Por Dr. Mercola
Em maio de 2011, a Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC), braço de pesquisa sobre câncer da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou que os telefones celulares são um “possível Carcinógeno” do Grupo 2B, que significa um “possível agente causador de câncer”, baseado na pesquisa disponível.
O Mais Recente Estudo de Radiofrequência – Um Alarme de Despertador para Aqueles que Negam o Perigo dos Celulares?
Apesar de tais descobertas, os telefones celulares tornaram-se cada vez mais difundidos e uma parte tão comum de nossas vidas diárias que a maioria das pessoas nunca pensa duas vezes antes de usá-los e levá-los junto ao corpo durante todo o dia.
Alguns são cautelosos, usando viva-voz ou mensagens de texto, por exemplo, em vez de segurar o telefone ao lado da orelha (e ao lado de seu cérebro), mas muitos ainda recusam-se a acreditar que os riscos são reais.
Infelizmente, os pesquisadores demonstraram que os telefones celulares e outros aparelhos podem causar todos os tipos de problemas de saúde, de dores de cabeça a tumores cerebrais, sendo que as crianças pequenas estão em maior risco.
Claro, alguns estudos também não encontraram efeitos, mas a maior parte deles foi financiada pela indústria, o que tende a tornar os resultados menos confiáveis.
Na verdade, 72 por cento dos estudos financiados pela indústria não conseguiram discernir qualquer efeito biológico da exposição à radiação ao celular, enquanto 67 por cento dos estudos independentes (aqueles não financiados pela indústria) encontraram efeitos biológicos.
Por exemplo, em 1990, antes mesmo que houvesse uma indústria de celulares, pelo menos duas dúzias de estudos epidemiológicos em seres humanos indicavam uma ligação entre campos eletromagnéticos (EMF) e/ou radiofrequências (RF) e problemas de saúde graves, incluindo leucemia infantil.
E em 1977, houve uma audiência no senado americano sobre o tema da radiação de radiofrequência e tumores cerebrais. A ligação entre o câncer cerebral e o uso do telefone celular tem sido particularmente persistente, e um número crescente de pesquisas só fortaleceu essa associação.
Como a RF Causa Danos Celulares?
O RF é um tipo de radiação não ionizante, o que significa que ela não quebra as ligações químicas. Dentro das orientações atuais de exposição da FCC, geralmente considera-se que ela não produza calor suficiente para causar danos ao tecido.
Há algumas pesquisas que mostrando uma absorção não uniforme de RF e temperaturas tão altas quanto 6 graus mais elevadas nos pontos focais, o que refuta essa suposição.
É em cima deste fato que a maioria das reivindicações de segurança estão articuladas. No entanto, a RF parece ser capaz de causar danos de outras formas. Em uma entrevista recente da Scientific American, o Dr. Jerry Phillips, um bioquímico e Diretor do Excel Science Center da Universidade de Colorado, explicou como as células vivas reagem à radiação RF:
“O sinal acopla-se a essas células, embora ninguém realmente saiba qual é a natureza desse acoplamento. Alguns efeitos dessa reação podem ser coisas como o movimento do cálcio através das membranas, a produção de radicais livres ou uma mudança na expressão de genes na célula.
De repente, proteínas importantes estão sendo expressas em tempos e lugares e em quantidades que não deveriam estar, e isso tem um efeito dramático sobre a função das células. E algumas dessas mudanças são consistentes com o que é visto quando as células sofrem conversão de normal para maligno.”
Campos Eletromagnéticos Podem Danificar Células e DNA Através de Respostas de Estresse Celular
Pesquisas realizadas pelo Dr. Martin Blank, palestrante especial e professor associado aposentado da Universidade Columbia no Departamento de Fisiologia e Biofísica Celular e ex-presidente da Bioelectromagnetics Society, explica que os campos eletromagnéticos (EMF) danificam suas células e DNA induzindo uma resposta de estresse celular.
Ele deu uma palestra informativa no programa Commonwealth Club of California de 18 de novembro de 2010, “The Health Effects of Electromagnetic Fields” (Os Efeitos para a Saúde dos Campos Eletromagnéticos) patrocinado pela ElectromagneticHealth.org (inserido acima para sua conveniência).
De acordo com Blank, a estrutura em espiral do DNA é muito vulnerável aos campos eletromagnéticos. Ela possui as mesmas características estruturais de uma antena fractal (condução eletrônica e autossimetria), e essas duas propriedades permitem uma maior reatividade do DNA ao EMF do que outros tecidos. Além disso, não é necessário nenhum calor para que este dano ao DNA ocorra.
