A Minha Raiva Vai me Matar?

Mulher Irritada

Resumo da matéria -

  • Comparado com aqueles no quartil menos irritado, aqueles nos 25% mais irritados tiveram 1,57 vezes o risco de morrer cedo
  • A chamada raiva construtiva, na qual as pessoas discutem seus sentimentos de raiva calmamente e buscam conseguir soluções, pode na verdade ter benefícios para a saúde

Por Dr. Mercola

A maioria das pessoas está ciente de que hábitos de vida como uma alimentação saudável e exercício físico podem influenciar seu tempo de vida, levando à morte prematura ou à longevidade prolongada.

Menos amplamente valorizada é a influência de fatores psicológicos, como a raiva, na mortalidade, mas certamente estão relacionados.

Um novo estudo de pesquisadores da Universidade do Estado de Iowa esclareceu como fortes emoções negativas, como a raiva, podem afetar o risco de morrer cedo, fazendo uma pergunta simples: “Você se irrita facilmente?”.

Pessoas que se Irritam Rapidamente Podem Morrer Mais Cedo

O estudo envolveu mais de 1.300 homens que foram acompanhados por quase 40 anos. Os homens tinham uma idade média de pouco menos de 30 anos no início do estudo.

Aqueles que muitas vezes responderam sim à pergunta “Você fica com raiva facilmente?” tinham um risco maior de morrer mais cedo.

Em comparação com aqueles no quartil menos irritado, aqueles nos 25% mais irritados tiveram 1,57 vezes o risco de morrer cedo.

Mesmo depois de contabilizar outros fatores que se correlacionam com a mortalidade, como o nível de renda, estado conjugal e tabagismo e até traços de personalidade (como níveis mais altos de capacidade cognitiva, que podem ser protetores), a associação permaneceu.

O principal autor do estudo disse ao The Guardian:

“Não se trata apenas de ficar com raiva ocasionalmente por cinco anos… Essas pessoas provavelmente estavam com raiva constantemente. Não há problema em passar uma tarde com raiva ou mesmo um ano. Esta questão não leva em conta a raiva transitória, mas sim uma predisposição para a raiva.”

Por que a Raiva Pode Ser Mortal

As emoções negativas, como a raiva, desencadeiam uma série de reações físicas que se estendem por todo o corpo, incluindo aumentos nos batimentos cardíacos, na pressão arterial e na pressão sanguínea.

Juntos, eles podem provocar alterações no fluxo sanguíneo que estimulam os coágulos sanguíneos, bem como desencadear a inflamação.

Deixar sua raiva explodir pode ser prejudicial porque desencadeia explosões de hormônios do estresse e prejudica os revestimentos dos vasos sanguíneos.

Um estudo da Universidade Estadual de Washington descobriu que pessoas com mais de 50 anos de idade que expressam sua raiva extravasando-a são mais propensas a ter depósitos de cálcio em suas artérias coronárias – uma indicação de que você corre um risco elevado de ataque cardíaco – do que pares mais tranquilos.

Uma análise sistemática envolvendo dados de 5.000 ataques cardíacos, 800 derrames e 300 casos de arritmia também revelaram que a raiva aumenta o risco de ataque cardíaco, arritmia e acidente vascular cerebral – e esse risco aumenta com episódios frequentes de raiva.

De acordo com o estudo, quando uma pessoa está com raiva, o risco de ataque cardíaco aumenta quase cinco vezes e o risco de derrame aumenta mais de três vezes nas duas horas após uma explosão de raiva (comparado com quando não se está com raiva).

O risco foi ainda maior entre aqueles que tinham histórico de problemas cardíacos.

As pessoas que estão em maior risco após episódios de raiva foram aquelas com fatores de risco subjacentes e aquelas que se irritaram com frequência. A pesquisa publicada na Circulation demonstrou ainda que os homens com sentimentos de raiva e hostilidade tinham um risco aumentado de fibrilação atrial, ou de ter um ritmo cardíaco irregular.

A Raiva Crônica Pode Aumentar Seu Risco de Demência

Não é apenas a saúde do seu coração que é influenciada pela raiva ou por uma emoção similar conhecida como desconfiança cínica. A desconfiança cínica ocorre quando uma pessoa acredita que a maioria das pessoas está interessada apenas em si mesmas e em beneficiar-se em vez de querer ajudar sua comunidade e outras pessoas. Alguns especialistas descrevem isso como uma forma de raiva crônica.

