Por Dr. Mercola
Quase 10 por cento das crianças dos EUA foram diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). A doença é descrita como "um dos distúrbios infantis mais comuns" pelo National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental), mas seus sintomas podem ser ambíguos.
Por exemplo, uma criança que tenha dificuldade em permanecer focada e prestando atenção, dificuldade em controlar o comportamento e que seja hiperativa pode ser diagnosticada com esta doença. O problema é que todas as crianças podem apresentar esses sintomas, embora algumas mais do que outras.
Somente aquelas cujos comportamentos são "mais graves" ou ocorrem “mais frequentemente" por seis meses ou mais deveriam ser diagnosticados com TDAH, mas mesmo estes são critérios subjetivos.
Não há nenhum teste ou outra maneira objetiva de detectar crianças com TDAH, muitas vezes elas são diagnosticadas com base nas observações dos pais, professores e, às vezes, de um profissional de saúde mental.
Embora a psicoterapia às vezes seja oferecida a crianças com TDAH, o tratamento mais comum para TDAH são os medicamentos estimulantes. Os medicamentos para TDAH são os medicamentos psicotrópicos mais utilizados pelas crianças (empatados no primeiro lugar com os antidepressivos).
O uso de tais medicamentos é controverso por uma série de razões que foram recentemente destacadas pela primeira avaliação sistemática abrangente de seus benefícios e danos.
Os Medicamentos para TDAH Oferecem Apenas Benefícios Moderados
Qualquer pessoa que estiver pensando em usar os medicamentos para TDAH deve considerar cuidadosamente se os benefícios superam os riscos. No caso do metilfenidato (marcas como Ritalina, Concerta, Medikinet e Equasym), isso é altamente questionável.
Pesquisas publicadas no The Cochrane Database of Systematic Reviews descobriram que o medicamento pode levar a modestas melhorias nos sintomas, comportamento geral e qualidade de vida.
No entanto, esse benefício modesto está baseado em estudos de baixa qualidade, levando os pesquisadores a recomendar cuidado ao usar o medicamento sem antes fazer uma avaliação cuidadosa. O autor do estudo, Dr. Morris Zwi, psiquiatra de crianças e adolescentes, disse:
"Nossas expectativas com esse tratamento são provavelmente maiores do que deveriam ser... Embora nossa avaliação mostre alguns indícios de benefício, devemos ter em mente que essa descoberta foi baseada em provas de muito baixa qualidade.
O que ainda precisamos são testes amplos e bem conduzidos para esclarecer os riscos versus benefícios ".
A avaliação sistemática também descobriu que o medicamento está associado a um aumento no risco de problemas de sono e perda de apetite. No geral, aqueles que tomaram metilfenidato tiveram um risco aumentado de 29 por cento de experienciar um evento adverso não grave, sendo os mais comuns problemas de sono e diminuição do apetite.
Medicamentos Estimulantes Podem Prejudicar o Sono de Crianças com TDAH
Um estudo separado publicado na revista Pediatrics também descobriu que medicamentos estimulantes, como a Ritalina, podem prejudicar o sono das crianças.
Embora os medicamentos tenham efeitos estimulantes, eles podem ter um efeito calmante nas crianças com TDAH, e alguns sugeriram que os medicamentos podem melhorar o sono ao reduzir comportamentos que levam à resistência na hora de dormir.
No entanto, esta pesquisa, que analisou nove estudos individuais, descobriu que, em geral, as crianças que tomam medicamentos estimulantes:
- Levam mais tempo para adormecer do que as outras (com o tempo de se alongando conforme a dose aumentava)
- Tinham uma duração de sono menor
- Tinham uma eficiência do sono pior, que é a proporção de tempo gasto dormindo em comparação ao tempo gasto na cama
O efeito é particularmente problemático porque a falta de sono torna os sintomas da TDAH piores, com pesquisadores observando que "os efeitos adversos do sono podem minar os benefícios dos medicamentos estimulantes em alguns casos".
