Por Dr. Mercola
O rico teor de flavonoides nos frutos de espinheiro-branco podem ajudar a reverter os efeitos de doenças cardiovasculares, bem como melhorar a digestão e o metabolismo do fígado.
De acordo com a American Heart Association, quase 50% de todos os adultos que vivem nos Estados Unidos são afetados por doenças cardiovasculares. Esse termo abrange diversas condições, incluindo doenças cardíacas, aterosclerose, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, pressão alta e arritmias cardíacas.
As doenças cardiovasculares afetam o coração e os tecidos de suporte que fornecem sangue, oxigênio e nutrientes por todo o corpo. De acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças, as doenças cardíacas são a principal causa de morte nos Estados Unidos, e o derrame vem em 5º lugar. A aterosclerose é um fator significativo associado às doenças cardiovasculares.
No entanto, existem escolhas que você pode fazer que têm impacto na sua saúde, mesmo após o desenvolvimento de doenças crônicas. Consumir os frutos ou extrato de espinheiro-branco pode ser uma dessas opções.
Os frutos de espinheiro-branco fazem bem para o coração
O uso medicinal dos frutos de espinheiro-branco remonta a 659 d.C., na China. No início do século XIX, os médicos nos Estados Unidos a utilizavam para tratar problemas cardíacos, incluindo hipertensão, insuficiência cardíaca e aterosclerose.
Estudos de pesquisa modernos descobriram que o extrato dos frutos de espinheiro-branco demonstra efeitos anti-ateroscleróticos que podem estar relacionados às vias de sinalização que afetam a inflamação e a apoptose. Os cientistas descobriram quatro vias principais pelas quais os frutos de espinheiro-branco influenciam o sistema cardiovascular. Estas incluem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, de proteção endotelial e hipolipemiantes.
Uma revisão da literatura descobriu que as flavonas nos frutos de espinheiro-branco demonstraram a capacidade de atenuar o comprometimento endotelial após uma cirurgia de revascularização do miocárdio. O extrato de espinheiro-branco também demonstrou ser capaz de manter a função endotelial normal em laboratório e in vivo.
O extrato ajuda a reduzir a retenção de lipídios e a formação de placa vascular. Isso inicia um processo que, em última instância, reduz a produção de citocinas inflamatórias e espécies reativas ao oxigênio (ROS). O que, por sua vez, ajuda a manter a função normal e protege o sistema vascular dos macrófagos e monócitos circulantes, continuando a reduzir a inflamação.
Vários testes em humanos demonstraram que os participantes que tomam extrato de espinheiro-branco podem aumentar sua capacidade de trabalho e reduzir os sintomas de insuficiência cardíaca congestiva. Em um estudo com 952 pacientes com insuficiência cardíaca documentada, os pesquisadores descobriram que aqueles que receberam espinheiro-branco como terapia complementar por dois anos demonstraram sintomas muito menores de insuficiência cardíaca congestiva: fadiga, dispneia e palpitações.
A proteção vascular também inclui a capacidade de suportar a atividade de sinalização do cálcio no coração e nos vasos sanguíneos. Vários estudos em animais demonstraram que o espinheiro-branco atua como vasodilatador, inclusive para aumentar os níveis de óxido nítrico.
Em um estudo de 16 semanas em indivíduos com diabetes tipo 2 e hipertensão, os participantes tomaram 1.200 miligramas (mg) de extrato de espinheiro-branco por dia ou um placebo. Aqueles que tomaram o extrato demonstraram maiores melhoras na pressão arterial em relação ao grupo do placebo. Os pesquisadores não relataram nenhuma interação com os medicamentos que os pacientes já estavam tomando, e houve apenas pequenas queixas de saúde em ambos os grupos.
Benefícios dos frutos de espinheiro-branco para o metabolismo hepático
Os frutos de espinheiro-branco também têm sido usados de forma tradicional para tratar problemas digestivos, incluindo constipação. Eles contêm fibras, atuando como um pré-biótico para alimentar as bactérias saudáveis do intestino. Em um estudo com animais, aqueles tratados com extrato de espinheiro-branco apresentaram uma redução do tempo de trânsito dos alimentos no trato digestivo.
