Estratégias Para Elevar a Energia Que Podem Ajudar na Síndrome da Fadiga Crônica


Fadiga Crônica

Resumo da matéria -

  • Estima-se que entre um a 2,5 milhões de pessoas sofram de síndrome da fadiga crônica (CFS), porém a maioria delas fica sem diagnóstico
  • Importantes nutrientes que ajudam na síntese da energia e na função mitocondrial são o ubiquinol e a D-ribose. Jejum intermitente e evitar refeições tarde da noite também promovem a saúde mitocondrial

Por Dr. Mercola

A Síndrome da Fadiga Crônica (CFS), também denominada Fadiga Crônica e Síndrome da Disfunção Imune (CFIDS), só foi reconhecida pelos Centros Norte-americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) a partir de 1988.

Felizmente, a maioria dos médicos abandonou seu ponto de vista de que a CFS é apenas coisa “da sua cabeça” e não a enxerga mais como distúrbio psicológico.

Sinais e Sintomas da Síndrome da Fadiga Crônica

  • Fadiga extrema, fraqueza, dificuldade em manter a postura ereta, tontura, problemas de equilíbrio e desmaio
  • Mal-estar após esforço ou exercícios, durante 24 horas ou mais
  • Dores nos músculos e juntas
  • Inflamação da garganta, inchaço das glândulas e febre e calafrios periódicos
  • Cefaleia crônica
  • Dormência e formigamento nas extremidades
  • Confusão mental, disfunção cognitiva e/ou falta de concentração
  • Insônia e/ou sono não reparador, suores noturnos
  • Distúrbios visuais (visão embaçada, sensibilidade à luz e dor nos olhos)
  • Distúrbios gastrointestinais
  • Alergias e sensibilidade a alimentos, odores, produtos químicos e medicamentos
  • Irritabilidade, depressão e alteração de humor

Benefícios da Terapia da Fala e Exercícios Para Sofredores de Fadiga Crônica

Em 2011, um ensaio amplo aleatório conhecido como PACE determinou que a terapia do comportamento cognitivo (terapia da fala) e a terapia dos exercícios progressivos poderiam efetivamente tratar a CFS.

Embora exercícios de alta intensidade sejam tipicamente recomendados para indivíduos saudáveis, eles não seriam indicados para pessoas com CFS. Acredito que caminhadas leves, gradualmente aumentando o tempo para 1 a 2 horas por dia, promovam resultados profundamente benéficos.

Resultados mostraram que em 52 semanas, em comparação com aquelas pessoas que não receberam qualquer outro tipo de intervenção a não ser aconselhamento médico sobre como lidar com os sintomas (tais como insônia e dores), as pessoas que receberam tratamento com a terapia da fala ou com a terapia de exercícios progressivos mostraram grau de fadiga significativamente menor.

Pacientes que receberam tratamento com a terapia da fala ou com a terapia de exercícios progressivos igualmente mostraram melhores resultados nos testes físicos em comparação às pessoas que somente receberam aconselhamento médico geral.

A equipe britânica de pesquisa publicou um estudo complementar ao ensaio PACE com o qual concluíram que estes dois tratamentos realmente promovem benefícios duradouros.

Na verdade, a melhora que os pacientes apresentaram após um ano recebendo tratamento com a terapia da fala (na qual os pacientes são ensinados sobre como a forma que pensam pode afetar seus sintomas) ou com a terapia dos exercícios progressivos (na qual pacientes aumentam gradualmente a carga de exercícios que conseguem realizar) ficou estável mesmo 2,5 anos após o tratamento original.

Três Importantes Nutrientes para Aumentar a Energia

Enquanto pesquisadores ainda têm dificuldade para entender os mecanismos causadores da ampla gama de sintomas da síndrome da fadiga crônica, parece claro que o comprometimento da função do sistema imunológico e/ou algum tipo de disfunção mitocondrial estejam envolvidos. A Fundação Norte-americana para Cuidados da Saúde sugere que a CFS é mais bem classificada como síndrome pós-viral ou pós-infecciosa.

Vários organismos infecciosos foram, de fato, associados à CFS, embora ainda sejam poucas as evidências definitivas que demonstrem que a condição seja causada por uma infecção persistente.

Apesar de algumas incertezas, o suporte da síntese saudável de energia e da função mitocondrial através da dieta pode ser bastante útil no alívio de alguns dos sintomas. Lembre-se de que radicais livres prejudiciais são produzidos pelo excesso de elétrons.

