Dente Tóxico—Como Um Canal Dentário Pode Estar Te Deixando Doente

Canal Dentário

Resumo da matéria -

  • As bactérias abrigadas nos canais dentários e nos ossos em torno deles liberam toxinas potentes
  • Os dentes desvitalizados já não têm mais um suprimento de sangue por isso as bactérias no interior dos canais dos dentes ficam protegidas do sistema imunológico  
  • As bactérias patogênicas dos canais infectados que infectam a mandíbula circundante inibem, destroem ou matam os glóbulos brancos projetados para eliminá-los, razão pela qual os canais dentários são um foco de infecção crônica

Por Dr. Mercola

O tratamento de canal (também conhecido como desvitalização) é um procedimento comumente feito na maioria dos adultos. Mas isso é sábio?

O Dr. Robert Kulacz, um dentista, passou parte significativa de sua carreira profissional tentando responder a esta pergunta.

O que ele descobriu mudou profundamente sua vida, e levou-o a escrever um livro sobre suas descobertas chamado The Toxic Tooth: How a Root Canal Could Be Making You Sick (O Dente Tóxico: Como a Desvitalização Pode Estar Te Deixando Doente) que eu acho que está entre os melhores disponíveis sobre este assunto.

O Dr. Kulacz começou a praticar odontologia em Brewster, Nova York.

Depois de seis anos como associado, ele abriu sua própria clínica em Somers, Nova York, em 1992, onde realizou todos os procedimentos convencionais de odontologia, desde restaurações até extrações e desvitalizações.

"Eu fiz muitas desvitalizações durante muitos anos”, diz ele." Tudo estava indo bem até que um dia um paciente meu disse para mim, 'Sabe, eu ouvi do meu médico que a desvitalização pode ser ruim, que a desvitalização pode causar ou contribuir para outras doenças no corpo.'

E eu disse: 'Você está louco. Quem está lhe dizendo isso? Isso é impossível. ' Ele disse: "Você tem de olhar essa informação." Ele me deu sites de organizações como a Academia Internacional de Medicina Oral e Toxicologia (International Academy of Oral Medicine and Toxicology -IAOMT) para ver isso.

Eu então explorei este assunto para que assim eu pudesse dizer a ele, 'é aqui onde você está errado, é aqui onde seu médico está errado, e é aqui onde a Associação Dental Americana (American Dental Association -ADA) está certa.'

E eis que eu descobri que são eles que estavam certos; eu estava errado.

Olhei para o trabalho de Weston Price, o trabalho de Rosenow e outros. Decidi ir a uma reunião da IAOMT ... a palestra do Dr. Boyd Haley sobre as desvitalizações e como elas são tóxicas mudaram minha vida. Eu percebi que estava errado... A partir desse dia, eu mudei minha forma de trabalhar."

A Importância do Consentimento Informado

O Dr. Kulacz deixou de fazerdesvitalizações em 1995. Ele não promove a proibição total das desvitalizações, mas salienta a importância do consentimento informado.

A Associação Dental Americana afirma que a desvitalização é um procedimento seguro que não pode causar nenhuma doença sistêmica, e de acordo com o Dr. Kulacz e outros que investiram tempo investigando o assunto, isso simplesmente não é verdade.

"Se um paciente é informado de que estes dentes desvitalizados permanecem infectados; que as bactérias podem realmente viajar para outros locais no corpo, e que as bactérias nos dentes desvitalizados e ossos circundantes liberam potentes toxinas, então o paciente pode decidir fazer a desvitalização ou não”, diz ele.

Muitos dentistas acreditam que podem esterilizar um dente desvitalizado e que o ato de instrumentar e irrigar o canal irá eliminar todas as bactérias, mas esse não é o caso.

"Eu fiz biópsias em cada dente desvitalizado que eu extraí. Quase todos eles têm detritos necróticos remanescentes ainda no canal, o que significa que eles não foram completamente limpos. As culturas microbiológicas do osso circundante mostraram infecção quase 100% das vezes.” diz o Dr. Kulacz.

De acordo com a ADA, qualquer bactéria remanescente será "sepultada" dentro desse dente, mas isso também não é verdade. A guta-percha, o material de enchimento usado para vedar o canal, não está entrando nos canais laterais minúsculos que se ramificam para fora do canal principal, portanto o vazamento é quase sempre possível, especialmente porque o dente é poroso.

