Por Dr. Mercola
Quando você para e pensa a respeito, os sons que as pessoas emitem quando algo atinge seu senso de humor são um tanto quanto estranhos; podem ser até mesmo bizarros. Porém, os gritos e os roncos que às vezes constituem uma explosão espontânea de alegria são uma ciência, dizem pesquisadores.
Existem motivos para uma boa gargalhada que psicólogos acreditam envolver muito mais que um simples efeito colateral do entretenimento.
Outra pergunta além de “por que rimos?” é “por que rir até doer a barriga parece ser tão bom?”. Um dos motivos é que rir é inerentemente físico. Termos como “convulsionado” e “dobrado” com hilaridade ou “dividindo os lados” denotam engajamento intenso que envolve tanto o corpo quanto a mente.
Existem diversos motivos pelos quais rimos. Alguns deles são estranhos, também. Pessoas algumas vezes caem na risada quando encontram-se em situações desconfortáveis, por exemplo. Elas não conseguem segurar. Talvez elas considerem que isso preenche um silêncio desconfortável ou querem esconder um embaraço em situações constrangedoras como entrar em uma sala errada.
O escritor Sam Thomas Davies diz, “Um riso nervoso é geralmente uma liberação fisiológica de emoções negativas como ansiedade, confusão, desconforto ou estresse que uma pessoa sente em uma determinada situação social”. É um hábito que, em vez de aliviar a ansiedade, na verdade a aumenta.
O Lado Saudável do Riso Caloroso
Rir pode disparar efeitos positivos em curto e longo prazo no organismo. Você pode até dizer que existem motivos fisiológicos pelos quais uma boa gargalhada é boa para você. Ela:
- Estimula os órgãos forçando você a inalar mais oxigênio do que quando você está apenas respirando, o que automaticamente faz os pulmões e os músculos cardíacos funcionarem.
- Aumenta as endorfinas, os produtos químicos do cérebro que exalam a sensação de “bem-estar” que fluem pelo corpo todo junto com um sentimento de leveza – às vezes até fraqueza.
- Acelera a circulação e ajuda os vasos sanguíneos a funcionarem melhor.
- Promove um “sinal de alerta” psicológico para reduzir o nível de ansiedade e ajudar você a relaxar.
Como um “diálogo interno negativo” pode surgir ao longo de todo o sistema e até mesmo abrir a porta para os radicais livres danificarem suas células, o oposto acontece quando você permite que a hilaridade tome seu curso natural. Seu riso melhora o sistema imunológico.
Quando você ri, neuropeptídeos são liberados ajudando no combate ao estresse e, potencialmente, às doenças. A Clínica Mayo afirma que rir:
“Ativa e alivia a resposta ao estresse. Um riso alegre aquece e em seguida esfria sua resposta ao estresse e pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial. O resultado disso? Uma ótima sensação de relaxamento.”
Com relação aos benefícios em longo prazo promovidos pelo riso, parece simplista dizer que rir ajuda você a ter melhor disposição, mas é isso mesmo. Rir de uma situação estressante ou difícil não somente o(a) ajuda a lidar melhor com ela, mas ainda ajuda-o(a) a conectar-se em nível mais “reais” com outras pessoas.
Os Aspectos Socialmente Científicos do Riso
Uma pesquisa realizada mostra que você está 30 vezes mais propenso(a) a rir em um ambiente social do que quando está sozinho(a).
Você pensaria que o motivo mais óbvio para rirmos é achar que alguma coisa é engraçada. Porém, como relata a WebMD, um estudo realizado na Revisão Trimestral de Biologia diz que “não exatamente”:
“A principal função do riso pode não ser a autoexpressão. Em vez disso, o objetivo do riso pode ser o desencadeamento de sentimentos positivos em outras pessoas. Quando você ri, as pessoas à sua volta podem começar a rir em resposta.
Logo, o grupo todo estará alegre e relaxado. O riso pode aliviar a tensão e alimentar um senso de unidade do grupo. Isto pode ter sido particularmente importante para pequenos grupos de humanos primitivos.”
O ato de rir é um estudo científico do culturalismo. Rir é geralmente motivado socialmente. Talvez exista alguma coisa que não achamos particularmente engraçada, porém o riso de outras pessoas pode ser. Aqui está um motivo para tanto, observou um artigo da BBC:
“Rimos mais frequentemente quando estamos com outras pessoas. É uma emoção social e a usamos para fazer e manter vínculos sociais.
Também fazemos barulhos muito estranhos quando rimos — de chiados e rangidos a suspiros e bufos — e cada um deles parece simplesmente refletir os músculos do peito arrancando ar de nossa caixa torácica sob pressões muito altas.”
Um fato interessante sobre o que nos faz rir é que muitas vezes isto é universal; as mesmas coisas nos fazem rir. Ademais, o riso é um som bastante reconhecível. Quando alguém que fala um idioma completamente diferente encontra algo divertido e ri, sabemos o que significa.
Rir o(a) Ajuda a Aprender e Aumenta a Dopamina
A Psychology Today (Psicologia Hoje) diz que o riso ajuda a facilitar sua capacidade para aprender coisas novas, especialmente para crianças, e é por isso que rir é parte tão importante de sua brincadeira. O riso de fato as ajuda a aprender novas competências conforme elas engajam-se em atividades divertidas.
Mais importante, o riso ajuda a garantir que elas estão em um ambiente seguro e emocionalmente saudável.
Pesquisadores conduziram um teste com bebês, alguns com somente 18 meses de idade, para determinar se o riso os ajudaria a focar atenção, estímulo, percepção, memorização e aprendizado. Conclusão: os bebês que riam aprenderam a focar ações de forma melhor.
