacionais de vitamina D todos os dias, e ele testa muitos de seus níveis. Mesmo em Israel, onde é um lugar bem ensolarado e as pessoas ficam muito expostas ao sol, ele encontra “muitas delas com baixos níveis de vitamina D”, abaixo de 20 ng/mL e alguns abaixo de 10 ng/mL.
Cuidando da sua primeira linha de defesa
Cohen lamenta os desafios de saúde enfrentados pelo mundo, já que especialistas em saúde desconsideram e negligenciam o uso de vitamina D na redução do risco de infecção.
Cohen aconselha seus pacientes a ingerir suplementos de vitamina D, K2 e zinco para ajudar a apoiar e cuidar de seus sistemas imunológicos. Ele recomenda 200 mcg por dia de vitamina K2 para ajudar o cálcio sérico a se depositar nos ossos e dentes onde pertence e não ao longo da parede arterial como precursor da aterosclerose.
Embora ele não cite a diferença na entrevista, se você for utilizar um suplemento de vitamina K2, é melhor fazer uso do MK-7, pois o MK-4 possui uma meia-vida biológica curta. Em vez disso, procure consumir produtos naturais e criados em pastos, ricos em MK-4 e MK-7, como Campbell destaca no vídeo.
Eu também acrescentaria ingerir quercetina com zinco, pois é um ionóforo que ajuda o zinco a entrar na célula onde tem atividade antiviral. Cohen também destaca dormir bastante e praticar exercícios. Ele acrescenta: “Como primeira linha de defesa, devemos lidar com o sistema imunológico das pessoas da maneira mais segura possível.”
Eu também destacaria o cuidado com o microbioma intestinal na proteção de seu sistema imunológico e na saúde geral. Uma maneira importante de apoiar seu intestino é consumir alimentos fermentados. As culturas iniciais podem manipular o resultado, portanto, fermentar seus próprios vegetais em casa com um fermento rico em vitamina K2 de alta qualidade pode melhorar o teor de vitamina e afetar as colônias bacterianas.
Dar às bactérias benéficas os nutrientes de que necessitam para sobreviver e prosperar é tão importante quanto consumir alimentos ricos em probióticos. Procure consumir alimentos ricos em fibras, que alimentam seu microbioma intestinal. Além disso, existem evidências significativas de que a fibra também ajuda na proteção da saúde do coração, através de um caminho diferente da vitamina K2.
A mensagem que fica, é que você precisa prestar muita atenção em seu nível de vitamina D, nos alimentos que consome e o quanto dorme e faça muitos exercícios. Essas são as estratégias cruciais que afetam o microbioma intestinal, o sistema imunológico e a saúde do coração e vão te ajudar a protegê-lo contra qualquer infecção viral.