Como o Açúcar Prejudica Sua Saúde Cerebral e Causa a Epidemia de ALZHEIMER

Pensador

Resumo da matéria -

  • Um conjunto crescente de pesquisas sugere que há uma conexão poderosa entre sua dieta e seu risco de desenvolver a doença de Alzheimer, através de caminhos similares aos que causam diabetes tipo 2
  • Em longo prazo, o açúcar pode contribuir para o encolhimento do seu hipocampo, que é uma característica da doença de Alzheimer
  • Os pesquisadores sugerem que reduzir os níveis de glicose, mesmo que eles estejam dentro da faixa “normal”, pode ter uma influência positiva na cognição em pessoas mais velhas

Por Dr. Mercola

Um em cada nove idosos com idade superior a 65 anos tem doença de Alzheimer, e agora se considera que a doença é a terceira principal causa de morte nos EUA, logo atrás da doença cardíaca e do câncer.

Um crescente conjunto de pesquisas sugere que existe uma conexão poderosa entre sua dieta e seu risco de desenvolver a doença de Alzheimer, através de caminhos similares ao que causam diabetes tipo 2.

Ao contrário da crença popular, seu cérebro não requer glicose, e na verdade funciona melhor quando queima combustíveis alternativos, especialmente cetonas, que seu corpo cria em resposta à digestão de gorduras saudáveis.

De acordo com alguns especialistas, como o Dr. Ron Rosedale, o Alzheimer e outros distúrbios cerebrais podem, em grande parte, ser causados pela queima constante de glicose como combustível pelo seu cérebro.

A doença de Alzheimer foi inicialmente apelidada de “diabetes tipo 3” no início de 2005, quando os pesquisadores descobriram que, além do seu pâncreas, seu cérebro também produz insulina e essa insulina cerebral é necessária para a sobrevivência de células cerebrais.

O Açúcar Danifica a Estrutura e Função do Cérebro

No seu cérebro, a insulina ajuda na absorção de glicose pelos seus neurônios e na regulação de neurotransmissores, como a acetilcolina, que são cruciais para a memória e a aprendizagem. É por isso que reduzir o nível de insulina no seu cérebro prejudica a sua cognição.

A pesquisa também mostrou que aqueles com diabete tipo 2 perdem mais volume cerebral conforme envelhecem do que o esperado - particularmente a matéria cinzenta. Esse tipo de atrofia cerebral é mais um fator que contribui para a demência.

Estudos descobriram que pessoas com níveis mais baixos de insulina e receptores de insulina em seu cérebro geralmente têm doença de Alzheimer. Mas de acordo com pesquisas recentes publicadas na revista Neurology, o açúcar e outros carboidratos podem perturbar sua função cerebral mesmo se você não estiver com diabetes ou apresentar sinais de demência.

Para testar sua teoria, eles avaliaram marcadores de glicose de curto e longo prazo em 141 idosos saudáveis, sem diabetes e sem demência. Testes de memória e imagens cerebrais foram administrados para avaliar a função cerebral e a estrutura real do seu hipocampo. Conforme relatado pela Scientific American:

“Níveis mais elevados em ambas as medidas de glicose foram associados a uma memória pior, bem como um hipocampo menor e estrutura de hipocampo comprometida.

Os pesquisadores também descobriram que as mudanças estruturais explicavam parcialmente o vínculo estatístico entre glicose e memória. De acordo com o estudo, o coautor Agnes Flöel, um neurologista do Charité, os resultados ‘fornecem mais evidências de que a glicose pode contribuir diretamente para a atrofia do hipocampo.’”

As descobertas sugerem que mesmo se você não for diabético ou resistente à insulina (e cerca de 80 por cento dos americanos estão nesta segunda categoria), o consumo de açúcar ainda pode prejudicar sua memória.

Em longo prazo, pode contribuir para o encolhimento do seu hipocampo, que é um sintoma da doença de Alzheimer (o seu hipocampo está envolvido na formação, organização e armazenamento de memórias).

