Por Dr. Mercola
Como as autoridades de saúde ainda esperam por uma segunda onda de COVID-19 neste outono, divulgar informações sobre como evitar a doença está se tornando crucial. Uma das estratégias mais importantes nesse sentido é otimizar seus níveis de vitamina D.
A vitamina D ajuda a regular a função imunológica e prevenir doenças respiratórias em geral, e análises de dados mostram cada vez mais paralelos claros entre os níveis de vitamina D e o risco de infecção, gravidade e mortalidade da COVID-19.
Enquanto as autoridades americanas ainda tentam desmerecer (e até instilar medo) da suplementação de vitamina D, as autoridades britânicas e escocesas parecem estar adotando uma abordagem mais sensata.
A equipe de suporte imunológico da British Frontline, fundada para "disponibilizar alguns dos produtos de suporte imunológico de alta qualidade... para ajudar a fortalecer e aumentar a resistência daqueles na linha de frente do NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido)", já está fornecendo aos profissionais de saúde suplementos nutricionais gratuitos conhecidos por reforçar e regular a função imunológica.
Isso inclui vitamina C lipossômica, vitamina D e zinco. Conforme observado na página frontlineimmunesupport.com, a página de angariação de fundos do grupo:
"Pacotes de suporte imunológico são enviados diretamente a cada profissional de saúde do NHS que se inscreve nesta iniciativa - e eles recebem todos os produtos GRATUITAMENTE. Atualmente, temos centenas de funcionários do NHS já cadastrados; e com suas contribuições, podemos fornecer e alcançar milhares de outros".
A equipe de suporte imunológico da Frontline destaca que a vitamina D:
"... desempenha um papel crítico no seu sistema de defesa imunológica, tanto na redução da duração de doenças semelhantes à gripe, se seus níveis sanguíneos forem suficientes, como para ajudar seu sistema imunológico a responder quando estiver sob ataque de um vírus. Ela acelera a recuperação de pneumonia.
Dois em cada cinco adultos têm um nível de vitamina D abaixo de 25nmol/l, especialmente nos meses de inverno, o que provavelmente quase dobra o risco de gripe. Um nível de vitamina D acima dos 100 nmol/l está correlacionado com um menor número de dias com sintomas de gripe. A moral da história é: aumente o seu nível o quanto antes."
A Public Health Scotland e o NHS britânico também estão avaliando as evidências para determinar se a vitamina D deve ser prescrita para pacientes hospitalizados e como prevenção para grupos de alto risco.
O nível de vitamina D se correlaciona com o risco de infecção respiratória
Atualmente, estão ensaios clínicos usando vitamina D contra o COVID-19 vem sendo realizados, mas nem precisamos esperar pelos resultados para saber que a otimização da vitamina D é uma boa ideia. O SARS-CoV-2 é um vírus envelopado, o que significa que é mais difícil para o seu sistema imunológico identificá-lo e destruí-lo.
No entanto, como observado pela equipe de suporte da Frontline, já sabemos que níveis mais elevados de vitamina D estão inversamente associados à infecção por muitos outros vírus envelopados, incluindo dengue, hepatite, herpes, HIV, rotavírus, vírus sincicial respiratório e influenza.
A vitamina D também fortalece as junções celulares, dificultando a entrada de vírus pelos olhos, ouvidos, pulmões e membranas mucosas. Isso, por sua vez, faz com que seja menos provável que a infecção migre para os pulmões. É importante ressaltar que a vitamina D também fortalece a parte adaptativa do sistema imunológico e sua capacidade de produzir anticorpos.
Por que as pessoas de cor estão em maior risco
Há uma razão simples para os grupos de pessoas negras e outras minorias étnicas serem mais suscetíveis ao COVID-19. A pele mais escura requer muito mais exposição ao sol para produzir uma quantidade adequada de vitamina D, a ponto de indivíduos de pele escura que vivem ao norte do equador são praticamente garantidos de possuir deficiência crônica.
De acordo com dados coletados pela National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) entre 2005 e 2006, e publicados em 2018, 82,1% dos adultos americanos negros e 62,9% dos adultos hispânicos possuem deficiência de vitamina D. Conforme observado nesse artigo, os níveis mais baixos de melanina evitam a deficiência de vitamina D e, quanto mais escura a pele, maior a probabilidade de você ter um nível baixo de vitamina D.
