Bactérias Intestinais e Células Adiposas Podem Interagir Para Produzir uma “Tempestade Perfeita” de Inflamações Que Promovem Diabetes e Outras Doenças Crônicas

bactéria reproduzida

Resumo da matéria -

  • Problemas de saúde como obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2, doença periodontal, AVC e doenças cardíacas são todos arraigados em inflamações que devem ser adequadamente tratadas se você quiser ser curado(a)
  • Superantígenos — moléculas tóxicas produzidas por bactérias patogênicas como estafilococos – podem desempenhar função no desenvolvimento do diabetes tipo 2 através de seu efeito sobre células adiposas
  • Sua saúde bucal pode promover significativo impacto na saúde cardiovascular e cardíaca. Em um estudo realizado recentemente, a melhora na saúde das gengivas demonstrou significativamente retardar a progressão da aterosclerose
  • Doença periodontal é o resultado da colonização de certas bactérias patogênicas da boca. Este perfil bacteriano é influenciado pela microflora do intestino

Por Dr. Mercola

Uma ampla gama de problemas de saúde, incluindo, porém não limitando-se à obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2, doença periodontal, AVC e doenças cardíacas, todos promovem inflamações como parte da doença.

A maioria das doenças inflamatórias começa no intestino.

Inflamação crônica no intestino pode interromper o funcionamento normal de diversos sistemas orgânicos. Parece também existir uma relação entre certos tipos de bactéria e gordura corporal que produzem uma resposta inflamatória intensificada e incita o processo inflamatório.

Por exemplo, uma pesquisa realizada recentemente sugere que superantígenos – moléculas tóxicas produzidas por bactérias como estafilococos – podem desempenhar função no desenvolvimento do diabetes tipo 2 através de seu efeito sobre as células adiposas.

“Tempestade Perfeita” de Inflamações Promove o Diabetes

Pesquisa realizada no passado mostrou que pessoas obesas possuem bactérias intestinais diferentes das pessoas magras. Pessoas magras tendem a possuir quantidades maiores de diversas bactérias saudáveis ou benéficas comparando com pessoas que carregam grande excesso de peso, que tendem a possuir maior colonização de bactérias patogênicas.

Por exemplo, o adenovírus-36 humano (Ad-36) – causa de infecções respiratórias e conjuntivite – pode desempenhar função na promoção da obesidade transformando células-tronco humanas em células adiposas que são capazes de armazenar gordura adicional.

Pesquisadores também descobriram que certas bactérias intestinais, incluindo Staphylococcus aureus (staph) e E. coli, desencadeiam células adiposas a produzir citoquinas inflamatórias. Pesquisadores propuseram que esta interação pode provocar o desenvolvimento de diabetes, conhecido como “efeito colateral” da obesidade.

Bactérias estafilococos, em particular, parecem desempenhar função importante no diabetes e, de acordo com artigo apresentado, existem dois motivos primários para isto:

  • Pessoas obesas possuem tendência a tornar-se pesadamente colonizadas com bactérias estafilococos
  • Bactérias estafilococos são as bactérias mais comuns encontradas em úlceras de pés diabéticos

O estudo apresentado concluiu que quando tanto os estafilococos quanto E. coli estão presentes (ambos os quais produzem superantígenos), a resposta da citoquina inflamatória sobre as células adiposas são amplificadas ainda mais, aumentando, dessa forma, os riscos de desenvolvimento de diabetes.

Estudos realizados no passado chegaram a conclusões similares. Por exemplo, um estudo concluiu que bebês com altos números de bifidobactérias (bactérias benéficas) e baixos números de Staphylococcus aureus pareciam estar protegidos de excesso de ganho de peso.

Este pode também ser um motivo pelo qual bebês alimentados no peito possuem baixo risco de desenvolvimento de obesidade, pois a bifidobactéria prospera nos intestinos dos bebês alimentados no peito.