Portanto, é igualmente importante minimizar a produção excessiva de elétrons nas mitocôndrias, pois estes gerarão radicais livres que podem danificar ainda mais a produção de energia. A chave para a redução dos danos mitocondriais é a limitação da geração de radicais livres e esta limitação é efetivamente realizada através da restrição calórica ou do jejum intermitente.

Evitar refeições muito próximas do horário de ir dormir é parte disto, já que refeições logo antes de ir dormir definitivamente promoverão destruição prematura das mitocôndrias. Voltarei a falar sobre estes mecanismos na seção abaixo. Porém, antes disso, vamos dar uma olhada em três nutrientes que podem ser de particular importância ao suporte da produção de energia celular e proteção das mitocôndrias:

  • Ubiquinol (forma reduzida da CoQ10; um dos mais fortes antioxidantes solúveis em lipídeos conhecidos produzidos no próprio organismo)
  • D-ribose (elemento central na construção de blocos de ATP)
  • Glutationa (um dos antioxidantes mais importantes do organismo e agente detox natural)

Propriedades de Aumento de Energia do Ubiquinol

A Coenzima Q10 (CoQ10) é usada para produção de energia através das células do organismo e é, portanto, vital para a boa saúde, níveis altos de energia, longevidade e qualidade de vida geral. Ela igualmente ajuda na proteção contra danos celulares causados pelos radicais livres.

O Ubiquinol é a forma reduzida da CoQ10 – forma efetiva que o organismo naturalmente usa para transferir elétrons livres. Uma pesquisa demonstra que a forma reduzida é melhor para a saúde de várias formas, principalmente devido à sua superior biodisponibilidade se você tiver mais de 25 anos de idade.

Se você tem menos que 25 anos de idade, seu organismo é tipicamente capaz de converter a CoQ10 em sua forma reduzida e o custo adicional da aquisição da forma reduzida é desnecessário. No entanto, se você for mais velho (a), seu organismo torna-se incrivelmente desafiado a converter a CoQ10 oxidada em ubiquinol.

Uma dúvida comum é se a suplementação com ubiquinol vai ou não afetar de forma negativa a produção dele pelo organismo. Felizmente, diversos estudos mostraram que este não é o caso. Mesmo sob altos níveis de ubiquinol – acima de milhares de miligramas por dia por um período de tempo considerável – sua produção natural permaneceu inalterada.

E, mesmo em altas doses, nenhum efeito colateral ou interação com medicamentos foi demonstrado ou relatado; portanto, a suplementação parece ser bastante segura. É interessante que, apesar de ser um antioxidante solúvel em lipídeos (gordura), o que tipicamente significa que é mais difícil de ser absorvido, o ubiquinol é "peculiar" no que diz respeito à sua taxa de absorção, que parece estar baseada na demanda metabólica do organismo – o que é ótimo.

Ou seja, se você é saudável, você absorve menos, e quando você está doente, ou se sofre de doença crônica, seu organismo absorverá maior quantidade. Sua taxa de absorção é basicamente autoajustável, portanto torna-se difícil a ingestão de quantidade muito grande.

Dito isto, uma vez que é solúvel em lipídeos, é melhor consumi-lo durante uma refeição – ou, se não durante uma refeição, pelo menos com algum tipo de gordura tipo azeite de oliva ou óleo de coco para garantir ótima biodisponibilidade e absorção. Estas considerações – benefícios intensos à saúde, bem documentados, juntamente com seu perfil seguro – fazem com que a suplementação com ubiquinol seja fácil quando uma pessoa sofre com fadiga.

Claramente, dieta e exercícios são os pontos centrais para a saúde ideal, porém existem grandes evidências de que o ubiquinol possa ir além da otimização dos níveis de energia. Tenho ficado tão impressionado com as recentes pesquisas realizadas com o ubiquinol que dobrei minha dose para 200 mg por dia.

