Por Dr. Mercola
Milhares de estudos sobre os efeitos da vitamina D para a saúde já foram realizados e uma pesquisa mostra que ela está envolvida na biologia de todas as células e tecidos do seu corpo, inclusive das células do sistema imunológico. Suas células necessitam da forma ativa da vitamina D para acessar os materiais genéticos armazenados dentro de si mesmas.
Essa é uma das razões pelas quais a vitamina D pode afetar uma grande quantidade de problemas de saúde, que vão do desenvolvimento fetal até o câncer.
As recomendações convencionais de vitamina D são baixas demais para a prevenção de doenças
Infelizmente, embora seja simples e barato de remediar, a deficiência de vitamina D é uma epidemia no mundo moderno. Um simples erro matemático também pode estar impedindo que muitos americanos e canadenses otimizem seus níveis de vitamina D. O Instituto de Medicina dos EUA (IOM) recomenda um consumo de apenas 600 unidades internacionais (UI) de vitamina D por dia para adultos.
Como dito em um artigo de 2014, o IOM subestima a necessidade de vitamina D por um fator de 10, devido a um simples erro matemático, que nunca foi corrigido. Além disso, o objetivo dessa recomendação é atender apenas a saúde óssea, e não a saúde de forma geral e prevenção de doenças crônicas.
De forma similar, enquanto a Associação Médica Americana considera que 20 nanogramas por mililitro (ng/mL) sejam suficientes, um grande número de pesquisas sugere que 40 ng/mL seja o limite inferior da suficiência, com 30 ng/mL sendo a quantidade mínima para a prevenção de doenças comuns como doenças cardíacas, diabetes, doenças pulmonares, dentre outras. Na verdade, o nível ideal para a saúde e prevenção de doenças está entre 60 e 80 ng/mL.
Além do mais, de acordo com um estudo da revista Anticancer Research, seriam necessárias 9.600 UI de vitamina D por dia para que a maioria (97,5%) da população alcançassem o nível de 40 ng/mL. Um número muito maior que 600 UI.
Dito isso, o instituto GrassrootsHealth, por meio de seu estudo D*action, descobriu uma variabilidade seis vezes maior nos níveis séricos alcançados, o que significa que uma pessoa, ao tomar 5.000 UI de vitamina D por dia, pode alcançar um nível de apenas 20 ng/mL, enquanto outra pessoa possa ser capaz de alcançar um nível de 120 ng/mL consumindo a mesma quantidade da vitamina. É por isso que é tão importante testar seus níveis de vitamina D de forma regular.
A maioria das pessoas são deficientes de vitamina D, o que aumenta seus riscos de câncer
Infelizmente, embora muitos profissionais de saúde recomendam que as pessoas evitem totalmente a luz do sol para prevenir o câncer de pele, essa estratégia aumenta os riscos de desenvolver cânceres internos. Com certeza não é uma troca muito boa! Vários estudos já demostraram que pessoas com níveis mais altos de vitamina D apresentam riscos muito inferiores de desenvolverem uma grande variedade de cânceres internos.
No geral, pesquisas demostraram que, quando se atinge um nível sérico de vitamina D de 40 ng/mL, o risco de câncer diminui em 67%, se comparado a um nível de 20 ng/mL ou inferior. Uma pesquisa mostra que a maior parte dos cânceres ocorrem em pessoas cujos níveis séricos de vitamina D se encontram entre 10 e 40 ng/mL, e o melhor nível para se obter proteção contra o câncer foi identificado por estar entre 40 e 60 ng/mL.
A vitamina D também aumenta suas chances de sobreviver ao câncer se acabar desenvolvendo a doença, inclusive melanoma, o câncer de pele mais perigoso. Também existe evidências de que a vitamina pode melhorar os resultados dos tratamentos. Por exemplo, foi descoberto que adicionar vitamina D ao tratamento convencional do câncer do pâncreas aumenta a eficiência do tratamento.
A deficiência de vitamina D está ligada ao câncer colorretal
Mais recentemente, pesquisadores descobriram uma relação inversa entre a vitamina D e o câncer colorretal, o qual é o terceiro câncer mais letal. Os níveis de vitamina D de 5.700 pacientes com câncer colorretal dos EUA, Europa e Ásia foram comparados a 7.100 controles livres de câncer.