A Relação Entre Inflamação Intestinal e Saúde Cardíaca

Uma notícia relacionada ainda destaca a função da inflamação no desenvolvimento de doenças crônicas. Esta não é a primeira vez que pesquisadores concluíram que a saúde bucal pode promover significante impacto na saúde cardiovascular e cardíaca.

Por exemplo, um estudo realizado em 2010 concluiu que pessoas com pior higiene oral aumentaram seu risco de desenvolver doenças cardíacas em gritantes 70 por cento, comparando com pessoas que escovam seus dentes duas vezes ao dia.

Neste estudo prospectivo, a saúde melhorada das gengivas mostrou significativamente retardar a progressão da aterosclerose – construção de placas nas artérias que aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas, AVC e morte.

Aqui, as bactérias estão novamente desempenhando função preeminente, pois doenças periodontais são resultado da colonização de certas bactérias na boca. Este perfil bacteriano, a propósito, está novamente relacionado com o desequilíbrio entre a bactéria benéfica e a patogênica no intestino.

Poucos meses depois que adicionei vegetais fermentados à minha dieta diária, fui capaz de reduzir minhas visitas ao dentista para limpeza dental de uma vez ao mês para uma vez a cada trimestre.

Tive um problema por muito tempo de formação persistente de placa e a adição de alimentos fermentados provou ser o ingrediente essencial que faltava para que eu tratasse este problema com sucesso. É importante perceber que doenças periodontais envolvem tanto o osso quanto o tecido que está em contato com aquele osso.  

Com este contato, a bactéria e os compostos inflamatórios tóxicos podem facilmente entrar no fluxo sanguíneo. Uma vez no fluxo sanguíneo, estes compostos tóxicos podem prejudicar o revestimento dos vasos sanguíneos, que podem levar tanto a AVCs quanto a infartos. Portanto, a redução de inflamações é de importância primordial para a saúde geral e escovar os dentes regularmente é uma forma de combater inflamações crônicas no organismo.

Resultados como estes oferecem testemunho potente do fato de que doenças cardíacas são uma condição que pode ser evitada, quase sempre, levando um estilo de vida saudável – o que inclui o simples ato de escovar os dentes regularmente para evitar doenças periodontais e melhorar a saúde intestinal consumindo alimentos que permitem que bactérias saudáveis prosperem e coloquem as bactérias patogênicas em cheque.

Fatores Dietéticos e Ambientais Afetam a Flora Intestinal

Há muito tempo venho declarando que é geralmente uma opção inteligente “semear” o organismo com bactérias boas, idealmente consumindo regularmente alimentos não pasteurizados, tradicionalmente fermentados, tais como:

  • Legumes fermentados
  • Lassi (bebida tipo iogurte indiana)
  • Leite fermentado, como kefir
  • Natto (soja fermentada)

Um dos motivos pelos quais alimentos fermentados são tão benéficos é seu conteúdo de ácido lático produzindo bactérias, que demonstrou ser particularmente benéfico para perda de peso, assim como uma série de outras bactérias benéficas. Idealmente, você deve consumir uma variedade de alimentos fermentados para maximizar a variedade de bactérias que está consumindo.

Se, por qualquer motivo que seja, você decidir não consumir alimentos fermentados, o consumo de um suplemento probiótico de alta qualidade é definitivamente recomendado. Tenha sempre em mente que o consumo de alimentos fermentados pode não ser suficiente se o restante de sua dieta for realmente pobre. Suas bactérias intestinais são parte ativa e integrada do organismo e, por isso, são vulneráveis a seu estilo de vida geral.

Se você consome muitos alimentos processados, por exemplo, suas bactérias intestinais ficarão comprometidas porque alimentos processados em geral destruirão a microflora saudável e alimentarão bactérias más e fungos.