As pessoas idosas com altos níveis de desconfiança cínica possuem um risco mais de 2,5 vezes maior de desenvolver demência do que aquelas com baixos níveis. As descobertas aumentam as pesquisas que mostram que as emoções negativas e o cinismo em particular podem levar a problemas de saúde. Isso é perigoso de várias maneiras.

Por exemplo, pessoas cínicas são mais propensas a fumar e ganhar peso em excesso e menos propensas a exercitar-se. Elas também têm maiores dificuldades com o estresse e têm níveis mais altos de inflamação crônica, o que está ligado a doenças crônicas, incluindo demência. Por exemplo, pesquisa demonstrou que:

  • Mulheres com atitudes cínicas e hostis são mais propensas a morrer prematuramente e têm taxas mais altas de morte por doença cardíaca coronária do que mulheres com “expectativas positivas para o futuro”
  • As pessoas com atitudes cínicas podem sofrer mais com o estresse, e não recebem tanto dos benefícios da proteção contra o estresse oferecidos pelo apoio social positivo
  • A hostilidade cínica está associada à má saúde bucal
  • A hostilidade cínica está associada ao aumento dos indicadores de inflamação, o que pode contribuir para o aumento dos riscos cardíacos
  • A hostilidade cínica está associada ao aumento da carga metabólica em adultos de meia-idade e idosos

Suprimir Sua Raiva Provavelmente Não é Uma Boa Ideia

Embora a raiva frequente claramente não seja boa para você, manter a raiva dentro de si não é a resposta; fazer isso tem sido associado ao aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.

Um estudo até mesmo descobriu que suprimir sua raiva pode triplicar seu risco de ter um ataque cardíaco. Os riscos à saúde de reprimir sua raiva podem ser ainda maiores se você se sentir que foi tratado de forma injusta.

Além disso, aqueles que suprimiram sua raiva quando injustamente confrontados por seu cônjuge tiveram o dobro do risco de mortalidade daqueles que expressaram sua raiva. Como observado pelo Dr. Stephen Sinatra:

“Raiva reprimida, fúria, perda de conexão vital (coração partido), isolamento emocional e falta de intimidade com os outros são fatores de risco emocionais ‘ocultos’ que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças cardíacas.

Muitos cardiologistas deixam de reconhecer esses fatores psicoemocionais que frequentemente estão por trás de outros fatores de risco comumente reconhecidos, como fumar de forma excessiva, dieta inadequada e até níveis elevados de pressão arterial e colesterol”.

Entrar em Contato com suas Emoções Pode Reduzir seu Risco de Obesidade

Viver de modo mais consciente, isto é, concentrar ativamente sua atenção no momento que você está vivendo neste instante, é uma estratégia que pode ajudá-lo a estar em maior contato com suas emoções e ser menos um escravo da raiva.

Há boas razões para isso. Além de aumentar sua sensação de bem-estar, as pessoas mais conscientes têm menor probabilidade de ser obesas e ter menos gordura abdominal do que aquelas que são menos saudáveis.

Pode ser que se concentrar no que está acontecendo no presente possa ajudar as pessoas a superar uma predisposição evolutiva de estocar calorias e descansar para sobreviver. O Epoch Times relatou:

“A conscientização, que outros estudos demonstraram poder ajudar pessoas a superar os desejos por alimentos insalubres e ter uma dieta mais saudável, [o autor do estudo, Eric] Loucks diz, pode ser a ferramenta cognitiva que as pessoas precisam para superar seus instintos.”

Tenha em mente que você pode adicionar a conscientização a praticamente qualquer aspecto do seu dia – mesmo quando você está comendo, trabalhando ou cumprindo tarefas domésticas – simplesmente prestando atenção às sensações do que você está vivenciando no momento presente. Não é uma forma de meditação formal, mas é mais um estado mental cotidiano.

Como Transformar sua Raiva em uma Emoção Benéfica

A raiva é uma emoção humana normal e certamente pode ter seu lugar. Pode servir como um aviso de que algo está errado ou alertá-lo para um trauma físico ou psicológico iminente.

Sentimentos de raiva, que provocam surtos de adrenalina, podem fornecer energia para resistir a potenciais ameaças. Ela também pode ajudá-lo a aprender como definir limites físicos e emocionais na sua vida.