A Indústria do Açúcar Ameaça as Organizações e Esconde a Ciência a Respeito dos Seus Efeitos Sobre a Saúde

Pesquisas convincentes mostram que seu cérebro tem uma grande plasticidade, que você controla através de sua dieta e opções de estilo de vida. Infelizmente, as indústrias de açúcar e de alimentos processados fizeram o público sofrer uma forte lavagem cerebral para levá-lo a acreditar que o açúcar é um “nutriente” perfeitamente razoável que faz parte a uma dieta saudável.

Sem informações precisas, certamente é mais difícil fazer escolhas de fortaleçam sua saúde. A Newsweek recentemente publicou um artigo revelando o quão longe a indústria açucareira está preparada para ir para defender sua participação no mercado:

“De acordo com um novo relatório do Center for Science and Democracy... grupos industriais que representam as empresas que vendem adoçantes, como a Sugar Association e a Corn Refiners Association... investiram milhões de dólares para combater a ciência que indica as consequências negativas para a saúde de comer seus produtos.

Por exemplo, quando um estudo da University of Southern California, feito em 2013, descobriu que o conteúdo real de xarope de milho de alta frutose em refrigerantes ‘variou significativamente’ do conteúdo de açúcar divulgado nos rótulos dos refrigerantes, a Corn Refiners Association considerou pagar por sua própria pesquisa de contra-ataque.

Um consultor sugeriu que a pesquisa de contra-ataque só deveria ser publicada se os resultados se alinhassem ao seu objetivo de contestar o estudo da USC: ‘Se, por algum motivo, os resultados confirmassem [o estudo da University of Southern California], poderíamos simplesmente esconder esses dados’, escreveu o consultor, de acordo com o relatório.”

De acordo com o relatório do Center for Science, a Sugar Association ainda ameaçou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS publicou um artigo sobre o açúcar, recomendando um limite de 10 por cento de açúcares adicionados, afirmando que os açúcares adicionados “ameaçam a qualidade nutricional das dietas”.

A Sugar Association mandou uma carta ao diretor-geral, advertindo-o de que, a menos que a OMS retirasse o estudo, a Sugar Association iria persuadir o Congresso dos EUA a retirar o financiamento federal da OMS. No ano seguinte, quando a OMS publicou sua estratégia global de saúde sobre dieta e saúde, não houve menção a esse estudo sobre açúcar.

A Indústria do Açúcar Merece ser Culpada por Alimentar as Epidemias de Doenças Crônicas

De fato, apesar de evidências esmagadoras demonstrarem que o açúcar, e em particular a frutose processada, estão no cerne da nossa crescente epidemia de obesidade e doenças crônicas, a indústria do açúcar tem tido tanto sucesso em seus esforços para contrariar o impacto de tais evidências de que ainda não há um consenso entre as nossas agências reguladoras quanto aos perigos “reais” do açúcar...

De acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention -CDC), 13 por cento da dieta do americano médio é de açúcar.

No Reino Unido, um relatório recentemente publicado pelo Comitê Consultivo Científico sobre Nutrição (Scientific Advisory Committee on Nutrition- SACN) recomenda limitar a ingestão de açúcar adicionado a cinco por cento, a fim de evitar obesidade e diabetes tipo 2. Eles calculam que isso seja o equivalente a 25 gramas de açúcar (5-6 colheres de chá) por dia para mulheres e 35 gramas (7-8 colheres de chá) para homens.

Orientações dietéticas para manter a função cerebral saudável e evitar a doença de Alzheimer

Está ficando cada vez mais claro que o mesmo processo patológico que leva à resistência à insulina e diabetes tipo 2 também pode ocorrer com seu cérebro.

À medida que você consome em excesso açúcares e grãos, seu cérebro fica sobrecarregado com os níveis consistentes de glicose e insulina que cegam sua sinalização de insulina, levando a deficiências nas habilidades de raciocínio e memória, eventualmente causando danos cerebrais permanentes.

