O tratamento de doenças autoimunes com baixa dosagem de naltrexona e mudanças alimentares

Naltrexona

Resumo da matéria -

  • A naltrexona é um antagonista dos opiáceos, originalmente desenvolvida no início dos anos 60 para o tratamento do vício em opioides. Quando tomada em dosagens muito baixas, desencadeia a produção de endorfina, o que pode aumentar sua função imunológica
  • As gluteomorfinas (do glúten) e as caseomorfinas (da caseína) atuam como opioides exógenos que suprimem a função imunológica. Portanto, uma dieta auto-imune precisa estar livre de glúten e laticínios
  • A naltrexona em baixa dosagem é mais eficaz quando combinada com uma dieta auto-imune, livre de glúten e laticínios, rica em vegetais frescos e fermentados, com quantidades baixas a moderadas de proteína de alta qualidade

Por Dr. Mercola

A maioria das pessoas sabe que os medicamentos não são a solução ideal para seus problemas de saúde, mas existem algumas exceções a essa regra.

O Dr. Thomas Cowan, médico da família e membro do conselho fundador da Weston A. Price Foundation (WAPF), é um forte defensor do uso de naltrexona em baixa dosagem (da sigla em inglês, LDN, low-dose naltrexone) para o tratamento de doenças autoimunes.

O que é naltrexona?

A naltrexona é um antagonista dos opiáceos, originalmente desenvolvida no início dos anos 60 para o tratamento do vício em opioides (como a heroína), que era predominante na época. Ela bloqueia os efeitos do narcótico ao se ligar a receptores opioides no corpo.

"A naltrexona é um antagonista puro aos opiáceos; o que significa que não tem agonista. Agonista significa que tem um efeito positivo. Não tem efeito agonista. Não tem efeito analgésico. Não há euforia. Não há "barato". Simplesmente bloqueia os opiáceos", Cowan explica.

Para as overdoses de heroína, uma dosagem de cerca de 30 a 50 miligramas (mg) de naltrexona foi, e ainda é, usada para prevenir a depressão respiratória fatal causada pela overdose de narcótico.

No entanto, a droga não bloqueia apenas os opiáceos narcóticos exógenos. Muitos usuários de drogas se recusaram a tomar a naltrexona porque ela os fazia se sentirem terríveis, e isso levou à descoberta das endorfinas.

As endorfinas são opiáceos endógenos, o que significa que não são introduzidas de fora. Elas são produzidas naturalmente pelo corpo. Foi por isso que as pessoas sofreram disforia (o oposto da euforia) ao tomar naltrexona, pois a droga também bloqueava os opioides naturais (endorfinas).

A descoberta da naltrexona em baixa dosagem e seus benefícios

O Dr. Bernard Bihari começou a se interessar pela naltrexona no final dos anos 80, pois muitos de seus pacientes viciados também tinham problemas imunológicos. Muitos deles tinham AIDS, que é um declínio imunológico mediado pelas células.

Ele observou que praticamente os únicos pacientes que morriam de infecção por HIV eram aqueles que usavam opiáceos. Ele se perguntava se os opiáceos endógenos poderiam ter algo a ver com a função imunológica, o que desde então tem demonstrado ser o caso em milhares de estudos.

"Ele decidiu que talvez essas pessoas com problemas imunológicos tivessem deficiências de endorfina", diz Cowan. "Isso o levou a tentar descobrir uma maneira de estimular a produção de endorfina.

Ele descobriu que, se usar uma dosagem muito baixa de naltrexona, você bloqueia os receptores de opiáceos por aproximadamente uma hora, e então seu corpo responde regulando sua síntese de opiáceos.

Você acaba com cem ou mil vezes mais endorfinas e um sistema imunológico que funciona melhor."

Essencialmente, se usada em dosagem muito baixa, cerca de um décimo da dosagem que se usaria para o vício em opioides, ou menos, a naltrexona funciona como uma forma de hormesis, que é quando um composto que é tóxico em altas dosagens acaba tendo o efeito inverso em dosagens pequenas ou diminutas.

"A LDN é provavelmente o único fármaco que eu uso como rotina", diz Cowan. "Vi mais pessoas melhorarem com esse medicamento do que qualquer outro medicamento que já usei.

Quando observa a medicina natural, por exemplo: o ginseng estimula a função cortical adrenal. Na verdade, ele não faz nada sozinho; apenas estimula sua glândula adrenal a fazer alguma coisa. É assim que os medicamentos naturais funcionam. Essa é toda a filosofia da homeopatia.

Da mesma forma, mesmo que não seja realmente um "medicamento natural", a LDN estimula a produção de endorfina. Na verdade, não faz nada de positivo em si. O paciente tem que responder.

Se não responder, não há efeito. Se responder e produzir mais endorfinas, como aconteceria se tivesse tomado um medicamento natural, então teremos o efeito positivo de uma quantidade normal de produção de endorfina."

Recomendações de dosagem da LDN

A faixa normal de LDN é entre 1,5 e 4,5 mg por dia, tomado cerca de uma hora antes da hora de dormir (não de manhã). Existem algumas razões para esse horário.

Primeiro, como está bloqueando as endorfinas, fazê-lo no meio da noite impede que você perceba que se sente péssimo. Segundo, a resposta da endorfina é maior à noite. Quanto aos efeitos colaterais, a LDN tem um perfil de segurança invejável. O efeito colateral mais comum são os sonhos incomuns e, às vezes, mais vívidos.

Cowan normalmente inicia o tratamento dos pacientes com 1,5 mg por duas semanas. Pessoas sensíveis, como aquelas com problemas de tireoide, podem começar com uma dosagem tão baixa quanto 1 mg por dia, mas como regra geral, dosagens menores que 1,5 mg/dia tendem a ser ineficazes para a maioria dos adultos.

Se houver um efeito positivo, o paciente permanecerá nessa dosagem. Se não houver efeito, a dosagem é aumentada para 3 mg por dia. Se houver um efeito negativo, a dosagem é diminuída.

Se houver um efeito positivo de 3 mg, a dosagem é mantida. Se ainda não houver efeito, aumenta-se para 4,5 mg e, se houver um efeito negativo, diminui-se a dosagem. Dito isto, a chave para a LDN é a baixa dosagem. Muitas vezes, pode ser preciso diminuir a dosagem se você não notar um efeito benéfico.

"Se der 2,5 mg a alguém e isso não funcionar, diminua a dosagem. Se der 1,5 mg e não funcionar, tome em dias alternados", diz Cowan. "Porque o princípio é que a repercussão é o efeito positivo, não a droga. Com os medicamentos normais, se não der certo, você dá mais, mas aqui é o contrário."

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