Por Dr. Mercola
Um dos artigos mais lidos de todos os tempos no site Mercola.com fala sobre a deficiência de vitamina D, que também é o assunto deste artigo. Quais são os riscos? Como confirmar a deficiência de vitamina D? Quais são os benefícios do aumento dos níveis de vitamina D?
A deficiência de vitamina D é incrivelmente comum no mundo, mas muitos acreditam que não estão em risco porque consumem alimentos enriquecidos com vitamina D, como o leite. Poucos alimentos têm níveis terapêuticos de vitamina D naturalmente e mesmo os alimentos enriquecidos não contêm o suficiente para suprir suas necessidades.
A despeito do nome, a vitamina D é um hormônio esteroide obtido primariamente da exposição ao sol, não da dieta. Desde que os dermatologistas e outros médicos começaram a recomendar que seus pacientes evitem a exposição à luz solar e usem protetor solar sempre que saírem de casa, a deficiência de vitamina D atingiu níveis epidêmicos pelo mundo.
Considerando a importância da vitamina D na prevenção de doenças, evitar o sol pode fazer muito mais mal do que bem. O grande problema da exposição solar são as queimaduras, não a exposição em geral. E as formas mais facilmente tratáveis de câncer de pele — carcinomas escamosos e basocelulares — são as que têm maior probabilidade de se formar.
A definição de deficiência de vitamina D
De acordo com uma pesquisa publicada em junho de 2018, estima-se que 40% dos americanos tenham uma deficiência profunda de vitamina D, definida por níveis dessa vitamina no sangue inferiores a 20 ng/mL (50 nmol/L). A normalidade é definida por um nível igual ou maior do que 20 ng/mL.
É importante perceber que 20 ng/mL é um valor frequentemente apontado como insuficiente para a boa saúde e a prevenção de doenças. Inclusive, qualquer valor abaixo de 40 ng/mL (100 nmol/L) deve ser considerado suspeito. Por exemplo, pesquisas demonstraram que, quando se atinge um nível sérico mínimo de vitamina D de 40 ng/mL, o risco de câncer diminui em 67%, comparado a um nível de 20 ng/mL ou inferior.
A maioria dos cânceres ocorre em pessoas com um nível de vitamina D no sangue entre 10 e 40 ng/mL (25 a 100 nmol/L), e o nível ideal para proteção contra o câncer parece estar entre 60 e 80 ng/mL (150 to 200 nmol/L).
Vários estudos também mostram que altos níveis de vitamina D previnem o câncer de mama, especificamente. É importante ressaltar que um estudo de 2005 mostrou que mulheres com níveis de vitamina D acima de 60 ng/mL apresentam um risco 83% menor de câncer de mama do que aquelas abaixo de 20 ng/mL!
Eu não conseguiria pensar em outra estratégia que oferecesse tamanha redução do risco de câncer. Mais recentemente, uma análise conjunta publicada em junho de 2018 de dois estudos randomizados e um estudo prospectivo de coorte chegou a uma conclusão quase idêntica.
Uma pesquisa publicada no GrassrootsHealth revela que até 80% da incidência do câncer de mama poderia ser diminuída apenas com a otimização dos níveis de vitamina D, e nada mais.
Os 5 principais sinais da deficiência de vitamina D
A única forma definitiva de identificar uma deficiência de vitamina D é através de um exame de sangue. Porém, há alguns sinais gerais e sintomas dos quais é preciso se conscientizar. Caso qualquer um deles se aplique a você, faça um exame de sangue para conferir seus níveis de vitamina D o quanto antes, e tome medidas concretas para mantê-los entre 60 e 80 ng/mL:
1. Dor musculoesquelética contínua — Segundo o pesquisador da vitamina D, Dr. Michael Holick, muitos que procuram um médico por conta de dores, especialmente combinadas com fadiga, acabam sendo diagnosticados erroneamente como portadores de fibromialgia ou síndrome da fadiga crônica.
"Muitos desses sintomas são sinais clássicos de osteomalácia por deficiência de vitamina D, que é diferente da deficiência de vitamina D que causa a osteoporose em adultos", diz Holick. "Acontece que a deficiência de vitamina D provoca um defeito na inserção de cálcio na matriz de colágeno em seu esqueleto. Como resultado, você sente dores latejantes nos ossos".