Além disso, quando o seu fígado está ocupado processando frutose (que ele transforma em gordura), isso dificulta sua capacidade de produzir colesterol, um componente essencial do seu cérebro, que é crucial para se ter uma função cerebral otimizada.

De fato, um número crescente de evidências apoia a noção de que reduzir significativamente o consumo de frutose é um passo muito importante para a prevenção da doença de Alzheimer.

Por conta dos tratamentos muito limitados, e por ainda não haver nenhuma cura disponível, você realmente só tem apenas uma solução real, e isso é para evitar primeiramente que a doença de Alzheimer aconteça com você.

Conforme explicado pelo neurologista Dr. David Perlmutter, a doença de Alzheimer é uma doença baseada principalmente em escolhas de estilo de vida; os dois culpados principais são o consumo excessivo de açúcar e glúten.

Outro fator importante é o desenvolvimento e o aumento do consumo de grãos geneticamente modificados (GE), que atualmente podem ser encontrados na maioria dos alimentos processados vendidos. Se você quiser proteger a saúde do seu cérebro em termos de sua dieta, as seguintes sugestões podem estar entre as mais importantes para a prevenção de Alzheimer:

Evite o açúcar e a frutose refinada — Idealmente, você deve manter seu açúcar total e frutose abaixo de 25 gramas por dia, ou até 15 gramas por dia, se você tiver resistência à insulina ou qualquer distúrbio relacionado.

Em um recente estudo feito com animais, uma dieta junk food com alto teor de açúcar resultou em um debilitamento da memória após apenas uma semana!

Evite glúten e caseína (principalmente trigo e leite pasteurizado, mas não gorduras lácteas, como a manteiga) — A pesquisa mostra que sua barreira hematoencefálica, a barreira que mantém as coisas fora do seu cérebro, onde elas não pertencem, é afetada negativamente pelo glúten.

O glúten também torna seu intestino mais permeável, o que permite que as proteínas entrem na corrente sanguínea, um lugar ao qual elas não pertencem. Isso, então, sensibiliza seu sistema imunológico e promove inflamação e autoimunidade, que desempenham um papel no desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Tenha uma dieta nutritiva, rica em folato — Os legumes, sem dúvida, são sua melhor forma de folato, e todos devemos comer uma abundância de legumes crus frescos todos os dias. Evite suplementos como ácido fólico, que é a versão sintética inferior do folato.

Aumente o seu consumo de todas as gorduras saudáveis, incluindo ômega-3 de origem animal — As gorduras benéficas favoráveis à saúde que o seu cérebro precisa para ter uma função otimizada incluem manteiga orgânica de leite cru, manteiga clarificada chamada ghee, manteiga crua orgânica feita do leite de animais alimentados com grama, azeitonas, azeite de oliva virgem orgânico e óleo de coco, nozes como noz pecã e macadâmia, ovos de galinhas caipiras, salmão selvagem do Alasca e abacate.

Certifique-se também de obter suficientes gorduras ômega-3 de origem animal, como o óleo de krill (eu recomendo evitar a maioria dos peixes porque, embora o peixe seja naturalmente alto em ômega-3, a maioria dos peixes agora está fortemente contaminada com mercúrio).

Uma alta ingestão de gorduras ômega-3, EPA e DHA ajuda a prevenir danos celulares causados pela doença de Alzheimer, retardando assim sua progressão e reduzindo seu risco de desenvolver a doença.

Otimize sua flora intestinal ao comer regularmente alimentos fermentados ou tomando um suplemento probiótico de alta potência e alta qualidade.

Coma mirtilos — Os mirtilos silvestres, que têm alto teor de antocianinas e antioxidantes, são conhecidos por proteger contra a doença de Alzheimer e outras doenças neurológicas.

