Por Dr. Mercola
Seu organismo tem duas glândulas supra renais localizadas acima dos rins. Como parte do sistema endócrino, as glândulas supra renais secretam mais de 50 hormônios, incluindo aldosterona (que auxilia na regulagem da pressão arterial e do volume sanguíneo), cortisol e adrenalina, os dois últimos podem ficar superativados devido ao estresse.
Na verdade, o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) é o sistema responsável pelo controle do estresse. Isso inclui qualquer tipo de estresse, seja devido à lesão, doença, trabalho, problemas de relacionamento, falta de sono ou má alimentação. A exposição ao estresse crônico devido ao excesso de trabalho, inflamação crônica ou doença de longo prazo, por exemplo, pode resultar em disfunção do eixo HPA, embora talvez referida como "fadiga adrenal" ou "exaustão adrenal."
Adaptógenospara auxiliar no suporte adrenal
Uma hipótese mais recente é que a maioria dos chamados casos de fadiga adrenal não se deve de fato pela capacidade reduzida das glândulas adrenais de produzir cortisol. Na maioria das vezes, o problema pode ser devido à disfunção na porção de sinalização do cérebro do eixo HPA, significando assim, que o principal problema é com o hipotálamo e a hipófise (o H e o P, e não tanto o A, ou porção adrenal do eixo).
Tanto a insuficiência adrenal primária quanto a secundária podem ser diagnosticadas através de teste de laboratorial. Anormalidades mais sutis no eixo HPA, por outro lado, são mais difíceis de diagnosticar. Para identificar a disfunção HPA, é recomendado um painel hormonal abrangente. Um dos testes mais eficazes é o teste HOLANDÊS (feito através da urina seca para hormônios abrangentes), um painel hormonal completo desenvolvido por Mark Newman, fundador do Laboratório Analítico de Precisão em Oregon.
O teste HOLANDÊS de fato supera todos os outros métodos quando se trata de hormônios, permitindo que você determine em quais áreas você deve se concentrar as ações corretivas. Diversos nutrientes são conhecidos por auxiliar na função adrenal, incluindo magnésio, vitaminas B, vitamina C e gordura ômega-3 de origem animal, como óleo de krill.
Certas ervas adaptogênicas podem te ajudar caso esteja combatendo o estresse persistente. Quatro dos adaptógenos mais reconhecidos para auxiliar o suporte adrenal são: ashwagandha, rhodiola, ginseng (asiático e siberiano) e tulsi. Esses e outros adaptógenos são únicos, pois auxiliam seu organismo a se adaptar ao estresse, através da regulagem dos hormônios e melhorando a função imunológica.
Ashwagandha — um poderoso balanceador de hormônios
Uma erva nativa da Ásia e Índia, Ashwagandha (Withania somnifera) tem sido um meio eficaz na medicina ayurvédica há muito tempo. Apenas nos últimos 50 anos que esse membro da família das plantas daninhas apareceu no Ocidente como uma poderosa erva medicinal. Como um adaptógenos, ele pode:
- A ashwagandha é uma erva adaptogênica poderosa, ou seja, ela ajuda seu corpo a controlar e a se adaptar ao estresse, promovendo o equilíbrio do seu metabolismo e dos sistemas2 imunológico e hormonal.
- Aumenta a força e promove a saúde se utilizado de modo regular. Na medicina ayurvédica, a ashwagandha é classificada como uma “Rasayana”, um tipo de essência que ajuda na recuperação do corpo e no prolongamento da vida.
- Proteja seu cérebro contra o estresse oxidativo.
- Suporta níveis saudáveis de lipídios totais, colesterol e triglicerídeos na faixa normal.
Sua raiz contém a maior concentração de ingredientes ativos que modulam o equilíbrio hormonal, incluindo o hormônio da tireoide, estrogênio e progesterona, tornando-a benéfica para mulheres que estão entrando na menopausa. A raiz também reduz os níveis de cortisol, restaura a sensibilidade à insulina e melhora o humor. Em um estudo, os pacientes com diagnóstico de ansiedade moderada a grave tratados com ashwagandha perceberam uma "redução significativa" dos sintomas, quando comparados com aos submetidos a intervenções mais convencionais.