A líder do estudo, Rana Esseily, teorizou o motivo pelo qual o riso libera dopamina.
Outros cientistas usaram o conhecimento sobre o que a dopamina pode fazer por você para estabelecer a hipótese de que o riso, como estado eufórico natural, é melhor do que o estado eufórico químico para afirmarmos, vamos dizer assim, que este deveria ser um motivo pelo qual os jovens deveriam dizer “não” às drogas.
Dopamina é um neurotransmissor que ajuda a controlar a recompensa do cérebro e os centros de prazer. Algumas pessoas a chamam de molécula da motivação que promove um pouco de emoção quando você realiza algo. E ela encoraja o riso. Sem ela, acontece algo chamado deficiência de dopamina.
Você já presenciou várias vezes em outras pessoas e sem dúvida em você mesmo(a): um lento tipo de apatia que resulta em tudo desde inabilidade para concentrar-se até dificuldade para dormir e falta de desejo sexual.
Porém, cientistas dizem que você pode melhorar os níveis de dopamina sem estar procurando por emoção. Ela pode ser elevada através da escolha de alimentos saudáveis como abacates, chocolate amargo e chá verde, e temperos saudáveis como açafrão e pimenta do reino. Ouvir música pode ter o mesmo resultado. Na verdade, até mesmo prever ouvir música pode ter o mesmo resultado.
De fato, a dopamina pode ajudá-lo(a) a relaxar e o relaxamento pode abrir sua mente para enxergar humor nas coisas. É muito saudável.
Claro, cientistas tiveram que fazer imagens de RM de pessoas rindo para verificar o que o riso realmente estimula. Acontece que rir não envolve realmente a boca e a garanta das pessoas, mas suas caixas torácicas e desponta como uma das formas mais primitivas de os humanos poderem emitir som. A BBC acrescenta:
“O riso é uma expressão emocional não verbal e estes sons, que tipicamente fazemos no fervor de tais emoções fortes, são mais como chamados animais do que nossos discursos normais.
Os produzimos de formas muito simples (diferente do discurso) e eles são controlados por um sistema evolucionário cerebral ‘mais antigo’ que mantém a vocali[z]ação em todos os mamíferos (diferente do discurso).
É por isso que um AVC pode fazer com que uma pessoa perca sua capacidade de falar, porém a mantém com capacidade para rir e chorar. Tal pessoa sofreu danos em áreas do cérebro que a permitem falar, porém o sistema emocional mais antigo mantém-se intacto.”
Um Riso Por Dia Mantém o Médico Longe
Surpreendentemente, seu riso pode beneficiar pessoas que o(a) ouvem soltá-lo. Cientistas da Universidade de Loma Linda conduziram um estudo para verificar se o riso pode promover algo mais além de somente fazer alguém sentir-se bem por alguns minutos.
Vinte adultos saudáveis com idades entre 60 e 70 anos concordaram em participar de um experimento que mediria sua memória de curto prazo e os níveis de estresse, relatou o Huffington Post.
Divididos em dois grupos, um deles deveria assistir a vídeos engraçados. Às pessoas do outro grupo foi solicitado que se sentassem quietas sem falar ou interagir entre si, sem livros, televisão ou celulares.
Vinte minutos depois, membros dos dois grupos tiveram suas salivas coletadas e foram submetidos a teste de memória curta. Embora os dois grupos tenham tido um desempenho melhor do que antes de o teste começar, o grupo que assistiu aos vídeos engraçados obteve resultados “significativamente” melhores. A melhoria foi de 43,6% comparando com somente 20,3% grupo sem atividade.
Ademais, os participantes do grupo “engraçado” apresentaram níveis muito mais baixos de cortisol, o chamado “hormônio do estresse”. Outros estudos múltiplos determinaram que o riso é um bom medicamento.
Aprenda a Rir; O Riso Mata a Dor
Cientistas — ou talvez humoristas — acreditam que um bom senso de humor pode ser desenvolvido com perspectiva adequada. Alguns exercícios simples são recomendados:
- Não leve as coisas tão a sério — especialmente você mesmo(a). Aprenda a rir de você mesmo(a) e, logo, isto irá transformar-se em sua forma involuntária de lidar com o estresse. As variantes são ira, depressão ou embaraço. O riso é tão mais divertido, sem dizer que é mais saudável.
- Passe mais tempo com pessoas que o(a) fazem rir e não tenham medo de rir delas mesmas. A falta de riso com muitas pessoas em sua vida prende seu senso de humor. Associe-se a um clube do livro, faça aulas de ioga ou aprenda a jogar boliche. Você vai encontrar pessoas com o mesmo tipo de pensamento, porque elas amam a vida.
- Nunca faça das outras pessoas parte de sua terapia do riso. Optar pelo que é divertido nunca inclui fazer com que outras pessoas sintam-se mal.
Um tema ainda não discutido, os benefícios em longo prazo que você obtém com o riso também incluem alívio da dor, simplesmente porque os limites da dor aumentam quando os níveis de endorfina aumentam. De acordo com Robin Dunbar, Ph.D., mestre da psicologia evolucionária da Universidade de Oxford:
“O riso é definitivamente o melhor medicamento para dor. Parece que as endorfinas afinam o sistema imunológico, portanto disparar sua liberação através do riso ajuda-o(a) a recuperar-se de uma doença e permite que o organismo resista a infecções.
O alívio cômico ajudaria as pessoas que sofrem de dor crônica? Presumivelmente, quanto mais você engaja-se em eventos sociais que envolvam o riso, mais capaz você seria de lidar com a dor crônica. Sem dúvida, as companhias farmacêuticas não gostam disso, porém o riso economizaria dinheiro em contas hospitalares”.