Blank acredita que o potencial dano das tecnologias sem fio pode ser significativo e que há uma série de pesquisas revisadas por pares para respaldar tais suspeitas. Por exemplo, uma revisão de 2009 de 11 estudos epidemiológicos de longo prazo revelou que o uso de um telefone celular por 10 anos ou mais dobra seu risco de ser diagnosticado com um tumor cerebral no mesmo lado da cabeça em que o telefone celular normalmente é mantido.
Milhares de estudos que demonstram os efeitos biológicos de EMF de baixa intensidade também foram sintetizados e resumidos no BioInitiative Report (2007 e 2012), incluindo efeitos no sistema imunológico, efeitos neurológicos, efeitos cognitivos e muito mais.
Um em Cada Quatro Acidentes de Carro são Causados por Telefones Celulares
Não é apenas a RF que torna os telefones celulares perigosos. Eles também desempenham um papel significativo nos acidentes de carro causados por motoristas distraídos, que tiraram a vida de quase 3.330 pessoas em 2012 e feriram 421 mil.
No ano passado, o National Safety Council (NSC) informou que o uso do telefone celular é responsável por 26 por cento de todos os acidentes de carro.
Surpreendentemente, apenas 5% foram relacionados especificamente a estar escrevendo mensagens, sugerindo que falar no celular é tão arriscado quanto, se não mais. No entanto entre os motoristas adolescentes, a influência dos telefones celulares na frequência de acidentes é muito maior.
De acordo com um relatório recente da American Automobile Association (AAA), 60 por cento dos acidentes de carro envolvendo adolescentes são devidos a conversas, mensagens de texto e outras distrações.
Além do uso do telefone celular, outras distrações para os adolescentes que os envolvem em acidentes de carro incluem falar com passageiros e olhar para algo dentro do carro.
Em geral, usar o seu telefone celular de qualquer maneira durante a condução aumenta suas chances de sofrer um acidente, pois tira sua atenção da tarefa sendo realizada, que é manter seus olhos na estrada, suas mãos no volante e sua mente em uma condução segura.
Na verdade, a pesquisa demonstrou que o desempenho na condução é igualmente afetado ao se usar um telefone portátil ou com a modalidade mãos-livres, levando a efeitos como o aumento do tempo de reação.
Também estão em ascensão os ferimentos de pedestres que usam telefones celulares, que cresceram 35 por cento desde 2010. Estima-se que 10 por cento das 78.000 lesões de pedestres em 2012 foram o resultado de “distração por dispositivos móveis”.
Neste caso, a pesquisa demonstrou que escrever mensagens de texto é significativamente mais perigoso do que falar em um telefone celular ao se caminhar. Para tornar as estradas mais seguras para todos, o CDC oferece as seguintes recomendações de bom senso:
- Modelo de comportamento seguro atrás do volante - nunca escreva textos e dirija.
- Fique sempre focado e alerta ao dirigir.
- Cumpra esse compromisso - comprometa-se a conduzir livre de distrações.
- Manifeste-se se o motorista no seu carro estiver distraído.
- Incentive seus amigos e familiares a designar seus carros como uma zona “sem celular” ao dirigir.
Como Proteger sua Saúde da Radiação do Telefone Celular
Não permita que seu filho use um telefone celular
Salvo uma emergência com risco de vida, as crianças não devem usar um telefone celular ou um dispositivo sem fio de qualquer tipo. As crianças são muito mais vulneráveis à radiação do telefone celular do que os adultos devido a ter ossos mais finos no crânio e estar desenvolvendo seus sistemas imunológicos e cérebros. |
Mantenha seu uso do celular ao mínimo
Desligue o celular com mais frequência. Reserve seu uso para emergências ou assuntos importantes. Enquanto o seu telefone celular estiver ligado, ele emite radiação de forma intermitente, mesmo quando você não está realmente fazendo uma ligação. Use um telefone fixo em casa e no trabalho, e se você usar um telefone celular, desenvolva uma prática de encaminhá-lo para um telefone fixo sempre que possível. |
Reduza ou elimine o uso de outros dispositivos sem fio
Assim como com os telefones celulares, é importante perguntar-se se você realmente precisa ou não usar dispositivos sem fio rotineiramente. Uma conexão de internet Ethernet com fios para computadores, impressoras e periféricos não é apenas mais segura para sua saúde, mas significativamente mais rápida e segura. Reconsidere qualquer tecnologia usável no corpo, como relógios inteligentes, que emitem níveis extremamente elevados de radiação. Usar wireless no corpo é extremamente insensato. |
Opte por telefones residenciais portáteis mais velhos
Se você deve usar um telefone móvel portátil, use o tipo antigo que opera a 900 MHz. Eles não são mais seguros durante as chamadas, mas pelo menos alguns deles não emitem continuamente quando não estão sendo usados. Note que a única maneira de realmente ter certeza se o seu telefone sem fio está emitindo radiação é usar um medidor eletrosmog, e deve ser daqueles que vai até a frequência do seu telefone portátil (eu recomendo procurar um medidor de RF que atinja 8 Gigahertz para cobrir a maioria dos telefones).