E mesmo um canal radicular perfeitamente vedado não pode impedir que as pequenas moléculas das exotoxinas produzidas pelas bactérias dentro do canal do dente migrem facilmente do dente para o corpo.

A maior parte da estrutura dentária é composta de túbulos dentinários, estruturas ocas que correm do canal principal para o exterior. Se você fosse colocar esses túbulos de ponta a ponta em apenas um único dente enraizado, eles se estenderiam por cerca de três milhas (4,8 km).

Mas eles são grandes o suficiente para abrigar diversas bactérias, que você nunca poderá remover ou esterilizar. Um dente é mais parecido com uma esponja do que com uma estrutura sólida.

"Se você tivesse uma estrutura de dentes sólida que fosse como aço ou um metal, você seria capaz de limpar o canal principal desse dente, não haveria afluentes, e você poderia selá-lo perfeitamente e eliminar a infecção residual no osso da mandíbula circundante, fazer uma desvitalização seria ótimo. Mas não podemos fazer isso”, diz ele.

"Agora, isso não significa que todos os dentes desvitalizados vão causar doenças. Depende do tipo de bactérias que está lá, que tipo de toxinas elas produzem e a saúde do sistema imunológico do indivíduo.

As Bactérias dos Canais Dentários Podem Piorar Outras Doenças

Uma vez que os dentes desvitalizados estão cronicamente infectados, eles podem contribuir para uma série de diferentes problemas de saúde, incluindo doenças cardíacas. Embora a ADA insista que as bactérias dos dentes desvitalizados nunca possam transitar para locais distantes no seu corpo, o Dr. Kulacz discorda, explicando:

"A doença cardíaca é causada pelo dano ao forro interno do vaso sanguíneo (o colesterol é um subproduto secundário). A principal causa de doença cardíaca é o dano ao revestimento íntimo do vaso sanguíneo e a migração de macrófagos e colesterol dentro dessa artéria.

A inflamação faz com que a placa se rompa no lúmen, para o espaço do vaso sanguíneo, causando um coágulo de sangue e um ataque cardíaco. [Um] estudo feito em 2013 ... comparou o DNA bacteriano em coágulos sanguíneos e placa arterial de pacientes com ataque cardíaco ao DNA das bactérias da boca.

As mesmas bactérias encontradas nos canais dos dentes e na gengivite são encontradas nas placas das artérias coronárias e nos coágulos sanguíneos que causaram o ataque cardíaco.

Estas bactérias se movem da boca para outros locais do corpo como as placas arteriais. Eles também encontraram as mesmas bactérias no líquido pericárdico ou no fluido que circunda o coração ... Na doença cardíaca você não quer ter uma infecção e inflamação em uma placa arterial.

A presença de bactérias orais dos canais dos dentes e da gengivite na placa arterial e nos coágulos de sangue de pacientes com ataque cardíaco aponta uma causa direta, ao invés de uma correlação entre a infecção oral e a doença cardiovascular."

Todos os Dentes Desvitalizados Irão se Tornar Mais Contaminados Conforme o Tempo Passar

Como os dentes desvitalizados não têm mais um suprimento de sangue, as bactérias que permanecem dentro de todos os dentes desvitalizados estão efetivamente "escondidas" do sistema imunológico. Para piorar as coisas, o dente desvitalizado fica mais infectado ao longo do tempo devido ao influxo de bactérias a partir do tecido gengival em torno do dente.

Outras pesquisas mostraram que as bactérias patogênicas dos canais radiculares infectados destroem ou matam os glóbulos brancos projetados para eliminá-los, razão pela qual o osso da mandíbula ao redor pode abrigar essa infecção crônica. As bactérias também podem fugir do seu sistema através de:

  • Mimetismo bacteriano; ao imitar as bactérias do próprio corpo, seus glóbulos brancos não as atacarão
  • Desativação dos seus anticorpos e glóbulos brancos
  • Formação de biofilmes pegajosos

O Que Você Precisa Saber Sobre Implantes Dentários

A terceira opção é um implante dentário, onde um parafuso é inserido em sua mandíbula após um tempo de cicatrização entre três e seis meses para garantir uma base de osso sólido e saudável na mandíbula. Em seguida, um dente é construído sobre a parte superior do implante.