Um outro estudo encontrou "evidências empíricas que sustentam o uso tradicional de ashwagandha para ajudar no processo mental envolvendo a sinalização GABAérgica". O GABA (ácido gama-aminobutírico) é um neurotransmissor inibitório envolvido na regulação da sinalização de processos fisiológicos e psicológicos. Segundo os autores:
"Nossos resultados fornecem evidências indicando que os principais constituintes da ashwagandha podem desempenhar uma importante função no desenvolvimento de tratamentos farmacológicos para distúrbios neurológicos associados à disfunção de sinalização GABAérgica, como distúrbios de ansiedade e de sono, além de espasmos musculares e convulsões."
Nos homens, a ashwagandha pode auxiliar no aumento dos níveis de testosterona. Embora alguns adaptógenos sejam estimulantes disfarçados, esse não é o caso da ashwagandha. Pode dar um impulso à sua rotina de exercícios matinais e, quando ingerida antes de dormir, também pode melhorar sua noite de sono. Minha recomendação é utilizar apenas raiz de ashwagandha 100% orgânica, livre de cargas, aditivos e excipientes, para garantir a qualidade.
Rhodiola — um agente natural antiestresse
A planta perene rhodiola rosea, chamada também de "raiz dourada", "raiz rosada" ou "raiz ártica", é outro adaptógeno poderoso conhecido por aumentar a vitalidade, ajudando seu organismo a manter a homeostase e a se adaptar ao estresse físico, químico e ambiental. Essa planta possui uma longa história de uso na medicina popular tradicional na Rússia e em países escandinavos. Entre suas muitas utilidades, essa planta demonstrou:
- Possui uma poderosa atividade anti-inflamatória.
- Melhora a saúde do sistema nervoso e a função cognitiva.
- Modular a função imunológica (aumentando a função imunológica baixa e reduzindo a hiperativa) e proteger contra infecções virais.
- Melhorar o funcionamento sexual masculino e feminino, a saúde reprodutiva e a fertilidade.
- Melhore o desempenho atlético e o tempo de recuperação.
É importante saber que essa planta demonstrou ser de certo modo benéfica para o sistema nervoso, contendo benefícios antidepressivos e anti-ansiedade. Ao inibir a monoamina oxidase, a planta retarda a degradação enzimática dos neurotransmissores envolvidos no humor e no bem-estar mental, como a serotonina.
Os compostos bioativos rosavin e salidroside também mostraram melhorar a passagem dos precursores da serotonina, através da barreira hematoencefálica e auxiliar na preservação da serotonina, reduzindo a atividade da catecol-o-metil transferase.
Evidências mostram que essa planta pode elevar os níveis de serotonina em até 30%. Pesquisa publicada em 2015 comparou a raiz de ouro com o antidepressivo sertralina, concluindo ser uma escolha mais segura. Segundo os psiquiatras que fazem uso da raiz de ouro em sua prática clínica, o extrato da planta é uma "escolha viável em muitos casos no tratamento de depressão leve a moderada". A planta demonstrou melhorar sintomas de esgotamento causado pelo estresse no trabalho.
Em um estudo publicado no ano passado, indivíduos sofrendo de síndrome de burnout que receberam 400 mg de extrato de raiz de ouro durante 12 semanas observaram melhorias significativas, relatando níveis mais baixos de exaustão emocional, fadiga e exaustão, e maior alegria, entusiasmo pela vida e libido.
Conforme os autores, os resultados sugerem que o extrato de raiz de ouro "pode ser um passo importante no alívio contínuo dos sintomas da síndrome de burnout, inibindo a exacerbação da síndrome e evitando o desenvolvimento de distúrbios subsequentes, como depressão ou doença física."
A rhodiola ajuda a combater a fadiga crônica
Os efeitos de aumento de energia e vitalidade da rhodiola podem ter benefícios para aqueles que lutam contra a fadiga crônica. Como um benefício adicional, tende a ser de ação rápida. Em um estudo recente, os pacientes que lutam com a síndrome da fadiga crônica que receberam 400 mg de extrato de rhodiola com etanol seco por dia durante oito semanas experimentaram melhorias significativas na primeira semana.
Ao todo, os pacientes experimentaram uma redução de 42% no estresse total e uma redução de 39% na fadiga, 83% deles relataram que se sentiram "muito" ou "um pouco" melhores na oitava semana.