Neste estudo, um nível de vitamina D de 12 ng/mL (30 nmol/L) ou inferior foi considerado um estado de deficiência, enquanto um nível de 20 a 25 ng/mL (50 a 62,5 nmol/L) foi considerado suficiente para uma boa saúde óssea. Níveis muito mais altos foram associados à proteção contra o câncer:
- Pessoas com nível de vitamina D de 12 ng/mL ou inferior apresentaram riscos 31% maiores de câncer colorretal, se comparadas às pessoas cujos níveis estão entre 20 e 25 ng/mL
- Pessoas com níveis entre 30 e 35 ng/mL apresentaram riscos 19% menores de câncer colorretal
- Pessoas com níveis entre 35 e 40 ng/mL apresentaram riscos 27% menores
- Para cada aumento de 10 ng/mL de vitamina D na circulação, os riscos de câncer colorretal foram reduzidos em 19% em mulheres e 7% em homens
A vitamina D protege contra o câncer de mama
Vários estudos também mostram que altos níveis de vitamina D protegem especificamente contra o câncer de mama, o qual é uma preocupação séria para a maioria das mulheres. Por exemplo, em um estudo de 2005, mulheres com níveis de vitamina D acima de 60 ng/mL apresentam um risco 83% menor de câncer de mama do que aquelas abaixo de 20 ng/mL.
Mais recentemente, uma análise agrupada de dois ensaios randomizados e um estudo de coorte prospectivo confirmaram novamente a relação entre a vitamina D e os riscos de câncer de mama.
O objetivo era analisar se existe qualquer benefício em ter um nível de vitamina D acima de 40 ng/mL, já que a maioria dos estudos não se aventuram a avaliar níveis superiores. De fato, como nas descobertas de 2005, mulheres com níveis de vitamina D de 60 ng/mL ou superiores apresentaram uma taxa de incidência de câncer de mama 82% menor do que aquelas com níveis de 20 ng/mL ou inferiores.
Os dados agrupados foram analisados de três maneiras diferentes. Primeiramente, as taxas de incidência foram comparadas com base nos níveis de vitamina D que variam entre 20 e 60 ng/mL. Em seguida, foi realizada uma análise estatística utilizando o método de Kaplan-Meier. Em terceiro lugar, foi realizada uma regressão multivariada de Cox para examinar a associação entre vários níveis de vitamina D e os riscos de câncer de mama.
A deficiência de vitamina D está associada a doenças pulmonares
Outra pesquisa recente associou a deficiência de vitamina D com a doença pulmonar intersticial (DPI). Nesta pesquisa, os níveis de vitamina D de mais de 6.300 indivíduos de várias etnias foram analisados, para avaliar a relação entre a vitamina D e a prevalência e progressão da DPI.
33% dos indivíduos apresentaram níveis de vitamina D de 30 ng/mL ou superiores; 35% apresentaram níveis entre 20 e 30 ng/mL, e 32% apresentaram deficiência, com níveis de 20 ng/mL ou inferiores.
Mesmo ao considerar outros fatores, como a idade, hábito de fumar, obesidade e sedentarismo, os resultados se mantiveram os mesmos. A Dra. Erin Michos, professora associada de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins e autora principal do estudo, disse ao canal Medical News Today:
"Já sabíamos que o hormônio vitamina D ativado possui propriedades anti-inflamatórias e que ajuda a regular o sistema imunológico, o qual apresenta problemas durante a DPI.
Também existem evidências literárias de que a vitamina D é importante para doenças pulmonares obstrutivas, como asma e [doença pulmonar obstrutiva crônica], e agora descobrimos que a associação também existe para esta forma cicatrizante de doença pulmonar.
Talvez agora consideremos adicionar a deficiência de vitamina D à lista dos fatores envolvidos nos processos das doenças, juntamente com os fatores de risco da DPI conhecidos, como as toxinas ambientais e o fumo."
A deficiência de vitamina D está associada ao aborto
Talvez a vitamina D seja especialmente importante para as grávidas, para proteger tanto suas saúdes quanto as saúdes dos seus bebês. De forma interessante, uma pesquisa recente sugere que a vitamina D seja importante para a prevenção de reações imunológicas adversas ao feto, que podem fazer com que corpo da grávida o rejeite como se fosse um tecido invasor.
Como observado pelos autores, "parece sensato que uma mãe imunocompetente apresente reações imunológicas de rejeição ao feto. No entanto, isso não acontece na realidade, devido à várias interações feto-maternais que induzem a tolerância...