A boa notícia é que essa predisposição é fácil e barata de se remediar. A equipe de suporte da Frontline avançou bastante na proteção dos profissionais de saúde, atendendo até agora a cerca de 750 funcionários da linha de frente do NHS com pacotes de suplementos gratuitos. Mas o público em geral também precisa disso. No mínimo, o público precisa das informações.
O que a ciência diz sobre a vitamina D
Até agora, há uma lista muito longa de evidências científicas apontando para a otimização da vitamina D como um componente crucial para evitar outro aumento nas mortes por COVID-19.
No vídeo acima, Ivor Cummins, diretor de programas da Irish Heart Disease Awareness, explica como níveis mais altos de vitamina D podem reduzir o risco de efeitos negativos do COVID-19. Os estudos que sugerem essa visão incluem, entre outros, os seguintes:
Uma revisão científica da revista Nutrients concluiu que a vitamina D pode reduzir o risco de infecções, diminuindo a taxa de replicação do vírus e reduzindo as citocinas pró-inflamatórias que danificam os pulmões, levando à pneumonia. A vitamina D também ajuda a aumentar as concentrações de citocinas anti-inflamatórias que podem ajudar a proteger os pulmões. Os pesquisadores recomendaram aos indivíduos em correm risco:
"...10.000 UI/d de vitamina D3 por algumas semanas para aumentar rapidamente as concentrações de 25(OH)D, seguidas por 5.000 UI/d. O objetivo é elevar as concentrações de 25(OH)D para acima de 40-60 ng/mL (100-150 nmol/L)."
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A vitamina D é um componente importante na prevenção e tratamento da influenza e infecções do trato respiratório superior. Embora a vitamina D não pareça ter um efeito direto no vírus em si, ela fortalece a função imunológica, permitindo que o organismo hospedeiro lute contra o vírus mais efetivamente.
Conforme detalhado em "A vitamina D previne infecções", pesquisas mostram que a suplementação com doses elevadas de vitamina D reduz em 40% o risco de doenças respiratórias e infecções pulmonares em idosos. Como observado por um autor desse estudo, "a vitamina D pode melhorar a capacidade do sistema imunológico de combater infecções, porque reforça a primeira linha de defesa do sistema imunológico".
É importante observar que a vitamina D também suprime processos inflamatórios. Considerando tudo isso, isso pode tornar a vitamina D bastante útil contra a COVID-19, pois é preciso uma função imunológica robusta para o seu corpo combater o vírus, mas a superativação do sistema imunológico também é responsável pela enxurrada de citocinas que vemos na infecção por COVID-19, o que pode levar à morte. |
Uma pesquisa publicada em 2009 apontou que as taxas de fatalidade durante a pandemia de influenza de 1918-1919 foram influenciadas pela estação, com um número maior de pessoas morrendo durante o inverno (quando os níveis de vitamina D estão mais baixos) do que no verão. |
Ele citou uma pesquisa publicada em 2017, uma meta análise de 25 ensaios clínicos randomizados, que confirmou que a suplementação de vitamina D ajuda a proteger contra infecções respiratórias agudas.
É importante ressaltar que essa análise também descobriu que a suplementação diária ou semanal de vitamina D teve o maior efeito protetor naqueles com os níveis mais baixos de vitamina D. Em outras palavras, doses grandes e pouco frequentes não funcionam tão bem.
Aqueles com deficiência severa de vitamina D que tomaram um suplemento diário ou semanal reduziram pela metade o risco de infecção respiratória, enquanto a administração aguda de altas doses de vitamina D não teve impacto significativo no risco de infecção. |
Análises de dados do GrassrootsHealth mostram que pessoas com um nível de vitamina D de pelo menos 40 ng/mL apresentaram uma redução de 15% no risco de resfriados e 41% no risco de gripe, em comparação com aqueles com um nível abaixo de 20 ng/mL. |
Os resultados do Estudo Longitudinal Irlandês sobre o Envelhecimento (TILDA) também sugerem que a deficiência de vitamina D pode ter sérias implicações para o COVID-19. Os pesquisadores recomendam que adultos acima de 50 anos tomem um suplemento de vitamina D durante todo o ano (não apenas no inverno), se não puderem receber exposição solar suficiente para otimizar seus níveis. |
Uma revisão da GrassrootsHealth de um estudo observacional envolvendo 212 pacientes com COVID-19 no sudeste da Ásia identificou uma correlação entre os níveis de vitamina D e a severidade da doença. Os indivíduos com os sintomas mais brandos eram aqueles com os níveis mais altos de vitamina D, e vice-versa.
