A esteatose hepática é desencadeada pela deficiência de colina

esteatose hepática

Resumo da matéria -

  • A colina, encontrada em grandes quantidades em gemas de ovos, é um nutriente essencial para a função cerebral, nervosa, cardiovascular e hepática, sendo fundamental para a prevenção da esteatose hepática, incluindo a de origem não alcoólica (DHGNA)
  • Estima-se que 90% da população norte-americana tenha deficiência de colina, um nutriente importante para remover a gordura do fígado
  • A esteatose hepática é a doença de fígado mais comum nos Estados Unidos, com uma prevalência de 30% a 40% entre a população adulta
  • A deficiência de colina parece ser um gatilho mais significativo para a esteatose hepática do que o excesso de frutose. O aumento nos casos de esteatose hepática podem estar amplamente relacionados com a diminuição do consumo de fígado e gemas de ovos
  • Quando um indivíduo não ingere colina suficiente, qualquer gordura saturada pode contribuir para a esteatose hepática. A colina minimiza a ação de qualquer gordura no fígado e, quanto mais gordura você consome em sua dieta, maior a necessidade de ingerir colina

A colina, inicialmente descoberta em 1862, foi oficialmente reconhecida como nutriente essencial para a saúde humana pelo Instituto de Medicina em 1998. Esse nutriente, muito necessário em sua dieta, é necessário para:

Um desenvolvimento fetal saudável — A colina é necessária para o fechamento adequado da trompa, para um desenvolvimento cerebral saudável e para uma boa visão.Pesquisas mostram que as mães que ingerem a quantidade recomendada de colina proporcionam melhor memória aos filhos devido a mudanças no desenvolvimento do hipocampo (centro de memória do cérebro). A deficiência de colina também aumenta o risco de parto prematuro, pré-eclâmpsia e baixo peso no nascimento.

A síntese de fosfolipídios, sendo o mais comum destes a fosfatidilcolina, também conhecida como lecitina, que compõe de 40% a 50% de suas membranas celulares e 70% a 95% dos fosfolipídios nas lipoproteínas e na bile.

A saúde do sistema nervoso — A colina é necessária para a produção da acetilcolina, um neurotransmissor envolvido na saúde muscular, cardíaca e no desempenho da memória.

A comunicação celular, produzindo os componentes necessários para o processo.

O metabolismo e transporte de gordura — A colina é necessária para a remoção de colesterol do fígado. A falta desse nutriente pode resultar no acúmulo de gordura no órgão.

A síntese de DNA, auxiliando no processo juntamente com outras vitaminas como a B12 e a folacina.

Reações de metilação.

Função mitocondrial saudável.

Estudos associaram uma maior ingestão de colina a uma série de benefícios, incluindo a diminuição do risco de doenças cardíacas, 24% de redução do risco de câncer de mama e a prevenção da esteatose hepática não alcoólica (amplamente desencadeada por dietas ricas em açúcar).

De fato, a colina parece ser um fator-chave para o controle da esteatose hepática, aumentando a secreção de partículas de lipoproteína de baixíssima densidade (VLDL) em seu fígado, necessárias para transportar a gordura do fígado com segurança. Pesquisadores também descobriram evidências de mecanismos epigenéticos da colina, o que também ajuda a explicar como ela ajuda a manter o funcionamento saudável do fígado.

A deficiência de colina pode ser o maior causador de esteatose hepática

A esteatose hepática, a forma mais comum de doença de fígado nos Estados Unidos, tem uma prevalência estimada de 30% a 40% entre a população adulta. Considerando que cerca de 80% dos norte-americanos apresentam resistência à insulina e 90% da população norte-americana tem algum nível de deficiência de colina, a prevalência da esteatose hepática não chega a surpreender.

De acordo com Chris Masterjohn, Ph.D. em ciência nutricional, a deficiência de colina pode ser um gatilho ainda mais significativo para a esteatose hepática do que o excesso de frutose. Sob esse prisma, a doença tem aumentado seu alcance com a diminuição do consumo de fígado e gemas de ovos.