2. Doenças/infecções frequentes — A vitamina D regula a expressão dos genes que influenciam o sistema imunológico a atacar e destruir bactérias e vírus. Assim, infecções e doenças de todos os tipos, incluindo gripes e resfriados, são uma dica de que seu sistema imunológico não está funcionando adequadamente, o que frequentemente quer dizer que você precisa de mais vitamina D.
3. Sintomas neurológicos — Um estudo descobriu que a deficiência de vitamina D está associada a um baixo desempenho cognitivo. Vários estudos também associaram a deficiência de vitamina D a uma função mental deficitária, confusão, esquecimento e dificuldade de concentração. Dores de cabeça e enxaqueca também estão associadas à falta de vitamina D.
4. Fadiga e sonolência diurna — Estudos associaram a deficiência de vitamina D à fadiga persistente. Em um caso, uma mulher que sofria de fadiga crônica, sonolência diurna (hipersonia), dor lombar e cefaleia diária tinha os níveis de vitamina D abaixo de 6 ng/mL. Seus sintomas desapareceram quando ela atingiu um nível de 39 ng/mL.
5. Sudorese na cabeça — De acordo com Holick, esse é um sinal clássico da deficiência de vitamina D. A sudorese excessiva em recém-nascidos devido à irritabilidade neuromuscular ainda é descrita como um sintoma comum e precoce de deficiência de vitamina D.
Os 5 maiores fatores de risco da deficiência de vitamina D
- Raramente passar tempo ao ar livre e/ou sempre usar protetor solar — Pesquisadores observaram que a deficiência de vitamina D é prevalente em adultos de todas as idades que sempre usam proteção solar (que bloqueia a produção de vitamina D) ou limitam suas atividades ao ar livre. O momento ideal para exposição ao sol é entre 10:00 e 14:00, quando os raios UVB estão presentes.
- Ter pele escura — A pigmentação da pele age como um protetor solar natural. Assim, quanto mais pigmentação você tem, mais tempo precisa passar ao sol para regular seus níveis de vitamina D. Se a sua pele é escura, você precisa passar 10 vezes mais tempo no sol para produzir a mesma quantidade de vitamina D que uma pessoa de pele clara.
- Estar acima de 50 anos de idade — À medida que envelhecemos, nossa pele já não produz tanta vitamina D em resposta à exposição solar. Ao mesmo tempo, os rins tornam-se menos eficientes em converter a vitamina D em sua forma ativa. Adultos mais velhos tendem a passar menos tempo ao ar livre.
- Obesidade — Como a vitamina D é solúvel em gordura, a gordura corporal age como um coletor, impedindo que a vitamina D exerça suas funções no corpo. Pessoas obesas ou em sobrepeso precisam de mais vitamina D do que pessoas magras. Em um estudo recente, descobriu-se que a deficiência de vitamina D é três vezes mais prevalente em indivíduos obesos.
- Problemas gastrointestinais — A vitamina D é solúvel em gordura, o que significa que, se você tiver uma condição gastrointestinal que afete sua capacidade de absorver gordura, você pode ter uma menor absorção de vitaminas lipossolúveis como a vitamina D. Isso inclui problemas intestinais como a doença de Crohn, sensibilidade celíaca e não-celíaca ao glúten e doença inflamatória intestinal.
Benefícios da otimização da vitamina D
Otimizar os níveis de vitamina D oferece benefícios comprovados e poderosos para sua saúde, auxiliando na prevenção de uma ampla variedade de doenças. Dentre elas:
Síndrome dos olhos ressecados |
Degeneração macular, que é a causa número um de cegueira em idades avançadas. |
Doenças autoimunes — A vitamina D é um potente modulador do sistema imunológico, muito importante para a prevenção de doenças autoimunes como esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal, etc. |
Doenças gastrointestinais |
Doenças infecciosas, incluindo influenza e HIV |
Doenças inflamatórias reumáticas como artrite reumatoide. |
Osteoporose e fraturas nos quadris |
Doenças cardiovasculares — A vitamina D é muito importante na redução da hipertensão, doença cardíaca aterosclerótica, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral, pois desempenha um papel vital na proteção e reparação de danos ao seu endotélio. |
Doenças neurológicas como Alzheimer e epilepsia |
Lupus — De acordo com pesquisadores no Cairo, a maioria dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico tem algum nível de deficiência de vitamina D. |
Apnéia obstrutiva do sono — Em um estudo, 98% dos pacientes com apneia do sono tinham deficiência de vitamina D, e quanto mais grave a apneia do sono, mais grave era a deficiência. |