Os Medicamentos para TDAH Mandam 23.000 Crianças para o Pronto-Socorro Todos os Anos
Apesar de serem comuns, os medicamentos prescritos para TDAH não são "suaves" de nenhuma forma. Trata-se de narcóticos “classe 2” pesados, regulados pela Drug Enforcement Agency como uma substância controlada porque podem levar à dependência.
No entanto, a maioria das crianças diagnosticadas com TDAH terá prescritos esses medicamentos potencialmente perigosos, sendo o mais comum a Ritalina. Por definição, a Ritalina estimula o sistema nervoso central e pode certamente interferir no funcionamento delicado e complexo de seu cérebro e personalidade.
Isso sem mencionar que, nas crianças, os efeitos em longo prazo dos medicamentos são frequentemente em grande parte desconhecidos. Dito isso, os efeitos colaterais que conhecemos incluem não só problemas de sono e diminuição do apetite, mas também:
Morte súbita em pessoas com problemas cardíacos ou defeitos cardíacos |
Derrame e ataque cardíaco |
Aumento da pressão arterial |
Problemas de comportamento e pensamento novos ou agravamento dos já existentes |
Transtorno bipolar novo ou agravamento deste |
Comportamento agressivo ou hostil novo ou agravamento destes |
Novos sintomas psicóticos (como ouvir vozes, acreditar em coisas que não são verdadeiras e que são suspeitas) |
Novos sintomas maníacos |
Aumento da frequência cardíaca |
Retardo do crescimento (altura e peso) em crianças |
Convulsões |
Alterações da visão ou visão turva |
Uma em Cada Cinco Crianças com TDAH Pode ser Diagnosticada Erroneamente
Antes de dar ao seu filho medicamentos como a Ritalina, é importante ter a certeza de que ele tem uma verdadeira necessidade deles. Atualmente, diagnosticar o TDAH se resume a uma questão de opinião, já que não há nenhum exame físico que consiga identificar a doença.
De acordo com um estudo de 2010, estima-se que 20 por cento das crianças são diagnosticadas erroneamente com TDAH. Em outras palavras, a atuação de algumas crianças ainda pode estar dentro dos limites do comportamento infantil "normal", ou pode ser o resultado de fatores de estilo de vida ou exposições tóxicas, e não uma "doença" que requer medicamentos poderosos que alteram a mente.
As imagens da tomografia computadorizada por emissão de fóton único (single photon emission computed tomography-SPECT) feita no cérebro podem se revelar uma ferramenta inestimável para os distúrbios psiquiátricos como o TDAH. As imagens do SPECT cerebral são diferentes do IRM anatômico ou da tomografia computadorizada.
O SPECT mede o fluxo sanguíneo e os padrões de atividade. Ele observa como o seu cérebro trabalha. É semelhante aos exames de tomografia por emissão de pósitrons (TEP), que analisam o metabolismo da glicose. Ao usar imagens do SPECT, os médicos procuram três coisas:
- Áreas do seu cérebro que funcionam bem
- Áreas de seu cérebro que têm baixa atividade
- Áreas de seu cérebro que têm muita atividade
O trabalho passa a ser, em seguida, equilibrar as diferentes áreas do seu cérebro. Em seu trabalho com SPECT, o Dr. Daniel Amen, um médico e psiquiatra credenciado, identificou sete tipos de ansiedade e depressão, seis tipos de TDAH, cinco tipos de comedores compulsivos e seis tipos de vícios.
Por exemplo, as imagens de SPECT podem revelar uma baixa atividade no córtex pré-frontal, o que está geralmente associado a um controle de impulsos fraco. É também associado com o TDAH.