Acredita-se que o mecanismo por trás desses efeitos esteja relacionado à capacidade da rhodiola de modular a liberação de catecolaminas e os níveis de contração no miocárdio durante o estresse. Também ajuda a reduzir o cortisol, que é o hormônio do estresse. Conforme observado pelo Mental Health Daily, "Outros mecanismos propostos incluem interações com proteínas quinases p-JNK, óxido nítrico, proteínas de mecanismo de defesa (por exemplo, proteínas de choque térmico) e regulação de beta-endorfinas e peptídeos opióides."
O ginseng siberiano promove vitalidade e longevidade
Existem vários tipos diferentes de ginseng, e eles não são de forma necessária intercambiáveis. Das três variedades principais, apenas duas são de fato ginseng:
• O ginseng americano (Panax quinquefolius), possui uma raiz retorcida e bronzeada que contém ginsenósidos, e acredita-se serem responsáveis por muitas de suas propriedades medicinais. A medicina chinesa, que utiliza o ginseng há milhares de anos, considera o americano um calmante tônico "legal".
• O ginseng asiático (Panax ginseng), às vezes mencionado como ginseng coreano, o asiático também contém ginsenosídeos, embora em proporções diferentes do americano, e é considerado uma erva adaptogênica. De acordo com a medicina chinesa, o ginseng asiático é um estimulante "quente".
Como a ashwagandha, o ginseng asiático afeta os hormônios da tireoide. De forma mais específica, ele contém propriedades que bloqueiam a produção de quantidades excessivas de T3 reverso (rT3). Um estudo que examinou o impacto das injeções de ginseng descobriu que produziu aumentos saudáveis de T3 e T4 e uma redução de rT3.
• O ginseng siberiano (Eleutherococcus senticosus), não é um ginseng verdadeiro e não contém gisenósidos. Seus componentes ativos são chamados de eleuterosídeos, que estimulam o sistema imunológico. Como o ginseng americano e asiático, no entanto, o ginseng siberiano é um adaptógeno utilizado de forma tradicional para aumentar a energia e longevidade, além de estimular o sistema imunológico.
A pesquisa também mostrou que o ginseng siberiano possui benefícios neuroprotetores, pelo fato de melhorar a sinalização das células do hipocampo e da microglia, e há algumas evidências sugerindo que ele pode ajudar a prevenir ou desacelerar a perda da função motora associada ao Mal de Parkinson. O ginseng siberiano também possui leves efeitos antidepressivos e é útil para combater a insônia, problemas comportamentais e de memória, e demonstrou melhorar a resistência ao exercício, proporcionando uma melhor utilização de oxigênio em seu corpo.
A erva tulsi é purificadora
É muito reverenciado na Índia por mais de 5.000 anos, o tulsi, também conhecido como manjericão sagrado, é valorizado por suas diversas propriedades de auxílio à saúde. Algumas pessoas falam que essa erva purifica a mente, o corpo e o espírito, e tem sido apreciada por sua natureza protetora e edificante. Existem inúmeros produtos tulsi disponíveis hoje em dia, incluindo comprimidos, chá, pó e óleo essencial.
O chá tulsi é uma bebida rica em antioxidantes com uma química complexa e única. Ele contém vários fitoquímicos benéficos, que são compostos vegetais não nutritivos com propriedades protetoras e de auxílio à saúde. Trabalhando juntos, esses compostos possuem propriedades adaptogênicas de aumento e fortalecimento do sistema imunológico que combatem o estresse, promovendo o metabolismo saudável, inclusive ajudando o corpo a manter um nível ideal de açúcar no sangue.
Proteja e apoie sua saúde adrenal
O funcionamento saudável das adrenais é importante para uma boa saúde em geral. As ervas adaptogênicas não são a única maneira de proteger e apoiar suas supra renais, ou mesmo a estratégia mais indicada. Mas elas podem ser úteis em momentos de estresse.
Se você já apresentou à "fadiga adrenal" ou à disfunção HPA, seu tratamento exigirá uma abordagem mais detalhada, que trate do excesso de estresse e hábitos pouco saudáveis que prejudicaram a resposta ao estresse.