Recentemente, foi descoberto que a vitamina D pode ser essencial para a indução e regulagem desse importante processo de tolerância imunológica". Eles descobriram que os abortos recorrentes, que afetam cerca de 1% dos casais que tentam gerar filhos, estão associados à falta de vitamina D.
Resumindo, a vitamina D promove um ambiente favorável para a gravidez, em parte por regular a diferenciação das células imunológicas e a excreção de citocinas inflamatórias. De acordo com os autores, "parece que a deficiência de vitamina D aumenta as chances de maus resultados, e pode ser importante para os abortos recorrentes".
A vitamina D também realiza várias outras funções importantes durante a gravidez, e já foi demostrado que ela reduz dramaticamente os riscos de complicações e nascimento prematuro.
A vitamina D reduz consideravelmente os riscos de nascimentos prematuros
De acordo com descobertas feitas pelo GrassrootsHealth, existe uma correlação clara e definitiva entre os níveis de vitamina D e o tempo de gestação, até 40 ng/mL, onde os efeitos cessam.
De modo geral, evidências mostram que grávidas com níveis de vitamina D entre 40 e 60 ng/mL apresentam uma taxa 46% menor de nascimentos prematuros do que o resto da população em geral, enquanto aquelas com níveis de vitamina D de 40 ng/mL ou superiores durante o terceiro trimestre da gravidez apresentam riscos 59% menores de nascimentos prematuros, se comparadas àquelas cujos níveis estão abaixo de 20 ng/mL.
Dentre as mulheres não-caucasianas (dentre as quais a deficiência de vitamina D é muito mais comum), a redução nos riscos é ainda maior. Neste grupo, aquelas que alcançaram um nível de vitamina D de 40 ng/mL até o segundo exame de vitamina D apresentaram uma taxa 78% menor de nascimentos prematuros, reduzindo a taxa de nascimentos prematuros de 18% para 4%! Ignorar essa melhora extraordinária nas taxas de nascimentos prematuros entre mulheres afro-americanas seria uma extrema imprudência.
Estudo canadense descobre que câmara de bronzeamento artificial pode melhorar os níveis de vitamina D
A melhor maneira de otimizar seu nível de vitamina D é através de uma exposição regular, mas consciente, ao sol, certificando-se de avaliar seus níveis duas vezes ao ano. Dito isso, para muitas pessoas pode ser difícil alcançar os níveis ideais através da exposição ao sol, principalmente durante o inverno.
Nesses casos, é possível consumir vitamina D3 (não a D2) de forma oral, embora ficará sem muitos dos outros benefícios à saúde que a exposição ao sol proporciona. O GrassrootsHealth acredita que uma alternativa seja utilizar as câmaras de bronzeamento. A pesquisa sustenta o seguinte: Como relatado pelo GrassrootsHealth:
"As câmaras de bronzeamento com componentes UVB similares à luz solar do verão podem ser uma fonte alternativa de vitamina D eficiente durante os meses de inverno, de acordo com um novo estudo canadense recentemente publicado na revista Dermato-Endocrinology.
As pessoas que frequentavam salões de bronzeamento, especificamente as câmaras de bronzeamento que possuem UVB, durante o inverno, alcançam níveis fisiológicos de vitamina D no sangue (>100 nmol/L) [40 ng/mL], de acordo com o estudo.
Foi descoberto que os participantes que utilizaram as câmaras de bronzeamento típicas, que emitem raios UVB em quantidades equivalentes à luz solar do verão, apresentaram um aumento médio de 42 nmol/L [16,8 ng/mL] de vitamina D no sangue. Isso foi alcançado utilizando cronogramas padrões de exposição em câmaras de bronzeamento."
As câmaras de bronzeamento utilizadas nesse estudo, que podem ser encontradas em vários salões de bronzeamento no Canadá, estavam equipadas com lâmpadas fluorescentes de 100 a 160 watts, emitindo de 2,2 a 4,2% de luz UVB. A autora principal do estudo, Samantha Kimball, PhD., diretora de pesquisa da Pure North S'Energy Foundation em Calgary, comentou sobre os resultados:
"As câmaras de bronzeamento permitem a exposição de quase 100% da pele de uma maneira controlada, o que amplifica a eficiência da produção da vitamina D. Descobrimos que é possível aumentar seus níveis de vitamina D com eficiência, até os níveis desejados, sem provocar queimaduras e se mantendo dentro das recomendações da agência Health Canada."