O implante funciona como sua raiz funcionaria e você tem uma coroa permanente que funciona como seu dente real. Embora isso possa parecer ideal, há problemas em potencial a serem considerados.

Primeiro, se você usar um implante de titânio, você está colocando metal em sua mandíbula, o que pode causar uma resposta galvânica ou de bateria com outros metais em sua boca. Há relatos na literatura de alergia e toxicidade do tecido ao metal usado em implantes dentários que também podem afetar negativamente a saúde.

No mínimo, se você estiver considerando um implante dentário de titânio, faça um exame de alergia a todos os metais presentes no implante. Isto é especialmente importante se você tiver uma sensibilidade conhecida aos metais.

O Dr. Kulacz prefere implantes de zircônio, pois eles não têm íons metálicos que são encontrados nos implantes de titânio. No entanto, se um implante é colocado no osso onde uma desvitalização foi feita, e o osso foi insuficientemente limpo quando o dente foi extraído, então o seu osso ainda pode estar infectado.

Nesse caso, você está colocando um implante em um osso cronicamente infectado, o que é desaconselhável.

"É muito importante que quando você extrair o dente desvitalizado você remova o ligamento periodontal (a pequena tipoia que mantém o dente no maxilar), a lâmina dura ou soquete do osso (o único propósito deste soquete do osso é apoiar o dente), e então uma pequena quantidade de osso fora desse espaço.

Isso é feito lentamente com uma broca com uma quantidade copiosa de vedação estéril e irrigação para manter o osso saudável. Se você fizer isso, você remove a infecção, induz um bom fluxo de sangue para a mandíbula - sem sangue, não há cura - e você tem um osso não infectado, saudável e curado no qual você pode colocar seu implante dentário, diz ele.

"As culturas bacterianas e a biópsia de tecido do osso circundante após a limpeza completa do soquete podem descobrir qualquer infecção residual que possa ter permanecido. É por isso que não sou a favor da colocação imediata de um implante dentário na cavidade de um dente desvitalizado, preferindo aguardar os resultados das culturas e biópsia, bem como da cicatrização óssea adequada."

A gengivite também é um problema comum associado aos implantes. Uma infecção ou uma inflamação nas gengivas é muito semelhante a ter uma infecção ou inflamação no osso ou no dente desvitalizado. Os dentes naturais têm uma barreira contra a migração de bactérias ao redor do osso.

Eles estão cheios de fibras que se inserem a partir da gengiva na raiz do dente e do osso, o que impede que as bactérias entrem na área óssea. Implantes dentários não têm isso. Eles dependem de um revestimento pegajoso secretado pela gengiva em torno da parte de cima do colar do pino que suporta a coroa.

Essa parte de cima do tecido deve ser mantida com boa higiene bucal para evitar a inflamação que de outra forma poderia afrouxar o tecido ao redor do dente. Se você tem gengivite e não limpar o pino do implante completamente, a gengivite em torno dos implantes vai progredir muito mais rapidamente do que em torno de um dente natural.

Se você tem um implante dentário, é imperativo cumprir com uma higiene oral rigorosa, ou você pode rapidamente acabar com problemas na gengiva.

Um Dente Desvitalizado Está Morto e os Tecidos Necróticos Tendem a Causar Problemas

Um dente desvitalizado não está mais vivo. É um tecido morto, que nunca deve ser deixado no seu corpo. Se você tem apendicite, o cirurgião simplesmente não isola o apêndice e o deixa ali. Ele tem de removê-lo. No entanto, quando se trata de dentes, esta regra é ignorada.

De acordo com o Dr. Kulacz, muitas pessoas que vieram vê-lo - muitas vezes como um último recurso - foram capazes de resolver problemas de saúde crônica após extrair seus dentes desvitalizados seriamente infectados e / ou tratar devidamente a infecção.

Curiosamente, o Dr. Weston A. Price foi ainda capaz de reproduzir as doenças das pessoas em coelhos ao simplesmente implantar o dente desvitalizado da pessoa sob a pele do coelho.

+ Recursos e Referências