Novas revelações sustentam que alimentação e exercícios podem reverter a resistência à leptina, promovendo um peso saudável

molécula de leptina 3d

Resumo da matéria -

  • A leptina é um hormônio poderoso e influente que é produzido pelas células adiposas. Ela desempenha um papel fundamental na regulagem do consumo e do gasto de energia. Ao adquirir uma melhor compreensão de como a leptina e seu receptor interagem, os pesquisadores agora acreditam que serão capazes de encontrar novos tratamentos para a obesidade e outros distúrbios metabólicos
  • É improvável que o uso de medicamentos resolva a resistência à leptina, pois estes são ineficazes e até contraproducentes para a resistência à insulina. A melhor maneira de corrigir a resistência à leptina é através da alimentação. Uma alimentação estratégica que visa evitar os picos de açúcar no sangue e favorecer as gorduras boas aumenta a sensibilidade à insulina e à leptina
  • De acordo com pesquisas recentes, a obesidade promove o crescimento de tumores existentes independentemente da alimentação, o que pode ajudar a explicar por que as pacientes magras com câncer de mama geralmente têm melhores resultados do que suas contrapartes obesas
  • Pesquisas anteriores mostraram que o exercício pode converter as células de gordura “brancas”, que aumentam o câncer, em gordura “marrom”, que promove mais saúde (trata-se de um tipo de gordura geradora de calor que queima energia em vez de armazená-la)

Por Dr. Mercola

A leptina, um hormônio que desempenha um papel fundamental na regulagem do consumo e do gasto de energia, pode ser um dos hormônios mais importantes em seu corpo para determinar sua saúde e expectativa de vida. A insulina é outra, e ambas trabalham em conjunto.

Tanto a resistência à insulina quanto à leptina estão associadas à obesidade, e o comprometimento da capacidade de transferir informações para os receptores é o verdadeiro cerne da maioria das doenças degenerativas crônicas.

O metabolismo pode ser definido, a grosso modo, como a química que transforma o alimento em vida e, portanto, a insulina e a leptina são essenciais para a saúde e as doenças. A insulina e a leptina atuam juntas para controlar a qualidade do metabolismo e, de forma significativa, a taxa do seu metabolismo.

Ao adquirir uma melhor compreensão de como a leptina e seu receptor interagem, os pesquisadores agora acreditam que serão capazes de encontrar novos tratamentos para a obesidade e outros distúrbios metabólico, como o diabetes tipo 2, além de doenças inflamatórias como a artrite reumatóide e a psoríase.

Segundo recente pesquisa publicada no periódico Molecular Cell, o receptor da leptina tem duas pernas articuladas que giram até entrarem em contato com a leptina.

Quando a leptina se liga ao receptor, essas pernas param de girar e se tornam rígidas, enviando um sinal para uma enzima chamada Janus quinase, que tem a capacidade de se ligar a citocinas inflamatórias. Acredita-se que a inibição das Janus quinases possa ajudar a melhorar os distúrbios inflamatórios e metabólicos.

Alan Saltiel, Diretor do Life Sciences Institute, disse ao Medical News Today:

"Esse estudo pode ajudar a solucionar uma questão importante com a qual estamos lidando há algum tempo... Como a leptina é um regulador importante do apetite, entender por que a resistência a seus efeitos se desenvolve na obesidade tem sido um grande obstáculo para a descoberta de novos medicamentos para obesidade e diabetes.

Desenvolver uma imagem clara de como a leptina pode se ligar ao seu receptor seria o primeiro passo para combater a resistência à leptina."

É compreensível que o desenvolvimento de terapias com medicamentos para "consertar" a resistência à leptina seja o foco principal. Essa é a única foma como a indústria médica consegue fazer dinheiro. No entanto, a chave para corrigir a resistência à leptina não tem nada a ver com medicamentos, mas com a alimentação. Mas primeiro...

O que exatamente é a leptina?

A leptina é um hormônio muito poderoso e influente que é produzido pelas células adiposas. Sua gordura, por meio da leptina, diz ao seu cérebro se você deve estar com fome, se deve comer e produzir mais gordura, se deve se reproduzir ou (parcialmente controlando a insulina) se deve entrar em manutenção ou reparo do organismo.

