Por Dr. Mercola
Embora possa parecer mentira — o que mirtilos e gorduras ômega-3 têm em comum —, é uma ótima notícia: ambos têm o potencial de aumentar a capacidade do seu cérebro, mas de maneiras diferentes. Um randomizado ensaio clínico em dupla ocultação, controlado por placebo, que durou um total de 24 semanas, publicado há pouco tempo na Neurobiology of Aging, observou que seu cérebro se beneficia com as antocianinas nos mirtilos e os ácidos graxos de certos peixes.
O fato de os dois compostos juntos não terem se elevado nos gráficos na categoria de estimulação cerebral durante o curso do estudo, sem dúvida não nega os efeitos positivos dessas duas potências nutricionais; as gorduras ômega-3 e mirtilos usados pelos indivíduos no ensaio clínico, foram reconhecidos desta forma pelos autores do estudo:
"O aumento da capacidade funcional observada, sugere que os participantes tratados com óleo de peixe e com mirtilo obtiveram uma melhora significativa da capacidade cognitiva, um feito notável, dado que, queixas cognitivas subjetivas foram um critério de inclusão para a participação no estudo."
Portanto, embora a combinação de gorduras ômega-3 e mirtilos não rendesse o que os cientistas esperavam ser um aumento exponencial no desempenho cognitivo dos 76 participantes do estudo, o que já era conhecido em termos dos compostos que eles ingeriram foi muito impressionante e benéfico para a saúde.
Por outro lado, o estudo envolveu pessoas da área de Cincinnati (Ohio), que tinham idades entre 62 e 80 anos e sofriam de declínio cognitivo "leve e quase imperceptível". O estudo não incluiu pessoas que foram diagnosticadas com Alzheimer ou outros problemas cognitivos, além disso, nenhuma tomava suplementos ou medicamentos para demência.
Quais tipos de gorduras ômega-3 e de mirtilos?
Os participantes foram colocados em um dos 4 grupos: 19 no grupo de mirtilo; 17 no grupo de óleo de peixe; 20 receberam óleo de peixe e mirtilos, outros 20 receberam um placebo. Pó de mirtilo liofilizado de fontes no Maine e na Califórnia, foram usadas para o teste de antocianina. O ômega-3 foi administrado na forma de cápsulas de óleo de peixe, na Inflammation Research Foundation em Massachusetts.
A Nutra Ingredients observou que as cápsulas de óleo de peixe usadas no ensaio, continham 400 miligramas (mg) de EPA (ácido eicosapentaenóico) e 200 mg de DHA (ácido docosahexaenóico). Os participantes foram orientados a tomar duas cápsulas no café da manhã e duas no jantar. Os resultados foram "surpreendentes", observaram os pesquisadores, ao descobrirem:
"... [T]a composição de EPA e DHA aumentou nos grupos de óleo de peixe, enquanto os metabólitos de antocianina urinária total não tiveram diferença entre os grupos. No entanto, eles descobriram que os níveis urinários de glicosídeos e formas de alimentos nativos aumentaram apenas nos grupos com mirtilo.
A partir dos resultados dos testes cognitivos, os pesquisadores descobriram que dois grupos — o grupo placebo de óleo de peixe com mirtilo e grupo placebo de mirtilo com óleo de peixe — relataram menos sintomas cognitivos. O grupo do mirtilo mostrou uma melhora relacionado a memória, levando os pesquisadores a concluir que 'a suplementação melhorou a cognição'."
Caso alguém se pergunte o que os cientistas usam como placebo nesses testes, o placebo de óleo de peixe foi preenchido com óleo de milho. O mirtilo era uma "mistura evidenciada" produzida na Califórnia, para ter aparência e sabor o mais próximo possível do pó de mirtilo, porém com um perfil nutricional diferente; sem fibra, por exemplo.
Durante o período de teste, os indivíduos foram instruídos a tomar uma dose de pó equivalente a 1 xícara de mirtilo por dia, onde estudos anteriores indicaram produzir os benefícios cognitivos ideais, para limitar e documentar quando eles comeram outros frutos-do-mar e frutas ricas em antocianinas.
A "surpresa", foi que a combinação de compostos já comprovados, não estava associada a melhorias significativas, levantando dúvidas do pôr que o conjunto de benefícios não estava disponível. Os cientistas só concluíram que não estava claro, porque não estava. Ainda assim, o que já era conhecido — e o que ainda está disponível através de gorduras ômega-3 de origem animal e frutas como as já mencionadas — vale a pena ser examinado.
