A curcumina inibe a enxurrada de citocinas induzida por vírus

Fatos verificados
Citocinas

Resumo da matéria -

  • A curcumina inibe a principal protease da COVID-19, um potencial alvo para as drogas
  • A curcumina também tem um efeito inibitório nas enxurradas de citocinas induzidas por vírus, que ocorrem como resultado de uma superprodução de células imunológicas e citocinas pró-inflamatórias, e modula as respostas imunológicas, o que significa que pode aumentar ou diminuir a resposta imunológica conforme necessário
  • Segundo com uma revisão científica, a curcumina pode ser usada como agente terapêutico contra a pneumonia, lesão pulmonar aguda e síndrome do desconforto respiratório agudo resultantes da infecção por coronavírus
  • A curcumina também possui atividade antiviral direta contra diversos vírus, incluindo o SARS-CoV (o coronavírus responsável pela SARS)
  • Outros efeitos benéficos que sugerem que a curcumina possa ser adequada no tratamento da COVID-19 incluem o alívio da exsudação e edema, atenuação de lesões pulmonares, redução da inflamação das vias aéreas, inibição a proliferação de células epiteliais brônquicas, melhora da pneumonia, alívio da fibrose e melhora do índice pulmonar

Por Dr. Mercola

A curcumina, o ingrediente ativo do açafrão-da-terra (cúrcuma), também tem uma base sólida na ciência, com numerosos estudos comprovando seus efeitos anti-inflamatórios. Conforme observado em uma revisão de 2017 na revista Foods:

"[A curcumina] auxilia no tratamento de condições oxidativas e inflamatórias, síndrome metabólica, artrite, ansiedade e hiperlipidemia... A maioria desses benefícios pode ser atribuída aos seus efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios".

Juntamente com vários outros suplementos, foi identificado que a curcumina também oferece benefícios particulares contra a COVID-19.

De acordo com o artigo "Estudo sobre o potencial inibidor da protease principal da COVID-19 (Mpro) através de acoplamento molecular de vários compostos fitoterápicos", publicado em 13 de março de 2020, em preprints.org, a curcumina e a desmetoxicurcumina foram dois compostos, entre vários, que descobriu-se serem capazes de inibir a Mpro da COVID-19.

Conforme observado em "Projeto de medicamentos aprimorados para a COVID-19", a Mpro da COVID-19 é um alvo potencial para drogas, pois "a estrutura cristalina da Mpro fornece uma base para a concepção de um potente inibidor da protease com um tropismo acentuado no pulmão".

Estudos também mostraram que a curcumina tem um efeito inibitório sobre as enxurradas de citocinas induzidas por vírus, que ocorrem como resultado de uma superprodução de células imunes e citocinas pró-inflamatórias. Isso também sugere que ela pode ser particularmente útil contra a COVID-19, considerando que a enxurrada de citocinas desencadeada na infecção grave e crítica da COVID-19 é o que acaba matando a maioria dos pacientes.

A curcumina é um terapêutico em potencial contra a COVID-19

Mais recentemente, uma revisão científica na Frontiers in Cell and Developmental Biology, publicada em 12 de junho de 2020, relata que a curcumina pode ser útil em casos de pneumonia viral grave, como a COVID-19. Segundo os autores:

"A infecção por coronavírus, incluindo SARS-CoV, MERS-CoV e SARS-CoV2, causa doenças assustadoras que podem ser fatais devido à insuficiência pulmonar e à enxurrada sistêmica de citocinas.

O desenvolvimento de uma pneumonia estimulada por coronavírus está associado a respostas inflamatórias excessivas no pulmão, conhecidas como 'enxurradas de citocinas', que resultam em edema pulmonar, atelectasia e lesão pulmonar aguda (LPA) ou síndrome do desconforto respiratório agudo fatal (SDRA).

Não existem medicamentos disponíveis para suprimir efetivamente a lesão pulmonar mediada pela resposta imunológica exagerada. À luz da baixa toxicidade e de sua atividade antioxidante, anti-inflamatória e antiviral, é plausível especular que a curcumina possa ser usada como droga terapêutica contra a pneumonia viral e LPA/SDRA.

Portanto, nesta revisão, resumimos as evidências crescentes obtidas de estudos pré-clínicos usando modelos animais de pneumonia letal, nos quais a curcumina exerce efeitos protetores, regulando a expressão de fatores pró e anti-inflamatórios... promovendo a apoptose das células PMN e eliminando as espécies reativas de oxigênio (ERO), que agravam a resposta inflamatória.

Esses estudos fornecem uma justificativa de que a curcumina pode ser usada como agente terapêutico contra pneumonia e LPA/SDRA resultantes de infecção coronaviral em humanos".

