Por que a apocinina regenera a pele

Fatos verificados
apocinina

Resumo da matéria -

  • Uma proteína chamada COL17A1 foi observada pelos cientistas como sendo benéfica para manter a pele "intacta e sem danos"
  • A COL17A1 auxilia na eliminação de células fracas e revitalizando as células mais fortes para a replicação e no processo, mantém o tecido saudável
  • Dois compostos com a capacidade de "tomar a iniciativa" no processo anti-envelhecimento, Y-27632 e apocinina, tiveram resultados positivos nas células, por meio da regeneração e redução do envelhecimento da pele
  • A fava de baunilha, Picrorhiza kurroa, uma planta encontrada na Índia e no Tibete, com um leve odor de baunilha e Jatropha multifida (flor-de-coral) foram encontrados como fontes de apocinina
  • Os principais benefícios da apocinina incluem potentes antioxidantes que reduzem inflamação, ajudam a combater uma série de doenças neurodegenerativas e artrite, além de impossibilitar surgimentos de tumores, entre outros

Por Dr. Mercola

A tão falada "fonte da juventude" não era apenas um local físico intrigante procurado por exploradores, mas um conceito que trouxe a imaginação das pessoas, desde o início dos tempos. Alguns buscaram todos os meios que poderiam imaginar, para conseguirem uma vida prolongada.

Porém, os cientistas descobriram que um pouco de competição saudável pode ser necessária entre células. No japão, cientistas descobriram uma proteína chamada COL17A1, que estimula a competição entre células, expulsando as mais fracas e revitalizando as mais fortes para a replicação, no processo, mantendo tecido saudável.

O envelhecimento e outros fatores relacionados ao estresse, como o excesso de radiação ultravioleta e os radicais livres prejudiciais, afetam sua pele e como consequência esgotam de maneira constante o COL17A1, pois ele replica células mais fracas, não as mais fortes. O resultado inevitável: uma pele mais fina, mais sujeita a lesões e com uma cicatrização mais lenta.

A pesquisa envolveu o uso de cauda de ratos, devido a sua semelhança com a pele humana. Emi Nishimura, professora do departamento de biologia de células-tronco da Tokyo Medical and Dental University e líder do estudo apresentado, observou que "Células-tronco danificadas podem ser eliminadas por células-tronco intactas, todos os dias em nossa pele."

Como COL17A1 pode ser eficaz contra o envelhecimento da pele

Quando os pesquisadores aprenderam a importância do COL17A1 na manutenção da resiliência da pele, eles começaram a investigar a possibilidade de estimulá-lo, após esgotado.

Eles procuraram por compostos com a capacidade de "tomar a iniciativa" no processo de antienvelhecimento e identificaram dois compostos químicos: tanto o Y-27632 quanto a apocinina, tiveram resultados positivos nas células, por meio da regeneração e redução do envelhecimento da pele."

Os dois compostos "promoveram de maneira significativa" o reparo e a regeneração, até mesmo em feridas cutâneas profundas e isso foi feito de duas maneiras, conforme o estudo publicado na revista Nature. Como os autores do estudo observaram:

"As células-tronco com maior potencial ou qualidade são, portanto, selecionadas para a homeostase, mas sua eventual perda de COL17A1 pode causar o envelhecimento. A fragilidade hemidesmossoma resultante e a delaminação (formação de lâminas celulares) das células-tronco, reduzem os melanócitos e fibroblastos adjacentes, promovendo o envelhecimento da pele.

Por outro lado, a manutenção forçada de COL17A1 reduz o envelhecimento da pele, indicando assim aspectos potenciais para intervenção terapêutica anti-envelhecimento."

Como Y-27632 e Apocinina pode iniciar o processo de anti-envelhecimento

Quando dois professores da Universidade do Colorado revisaram o estudo de Tóquio, eles relataram que as moscas-da-fruta foram os únicos exemplares acompanhados de perto com relação à competição das células.

Ganna Bilousova e James DeGregori escreveram que a pesquisa conduzida por Nishimura e seus colegas pode ser considerada "processo inicial" no que diz respeito à capacidade do Y-27632 e da apocinina de combater o envelhecimento. Eles também observaram que a pesquisa "fornece evidências de que células saudáveis ​​em mamíferos também podem se concentrar em tecidos adultos de maneira eficiente, substituindo células inadequadas ou danificadas."

Embora mais estudos sejam necessários para definir os mecanismos responsáveis ​​da competição entre células em outros tecidos, Nishimura disse à agência de notícias, AFP, que eles também esperavam identificar compostos capazes de desempenhar as mesmas funções anti-envelhecimento em outros órgãos.

Ela acrescentou: "Estamos trabalhando em outros órgãos epiteliais para descobrir (se) uma competição semelhante pode estar na base da manutenção do tecido a longo prazo, bem como do envelhecimento do órgão."

Ela também observou a esperança de que a pesquisa levasse ao desenvolvimento de comprimidos, cremes e outros produtos, que poderiam interromper a deterioração e promover a reparação das células da pele e, além disso, que eles poderiam "colaborar com empresas farmacêuticas ou cosméticas para o uso dos produtos químicos.” De acordo com um estudo da Mediators of Inflammation publicado em 2008:

"A apocinina é um catecol substituído com metoxi obtido de maneira natural, usado em testes como um inibidor da NADPH-oxidase. Pode diminuir a produção de superóxido de neutrófilos e macrófagos ativados, enquanto a capacidade de fagocitose permanece inalterada."

