Por Dr. Mercola
O estresse é uma resposta do corpo que nos permite capturar presas ou fugir de predadores, também conhecida como resposta de luta ou fuga. Infelizmente, muitas das mesmas reações que seu corpo usa para proteger você do perigo, também podem ser usadas para lidar com o aumento do preço da gasolina, o medo de falar em público ou a necessidade de lidar com chefes difíceis.
Em outras palavras, o corpo às vezes tem dificuldade em desativar o estresse. Existem várias estratégias que você pode tentar se estiver passando por uma enorme quantidade de estresse psicológico ou físico, a fim de aliviar sua resposta e reduzir seus efeitos negativos para a saúde. No entanto, embora alguns anúncios tenham elevado a possibilidade de se viver em um mundo perfeito, um mundo sem estresse pode matar você.
De acordo com o periódico Psychology Today, o estresse é a desconexão percebida entre o que está acontecendo e seus recursos para lidar com a situação. Isso significa que o estresse pode ser uma ameaça real ou imaginária, uma vez que esta é percebida.
Embora em excesso seja tóxico, os psicólogos recomendam um pouco de estresse para a resiliência física e mental. Por exemplo, sem estresse social para se sair bem na escola, os alunos podem deixar estudar ou de comparecer à aula. No entanto, estressores maiores podem ser debilitantes, como cuidar de alguém com uma doença crônica e debilitante ou perder o emprego.
Pesquisadores também descobriram que o estresse físico pode ajudar a melhorar o desenvolvimento. Uma equipe da Universidade Johns Hopkins acompanhou 137 mulheres grávidas e seus filhos de dois anos de idade. Eles descobriram que uma pequena quantidade de ansiedade e estresse durante a gravidez estava associada a um desenvolvimento físico mais avançado de seus filhos.
Os pesquisadores descobriram que o estresse materno pré-natal não afeta o temperamento da criança, a atenção ou a capacidade de controlar o comportamento. Tal como acontece com a maioria dos processos biológicos, existe um equilíbrio, pois muito estresse físico ou psicológico tem um impacto negativo na saúde, e muito pouco pode não oferecer desafio suficiente para os sistemas corporais.
A cromatina é essencial para resposta ao estresse e a longevidade
Uma pesquisa recente da Faculdade de Medicina de Baylor descobriu que o estresse da cromatina desencadeia uma resposta celular que pode levar a uma vida mais longa. Para que um organismo sobreviva, ele deve ser capaz de se adaptar às condições em mudança. A resposta celular dedicada a isso é coordenada pela modulação da estrutura do genoma.
No interior das células que contêm um núcleo, o DNA se associa a proteínas histonas para criar uma estrutura conhecida como nucleossomas, que posteriormente são condensados em cromatina. O grau e estrutura dessa associação determina os genes transcritos e usados — epigenética ou a expressão do seu código genético. Essa expressão é afetada pelo estresse ambiente.
Tudo que envolve a leitura do seu DNA deve lidar com a estrutura da cromatina. O autor correspondente do estudo apresentado, o Dr. Weiwei Dang, do Baylor College of Medicine, explica que quando um gene específico é expresso, as enzimas interagem com a cromatina para negociar o acesso a fim de traduzir as informações em proteínas específicas.
Com o estresse da cromatina, sua perturbação pode levar a mudanças indesejáveis na expressão genética. Durante esse estudo, a equipe trabalhou com levedura para determinar como os genes histônicos afetariam a longevidade. Em laboratório, a equipe excluiu o locus HHT1-HHF1 da histona H3-H4 e inesperadamente descobriu que, com esse número reduzido de genes, a levedura se replicava por mais tempo.
A resposta à perturbação da cromatina na levedura mudou a ativação para genes que eventualmente promoveram a longevidade das células da levedura. A equipe descobriu que esse estresse também ocorria em outros organismos, incluindo um verme de laboratório, moscas-das-frutas e células-tronco embrionárias de camundongos, todos promovendo a longevidade.
As mitocôndrias produzem energia e sustentam a vida
As mitocôndrias têm um enorme potencial para influenciar sua saúde. Em essência, elas são minúsculas usinas elétricas encontradas na maioria das células do corpo. Eles formam uma rede interconectada que permite a distribuição de energia.