As bactérias intestinais são também muito sensíveis aos seguintes fatores – todos os quais devem ser idealmente evitados o máximo possível para melhorar a flora intestinal:

  • Antibióticos, incluindo traços de antibióticos encontrados em carnes provenientes de carne processada na indústria e produtos animais
  • Produtos químicos agrícolas, especialmente o glifosato
  • Água clorada
  • Sabonete antibacteriano
  • Poluição

Sua Dieta é a Chave Para a Redução de Desenvolvimento de Inflamação Crônica

Como você pode observar, a contínua linha associando uma ampla variedade de problemas de saúde comuns – desde obesidade e diabetes até doenças cardíacas e AVC – é a inflamação crônica. Claramente, tratar a saúde oral é parte importante, porém a verdadeira chave para a redução do desenvolvimento de inflamações crônicas no organismo começa com a dieta.

A dieta é responsável por cerca de 80 por cento dos benefícios que você colhe de um estilo de vida saudável e a manutenção de inflamações em cheque é a principal parte destes benefícios. É importante perceber que componentes dietéticos podem tanto desencadear quanto evitar que inflamações enraízem em seu organismo.

Por exemplo, considerando que as gorduras trans e o açúcar aumentarão inflamações, o consumo de gorduras saudáveis como gordura ômega-3 proveniente de animais encontrada no óleo de krill ou o ácido graxo essencial ácido gama-linolênico (GLA) ajudá-lo-á a reduzi-las.  

Pesquisa publicada no Scandinavian Journal of Gastroenterology (Jornal de Gastroenterologia Escandinavo) dois anos atrás novamente confirmou que a suplementação dietética com óleo de krill efetivamente reduziu inflamações e estresse oxidativo. Para reduzir ou evitar inflamações no organismo, você deve EVITAR os seguintes culpados:

  • Açúcar/frutose e grãos (se seu nível de insulina em jejum não for menor que três, considere eliminar grãos e açúcar até que você melhore seu nível de insulina, pois a resistência à insulina é um condutor primário de inflamações crônicas)
  • Colesterol oxidado (colesterol que ficou rançoso, como a gordura proveniente de ovos fritos, mexidos)
  • Alimentos cozidos em altas temperaturas
  • Gorduras trans

A substituição de alimentos processados por alimentos integrais, orgânicos, automaticamente tratará a maior parte destes fatores, especialmente se você consumir grande porção de seu alimento na forma crua. Igualmente importante é certificar-se de semear regularmente o intestino com bactérias benéficas, conforme discutido anteriormente.

A forma ideal, novamente, é adicionar uma variedade de alimentos tradicionalmente fermentados e não pasteurizados à sua dieta diária.

Para ajudá-lo (a) a começar uma dieta mais saudável, sugiro seguir meu Plano Nutricional Otimizado, sem custo, que começa na fase de iniciante e sistematicamente o (a) direciona passo a passo ao nível avançado. Melhorar os níveis de vitamina D é outro aspecto importante para melhorar a saúde intestinal e função imunológica.

De acordo com pesquisa realizada recentemente, a vitamina D parece ser quase tão eficaz quanto as gorduras ômega-3 provenientes de animais no combate a doenças inflamatórias do intestino como doença de Crohns e colite ulcerativa, por exemplo. Um dos motivos para isto pode ser a ajuda que a vitamina D promove ao organismo na produção de mais de 200 peptídeos antimicrobianos capazes de combater todos os tipos de infecções.

Em termos simples, se você estiver com deficiência de vitamina D, seu sistema imunológico não será ativado para realizar esta tarefa. E, sendo que a vitamina D também modula (equilibra) a resposta imunológica, ela ajuda na prevenção da reação exagerada na forma de inflamação.

Contato Com a Terra – Estratégia de Estilo de Vida Anti-inflamatório Subaproveitada

Outra simples estratégia de estilo de vida que pode ajudar na prevenção de inflamações crônicas é o contato com a Terra. Resumindo da forma mais simples possível, o contato com a Terra é simplesmente andar descalço; seu corpo fazendo contato com a Terra.