Gordura ômega-3: como pode beneficiar o cérebro
As gorduras ômega-3 são vitais para o cérebro, ajudando a combater a inflamação e oferecendo inúmeras proteções às células cerebrais. Por exemplo, um estudo na revista Neurology descobriu que "mulheres mais velhas com os níveis mais altos de gorduras ômega 3 tinham uma melhor preservação do cérebro à medida que envelheciam do que aqueles com os níveis mais baixos, o que poderia significar que manteriam uma função cerebral melhor por mais um ou dois anos."
Em uma pesquisa separada, quando os meninos receberam um suplemento de ômega 3, houve aumentos significativos na ativação da parte do córtex pré-frontal dorsolateral do cérebro.
Esta é uma área do cérebro associada à memória operacional. Eles também notaram mudanças em outras partes do cérebro, incluindo o córtex occipital, o centro de preparação visual, e o córtex cerebelar, que desempenha um papel no controle motor. Além disso, adultos mais velhos com problemas de memória que consumiram ácido docosahexaenóico (DHA), sozinho ou em combinação com ácido eicosatetraenóico (EPA), melhoraram sua memória.
Durante a gravidez, as gorduras ômega-3 assumem ainda mais importância. A alimentação da mãe e as concentrações plasmáticas de DHA, influenciam diretamente o estado de DHA do feto em desenvolvimento, o que por sua vez, pode afetar o desenvolvimento do cérebro de seu filho. Após o parto e durante a amamentação, o ômega-3 continua a ser tão importante para a mãe quanto para o bebê. Em mulheres, baixos níveis de ômega-3 estão ligados a um aumento do risco de depressão pós parto. Em crianças, a suplementação adequada desde a concepção aumenta a inteligência.
Você está ingerindo Ômega-3 o suficiente?
A alimentação da mãe e as concentrações plasmáticas de DHA influenciam diretamente o estado de DHA do feto em desenvolvimento, podendo afetar o desenvolvimento do cérebro de seu filho. É importante observar que os níveis ideais de ácidos graxos ômega-3 EPA e DHA, são bastante raros nas pessoas no mundo todo, exceto em áreas onde o peixe é comido com frequência, como a Groenlândia e o Japão. Nos EUA, entretanto, cerca de 95% da população não ingere ômega-3 suficiente.
Embora possa não parecer grande coisa, consumir pouco ômega-3, sobretudo se não estiver ciente das implicações, Harris explica: "Maior carga de doenças e expectativa de vida mais curta." Testar os níveis de ômega-3 está se tornando mais comum, pois a preocupação está crescendo, afirma Harris. Requer uma gota de sangue em um papel tratado, em seguida é enviado a um laboratório para determinar a quantidade de EPA e DHA nos glóbulos vermelhos das pessoas que fizeram o teste.
Expresso como uma porcentagem, o intervalo considera de 8 a 12% como "ótimo". Se o peixe não está com certa frequência em seus alimentos, seu índice de ômega-3 está de certo modo entre 3 e 6%, o que é baixo — muito baixo. Como aumentar o índice de ômega-3, você pergunta?
É uma questão de dieta, seja através do consumo de suplementos de EPA e DHA de origem animal, ou comendo quantidades saudáveis de frutos-do-mar, sobretudo salmão selvagem do Alasca, óleo de krill, sardinha, anchova e arenque, sendo todos esses alimentos ricos em ômega-3.
Omega-3: bom para o seu intestino e coração
Suplementos de ácidos graxos poli-insaturados de ômega-3 (PUFA), foram pesquisados no Reino Unido durante um estudo envolvendo vários hospitais universitários. Os pesquisadores concluíram que a suplementação de ômega-3 aumenta a quantidade de várias bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta.
Na verdade, os estudos deixam claro que, quando você consome a quantidade ideal de ômega-3 de maneira regular, obtém um retorno de 230% sobre o ingeriu. Para cada US $1 gasto em suplementos de ômega-3, os custos de saúde relacionados a doenças cardíacas foram reduzidos em US $2,30.
No que diz respeito à suplementação, Harris recomenda tomar 500 a 1000 mg de EPA e DHA — não apenas "óleo de peixe" — por dia e continuar por vários meses, para obter uma saúde melhor. Você pode não "se sentir" mal, mesmo se descobrindo que não está com um nível aceitável de ômega-3.
