A deficiência de vitamina d ajuda na propagação da doença

Fatos verificados
Deficiência de vitamina d

Resumo da matéria -

  • Dados mostram níveis de vitamina D estão correlacionados com a gravidade da infecção por SARS-CoV-2
  • Foi encontrada uma forte correlação entre a taxa de mortalidade por SARS-CoV-2 e o nível de vitamina D, de modo que a mortalidade pode ser reduzida de maneira significativa quando os níveis de vitamina D ficam em 30 ng/mL
  • Um nível de vitamina D de 50 ng/mL "pode prevenir mortalidade" por COVID-19
  • Os receptores de vitamina D estão presentes em quase todas as células do sistema imunológico humano, incluindo monócitos/macrófagos, células T, células B, células assassinas naturais e células dendríticas
  • A vitamina D ajuda a regular os sistemas imunológico inato e adaptativo, evitando doenças agudas e crônicas, desde que seus níveis sejam otimizados
  • A melhor maneira de descobrir a quantidade de vitamina D de que você necessita, é testando seus níveis e aumentando a exposição solar e/ou por meio de suplementação, visando um nível entre 60 e 80 ng/mL

Por Dr. Mercola

Saber a quantidade de vitamina D no seu organismo e aumentá-los caso seja necessário, são duas das etapas mais simples que você pode realizar para se manter saudável. Níveis adequados de vitamina D ajuda na proteção contra doenças infecciosas como COVID-19, pois uma grande diversos dados mostra que os níveis dessa vitamina estão correlacionados com a gravidade da infecção por SARS-CoV-2.

No vídeo abaixo, John Campbell, um enfermeiro aposentado e professor na Inglaterra, detalha as descobertas de um outro estudo que mostra que pessoas com níveis mais elevados de vitamina D têm menos probabilidade de morrer devido o COVID-19 - e sugerindo que, “uma taxa de mortalidade próxima a zero” poderia ser alcançada caso seu nível de vitamina D esteja em 50 ng/mL.

Essas informações foram ignoradas pela grande mídia, pois podem salvar vidas. A boa notícia é que, mesmo que a imprensa continue ignorando esses fatos, você pode seguir o conselho dado em um estudo da Nature e elevar seus níveis de vitamina D para um mais adequado e seguro. Esse estudo aconselhou níveis acima de 50 ng/mL, enquanto o objetivo de um nível entre 60 e 80 ng/mL pode ajudar a prevenir diversos tipos de doenças, incluindo o câncer.

Vídeo disponível apenas em Inglês

Deficiência de vitamina D, um fator crucial por trás de casos graves de COVID-19

Os autores do estudo acreditam que os baixos níveis de vitamina D não são um “efeito colateral” do COVID-19 e sim um indicador de infecção. Como a vitamina D desempenha um papel na função imunológica, a epidemia de deficiência de vitamina D está aumentando a disseminação de muitas "doenças", como as cardíacas, junto com a redução da proteção contra infecções:

“Um poderoso fator na proteção contra qualquer tipo de infecção por vírus é a força do nosso sistema imunológico. Infelizmente, até o exato momento, esse princípio básico inquestionável da natureza foi mais ou menos negligenciado pelas autoridades responsáveis.

É um fato conhecido de que nosso estilo de vida moderno está longe de ser o ideal, no que diz respeito à nutrição, preparo físico e recreação. Em particular, muitas pessoas não passam tempo suficiente ao ar livre, sob o sol, mesmo no verão.

A consequência disso é a deficiência generalizada de vitamina D, que limita o desempenho de seus sistemas imunológicos, resultando no aumento da disseminação de algumas doenças que poderiam ser evitadas, além de uma redução na proteção contra infecções e na eficácia das vacinas.”

A deficiência de vitamina D3 também é "uma das principais razões para casos graves de infecções por SARS-CoV-2", explicaram eles, apontando que as taxas de mortalidade tendem a ser elevadas em pessoas com níveis muito baixos de vitamina D3, incluindo idosos, pessoas negras e com algum tipo de comorbidades.

No início do século XX, foi descoberto que um nível de vitamina D de 20 ng/mL era suficiente para interromper a osteomalácia, ou raquitismo, e esse nível ainda é utilizado hoje como um marcador de níveis “suficientes” de vitamina D. No entanto, é muito baixo para uma saúde ideal e na prevenção de doenças, além do raquitismo.