Sua pele, em geral, é um ótimo condutor, portanto você pode conectar qualquer parte da pele à Terra; porém se você comparar diversas partes, existe uma especialmente potente e está bem no meio da bola de seus pés; ponto conhecido pelos acupunturistas como Rim 1 (R1). É um ponto bem conhecido que condutivamente conecta todos os outros meridianos da acupuntura e essencialmente conecta todas as extremidades do corpo.

Observando o que acontece durante o contato com a Terra, a resposta para por que inflamações crônicas são tão prevalentes e o que é necessário para evitá-las está ficando mais clara. Quando você está conectado(a) à Terra, ocorre uma transferência de elétrons livres da Terra para o corpo. E estes elétrons livres são provavelmente os antioxidantes mais potentes conhecidos pelo homem.

Estes antioxidantes são responsáveis pelas observações clínicas feitas em experimentos de contato com a Terra, tais como alterações benéficas no batimento cardíaco e na pressão sanguínea, redução de resistência da pele e redução dos níveis de inflamação. Ademais, pesquisadores também descobriram que o contato com a Terra, na verdade, afina o sangue, tornando-o menos viscoso.

Esta descoberta pode promover impacto profundo em doenças cardiovasculares, que são agora o assassino número um do mundo. Praticamente todo aspecto das doenças cardiovasculares foi correlacionado à elevada viscosidade do sangue.

Acontece que quando você conecta-se à Terra, seu potencial zeta rapidamente aumenta, significando que as células vermelhas do sangue possuem mais carga na superfície, forçando-as a separar-se umas das outras. Esta ação provoca afinação do sangue e queda da pressão arterial.

Repelindo umas às outra, suas células vermelhas também ficam menos inclinadas a unir-se e formar coagulação. Além disso, se seu potencial zeta está alto, o que pode ser facilitado pelo contato com a Terra, você não apenas reduz os riscos de desenvolver uma doença cardíaca como também o risco de desenvolver demências por enfarto múltiplo, que é quando você começa a perder tecido cerebral devido à microcoagulação no cérebro.

Para uma Saúde Ideal, Trate e Evite Inflamações Crônicas

Lembre-se, os microorganismos que vivem no trato digestivo formam um “ecossistema interno” muito importante que influencia aspectos incontáveis da saúde. Mais especificamente, o tipo e a quantidade de organismos no intestino interagem com seu organismo de forma que possa prevenir ou incentivar o desenvolvimento de inflamação crônica, que está no cerne de diversas doenças, incluindo doenças cardíacas e diabetes.

A composição de sua microflora pode até mesmo ditar a facilidade com que você é capaz de perder quilos indesejados. Uma vez que praticamente todos nós estamos expostos a fatores que destroem as bactérias benéficas do intestino, tais como antibióticos (seja diretamente consumidos devido a uma doença ou através de produtos animais contaminados), água clorada, sabonete antibacteriano, produtos químicos agrícolas e poluição, garantir que as bactérias intestinais permaneçam equilibradas deve ser considerado um processo em andamento.

Alimentos a partir de culturas como iogurte feito com leite cru e kefir, alguns tipos de queijo e legumes fermentados são boas fontes de bactérias naturais e saudáveis. Portanto, altamente recomendo a produção de alimentos a partir de culturas ou fermentados como parte de sua dieta regular; esta pode ser sua estratégia primária para melhorar as boas bactérias do organismo.

Se você não consome alimentos fermentados regularmente, o consumo de suplementos probióticos de alta qualidade seria uma decisão inteligente para a maioria das pessoas. Além disso, a substituição de alimentos processados, açúcar/frutose e grãos por alimentos integrais é um passo essencial para tratar inflamações crônicas.

Melhorar os níveis de vitamina D e certificar-se de consumir bastante gordura ômega-3 proveniente de animais em sua dieta é também importante, juntamente com o contato com a Terra, para manter inflamações em cheque.