A curcumina inibe a enxurrada de citocinas

Como discutido na revista Frontiers in Cell and Developmental Biology, a curcumina tem uma longa história de uso medicinal, sem efeitos colaterais aparentes. Estudos demonstraram que ela possui potente atividade antioxidante, anti-inflamatória, anticâncer e antidiabética, e ensaios clínicos demonstraram eficácia no tratamento de doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e doenças infecciosas - principalmente infecções virais.

"À luz do seu papel preventivo e terapêutico contra as infecções virais, bem como contra as enxurradas de citocinas comuns a todas as infecções virais, a curcumina pode ser considerada um agente atraente para o tratamento de infecções por coronavírus".

Um mecanismo importante por trás dos efeitos benéficos da curcumina é sua capacidade de modular as respostas imunológicas, o que significa que ela pode regular positiva ou negativamente a resposta imunológica, conforme necessário. Segundo os autores, pelo menos quatro estudos, publicados entre 2018 e 2020, sugerem que a curcumina inibe as enxurradas de citocinas induzidas por vírus. Esses incluem:

  • Um estudo de 2018 na revista International Immunofharmacology, que demonstrou que a curcumina inibe a replicação do vírus influenza A e a pneumonia induzida pelo vírus influenza. Ela também ativa a via de sinalização Nrf2, inibe o estresse oxidativo e melhora a LPA induzida por influenza in vivo.
  • Um estudo de 2018 no Journal of Food and Drug Analysis, que descobriu que a curcumina inibe efetivamente a infecção por influenza A.
  • Um estudo de 2019 na Frontiers in Microbiology, que destacou a atividade antiviral da curcumina contra o vírus influenza, vírus da hepatite C e HIV.
  • Um estudo de 2020 no International Journal of Molecular Sciences, que relatou que a curcumina tem a capacidade de bloquear a infecção pelo vírus herpes simplex tipo 2 (HSV-2) e inibir a produção de citocinas inflamatórias e quimiocinas in vitro.

Os mecanismos de ação da curcumina

Quanto à forma como a curcumina inibe a enxurrada de citocinas e modula a função imune, a revisão da Frontiers in Cell and Developmental Biology explica:

"Há evidências claras de pacientes infectados com coronavírus com altos níveis de citocinas e alterações patológicas no pulmão. Por exemplo, no plasma de pacientes com COVID-19, foram observadas altas concentrações de IL-2, IL-6 e IL-7.

Em particular, a IL-6 se apresentava significativamente elevada em pacientes críticos com SDRA quando comparados a pacientes sem SDRA, e estatisticamente, apresentou correlação significativa com a morte…

Numerosos estudos in vivo e in vitro demonstraram que a curcumina e seus análogos inibem acentuadamente a produção e liberação de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1, IL-6, IL-8, TNF-α…

A curcumina também diminui a expressão de muitos outros mediadores inflamatórios... que regulam a atividade das células imunológicas, as respostas inflamatórias, e promovem fibrose no pulmão após a infecção.

O mecanismo subjacente à modulação da inflamação da curcumina tem sido extensivamente investigado, e envolve diversas vias de sinalização, entre as quais a NF-κB desempenha um papel essencial. Foi relatado que a curcumina regula efetivamente a sinalização da NF-κB através de múltiplos mecanismos (Figura 2):

Primeiro, a curcumina inibe a ativação da IKKβ… Segundo, a curcumina aprimora a expressão ou a estabilidade da IκBα… Terceiro, a curcumina ativa a AMPK. Foi documentado que a curcumina bloqueia a sinalização de NF-κB após infecção pelo vírus Influenza A (VIA) como consequência da ativação da AMPK. Quarto, a curcumina atua na p65 para perturbar a via NF-κB.

A infecção pelo VIA levou a uma diminuição de p65 no citosol de macrófagos e a um aumento correspondente no núcleo, onde ele forma um complexo funcional com a NF-κB, acabando por regular a transcrição de citocinas pró-inflamatórias. Por outro lado, o uso da curcumina bloqueia a translocação nuclear da NF-κB e p65, regulando negativamente a transcrição dos genes das citocinas…

Em contraste com o seu efeito negativo nas moléculas pró-inflamatórias, demonstrou-se que a curcumina regula positivamente as citocinas anti-inflamatórias, em particular a IL-10. Este último é um regulador negativo essencial para as respostas inflamatórias…

A IL-10 atua nos monócitos inflamatórios para reduzir a liberação de TNF-α, IL-6 e ROS, aliviando assim os danos nos tecidos causados pela resposta inflamatória contínua... A curcumina atenua visivelmente as lesões pulmonares ao induzir a diferenciação de células T reguladoras (Tregs) e regulação positiva da produção de IL-10".