Elas atuam transferindo elétrons de gorduras e açúcares para o oxigênio no processo de geração de ATP (adenosina trifosfato). Esta é a "moeda energética" usada pelas células do seu corpo.
As mitocôndrias são únicas porque possuem seu próprio código genético diferente do DNA nuclear, conhecido como DNA mitocondrial (mtDNA). Elas também têm respostas celulares, moleculares e comportamentais ao estresse, aumentando a demanda por energia.
As mitocôndrias interceptam o estresse psicológico e biológico
Durante o estresse, a função mitocondrial muda para se proteger contra doenças à medida que você envelhece. Uma via de resposta ao estresse nas células se chama resposta a proteínas desdobradas (UPR) com várias divisões regulando diferentes funções celulares. O estresse mitocondrial ativa a histona metiltransferase MET-2 e o co-fator nuclear LIN-65.
As alterações na expressão do DNA são afetadas pela estrutura da cromatina. Um estudo demonstrou que as enzimas que modificam as histonas são atores importantes na resposta da UPR mitocondrial. Usando a triagem genética, a equipe descobriu que o gene lin-65 era importante para a indução da RPU mitocondrial a fim de prolongar a expectativa de vida, mas ocorreu mesmo na ausência do lin-65, sugerindo que havia outras vias.
Além de ser importante para aumentar a longevidade, a resposta ao estresse mitocondrial também pode ser uma interseção entre o estresse psicológico e as respostas biológicas. Em uma revisão de 23 estudos com animais, as evidências indicam que o estresse agudo e crônico influencia a biologia mitocondrial.
As mudanças mal adaptativas na mitocôndria, chamadas de carga alostática mitocondrial, são um possível mecanismo usado para converter experiências psicológicas em mudanças fisiológicas. Esse entendimento tem consequências de longo alcance.
A remodelação da cromatina pode afetar a mudança fisiológica
Em um estudo, por exemplo, os pesquisadores encontraram evidências iniciais de que diferentes tipos de interação com bebês e crianças pequenas geram diferenças no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, desencadeando o remodelamento da cromatina. Isso oferece uma razão potencial para que alterações moleculares no desenvolvimento inicial resultem em respostas emocionais ao longo da vida, como resultado da alteração da cromatina em regiões específicas.
Os pesquisadores acreditam que isso possa fornecer informações sobre como as experiências se movem de estímulos externos para mudanças biológicas internas através da remodelação da cromatina e, potencialmente, resultando em mudanças emocionais no adulto. Em outras palavras, o estresse mitocondrial altera a cromatina no início da vida e pode ter um impacto significativo no desenvolvimento posterior.
Outro estudo do Hospital Infantil da Filadélfia usou um estudo com animais para mostrar como as alterações nas mitocôndrias poderiam levar a mudanças fisiológicas em resposta ao estresse leve.
Isso também afetou a forma como os mamíferos responderam às mudanças em seu ambiente e podem ter profundas implicações na ideia de que as doenças neuropsiquiátricas são hereditárias. Os pesquisadores acreditam que a implicação neste estudo possa ajudar a sugerir novas terapias para doenças neuropsiquiátricas e tornar os indivíduos mais resistentes a mudanças ambientais.
O estresse físico produz uma mudança mitocondrial benéfica
A função básica das mitocôndrias, isto é, sua capacidade de fornecer energia para o crescimento e desenvolvimento, significa que elas orquestram a vida e a morte da maioria das células. Um acúmulo de detritos intracelulares acelera o envelhecimento biológico, a inflamação crônica e a deterioração celular.
Em um estudo publicado pela Mayo Clinic, 72 homens e mulheres foram divididos em grupos mais jovens e mais velhos e depois divididos em três programas de exercícios: alta intensidade, treinamento de força e uma combinação desses. O objetivo do pesquisador era avaliar a atividade física na transcrição gênica e na respiração mitocondrial.
Ao final do experimento, foram realizadas biópsias dos músculos da coxa, e a composição molecular foi comparada com a de um grupo controle sedentário. Eles descobriram que, embora o treino de força construísse massa muscular, foi o treino intervalado de alta intensidade (HIIT) que demonstrou o maior valor em um nível celular.
O HIIT pareceu minimizar o dano às mitocôndrias pelo acúmulo de detritos à medida que envelhecemos. Aqueles que estavam no grupo de HIIT apresentaram maior sensibilidade à insulina, mas menor aumento de força muscular.