A D-Ribose Ajuda na Recuperação de Células Sem Energia

A Adenosina Trifosfato (ATP) é uma coenzima usada como condutor de energia em todas as células do organismo. É composta por três principais grupos químicos, sendo um deles a D-ribose, um açúcar de cinco carbonos. Como componente estrutural ou construtora de blocos de ATP, a D-ribose está envolvida na síntese de energia das células, e pesquisas realizadas na década de 70 concluíram que receitar a pacientes suplementação com D-ribose antes de, ou imediatamente após uma isquemia cardíaca (em que o bloqueio das artérias cardíacas causa redução do fluxo sanguíneo, evitando absorção suficiente de oxigênio), permitiu que o coração recuperasse seu nível normal de energia celular.

Quando você toma suplemento de D-ribose, a maior parte dela – cerca de 97 por cento – é absorvida no sangue e é rapidamente distribuída em diversos tecidos do organismo. Uma vez dentro das células, o organismo usa a D-ribose para sintetizar e restaurar seus níveis energéticos. Como dosagem, pesquisas sugerem que qualquer quantidade de D-ribose suplementar ajudará na recuperação de células sem energia – mesmo dosagens baixas como 500 miligramas (mg) podem ser benéficas.

No entanto, se você sofre com fadiga crônica ou outros problemas de saúde, você provavelmente vai precisar de mais que isso. A dosagem padrão recomendada é de 3 a 5 gramas por dia. Mesmo que seja bioquimicamente um açúcar, ela não é queimada para produção de combustível como outros açúcares, e sim preservada para produzir ATP e partes do DNA e do RNA.

O Papel da Glutationa na Síndrome da Fadiga Crônica

A Fundação Norte-americana para Cuidados da Saúde apresenta um resumo valioso sobre a glutationa no tratamento da síndrome da fadiga crônica. Seu valor primário é sua capacidade de promover a função saudável do sistema imunológico. E, enquanto ela própria não tem nada a ver com a geração de energia celular, ela ajuda na eliminação de toxinas que podem prejudicar a síntese energética da célula. Sua capacidade antioxidante igualmente ajuda na prevenção ou redução da resposta à dor.

Outra explicação intrigante para o papel da glutationa sobre a fadiga crônica pode ser encontrada no site do Phoenix Rising, grupo online dedicado a pessoas com CFS. O artigo foi escrito pelo falecido Rich Van Konynenburg, PhD; físico (não doutor em medicina) que ficou pessoalmente interessado na CFS e passou 15 anos estudando o distúrbio antes de sua morte em 2012.

Em 2004, ele propôs um modelo bioquímico para redução da glutationa induzida pelo estresse como causa da fadiga crônica. Alguns anos mais tarde, ele apresentou uma hipótese mais refinada, a Depleção e Metilação da Glutationa no Ciclo de Block, que ele acreditava ser a responsável pela patogenia da CFS. Apesar de esta informação ser especulativa, muitos sofredores de CFS relataram ter se beneficiado dela, portanto apresento-a para sua avaliação.

Como Elevar os Níveis de Glutationa

A glutationa é fracamente absorvida, portanto a melhor dica é não ingeri-la via oral, e sim usar seus precursores. Uma boa alternativa é usar whey protein de alta qualidade, produzido a partir do leite orgânico cru, sem adição de edulcorantes. Alimentos ricos em enxofre e/ou selênio igualmente estimulam a produção de glutationa pelo organismo. Estes alimentos são:

  • Vegetais crucíferos (brócolis, couve flor, couve-de-bruxelas, repolho e couve galega)
  • Alimentos de origem animal (ovos, lácteos e miúdos pelo enxofre / porco, boi, carneiro, frango e peru pelo selênio)
  • Certas ervas, como cardo-mariano, cardamomo, canela e açafrão
  • Castanha do Pará e semente de girassol

Por Que o Jejum Intermitente Pode Ajudar na Dor e na Fadiga

Algumas pessoas são resistentes à ideia da restrição de calorias ao lidar com a fadiga crônica, porém existem, na verdade, evidências convincentes que demonstram que a restrição de calorias pode desempenhar papel significante na correção da função mitocondrial. Conforme observado anteriormente, quando se tem produção excessiva de elétrons nas mitocôndrias, estes elétrons produzem radicais livres altamente destrutivos.

A melhor forma de lidar com essa situação é limitando a produção excessiva de elétrons, pois havendo menos elétrons livres, a probabilidade de escape é menor. Mas, como limitar os elétrons livres?

Uma das formas mais efetivas de se fazer isto é através da restrição de calorias, a qual, de fato, é o único método comprovado de aumento da longevidade em mamíferos. A desvantagem é que a restrição de calorias é muito difícil de ser mantida por longos períodos.