Em suma, a leptina é o meio de comunicação das suas reservas de gordura com o cérebro, para informar a este quanta energia está disponível e, ainda mais importante, o que fazer com ela. Portanto, a leptina pode estar no topo da cadeia alimentar em importância metabólica e relevância para doenças.

Se a sinalização da leptina estiver funcionando corretamente, quando suas reservas de gordura estiverem "cheias", essa gordura extra causará um aumento no nível de leptina, que sinaliza para seu cérebro parar de sentir fome, parar de comer, parar de armazenar gordura e começar a queimar um pouco de gordura extra.

A principal forma (embora não a única) pela qual a leptina controla o armazenamento de energia é regulando a fome. A fome é um impulso muito poderoso, antigo e profundo que, se for estimulado tempo suficiente, fará com que você coma e armazene mais energia. A única maneira de comer menos a longo prazo é não sentir fome, e a única maneira de fazer isso é controlando os hormônios que regulam a fome, sendo a principal a leptina.

Como alguém se torna resistente à leptina?

Você se torna resistente à leptina pelo mesmo mecanismo geral como se torna resistente à insulina – pela superexposição contínua a altos níveis do hormônio. Se você tiver uma alimentação rica em açúcar (especialmente frutose), grãos e alimentos processados – o mesmo tipo de alimentação que também aumenta a inflamação no organismo – quando o açúcar é metabolizado em suas células adiposas, a gordura libera picos de leptina.

Com o tempo, se o seu corpo for exposto a muita leptina, ele desenvolverá resistência, assim como pode se tornar resistente à insulina.

A única maneira conhecida de restabelecer a sinalização adequada da leptina (e da insulina) é impedindo esses picos, e a única forma de fazer isso é através da alimentação. Assim, a alimentação pode ter um efeito mais profundo na sua saúde do que qualquer outra modalidade conhecida de tratamento médico.

Uma dieta estratégica com alimentos integrais, como detalhado em meu plano nutricional gratuito, que enfatiza as gorduras boas e evita os picos de açúcar no sangue juntamente com uma suplementação direcionados, vai melhorar a sensibilidade à insulina e leptina para que seu cérebro possa ouvir novamente os sinais desses hormônios.

Obesidade ajuda a estimular o crescimento do câncer, sugere novo estudo

A resistência à insulina e leptina está diretamente relacionada com a questão da obesidade, que agora é um problema de proporções épicas, pois aumenta o risco de uma ampla variedade de outras doenças graves. Pelo menos 20 doenças e condições diferentes são diretamente atribuídas ao sobrepeso. Esse problema social emergiu nas últimas quatro décadas, em grande parte devido às diretrizes nutricionais extremamente equivocadas.

Uma doença relacionada ao excesso de peso é o câncer. De acordo com pesquisas recentes, a obesidade promove o crescimento de tumores existentes independentemente da alimentação, o que pode ajudar a explicar por que as pacientes magras com câncer de mama geralmente têm melhores resultados do que suas contrapartes obesas.

Um estudo em animais, publicado em 15 de outubro no periódico Cancer Research, mostrou que o câncer em camundongos obesos teve um crescimento muito mais rápido do que em camundongos magros submetidos à mesma alimentação. Segundo os autores:

"Neste estudo, mostramos que a obesidade facilita o crescimento do tumor em camundongos, independentemente da alimentação, sugerindo um efeito direto do excesso de tecido adiposo branco. Quando transplantadas em camundongos, as células do estroma adiposo podem servir como progenitores de adipócitos do tecido adiposo perivascularque promovem o crescimento do tumor, talvez ajudando a explicar a relação entre obesidade e câncer."

Os pesquisadores descobriram que a presença do câncer fez com que as células do estroma adiposo – células de gordura "brancas" – migrassem para a corrente sanguínea. Quando essas células se deparam com um tumor, algumas ajudam a fornecer oxigênio e nutrientes a ele, alimentando assim o crescimento do câncer.