Em outro estudo com animais usando ratos com úlceras estomacais, o extrato mostrou efeitos protetores sobre o revestimento do estômago, semelhantes aos de um medicamento anti-úlcera. O extrato de espinheiro-branco também demonstrou a capacidade de diminuir o acúmulo de gordura no fígado em animais submetidos a uma alimentação rica em gordura.
O acúmulo de gordura no fígado que ocorre sem o uso de álcool é chamado de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Uma forma mais grave é chamada de esteato-hepatite não alcoólica (EHNA), que provoca inchaço e danos permanentes ao órgão.
As doenças hepáticas estão emergindo como um problema de saúde global, com a DHGNA e a esteatose hepática de causa alcoólica sendo as mais comuns. Embora haja uma grande variação encontrada de país para país, a prevalência global chega a 25,24% da população.
A prevalência mais alta foi encontrada nos países do Oriente Médio e da América do Sul, e a prevalência mais baixa é encontrada na África. Nos EUA e na América do Norte, a prevalência está entre 21% e 24,7%. Em um estudo com animais, os pesquisadores descobriram que os flavonoides da folha do espinheiro-branco, que são os extratos mais bioativos encontrados nas folhas da planta, tiveram uma influência positiva sobre a esteatose hepática induzida pela alimentação.
Eles também descobriram que a suplementação reduziu o peso corporal dos animais e o peso do fígado, melhorando os parâmetros séricos e a função hepática. Ao que parece, o resultado se deve ao aumento dos níveis circulantes de adiponectina, que é um hormônio envolvido na regulação da quebra de glicose e ácidos graxos.
Além disso, ativou a AMPK. Isso fez com que os pesquisadores concluíssem que o extrato de folha de espinheiro-branco ajuda a "melhorar a esteatose hepática ao aumentar a via da adiponectina/AMPK no fígado de ratos com DHGNA induzida pela alimentação rica em gordura".
Os benefícios antienvelhecimento incluem proteção contra rugas
Os polifenóis têm sido estudados há muito por sua contribuição com a proteção da pele contra a luz ultravioleta e a modulação das características da pele. Embora o espinheiro-branco seja rico em flavonoides, os níveis mais altos são de proantocianidinas, proantocianidinas oligoméricas (OPCs) ou oligômeros procianidólicos (PCOs). Uma análise do extrato de espinheiro-branco usando cromatografia líquida de alto desempenho mostrou que ele também é rico em epicatequinas.
A combinação de ácido clorogênico, proantocianidinas B2 e epicatequinas foi responsável por 51,4% do total de polifenóis da fruta. Esses compostos são antioxidantes poderosos. Assim como outras áreas do corpo, o tecido conjuntivo da pele está sujeito aos efeitos prejudiciais da inflamação crônica e das espécies reativas ao oxigênio.
Estudos demonstraram os efeitos poderosos que as epicatequinas e as proantocianidinas têm na fotoproteção e na estrutura e função da pele. Um estudo avaliou o efeito do extrato de espinheiro-branco no envelhecimento da pele desencadeado pela luz UVB, que aumenta a produção de metaloproteinase de matriz (MMP) e a degradação do colágeno.
Essa combinação de danos da luz UVB leva à formação de rugas. Usando um modelo animal, os pesquisadores descobriram que os tratamentos reverteram o espessamento epidérmico e os danos causados pela luz UVB, que “suprimiu a expressão de MMP e estimulou a produção do pró-colágeno tipo I”. Isso sugere que o extrato de espinheiro-branco pode ajudar a "prevenir o fotoenvelhecimento da pele induzido pela radiação UVB".
Outra revisão da literatura descobriu que o PCO e a quercetina são bioflavonoides específicos, de elevado benefício para o tecido conjuntivo, pois estão associados ao aumento da circulação local e promovem o desenvolvimento de uma forte matriz de colágeno.