Felizmente, uma pesquisa demonstrou que o jejum intermitente efetivamente imita a restrição de calorias e é muito mais fácil de cumprir, especialmente se você o fizer diariamente, restringindo a alimentação a uma janela de cerca de seis a oito horas, sendo a última refeição, pelo menos, três horas antes de ir dormir. Idealmente, tenha como meta seis horas entre a última refeição e o horário programado para dormir.

Benefícios Gerados ao se Evitar Refeições Tarde da Noite

A lógica de evitar refeições tarde da noite está diretamente associada à forma como seu organismo produz energia, que agora vou descrever com mais detalhes. As mitocôndrias são responsáveis por “queimar” o combustível que seu organismo consome e convertê-lo em energia utilizável.

Este minúsculo derivado bacteriano vive dentro da célula e é otimizado para produzir energia a partir do alimento consumido e do oxigênio do ar que você respira. As células possuem entre 100 e 100.000 mitocôndrias. As mitocôndrias possuem uma série de correntes de transporte de elétrons que transferem elétrons da forma reduzida do alimento que você consome para ligá-los ao oxigênio do ar que você respira e finalmente formar água.

Este processo conduz os prótons através da membrana mitocondrial que recarrega o ATP (trifosfato de adenosina) a partir do ADP (difosfato de adenosina). O ATP é o condutor de energia pelo organismo. O principal efeito colateral desta transferência de elétrons é que algum vazamento da cadeia de transporte de elétrons reage com o oxigênio para formar o radical livre superóxido.

O ânion superóxido, produto da redução de um elétron de oxigênio, é o precursor da maior parte das espécies reativas de oxigênio e mediador das reações da cadeia oxidativa. Este radicais livres do oxigênio atacam os lipídeos nas membranas celulares, os receptores de proteína, as enzimas e o DNA resultando em morte prematura das mitocôndrias.

Alguns radicais livres são, na realidade, bons e o organismo precisa deles para regular as funções celulares, porém problemas ocorrem quando você possui produção excessiva de radicais livres. Lamentavelmente, este é o caso para a maior parte da população e a razão para a maioria das doenças, especialmente o câncer, ser adquirida. Existem duas soluções possíveis para este problema:

  1. Aumentar os antioxidantes, ou
  2. Reduzir a produção de radicais livres mitocondriais

Acredito que uma das melhores estratégias para redução da produção de radicais livres mitocondriais seja a limitação da quantidade de combustível que você injeta no organismo quando este necessita da menor quantidade de energia possível, que é o momento em que você está dormindo. Se você alimenta o organismo pouco antes de ir dormir, você terá grandes quantidades de combustível que o organismo simplesmente não necessita, resultando em aumento da produção desnecessária de energia que resulta no escape de elétrons.

Estes elétrons que escapam ligam-se ao oxigênio para formar radicais livres, danificando o DNA e, consequentemente, elevando radicalmente o risco de desenvolvimento de doenças graves.

Lidar com a Fadiga Crônica Requer Uma Abordagem com Múltiplas Vertentes

  • Exercitar-se de acordo com sua capacidade, com foco no aumento da quantidade de exercícios que você consiga suportar. Uma pesquisa demonstra que a combinação de atividade aeróbica com treinamento de força pode melhorar os sintomas de dor e fadiga. Exercícios leves, como ioga, podem igualmente ser excelente parte de seu programa de exercícios – e a ioga beneficia tanto a mente como o corpo.
  • Suplementação com nutrientes importantes para a síntese energética celular, tais como ubiquinol e D-ribose.
  • Consumir alimentos ricos em precursores de glutationa e enxofre e/ou selênio para estimular a produção de glutationa. Faça também um esforço consciente para evitar a exposição a produtos tóxicos.
  • Jejum intermitente, certificando-se de fazer a última refeição de três a seis horas antes do horário de dormir.
  • Tratar a saúde mental. Além da terapia da fala, eu recomendo que você tente as Técnicas de Libertação Emocional  (EFT), para ajudar na normalização do circuito bioenergético. Eventos emocionalmente traumáticos podem promover “bloqueios energéticos” por vários anos que acabam interferindo na saúde de forma geral, incluindo a função imunológica.
  • Existem diversas técnicas diferentes que podem ser usadas, porém a EFT é minha favorita e é fácil de aprender e aplicar.