Se essa raiva eventualmente prejudicar a sua saúde ou não, isso pode estar relacionado não apenas à sua frequência (e natureza crônica), mas também à forma como ela é expressa e como você lida com ela. Transformar-se em uma pessoa amarga, cínica ou agressiva que bate as portas ou incita discussões com outras pessoas só aumentará seu estresse (e os riscos à saúde).

No entanto, canalizar sua raiva para uma expressão externa controlada pode ajudá-lo a liberar a tensão e o estresse.

Um exemplo disso seria usar sua raiva como combustível para fazer uma intensa sessão de exercícios. A chamada raiva construtiva, na qual as pessoas discutem calmamente os sentimentos de raiva e buscam conseguir a soluções, pode na verdade ter benefícios para a saúde, em oposição à raiva destrutiva, que a prejudica.

Enquanto a raiva construtiva geralmente envolve duas pessoas, a raiva destrutiva geralmente limita-se a apenas uma pessoa.

Para que a raiva seja construtiva, ela tipicamente envolve uma raiva que é justificada e na qual uma resposta apropriada é recebida. Ambas as partes podem concentrar-se em corrigir o mal-entendido.

Segundo a American Psychological Association, a raiva cotidiana, especialmente em casa, também pode ter benefícios:

“…Uma série de estudos demonstrou que em lugares onde a raiva geralmente ocorre especialmente no ambiente doméstico – ela geralmente é benéfica. ‘Quando você olha para os episódios cotidianos de raiva em oposição aos mais dramáticos, os resultados geralmente são positivos’, diz o Dr. James Averill, psicólogo da Universidade de Massachusetts Amherst, cujos estudos sobre a raiva cotidiana nos anos 1980 revelaram que episódios de raiva ajudaram a fortalecer relacionamentos cerca de metade das vezes, de acordo com uma amostra da comunidade.”

Como Aumentar seu Pavio Curto

Se você tiver um pavio curto quando se trata de raiva, recomendo usar técnicas de psicologia energética, como as Técnicas de Libertação Emocional (Emotional Freedom Techniques-EFT). As EFT podem reprogramar as reações do seu corpo aos inevitáveis estressores da vida cotidiana, estimulando diferentes pontos meridianos de energia no seu corpo.

Elas são feitas ao se tocar em locais vitais específicos com as pontas dos dedos, enquanto afirmações verbais personalizadas são ditas repetidamente. Isso pode ser feito sozinho ou sob a supervisão de um terapeuta qualificado.

Certificar-se de ser mais consciente – concentrando-se no que você está fazendo e nas sensações que está experimentando no momento – também pode ser útil para melhorar sua perspectiva mental e emocional. Quando você está vivendo no presente, sua mente terá menos chance de vagar e refletir sobre incidentes estressantes ou provocadores de raiva, que podem ajudá-lo a abrir mão de seus sentimentos de raiva.

Para aquelas vezes em que você fica com raiva, tente ver uma luz no fim do túnel. Você consegue resolver esse mal-entendido com a outra parte?

Você aprenderá mais sobre você e suas próprias falhas? Certifique-se de também expressar a raiva de maneira construtiva, canalizando sua energia raivosa em um exercício ou limpando sua casa, por exemplo.

Além disso, entenda que, embora todos tenhamos personalidades diferentes (alguns mais propensos à raiva e outros mais tranquilos), a felicidade é uma escolha que você pode fazer e até mesmo aprender a fazer na sua vida. Aqueles que são felizes tendem a seguir certo conjunto de hábitos que criam paz em suas vidas:

1. Abra mão dos rancores

2. Trate a todos com gentileza

3. Encare seus problemas como desafios

4. Expresse gratidão pelo que você tem

5. Sonhe alto

6. Não se estresse com coisas sem importância

7. Fale bem dos outros

8. Evite criar desculpas

9. Viva no presente

10. Acorde no mesmo horário todas as manhãs

11. Não se compare com os outros

12. Cerque-se de pessoas positivas

13. Perceba que você não precisa da aprovação dos outros

14. Tome tempo para ouvir

15. Construa relacionamentos sociais

16. Medite

17. Coma bem

18. Faça exercícios

19. Viva apenas com o necessário

20. Seja honesto

21. Estabeleça controle pessoal

22. Aceite o que não pode ser mudado