Agora tem-se o conhecimento de que vitamina D é necessária não apenas para ossos saudáveis, mas para a saúde de todo o organismo. Como um poderoso regulador epigenético, a vitamina D influencia a atividade de mais de 2.500 genes, e os receptores da mesma estão presentes em todo o organismo, incluindo no intestino, pâncreas, próstata e células do sistema imunológico. A vitamina D possui um papel contra diversas doenças, incluindo:

  • Câncer
  • Diabetes
  • Infecções respiratórias
  • Doenças inflamatórias crônicas
  • Doenças autoimunes, como esclerose múltipla

A vitamina D regula sua resposta imunológica

Os receptores de vitamina D estão presentes em quase todas as células do sistema imunológico humano, incluindo monócitos/macrófagos, células T, células B, células assassinas naturais e células dendríticas. A vitamina D possui múltiplas ações no sistema imunológico, incluindo o aumento da produção de peptídeos antimicrobianos pelas células do sistema imunológico, reduzindo citocinas pró-inflamatórias prejudiciais e promovendo a expressão de citocinas anti-inflamatórias.

As citocinas são um grupo de proteínas que seu organismo utiliza no controle da inflamação. Caso tenha uma infecção, seu organismo irá liberar citocinas para ajudar no combate da mesma, porém às vezes ele libera mais do que deve. Se a liberação de citocinas espirais fora de controle, a "tempestade de citocinas" resultante torna-se perigosa e está ligada à sepse, podendo ser um importante fator na causa de morte em pacientes que apresentam COVID-19.

Muitas terapias de COVID-19 estão focadas na eliminação viral, em vez de focar na hiperinflamação causada pela doença. Na verdade, a resposta imune descontrolada foi sugerida como um fator na gravidade da doença, tornando a imunomodulação "uma estratégia de potencial de tratamento para a doença."

A vitamina D é muito relevante aqui, pois ajuda a regular tanto o sistema imunológico inato, quanto o adaptativo. No entanto, para obter esse benefício inestimável, seus níveis precisam ser mais altos do que o recomendado:

“A ligação ao receptor envolve a formação do 'elemento de resposta à vitamina D3' (VDRE), regulando um grande número de genes alvo envolvidos na resposta imune. Como consequência desse conhecimento, a comunidade científica agora concorda que o calcitriol é muito mais do que uma vitamina, e sim um hormônio eficaz, com o mesmo nível de importância para o metabolismo humano de outros tipos de hormônios esteroides.

O nível de sangue que garante a eficácia confiável da vitamina D3 com relação a todas as suas funções importantes voltou a ser discutido, e descobriu-se que 40-60 ng/mL é aceitável, o que está acima do nível necessário para prevenir o raquitismo.”

A vitamina D ajuda contra ARDS

A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) é uma doença pulmonar que diminui o nível de oxigênio no sangue e promove o acúmulo de líquidos nos pulmões; é uma complicação comum dos casos graves de COVID-19. Junto com a síndrome de liberação de citocinas, a SDRA é uma das complicações graves do COVID-19, e a vitamina D inibe as vias metabólicas que podem causá-la. Segundo o estudo da Nutrients:

“A enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), uma parte do sistema renina-angiotensina (RAS), serve como o principal ponto de entrada para o SARS-CoV-2 nas células. Quando o SARS-CoV-2 é anexado à ACE2, sua expressão é reduzida, causando lesão pulmonar e pneumonia.

A vitamina D3 é um modulador negativo de RAS por inibição da expressão de renina e estimulação da expressão de ACE2. Portanto, desempenha um papel protetor contra a SDRA causada pelo SARS-CoV-2. Níveis suficientes de vitamina D3 previnem o desenvolvimento de SDRA, reduzindo os níveis de angiotensina II e aumentando o nível de angiotensina- (1,7).”

Em uma revisão, pesquisadores também explicaram que a vitamina D possui efeitos favoráveis tanto durante a fase viral inicial do COVID-19, quanto na fase hiperinflamatória posterior, incluindo SDRA. “Com base em muitos estudos pré-clínicos e dados observacionais em humanos, a SDRA pode ser agravada pela deficiência de vitamina D e reduzida pela ativação do receptor da mesma”, disseram eles. “Com base em um estudo piloto, o calcifediol oral pode ser considerado uma abordagem mais promissora.”