O pesquisador chefe Mikhail Kolonin disse à MedicineNet:

"O fato de essas células estarem presentes nos tumores ainda é um conceito em formulação. Nós mostramos que elas não só estão presentes, mas também são funcionais e afetam o crescimento do tumor. Identificar os sinais que fazem com que essas células sejam recrutadas para os tumores e encontrar maneiras de bloqueá-las pode resultar numa nova via de tratamento para o câncer".

Reduzindo a obesidade para extinguir o potencial tumoral

Como afirmado no estudo principal, as implicações são claras: "reduzir a obesidade antes e depois do aparecimento de tumores". Infelizmente, não houve nenhuma menção sobre o papel do estilo de vidana redução das células de gordura "brancas" que aumentam o câncer...

Mais uma vez, o foco está no desenvolvimento de tratamentos com medicamentos para converter as células de gordura "brancas" que aumentam o câncer na meno nociva gordura "marrom" (um tipo de gordura geradora de calor que queimaduras energia em vez de armazená-la).

Se você deixar sua saúde e bem-estar depender disso, provavelmente vai perder a vez e se juntar às fileiras das estatísticas de câncer. Uma pesquisa mostrou que certos grupos de pessoas tendem a ter mais gordura marrom do que outros, e existem correlações diretas entre a ativação da gordura marrom e as medidas metabólicas para a boa saúde. Por exemplo:

  • Pessoas magras têm mais gordura marrom do que as pessoas obesas
  • As pessoas mais jovens têm mais gordura marrom do que as pessoas idosas, e
  • Pessoas com níveis normais de açúcar no sangue têm mais gordura marrom do que aquelas com alto nível de glicose sanguínea

Então, existe uma maneira de converter a gordura branca em gordura marrom sem o uso de nenhum remédio? Sim, existe. Em um estudo com camundongos, os animais transformaram a gordura branca em gordura marrom simplesmente através de exercícios.

O estudo, publicado no periódico Disease Models and Mechanisms em maio de 2012 descobriu que, durante o exercício, os músculos dos animais liberavam uma enzima chamada irisina, que desencadeava a conversão das células de gordura branca em marrom. Outro estudo publicado no Nature também sugere que a irisina possa ser fundamental para se explicar os benefícios terapêuticos do exercício em casos de doença metabólica.

Os autores escrevem:

"A irisina atua sobre as células adiposas brancas em cultura e in vivo para estimular a expressão da UCP1 e um amplo programa de desenvolvimento semelhante à gordura marrom. A irisina é induzida com o exercício em camundongos e humanos, e os níveis levemente aumentados da substância no sangue causam um aumento no gasto de energia em camundongos sem alterações no movimento ou na ingestão de alimentos. Isso resulta em melhorias na obesidade e na homeostase da glicose".

Resumo

Então, para resumir: a resistência à insulina e leptina é um fator essencial para a obesidade, que por sua vez é um fator de risco para o câncer e pode acelerar o crescimento do tumor. Mas a solução não se encontra em medicamentos. Para reverter resistência à insulina e leptina:

Evite açúcar, frutose, grãos e alimentos processados

Tenha uma dieta saudável com alimentos integrais, idealmente orgânicos, e substitua os carboidratos de grãos por:

Nenhum a pouco açúcar ou carboidrato proveniente de grãos

Quantidades baixas a moderadas de proteína

O máximo de gordura saudável de alta qualidade (saturada e monoinsaturada). A maioria das pessoas precisa de mais de 50 a 70%de gorduras em sua dieta para melhorar a saúde. Boas fontes incluem coco e óleo de coco, abacate, manteiga, nozes e gorduras animais. Também tome uma fonte de ômega-3animal de alta qualidade como o óleo de krill

Da mesma forma, enquanto os pesquisadores investigam as vias farmacêuticas para converter as células de gordura branca em marrom num esforço para reduzir o potencial de crescimento do câncer, outra pesquisa já mostrou que isso pode ser conseguido através do exercício.

Como eu disse antes, cerca de 80% dos benefícios que você obtém para a saúde a partir de um estilo de vida saudável vêm da sua alimentação, e os 20% restantes dos exercícios – mas são 20% muito importantes, pois atuam em conjunto e estimulam os benefícios derivados de uma alimentação adequada. Para o máximo de benefícios, você deve incluir o treino intervalado de alta intensidade, que é parte central do meu programa Peak Fitness.