As catequinas também são antioxidantes fortes que demonstraram propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas. Em um estudo usando polifenóis do chá-verde, os pesquisadores analisaram 60 mulheres em um estudo duplo-cego, controlado por placebo, de 12 semanas. O grupo de intervenção ingeriu uma bebida com 1.402 mg de catequinas totais por dia.
A estrutura, função e fotoproteção da pele foram medidas ao longo do estudo. Após a exposição a um simulador solar, os pesquisadores descobriram que aquelas que ingeriram a bebida contendo polifenóis tinham melhor fornecimento de oxigênio e fluxo sanguíneo para a pele. As características estruturais da pele que foram afetadas de modo positivo no grupo experimental incluíram densidade, elasticidade, aspereza e escamação.
O que são os frutos de espinheiro-branco?
O espinheiro, mais conhecido como espinheiro-branco ou espinheiro-alvar, é uma planta nativa das zonas temperadas e encontrada na América do Norte. Ela cresce de maneira selvagem, sendo também cultivada como planta ornamental. Costuma ser chamada de "thornapple" em referência aos frutos que se assemelham à maçã os espinhos que protegem a planta. Às vezes, é plantada como cerca viva para conter o gado.
A planta é um membro da família das rosas. No início da primavera, tem flores brancas ou rosas que são seguidas por pequenos frutos semelhantes à maçã, que podem variar em cor do vermelho ao preto. Embora os frutos possam variar em sabor e textura, dependendo da planta de espinheiro, eles são comestíveis e, como já mencionado, costumam ser usados como fitoterápicos.
Dependendo da espécie, as plantas podem crescer como um arbusto baixo e arredondado ou como uma árvore, atingindo até 7 metros de altura. É possível encontrar árvores de espinheiro-branco em hortos e viveiros, como mudas ou árvores enxertadas. As plantas gostam de sol total ou parcial, e são suscetíveis a várias doenças.
Se você decidir plantar uma em seu jardim, procure uma variedade que seja resistente a doenças. Se você não estiver usando como barreira ou cerca viva, evite plantar uma árvore com espinhos, pois eles podem crescer até 7 cm. Embora as árvores não precisem de muita poda, é aconselhável remover os ramos que saem da base do tronco, uma vez que eles aumentam o tamanho e a densidade da planta à medida que ela envelhece.
O espinheiro-branco era conhecido como a “árvore de pão e queijo”, uma vez que as flores, frutos e folhas são comestíveis, o que podia salvar vidas em tempos de fome. Os frutos também podem ser usados para fazer vinho, compotas ou xaropes.
Etapas fáceis para adicionar o espinheiro-branco à sua dieta
É provável que os frutos de espinheiro-branco sejam difíceis de encontrar no supermercado. No entanto, você pode encontrá-los em feiras, online ou em lojas especializadas em alimentos saudáveis. A seguir estão algumas maneiras de incorporar o espinheiro-branco na sua alimentação: Os frutos silvestres têm um leve sabor adocicado, embora ácido, e dão um ótimo lanche.
No entanto, embora os frutos não sejam venenosos, as sementes são. As sementes contêm amigdalina, que é convertida em cianeto de hidrogênio, uma substância fatal para o seu intestino delgado. Um adulto pode tolerar uma ou duas sementes, mas mesmo essa pequena quantidade pode ser letal para uma criança.
Você também pode encontrar chá de espinheiro-branco feito com folhas ou frutos, ou pode secá-los e fazer seu próprio chá em casa. Você também encontra suplementos de frutos de espinheiro-branco. De acordo com um artigo publicado no Journal of American College of Cardiology, da Foundation Task Force on Clinical Expert Consensus Documents, a dose mínima efetiva de extrato de espinheiro-branco para melhorar o desempenho cardíaco é de 300 mg por dia.
Os autores descobriram que o benefício máximo na maioria dos ensaios que revisaram foi encontrado após seis a oito semanas de uso do suplemento. A melhora na tolerância ao exercício em indivíduos com insuficiência cardíaca congestiva foi demonstrada em vários estudos revisados. O tratamento foi considerado "seguro e bem tolerado".