"Mais especificamente, eu acredito que uma dieta rica em gordura, saturada ou não, somada a todos os alimentos que se tornam gordura no organismo, como a frutose e o etanol, promovem um acúmulo de gordura no fígado caso não haja uma ingestão suficiente de colina", escreve Masterjohn, adicionando:

“Uma vez que a gordura se acumula, o fator crítico nessa equação é o consumo excessivo de gordura poli-insaturada de óleos vegetais.”

Em seu artigo, Masterjohn revisa toda a literatura médica que corrobora com sua visão. A ligação entre a colina e a esteatose hepática foi inicialmente notada em uma pesquisa sobre diabetes tipo 1. Estudos de 1930 demonstraram que a lecitina da gema do ovo (que contém altas quantidades de colina) pode curar a esteatose hepática em cães com diabetes tipo 1.

Mais tarde, foi descoberto que a colina oferece o mesmo benefício por si só. Masterjohn explica:

“Hoje sabemos que a colina é necessária para a produção de um fosfolípido chamado fosfatidilcolina (PC)… um componente crítico da partícula de lipoproteína de baixíssima densidade (VLDL) da qual que precisamos para remover gorduras do nosso fígado.

O aminoácido metionina pode atuar como um precursor da colina e também pode ser usado para converter um fosfolipídio diferente, chamado fosfatidiletanolamina, diretamente em fosfatidilcolina. Além disso, a deficiência de colina e metionina causa impactos severos na capacidade de transportar a gordura do fígado para a corrente sanguínea.”

Uma alta ingestão de gorduras saturadas aumenta sua necessidade de colina

Isto significa que, para que o fígado consiga se livrar do excesso de gordura, ele precisa de colina. Quanto mais gordura você consumir, maior terá que ser sua ingestão de colina.

Isso é um fato independente do tipo de gordura, mas a ingestão de gorduras saturadas aumenta sua necessidade de colina em um grau muito mais elevado do que a ingestão gorduras pouco saudáveis, como o óleo de milho.

De acordo com Masterjohn, "sua necessidade diária de colina é 30% maior em uma dieta com ingestão de 30% de gordura proveniente da manteiga do que em uma com 30% proveniente do óleo de milho". Dito isso, um dos fatores mais significativos para a esteatose hepática é o excesso de frutose, já que ela é metabolizada pelo fígado e primariamente convertida em gordura corporal, não usada como energia, como é o caso da glicose. De acordo com Masterjohn:

“Em 1949, pesquisadores mostraram que a sacarose e o etanol tinham o mesmo potencial de causar esteatose hepática e os danos inflamatórios resultantes, e que aumentar a ingestão de proteínas, metionina e colina poderia evitar completamente esse efeito.

Por outro lado, pesquisas muito mais recentes mostraram que a sacarose é um requisito para o desenvolvimento da esteatose hepática em um modelo de deficiência de metionina e colina (MCD)…

O modelo MCD não produz apenas o acúmulo de gordura no fígado, mas uma enorme inflamação similar às piores formas de esteatose hepática observada em humanos. O que ninguém menciona sobre essa dieta é que ela é majoritariamente composta por sacarose e a gordura é toda óleo de milho!...

A situação que emerge claramente desses estudos é que a gordura, ou tudo aquilo que se transforma em gordura no fígado (como a frutose e o etanol), é responsável pelo desenvolvimento da esteatose hepática. Porém, esses fatores aparecem predominantemente devido à deficiência de colina, que impede a remoção da gordura do fígado.

Embora os carboidratos, gorduras saturadas saudáveis e óleos vegetais não saudáveis tenham a capacidade de contribuir para o acúmulo de gordura no fígado, a peroxidação lipídica e a inflamação associada são principalmente desencadeados por óleos vegetais, como o óleo de milho.