Mesmo as doses regulares de “reforço” de vitamina D, independente dos níveis basais da mesma, parecem ser eficazes na redução do risco de mortalidade em pessoas internadas por COVID-19, sobretudo para os idosos. Além disso, a vitamina D influencia várias funções adicionais que também suportam uma resposta imune robusta:

  • Reduz a produção de células Th1, suprimindo a progressão da inflamação ao reduzir as citocinas inflamatórias produzidas
  • Reduz a gravidade da "tempestade de citocinas", promovendo a diferenciação de células T reguladoras
  • Induz a produção do peptídeo antimicrobiano catelicidina (LL-37), que combate os vírus respiratórios, interrompendo os envelopes virais e alterando a viabilidade das células-alvo do hospedeiro
  • Reduz a coagulação anormal que ocorre de maneira frequente em pacientes com casos graves de COVID-19

A mortalidade por COVID-19 é reduzida devido a altos níveis de vitamina D

O estudo apresentado envolveu uma meta-análise de dois conjuntos de dados. Em um dos estudos, utilizou níveis médios de vitamina D3 a longo prazo em 19 países, enquanto o outro utilizou dados de 1.601 pacientes hospitalizados com COVID-19. Os dados do hospital incluíram 784 pacientes que tiveram seus níveis de vitamina D medidos dentro de 24 horas da admissão e 817 pacientes com níveis de vitamina D conhecidos de maneira prévia.

Foi encontrada uma forte correlação entre a taxa de mortalidade por SARS-CoV-2 e o nível de vitamina D, de modo que a mortalidade pode ser reduzida de maneira significativa, quando os níveis de vitamina D ficam em 30 ng/mL. Além disso, eles observaram, "nossa análise mostra que a correlação para os conjuntos de dados combinados fica cerca de 50 ng/mL, sugerindo assim que esse nível de vitamina D3 no sangue pode prevenir grandes chances de mortalidade."

Devido suas descobertas, os autores recomendam “o fortalecimento de rotina do sistema imunológico de toda a população pela suplementação de vitamina D3, garantindo níveis acima de 50 ng/mL (125 nmol/L)”. Pesquisadores na Indonésia, que analisaram dados de 780 pacientes com COVID-19, também descobriram que aqueles com um nível de vitamina D entre 21 ng/mL (52,5 nmol/L) e 29 ng/mL (72,5 nmol/L) tinham um nível 12,55 vezes maior de risco de morte, do que aqueles com um nível acima de 30 ng/mL.

Ter um nível abaixo de 20 ng/mL foi associado a um risco 19.12 vezes maior de morte. A “maioria dos casos de COVID-19 com status insuficiente e deficiente de vitamina D morreu”, acrescentaram.

Qual a quantidade de vitamina D ideal para você?

A melhor maneira de saber a quantidade exata de vitamina D de que necessita, é através de testes. É possível melhorar seus níveis por meio da exposição solar, porém se essa não for uma opção, então a suplementação diária de vitamina D3 de até 10.000 unidades pode ser necessária para atingir um nível de vitamina D de 40 a 60 ng/mL.

É importante salientar o equilíbrio entre a suplementação de vitamina D com outros nutrientes, tais como a vitamina K2 (para evitar complicações da calcificação excessiva nas artérias), cálcio e magnésio.

Segundo dados dos estudos D*Action da GrassrootsHealth, o nível ideal para a saúde prevenção de doenças parece estar entre 60 ng/mL e 80 ng/mL, enquanto o ponto de corte para suficiência parece estar em torno de 40 ng/mL. Nas unidades europeias, essas medidas correspondem a 150 até 200 nmol/L e 100 nmol/L.

Dadas as descobertas do estudo apresentado e de outros, é surpreendente, pois estudos em grande escala não estão sendo implementados de maneira imediata para determinar as melhores dosagens de vitamina D para proteção contra COVID-19. Como disse Campbell: “O fato de as autoridades médicas não estarem fazendo isso, por ser um estudo observacional tão simples, de fato está chegando ao limite da negligência.”