Os neutrófilos são o tipo mais comum de glóbulos brancos que auxiliam na resposta do corpo para infecções e a curar o tecido danificado. Os macrófagos agem como "combatentes antimicrobianos" que "desempenham papéis essenciais na regulação imunológica e na cura de feridas." A fagocitose é descrita como um processo complexo de ingestão e eliminação de patógenos, fundamental para a homeostase dos tecidos.

Apocinina: o que é e o que faz

Talvez uma maneira mais simples de caracterizar a apocinina seja observando onde ela pode ser encontrada. Um estudo de 2008 sobre inflamação, retrata que foi descrito pela primeira vez em uma investigação conduzida em 1883, quando o composto foi isolado das raízes do cânhamo canadense (Apocynum cannabinum) e usado para tratar hidropisia e problemas cardíacos.

Também foi encontrado na raiz de Picrorhiza kurroa, uma planta com um leve odor de baunilha, nativa da Índia, Nepal, Tibete e Paquistão, sendo comum em tratamentos ayurvédicos. Na Índia e no Sri Lanka, os extratos eram usados ​​"para o tratamento de doenças do fígado, coração, articulações e pulmões."

Um estudo de 2014 mostra que o "antioxidante fenólico" conhecido como apocinina e extraído da planta Jatropha multifida, também conhecida como ruibarbo da Guatemala ou planta de coral, cultivada do México à América Central e ao Brasil, demonstrou ter potencial no tratamento de doenças neurodegenerativas.

Os pesquisadores também descobriram que a apocinina é um dos 5 compostos voláteis, com sabor de baunilha nos grãos de baunilha, também conhecido como Vanilla planifolia. Outro estudo sugeriu seu potencial de combate ao câncer:

“A disseminação de células cancerosas para órgãos distantes, em um processo chamado metástase, é o principal fator que contribui para a maior parte das mortes em pacientes com câncer. Vanilina, o agente aromatizante de baunilha, demonstrou omitir metástases em testes realizados em ratos de laboratório ... (e) seus compostos relacionados, apocinina e diapocinina, em células de carcinoma hepatocelular."

Além de seus efeitos benéficos no combate à inflamação e eliminação de radicais livres, a apocinina tem um histórico de tratamento bem-sucedido de varias doenças, incluindo:

  • Isquemia-reperfusão, caracterizada por tecido pulmonar danificado devido à falta de oxigênio e subsequente retorno do suprimento, com a apocinina também mostrando potencial no tratamento de várias outras doenças respiratórias
  • Possíveis habilidades neuroprotetoras, de maneira particular em lesão cerebral, após um acidente vascular cerebral isquêmico, bem como redução da lesão cerebral e vascular em experimentos de acidente vascular cerebral
  • Potencial no tratamento da aterosclerose devido à redução da pressão arterial e prevenção da disfunção endotelial
  • Doenças inflamatórias crônicas das articulações, como osteoartrite e artrite reumatóide
  • Inibindo a causa de tumores em células, de câncer de mama

Um estudo de 2014 observa que "as perspectivas para a apocinina em doenças neurodegenerativas crônicas" requer uma "função benéfica" na esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou doença de Lou Gehrig, doença de Alzheimer e Parkinson. Embora os ratos de laboratório possa ser os sujeitos usuais em experimentos, os pesquisadores têm esperança de que a apocinina também se mostre eficaz em pacientes humanos.

Outras funções benéficas da apocinina

De certo modo, o aspecto mais importante da apocinina é sua função no combate à inflamação e o estudo acima observa que ela foi demonstrada em uma variedade de modelos celulares e animais. A apocinina também "inibe a formação da NADPH-oxidase, responsável pela produção de espécie reactiva de oxigênio (ROS)."

O estudo de 2008 explica a NADPH-oxidase como a enzima responsável pela produção de ROS, portanto, suprimi-la é o objetivo nas terapias de prevenção de doenças. Quando os antioxidantes estão presentes ou introduzidos, o estresse oxidativo é diminuído. Seu corpo produz uma grande quantidade de antioxidantes para se defender, no entanto, às vezes pode ser insuficiente para uma proteção eficaz contra ROS.

ROS danifica suas células, bem como seu DNA, que é parte da razão pela qual seu corpo começa a mostrar sinais de envelhecimento. Em grande parte, o quão bem suas mitocôndrias trabalham é determinado por sua dieta, idealmente uma dieta cetogênica (na qual você substitui carboidratos por quantidades moderadas de proteínas de alta qualidade e altas quantidades de gordura benéfica).

No entanto, o estudo apresentado observa ser a produção excessiva de ROS que torna prejudicial, sendo esse o fator crucial na progressão de muitas doenças. Outra razão do porque a apocinina é considerada um tratamento potencial para muitos deles.

Uma revisão do Mediators of Inflammation concluiu que a apocinina, além de não possuir efeitos colaterais conhecidos, merece mais atenção no desenvolvimento de "remédios anti-inflamatórios seguros e seletos, que não apresentam os efeitos colaterais graves dos esteroides."