Quedas, fraturas e saúde óssea |
Obesidade e diabetes — Uma pesquisa demonstrou que a suplementação de vitamina D (4.000 IU/dia) combinada com treino de resistência ajuda a diminuir a relação cintura-quadril, uma medida mais importante para determinar seu risco de diabetes tipo 2 e doenças cardíacas do que o índice de massa corporal. |
Diabetes tipo 1 — Dados sugerem que manter um nível de vitamina D entre 40 e 60 ng/mL (100 a 150 nmol/L) pode prevenir diabetes tipo 1 e interromper a progressão da doença, que é um problema crescente. |
Doenças neurodegenerativas, incluindo Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla (MS) — Pesquisas demonstram que pacientes com esclerose múltipla com níveis mais elevados de vitamina D tendem a apresentar sintomas menos incapacitantes. A deficiência de vitamina D também é comum entre pacientes com Parkinson, e idosos com deficiência grave de vitamina D podem apresentar um risco de demência 125% maior. |
Reparação do DNA e do processo metabólico |
Nascimento prematuro — Foi demonstrado que um nível de 40 ng/mL também oferece uma poderosa proteção contra o nascimento prematuro. Mulheres com um nível de vitamina D de pelo menos 40 ng/mL podem reduzir o risco de parto prematuro em até 62%, em comparação com aquelas que mantêm níveis de apenas 20 ng/mL. Mulheres com histórico de parto prematuro recebem uma proteção ainda maior (80%) ao aumentar seus níveis de vitamina D para acima de 40 ng/mL. |
Complicações na gravidez — Ter níveis de vitamina D acima de 40 ng/ml também protege a mãe, reduzindo o risco de pré-eclâmpsia, diabete gestacional e infecções pré-natais em aproximadamente 50%. |
Todas as causas de mortalidade — Estudos também associaram os altos níveis de vitamina D a uma diminuição de todas as causas de morte. |
Verifique seus níveis de vitamina D duas vezes ao ano
Normalmente, a exposição ao sol é a melhor forma de otimizar seus níveis de vitamina D, mas muitos optam pela suplementação, especialmente durante os meses de inverno.
A única forma de confirmar se você precisa de suplementação é fazendo um exame de sangue, idealmente duas vezes ao ano (um no início da primavera e outro no final do outono, quando os níveis estão, respectivamente, mais altos e mais baixos). Isso é particularmente importante se você estiver grávida, planejando engravidar ou se tiver câncer.
Novamente, os níveis a serem almejados estão entre 60 e 80 ng/mL, sendo 40 ng/mL um valor baixo para prevenir com eficiência uma variedade de doenças, incluindo o câncer.
A dosagem necessária é altamente individual
Pesquisas sugerem que seriam necessárias 9.600 UI de vitamina D por dia para que 97% da população alcançasse 40 ng/mL, mas as necessidades individuais podem variar muito, e você precisa tomar a dose necessária para chegar à faixa ideal.
Se você já toma uma certa quantidade de vitamina D3 por alguns meses e ainda não chegou à faixa recomendada segundos os exames, é um sinal de que é preciso aumentar a dosagem.
Com o tempo e exames contínuos, você encontrará a dosagem adequada e terá uma boa noção do necessário para manter níveis ideais o ano todo.
Orientações adicionais sobre o uso de vitamina D3 por via oral
Além de determinar sua dose ideal de vitamina D3, você também precisa consumir vitamina K2 suficiente (para evitar complicações associadas à calcificação excessiva das artérias), cálcio e magnésio.
Pesquisas demonstraram que tomar altas doses de vitamina D tendo um nível muito baixo de magnésio no corpo impede a utilização apropriada da vitamina pelo corpo. O motivo para isso é que o magnésio é necessário para a ativação da vitamina D. Se os seus níveis de magnésio estiverem muito baixos, a vitamina D será armazenada em sua forma inativa.
Isso pode ajudar a explicar porque muitas pessoas precisam de grandes doses de vitamina D para otimizar os níveis do corpo. De acordo com uma análise científica, 50% dos americanos que tomam suplementos de vitamina D não se beneficiam significantemente dessa prática por conta de níveis muito baixos de magnésio.
Por outro lado, quando você tem níveis otimizados de magnésio, seus níveis de vitamina D sobem, mesmo que você esteja ingerindo doses baixas. Na verdade, pesquisas anteriores indicaram que uma alta ingestão de magnésio diminui o risco da deficiência de vitamina D, provavelmente por conta da ativação eficiente da vitamina.