Fontes saudáveis de colina

Nos anos 70, a maioria dos médicos dizia aos pacientes para não comer ovos, ou pelo menos as gemas, para minimizar a ingestão de gordura e controlar o colesterol. Na realidade, os ovos fazem muito bem para a saúde e estão entre os alimentos mais importantes que existem.

Um único ovo cozido pode conter entre 113 miligramas (mg) e 147 mg de colina, ou cerca de 25% de sua necessidade diária, tornando-se uma das melhores fontes de colina na dieta. O ovo só perde para o fígado de boi terminado a pasto, com 430 mg de colina por porção de 100 gramas. Como se observa no Fatty Liver Diet Guide:

"O ovo está muito bem posicionado na lista de alimentos que contêm lecitina, que se converte em colina, bem como entre os que contêm a própria colina. Note que aqui estamos falando da gema, não da clara, que contém apenas traços desse micronutriente.

A colina é essencial na produção de fosfatidilcolina, uma molécula de gordura chamada fosfolipídio. Mas espere um pouco! Gordura não é ruim para a saúde? Não. Inclusive, ela é essencial para a saúde geral do corpo e, especificamente, para o bom funcionamento do fígado. Sem a colina, o fígado simplesmente não consegue transportar gordura. A gordura, por sua vez, começa a se acumular no fígado, causando a esteatose hepática".

Outras fontes saudáveis de colina incluem:

Salmão selvagem do Alasca

Óleo de peixe — Um estudo de 2011 encontrou 69 fosfolipídios que contêm colina no óleo de krill, incluindo 60 substâncias com fosfatidilcolina, que ajudam a proteger contra doenças hepáticas (incluindo hepatite e cirrose em alcoólatras), reduzem a inflamação do trato digestivo e diminuem os sintomas associados à colite ulcerativa e síndrome do intestino irritável.

Frango orgânico.

Vegetais como brócolis, couve-flor e aspargo.

Cogumelo shitake.

Fígado de boi terminado a pasto.

Você está ingerindo colina suficiente para proteger sua saúde?

Embora o valor de referência nutricional ainda não tenha sido estabelecido para a colina, o Instituto de Medicina estabeleceu um valor "valor diário adequado" de 425 mg por dia para mulheres, 550 mg para homens e 250 mg para crianças para ajudar a prevenir uma deficiência e potenciais danos aos órgãos e músculos.

Entenda, porém, que a necessidade de colina pode variar muito, dependendo da sua dieta, idade, etnia e genética. Como foi apontado em um artigo, "pessoas com um dos vários polimorfismos genéticos que envolvem o metabolismo da colina são mais propensas a terem disfunções hepáticas quando em privação do nutriente".

Outro estudo descobriu que, em alguns homens, 550 mg de colina por dia é um valor insuficiente, mantendo-os na faixa de risco de disfunções no fígado. Mulheres na menopausa são mais propensas a desenvolver sinais de disfunções nos órgãos do que mulheres que ainda não entraram na menopausa, em um cenário de privação de níveis adequados de colina por menos de seis semanas.

Além disso, como discutido acima, uma dieta rica em gordura saturada (saudáveis) pode aumentar sua necessidade de colina. Gestantes ou lactantes, atletas e mulheres que já passaram pela menopausa também precisam de uma ingestão maior.

Se você já sofre de esteatose hepática, é importante conferir sua ingestão de colina. Um estudo feito com 664 pessoas com esteatose hepática descobriu que a ingestão insuficiente de colina piora os sintomas, incluindo a fibrose (o engrossamento do tecido cicatricial no fígado).

A maior ingestão tolerada de colina é de 3.5 gramas por dia. Os efeitos colaterais de uma ingestão excessiva incluem pressão baixa, sudorese, diarreia e odor corporal desagradável. Como mencionado, os ovos são uma das melhores fontes de colina, com mais de 100 mg por gema. Comer ovos é uma forma simples de suprir sua necessidade diária. Dito isso, a suplementação com óleo de krill também é uma opção, caso você esteja preocupado com sua ingestão total do nutriente.