Partes desinformadas da comunidade médica podem te dizer que precisa "abaixar o colesterol" para reduzir o risco de doenças cardíacas, porém em vez das estatinas que são prescritas para remediar um "problema" de colesterol alto, um medicamento não é necessário ou mesmo bom, para níveis baixos de ômega-3 no sangue. A solução é comer bons frutos-do-mar ou tomar um suplemento de qualidade, como óleo de krill.
Antocianinas: previnem o declínio cognitivo e muito mais
As antocianinas são as responsáveis pelas cores dos alimentos, porque não apenas dão às uvas, rabanetes, repolho roxo e framboesas pretas seus tons profundos, mas também desempenham um papel importante na melhoria de condições de saúde, sobretudo estimulando seu cérebro com radicais livres -Poder de combate e combate a resfriados, colites e até câncer.
Não apenas as amoras, mas as antocianinas em várias frutas de cores profundas têm se mostrado muito benéficas: Airela para combater infecções do trato urinário, arônia para inflamação e sabugueiro para reduzir a pressão arterial elevada. Não é tão surpreendente, que esses compostos sejam tão benéficos para o cérebro.
Pterostilbeno: outro composto antioxidante nas amoras
Um estudo de 2013 comentou sobre outro componente benéfico encontrado nos mirtilos: o pterostilbeno, um composto natural isolado pela primeira vez do sândalo-vermelho (Pterocarpus santalinus), que aumentou a biodisponibilidade de antioxidantes de um modo impressionante. Na verdade, o estudo observa:
"A atividade antioxidante do pterostilbeno tem sido associada à anti-carcinogênese, modulação da doença neurológica, anti-inflamação, atenuação da doença vascular e melhora do diabetes. Evidências substanciais sugerem que o pterostilbeno pode ter inúmeras propriedades preventivas e terapêuticas em uma vasta gama de doenças humanas, que incluem distúrbios neurológicos, cardiovasculares, metabólicos e hematológicos."
Além disso, descobriu-se que o pterostilbeno é um "agente anticâncer, potente em vários tipos de doenças", reduzindo o crescimento do câncer, por meio da alteração dos ciclos celulares, apoptose, inibindo a metástase e, em geral, liberando o poder dos antioxidantes em uma série de linhas de células cancerosas. Um estudo recente mostrou que, "Extrato de mirtilo pode matar células cancerosas da bexiga", observa os efeitos geradores de apoptose (também conhecido como eliminação de malignidade) do pterostilbeno no câncer de bexiga, incluindo o câncer de bexiga que resiste à quimioterapia.
Outra pesquisa observou que os mirtilos reduzem os tumores de câncer de mama, triplo-negativos, descritos como agressivos e difíceis de tratar, enquanto inibem o início e a progressão do crescimento do câncer, segundo a Wild Blueberries. Além disso, o pterostilbeno também pode reduzir os níveis de gordura no sangue.
Life Extension chama o pterostilbene de "outro tipo de resveratrol", pois ele também é um extrato vegetal que traz muitos dos efeitos relacionados à restrição calórica e regula genes comprometidos em doenças como diabetes, câncer, aterosclerose, além de problemas cognitivos, como Alzheimer e outras formas de demência.
Mais sobre o pterostilbeno
O pterostilbeno e o resveratrol, ambos são compostos de estilbeno, porém suas funções se diferem; eles funcionam em conjunto, ativando os genes que impactam de maneira positiva em sua longevidade. O pterostilbeno tem efeitos benéficos na expressão gênica, ao mesmo tempo, em que aumenta os efeitos do resveratrol.
A maioria das pessoas pensa nos genes como sendo fixos em sua capacidade de alterar as mensagens, que seus genes comunicam com seu corpo. O processo é algum tipo de estímulo, interno ou externo, que "liga" certos genes em um fenômeno, denominado modulação da expressão gênica.
A Medicina Alternativa e Complementar Baseada em Evidências observa que em um estudo mostrando que o pterostilbeno tem uma ampla variedade de vantagens para a saúde além das já mencionadas; isto:
- Mostra efeitos hipolipemiantes e anti-obesidade
- É tão eficaz quanto o diazepam, como um agente ansiolítico, sem efeitos colaterais problemáticos
- É um composto natural tão eficaz quanto os medicamentos sintéticos usados em clinicas
- Pode auxiliar na perda de peso
- Pode reduzir a pressão arterial; pacientes em uma dose de 250 mg por dia "alcançaram redução significativa na pressão arterial"
Como suplemento, estudos demonstraram que o pterostilbeno é de maneira geral seguro para as pessoas, em doses de até 250 mg / dia.