Outro dos principais benefícios das imagens de SPECT é a sua capacidade de identificar os danos causados por exposições tóxicas. O Dr. Amen explicou quão importantes podem ser essas conclusões para o tratamento adequado:
"Eu tive um paciente ... que foi diagnosticado com TDAH [transtorno de déficit de atenção] .Ele se consultou com o melhor médico especialista em TDAH no país.Ele basicamente fez o diagnóstico 10 minutos após ouvir sua história.Quando nós o examinamos, ele tinha um cérebro aparentemente totalmente tóxico.
É claro, você terá sintomas de TDAH se você sabe que há danos na parte da frente do seu cérebro.Descobriu-se que ele tinha envenenamento por arsênico.Ele precisava de um programa de desintoxicação, não de mais Adderall.”
Exercícios Devem Ser "Prescritos" para Crianças com TDAH
Uma pesquisa publicada na revista Pediatrics descobriu que as crianças que participavam de um programa regular de atividade física tinham uma melhora no controle executivo, que inclui a inibição (a capacidade de manter o foco), memória operacional e flexibilidade cognitiva (ou alternar entre tarefas).
O funcionamento executivo é muitas vezes prejudicado em crianças com TDAH, o que significa que o exercício pode ajudar diretamente a melhorar os sintomas. Além disso, o desempenho escolar frequentemente é prejudicado em crianças com TDAH, e é uma das razões principais de muitos pais consentirem com os medicamentos.
No entanto, o exercício é bem conhecido por melhorar os resultados das provas e no desempenho acadêmico em crianças, e esta associação é particularmente forte entre as crianças com TDAH.
Um estudo descobriu, por exemplo, que um programa de atividade física antes e depois da escola reduziu a desatenção e o mau humor entre as crianças em risco de ter TDAH, bem como melhorou os resultados dos testes de matemática e leitura. Outras pesquisas revelaram que 26 minutos de atividade física por dia ajudaram a reduzir significativamente os sintomas de TDAH em alunos do ensino fundamental.
Num TED talk de 2012, John Ratey, professor associado de psiquiatria em Harvard sugeriu que o exercício deveria ser visto como uma medicação para TDAH, pois ele faz com que seu cérebro libere dopamina e serotonina, o que melhora o humor e aumenta o desempenho cognitivo. Você pode ver essa conversa abaixo.
Métodos Naturais para Ajudar a Superar Sintomas Semelhantes ao TDAH
Se o seu filho enfrenta dificuldades comportamentais ou outros sintomas semelhantes do TDAH, se ele ou ela foi diagnosticado(a) ou não com TDAH, eu recomendo fortemente abordar os seguintes fatores:
- Açúcar em excesso. Alimentos com alto teor de açúcar e carboidratos amiláceos levam à liberação excessiva de insulina, o que pode causar queda nos níveis de açúcar no sangue ou hipoglicemia. A hipoglicemia, por sua vez, faz com que seu cérebro secrete glutamato em níveis que podem causar agitação, depressão, raiva, ansiedade e ataques de pânico.
Além disso, o açúcar promove a inflamação crônica em seu corpo, e muitos estudos têm demonstrado a conexão entre uma dieta de alto teor de açúcar e uma piora na saúde mental.
- Sensibilidade ao glúten. As provas que sugerem que a sensibilidade ao glúten pode estar na raiz de uma série de condições neurológicas e psiquiátricas, incluindo o TDAH, são bastante convincentes.
De acordo com um estudo de 2011, a doença celíaca é "marcadamente sobrerrepresentada entre os pacientes que apresentam o TDAH", e uma dieta livre de glúten demonstrou melhorar significativamente o comportamento em crianças.
O estudo chegou ao ponto de sugerir que a doença celíaca deve ser adicionada à lista de sintomas de TDAH.
- Um intestino insalubre. Como explicado pela Dr. Natasha Campbell-McBride, uma médica com pós-graduação em neurologia, a toxicidade em seu intestino pode fluir por todo o seu corpo e em seu cérebro, onde pode causar sintomas de autismo, TDAH, dislexia, dispraxia, depressão, esquizofrenia e outros transtornos mentais.