Figure 2.

Os mecanismos de ação da curcumina

Curcumina possui atividade antiviral

A curcumina também possui atividade antiviral direta contra diversos vírus, incluindo o SARS-CoV (o coronavírus responsável pela SARS), como demonstrado em um estudo de 2007. Vários estudos descreveram os mecanismos antivirais da curcumina, e a Frontiers in Cell and Developmental Biology enumera as formas como ela atua:

  • Atacando diretamente as proteínas virais
  • Inibindo a produção de partículas e expressão gênica
  • Bloqueando a ligação viral às células (possivelmente interrompendo a fluidez do envelope viral)
  • Bloqueando a entrada dos vírus nas células
  • Bloqueando a replicação viral

A curcumina se liga fortemente à hemaglutinina (HA), uma glicoproteína que permite que o vírus influenza se ligue à célula. Pesquisas mostraram que a curcumina interage com a HA, perturbando a integridade da membrana viral. Isso é o que bloqueia a ligação viral à célula hospedeira, e impede que o vírus penetre na célula. A curcumina também demonstrou inativar diretamente certas cepas do vírus influenza.

Outros benefícios pulmonares da curcumina

Outros efeitos benéficos que sugerem que curcumina pode ser útil no tratamento da COVID-19 incluem:

Alívio da exsudação de proteínas para os espaços alveolares

Alívio do edema pulmonar desencadeado por inflamação

Atenuação de lesão pulmonar

Redução do grau de inflamação das vias aéreas

Interrupção do remodelamento das vias aéreas, inibindo a proliferação de células epiteliais brônquicas

Melhora da pneumonia, impedindo o desenvolvimento de pneumonia grave

Alívio da fibrose pulmonar induzida por LPA

Melhora do índice pulmonar

De acordo com a revista Frontiers in Cell and Developmental Biology, as pesquisas disponíveis "sugerem que a administração de curcumina pode ter efeitos profiláticos e terapêuticos na pneumonia e mortalidade induzidas por vírus". Além disso, embora ainda faltem estudos com a curcumina em humanos para o coronavírus:

"... à luz do seu papel preventivo e terapêutico nas infecções virais, bem como nas enxurradas de citocinas comuns a todas as infecções virais, a curcumina pode ser considerada um agente atraente para o tratamento de infecções por coronavírus".

A pesquisa, publicada em 2015, sustenta ainda mais as conclusões da revisão da Cell and Developmental Biology. Esse estudo, "Supressão da liberação de citocinas e enxurrada de citocinas pela curcumina", constatou que a curcumina poderia ser uma terapia em potencial para pacientes infectados com Ebola e outros vírus perigosos. Segundo os autores:

"A atividade da curcumina na supressão de múltiplas citocinas e sua atividade em modelos experimentais de doenças e condições associadas a enxurradas de citocinas sugerem que ela pode ser útil no tratamento de pacientes com ebola e enxurrada de citocinas.

A curcumina é pouco absorvida pelo trato intestinal; no entanto, as formulações intravenosas podem permitir que níveis terapêuticos de curcumina no sangue sejam alcançados em pacientes diagnosticados com enxurrada de citocinas".

Como tirar o máximo de proveito do seu suplemento de curcumina

Se você quiser usar curcumina, saiba que sua baixa taxa de absorção é uma das suas principais desvantagens. Embora as formulações intravenosas possam resolver o problema em contextos clínicos, isso seria pouco prático para uso doméstico.

Os pesquisadores investigaram uma variedade de métodos de entrega diferentes, incluindo entrega oral, intravenosa, subcutânea e intraperitoneal, bem como uma variedade de formulações, para otimizar a biodisponibilidade. Descobriu-se que os seguintes métodos podem melhorar a taxa de absorção da curcumina:

  • Quando entregue na forma de nanopartículas
  • Combinado com ácido polilático-co-glicólico
  • Encapsulamento lipossômico

Como a curcumina é solúvel em gordura, você poderá aumentar ainda mais a absorção criando uma microemulsão. Para fazer isso, combine 1 colher de sopa de pó de curcumina com uma ou duas gemas e 1 a 2 colheres de chá de óleo de coco derretido, e use um liquidificador em alta velocidade para emulsificar o pó.

O tempo é outra variável importante. Uma das maneiras pelas quais a curcumina funciona é a ativação do AMPK e a autofagia. Ambos ocorrem durante o estado de jejum. Portanto, o ideal é tomar a curcumina pelo menos três horas após uma refeição e/ou logo antes de ir para a cama. Isso seria semelhante para outro poderoso suplemento anti-COVID, a quercetina, que também deve ser tomada em jejum e de preferência em conjunto com zinco.