No grupo inicial de 212 pacientes do estudo (ver tabela 1 abaixo), 55 apresentavam níveis normais de vitamina D, o qual Mark definiu como acima de 30 ng/ml; 80 tinham níveis insuficientes, de 21 a 29 ng/ml, e 77 tinham níveis deficientes, de menos de 20 ng/ml.
De acordo com a pesquisa realizada pela GrassrootsHealth, 40 ng / mL é o limiar inferior para o que pode ser considerado apropriado, com 60 ng/mL a 80 ng/mL sendo ideais para a saúde e prevenção de doenças. Apesar disso, o benefício de ter um nível de vitamina D acima de 30 ng/mL já ficou era claro.
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Em um estudo onde foram analisados dados de 780 pacientes de COVID-19 na Indonésia, aqueles com nível de vitamina D entre 20 ng/mL e 30 ng/mL apresentaram risco sete vezes maior de morte do que aqueles com nível acima de 30 ng/mL. Ter um nível abaixo de 20 ng/mL foi associado a um risco 12 vezes maior de morte. |
Uma pesquisa publicada no servidor de pré-impressão da MedRxiv, em 10 de junho de 2020, relata que uma combinação de vitamina D3, B12 e magnésio inibiu a progressão da COVID-19 em pacientes acima de 50 anos, resultando em "uma redução significativa na proporção de pacientes com deterioração clínica requerendo suporte de oxigênio e/ou tratamento intensivo". |
Verifique seus níveis antes de começar a reduzir a suplementação
A boa notícia é que as informações sobre a vitamina D parecem finalmente estar chegando às massas. De acordo com a Foodnavigator-Ásia, as vendas da marca japonesa de vitamina D FANCL foram 2018% maiores em abril de 2020 quando comparadas a abril de 2019. Embora esse seja um bom sinal, é importante sempre testar seu nível de vitamina D antes de começar com a suplementação.
A razão para isso é que você nem sempre pode confiar nas recomendações gerais de dosagem. O fator crucial aqui é o seu nível sanguíneo, não a dose, pois a dose necessária depende de vários fatores individuais, incluindo o nível sanguíneo basal.
De acordo com dados dos estudos D*Action da GrassrootsHealth, o nível ideal para a saúde prevenção de doenças parece estar entre 60 ng/mL e 80 ng/mL, enquanto o ponto de corte para suficiência parece estar em torno de 40 ng/mL. Nas unidades europeias, essas medidas correspondem a 150 até 200 nmol/L e 100 nmol/L, respectivamente.
Recentemente, publiquei um relatório abrangente sobre a vitamina D, no qual detalho os mecanismos de ação da mesma e como garantir níveis ideais. Eu recomendo baixar e compartilhar esse relatório com quem você conhece. Um rápido resumo dos pontos principais é o seguinte:
1. Primeiro, meça seu nível de vitamina D — Uma das maneiras mais fáceis e econômicas de medir seu nível de vitamina D é participar do projeto de nutrição personalizado da GrassrootsHealth, que inclui um kit de teste de vitamina D.
Uma vez ciente do seu nível atual, é possível avaliar a dosagem necessária para mantê-lo ou aumentá-lo. Se você não conseguir obter vitamina D suficiente do sol (você pode usar o aplicativo DMinder para ver quanta vitamina D seu corpo pode produzir, dependendo da sua localização e de outros fatores individuais), precisará de um suplemento oral.
2. Avalie sua dosagem individual de vitamina D — Para tanto, você pode usar o gráfico abaixo, ou utilizar a calculadora de vitamina D da GrassrootsHealth. Para converter ng/mL para a medida europeia (nmol/L), basta multiplicar a medida em ng/mL por 2,5. Para calcular a quantidade de vitamina D que você pode obter devido à exposição solar regular, além de sua ingestão suplementar, use o aplicativo DMinder.
3. Teste novamente a cada seis meses — Por fim, é preciso reavaliar seu nível de vitamina D após três a seis meses para determinar se a sua exposição ao sol e/ou dosagem de suplementos está sendo eficiente.
Tome magnésio e vitamina K2 junto à sua vitamina D
Conforme detalhado anteriormente em "Magnésio e K2 otimizam sua suplementação de vitamina D", é altamente recomendável tomar magnésio e K2 concomitantes à vitamina D oral. Dados de quase 3.000 indivíduos revelam que você precisa de 244% mais vitamina D por via oral se não estiver ingerindo também magnésio e vitamina K2!
O que isso significa em termos práticos é que, se você tomar todos os três suplementos em combinação, precisará de muito menos vitamina D por via oral para atingir um nível saudável.