Reduzir a inflamação intestinal é obrigatório para quando se abordam problemas de saúde mental, por isso aperfeiçoar a flora intestinal do seu filho é um passo crítico.
Isso inclui não apenas evitar alimentos processados e refinados, mas também comer alimentos tradicionalmente fermentados. Os legumes fermentados estão possivelmente entre os alimentos fermentados mais saborosos, embora muitas crianças gostem de produtos lácteos fermentados como kefir, especialmente se você misturá-los com vitaminas de frutas saudáveis.
Se você não consegue fazer com que seu filho coma alimentos fermentados regularmente, um suplemento probiótico de alta qualidade pode ser altamente benéfico na correção da flora intestinal anormal que pode contribuir para a disfunção cerebral.
- Deficiência de ômega-3 de origem animal. A pesquisa mostrou que as crianças com baixo nível de ômega-3 estão significativamente mais propensas a ser hiperativas, ter distúrbios de aprendizagem, e a exibir problemas comportamentais. As deficiências de ômega-3 também foram vinculadas à dislexia, violência e depressão.
Um estudo clínico publicado em 2007 examinou os efeitos do óleo de krill em adultos diagnosticados com TDAH.
Nesse estudo, os pacientes melhoraram sua capacidade de concentração em uma média de mais de 60 por cento depois de tomar uma dose diária de 500 miligramas (mg) de óleo de krill por seis meses. Eles também relataram uma melhoria de 50 por cento em suas habilidades de planejamento e uma melhoria de cerca de 49 por cento em suas habilidades sociais.
- Aditivos alimentares e Ingredientes OGM. Considera-se que alguns aditivos alimentícios pioram o TDAH, e muitos foram posteriormente proibidos na Europa. Os culpados em potencial a ser evitados incluem os corantes alimentares Azul # 1 e # 2; Verde # 3; Laranja B; Vermelho # 3 e # 40; Amarelo # 5 e # 6; e benzoato de sódio, um conservante.
A investigação também demonstrou que o glifosato, um ingrediente ativo no herbicida Roundup da Monsanto, usado em grandes quantidades em plantações de Roundup Ready (Semente de Soja) geneticamente modificadas, limitam a capacidade do seu corpo de desintoxicar compostos químicos estranhos.
Como resultado, os efeitos prejudiciais desses produtos químicos e toxinas ambientais são ampliados e podem resultar em uma grande variedade de doenças, incluindo distúrbios cerebrais que podem afetar o comportamento.
Fatores Adicionais para Ajudar a Aliviar os Sintomas do TDAH
- Livre sua casa de pesticidas perigosos e outros produtos químicos sintéticos.
- Campo eletromagnético. Limite a exposição à radiação de micro-ondas por radiofrequência, celulares e telefones portáteis, e eletropoluição. Isso é especialmente importante para o local no qual se dorme, onde o descanso e reparação ocorrem. Ele deve ser tão eletricamente neutro quanto possível.
- Evite detergentes e produtos de limpeza industrializados utilizados em roupas e em sua casa e os substitua por produtos de limpeza naturais, sem perfumes adicionados, amaciantes, etc.
- Passe mais tempo na natureza. Os pesquisadores descobriram que expor crianças com TDAH à natureza é uma forma acessível e saudável de controlar os sintomas.
- Procure por terapia sensorial e ferramentas de bem-estar emocional. As ferramentas de psicologia energética tais como as Técnicas de Libertação Emocional (Emotional Freedom Techniques-EFT) podem ajudar a melhorar a compreensão emocional e a recuperação.
- Outras exposições tóxicas. Evite todas as toxinas conhecidas, como glutamato monossódico (MSG) e adoçantes artificiais, incluindo aspartame, mercúrio proveniente de obturações de amálgama "de prata" e flúor no abastecimento de água.