Outras Dicas Dietéticas Úteis e Suplementos Valiosos

Aqui está uma pequena lista de recomendações de suplementos que vale a pena observar por seus benefícios específicos na prevenção e tratamento da demência. Então, embora sua estratégia fundamental para prevenir a demência deva envolver uma abordagem abrangente de estilo de vida, você deve prestar especial atenção aos seguintes agentes dietéticos naturais.

Esses quatro alimentos/suplementos naturais estão respaldados pela ciência em termos de prevenção de mudanças cognitivas relacionadas à idade:

1. Gingko biloba — Muitos estudos científicos descobriram que o Ginkgo biloba tem efeitos positivos para a demência. Um estudo de 1997 da JAMA mostrou evidências claras de que o Ginkgo melhora o desempenho cognitivo e o funcionamento social para aqueles que sofrem de demência.

Outro estudo de 2006 revelou que o Ginkgo era tão efetivo quanto a medicação Aricept (donepezilo) para tratar a demência de tipo Alzheimer leve a moderada. Uma meta-análise de 2010 também identificou que o Ginkgo biloba é efetivo no tratamento de uma variedade de tipos de demência.

2. Ácido alfa lipóico (Alpha lipoic acid- ALA) — O ALA demonstrou ajudar a estabilizar as funções cognitivas entre os pacientes com Alzheimer e pode retardar a progressão da doença.

3. Vitamina B12 — Um pequeno estudo finlandês publicado na revista Neurology descobriu que as pessoas que consomem alimentos ricos em vitamina B12 podem reduzir seu risco de ter doença de Alzheimer quando se é idoso.

Para cada aumento de unidade no marcador da vitamina B12, o risco de desenvolver a doença de Alzheimer foi reduzido em dois por cento. Lembre-se que a metilcobalamina sublingual pode ser sua melhor opção neste caso.

Estratégias de Estilo de Vida que Podem Ajudar a Eliminar a Doença de Alzheimer

Otimize seus níveis de vitamina D com exposição segura ao sol — Foram revelados fortes vínculos entre baixos níveis de vitamina D nos pacientes com doença de Alzheimer e resultados ruins em testes cognitivos.

Os pesquisadores acreditam que ter níveis de vitamina D otimizados pode aumentar a quantidade de substâncias químicas importantes no seu cérebro e proteger as células cerebrais, aumentando a eficácia das células gliais para tratar os neurônios até que eles se recuperem.

Exercite-se regularmente — Foi sugerido que o exercício pode desencadear uma mudança na forma como a proteína precursora amiloide é metabolizada, diminuindo assim o início e a progressão da doença de Alzheimer. O exercício também aumenta os níveis da proteína PGC-1alfa.

A pesquisa também mostrou que as pessoas com doença de Alzheimer têm menos PGC-1alfa em seus cérebros e as células que contêm mais das proteínas produzem menos da proteína amiloide tóxica associada à doença de Alzheimer.

Evite e elimine o mercúrio do seu corpo — As obturações de amálgama, que possuem 50% de mercúrio em seu peso, são uma das principais fontes de toxicidade de metais pesados. No entanto, você deve estar saudável antes de removê-las.

Evite o alumínio, como antitranspirantes, utensílios antiaderentes, adjuvantes de vacinas, etc.

Evite vacinas contra a gripe, pois a maioria contém mercúrio e alumínio, agentes neurotóxicos e imunotóxicos bem conhecidos.

Evite medicamentos anticolinérgicos e estatinas — Os remédios que bloqueiam a acetilcolina, um neurotransmissor do sistema nervoso, demonstraram aumentar seu risco de demência. Esses remédios incluem certos analgésicos noturnos, anti-histamínicos, pílulas para dormir, certos antidepressivos, medicamentos para controlar a incontinência e certos analgésicos narcóticos.

Desafie sua mente diariamente — O estímulo mental, especialmente aprender algo novo, como aprender a tocar um instrumento ou um novo idioma, está associado a um menor risco de doença de Alzheimer. Os pesquisadores suspeitam que o desafio mental ajude a desenvolver seu cérebro, tornando-o menos suscetível às lesões associadas à doença de Alzheimer.