Os participantes mais jovens da experiência de treino intervalado tiveram sua capacidade mitocondrial aumentada em 49%, mas foram os participantes mais velhos que experimentaram uma resposta mais drástica: um aumento de 69%.
O estresse físico também afeta o tecido cerebral
Outro grupo de pesquisa realizou um estudo com animais para determinar se alguns dos mesmos benefícios mitocondriais experimentados no músculo esquelético ocorriam no tecido cerebral. Eles acreditam que os resultados de seu estudo sugerem que o treinamento físico, mesmo em camundongos mais velhos, poderia melhorar a função mitocondrial neurológica.
Os resultados desses estudos sustentam um artigo anterior no qual os autores haviam proposto que, embora os avanços tivessem aumentado a expectativa de vida, o conhecimento do que está acontecendo no nível molecular e celular pode prolongar a expectativa de vida máxima.
Ao revisar a literatura, eles descobriram um elo comum emergindo em experimentos usando plantas e animais, indicando que a regulação da vida e do envelhecimento se encontra no sistema mitocondrial. Além disso, o declínio pode ser combatido com atividade física, e o exercício aeróbico regular pode aumentar ou prolongar a vida no nível mitocondrial.
Fatores alimentares promovem a longevidade mitocondrial
Pesquisas anteriores demonstraram que as restrições calóricas têm um impacto positivo no tempo de vida, pois retardaram o processo de envelhecimento em animais de laboratório. A manipulação de redes mitocondriais por meio de jejum ou manipulação genética demonstrou a capacidade de aumentar o tempo de vida.
Um estudo da equipe de pesquisa de Harvard investigou a biologia básica envolvida e como o jejum promove um envelhecimento saudável. Os pesquisadores usaram vermes nematoides com uma duração normal de apenas duas semanas para que pudessem estudar a vida útil em tempo real.
A restrição alimentar do verme, ou alteração genética de suas mitocôndrias, manteve a rede mitocondrial num estado mais jovem e aumentou a expectativa de vida dos vermes. Os pesquisadores acreditam que seus resultados demonstram como a flexibilidade das redes mitocondriais é usada em um estado de jejum para prolongar a vida útil.
Um segundo estudo avaliou que o dano causado pela sobrecarga da dieta sobre a função mitocondrial pode levar ao envelhecimento prematuro dos tecidos. Pesquisadores criarem cronogramas semanais de jejum e demonstraram que estes eram eficazes na limitação dos danos mitocondriais.
Os tecidos dos participantes do teste conseguiram manter uma respiração mitocondrial eficiente no músculo esquelético e mostraram uma melhora nos perfis de glicose no sangue. A equipe de pesquisa concluiu que o jejum pode representar uma estratégia eficaz para limitar o comprometimento mitocondrial e melhorar a flexibilidade metabólica, não encontrada naqueles que normalmente tem uma alimentação ocidental.
Estratégias para mediar a esmagadora resposta ao estresse
Embora uma pequena quantidade de estresse ajude as mitocôndrias a se manterem saudáveis e prolongarem sua vida, o estresse opressivo tem o efeito oposto. O estresse excessivo acaba afetando negativamente o sistema imunológico, a saúde intestinal, as emoções e o sono.
O estresse é um dos maiores desafios enfrentados por muitos adultos nos EUA, afetando negativamente a saúde mental e física. Uma pesquisa sobre o Estresse na América pela American Psychological Association (APA) em 2015 revelou que um número considerável de adultos não acha que está fazendo o suficiente para controlar seu estresse.
Os níveis de estresse também estão aumentando. Em 2015, 25% dos participantes disseram achar que, no mês anterior, os problemas “frequentemente” estavam se acumulando tanto que eles não seriam capazes de os superar, em comparação a 16% em 2014. Em média, aqueles que alegaram ter apoio emocional experimentaram níveis mais baixos de estresse do que aqueles que não alegaram qualquer apoio emocional.
Embora um pouco de estresse ajude seu corpo a se adaptar a mudanças e aumente sua longevidade, o estresse em excesso pode afetar sua saúde mental e física. Nos artigos a seguir, você encontrará estratégias para ajudar a aliviar seus níveis de estresse. Algumas estratégias você pode tentar quando estiver sob estresse agudo, não importa onde esteja, e outras você possa usar para aliviar e controlar o estresse a longo prazo.