Você pode encontrar medidores de RF em www.emfsafetystore.com. Mesmo sem um medidor de RF, você pode estar razoavelmente certo de que seu telefone celular é problemático se a tecnologia estiver rotulada como DECT, que significa “tecnologia sem fio digitalmente aprimorada”. Alternativamente, tenha cuidado com o posicionamento da estação base, pois isso causa a maior parte do problema, pois transmite sinais vinte quatro horas por dia sete dias por semana, mesmo quando você não está falando.
Tente manter a estação base a pelo menos três cômodos de onde você passa a maior parte do tempo, especialmente do seu quarto de dormir. Idealmente, seria benéfico desligar ou desconectar sua estação base à noite antes de ir para a cama. Ou, melhor ainda, basta usá-la somente na hora certa, quando a portabilidade for essencial e usar um telefone com fio fixo na maior parte do tempo. |
Limite o uso do telefone celular a áreas com excelente recepção
Quanto mais fraca for a recepção, mais energia o seu telefone deve usar para transmitir, e quanto mais energia ele usar, mais radiação ele irá emitir. Idealmente, apenas use o seu telefone quando ele estiver com todas as barras completas e com boa recepção. |
Evite transportar seu telefone celular no seu corpo e não durma com ele embaixo do seu travesseiro ou perto de sua cabeça
Idealmente, colocá-lo em sua bolsa ou bolsa de transporte. Colocar o celular no seu sutiã ou em um bolso de camisa sobre seu coração é pedir para ter problemas, assim como colocá-lo no bolso de um homem se ele procura preservar sua fertilidade. |
Não assuma que um celular é mais seguro do que outro
Não existe um telefone celular “seguro”. Um valor de teste de absorção de energia (Specific Absorption Rate -SAR) para um celular apenas aborda uma forma de risco, os efeitos térmicos, comparando um celular com outro e não é uma medida de segurança biológica. Frequências, picos, pulsações e outras características do sinal também são biologicamente ativas. Quanto maior a exposição, maior será o risco. Se você quiser estar seguro, use conexões com fio. |
Respeite os outros; muitos são altamente sensíveis a EMF/RF
Algumas pessoas que se tornaram sensíveis podem sentir os efeitos dos telefones celulares dos outros na mesma sala, mesmo quando está ligado, mas não está sendo usado. Se você estiver em uma reunião, em um transporte público, em um tribunal ou em outros locais públicos, mantenha seu celular desligado por consideração aos efeitos da “radiação passiva”. As crianças também são mais vulneráveis, então evite usar seu celular perto de crianças. |
Use um fone de ouvido com fio bem protegido
Os fones de ouvido com fio certamente permitirão que você mantenha o celular mais distante do seu corpo. No entanto, se um fone de ouvido com fio não estiver bem protegido - e a maioria deles não está - o próprio fio pode atuar como uma antena atraindo e transmitindo radiação diretamente para o seu cérebro.
Portanto, certifique-se de que o fio usado para transmitir o sinal à sua orelha esteja protegido. Os melhores fones de ouvido usam uma combinação de fio protegido e tubos de ar. Estes funcionam como um estetoscópio, transmitindo o som à sua cabeça como uma onda sonora real. Embora existam fios que ainda precisam ser protegidos, não há fio que vá até a sua cabeça. |
Seja um exemplo
Defina limites sobre como as pessoas podem comunicar-se com você para minimizar exposições ao celular e radiação sem fio. A gratificação instantânea que alguém pode obter de estar em contato constante não vale os sérios riscos de exposições à radiação. Assuma uma posição para si mesmo e seja um exemplo a ser seguido por seus filhos. |
Ajude a educar as escolas de seus filhos
Traga evidências do risco de celular e tecnologias sem fio para escolas e sindicatos de professores. A mudança de proteção não ocorrerá tão cedo a nível federal, portanto, as ações populares para educar as pessoas responsáveis pela vida das populações vulneráveis são essenciais. |