Por Dr. Mercola
De acordo com a Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia, 8,3% das crianças sofriam de asma em 2016. As estatísticas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) sugerem que aproximadamente 1 em cada 12 pessoas sofre de asma, incluindo adultos.
Os meninos possuem um risco ligeiramente maior do que as meninas. As despesas anuais com a asma em crianças de 5 a 17 anos incluem 13,8 milhões de dias de escola perdidos e um gasto médio de US$ 983,00 por ano. As crianças com menos de 4 anos têm menos probabilidade de asma, mas quando sofrem um ataque são mais propensas a necessitar de cuidados de emergência.
O ônus econômico da asma, incluindo despesas médicas, perda de dias escolares e de trabalho, além de mortalidade, foi de US$ 81,9 bilhões em 2013 — o ano mais recente para o qual estas estatísticas se encontravam disponíveis — somando-se crianças e adultos. O custo anual por pessoa foi de US$ 3.728.
Sua vida depende do ar que você respira, e a qualidade deste afeta o sistema respiratório e a saúde como um todo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 92% da população mundial respira ar poluído.
Quase 7 milhões de mortes prematuras são atribuídas à poluição do ar a cada ano. Um estudo recente, realizado durante um período de seis meses, com crianças da cidade de Baltimore, encontrou evidências ligando a alimentação e exposição à poluição do ar aos sintomas da asma.
Uma maior ingestão de ômega-3 está associada a menos sintomas de asma
Nesse estudo, pesquisadores da Johns Hopkins Medicine coletaram dados de 135 crianças com idades de 5 a 12 anos diagnosticadas com asma. Cerca de um terço das crianças apresentava sintomas leves de asma, um terço possuía sintomas moderados e um terço apresentava sintomas graves.
Os pesquisadores usaram a definição de gravidade da asma com base nas diretrizes do Programa Nacional de Educação e Prevenção da Asma, que define a gravidade com base nos sintomas, uso de inalador e volume expiratório forçado (quão bem os pulmões são capazes de expulsar o ar).
O estudo reuniu evidências por meio de questionários, compilando dados sobre alimentação, uso de inalador e sintomas relatados pelos participantes e pelos responsáveis. Pesquisas foram realizadas por uma semana no momento da inscrição, aos 3 meses e 6 meses de estudo.
Os participantes também tiveram amostras de sangue extraídas nesses momentos para avaliar as alterações nos marcadores inflamatórios, e um equipamento foi instalado nos lares para medir a qualidade do ar.
O equipamento media a quantidade de material particulado (PM) de 10 micrômetros (PM10) e 2,5 micrômetros ou menor (PM2,5). As crianças viviam na cidade de Baltimore, onde pesquisas anteriores haviam demonstrado que a qualidade do ar muitas vezes ficava aquém dos padrões aceitáveis para poluição do ar livre, conforme estabelecido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).
Medições nos domicílios dos participantes encontraram medidas de PM2.5 de 26,8 microgramas por metro cúbico (mcg/m3). O padrão EPA para ar externo é de 12 mcg/m3. A concentração média para PM10 foi de 39 mcg/m3. Além disso, a análise da alimentação revelou que cada grama adicional de ômega-6 ingerido estava associada a um aumento de 29% no risco de agravamento da asma para uma categoria mais severa.
A poluição desencadeia aumento da inflamação com uma alta ingestão de ômega-6
Cada incremento de 10 mcg/m3 de MP2,5 aos quais as crianças foram expostas também aumentou o risco de sintomas de asma diurna em 2%. Basicamente, os pesquisadores descobriram que altos níveis de ômega-6 na dieta estavam associados a um aumento na porcentagem de neutrófilos gerados em resposta à poluição.
Os neutrófilos são um tipo de glóbulo branco ligado à inflamação. A Dra. Emily Brigham, pneumologista da Universidade Johns Hopkins, foi a principal autora do estudo. Ela ressalta que, embora o papel do ômega-6 seja complexo, alguns subprodutos metabólicos, como os leucotrienos, são conhecidos por serem responsáveis por aumentar a resposta inflamatória em crianças que sofrem de asma.
Por outro lado, as crianças que tiveram uma maior ingestão de ômega-3 apresentaram uma menor resposta ao material particulado interno e pareceram mais resistentes. A dieta típica norte-americana inclui muito mais gorduras do tipo ômega-6 do que ômega-3, o que se aplicava a todas as crianças participando do estudo na cidade de Baltimore.
Esse estudo contribui para um corpo de evidências crescente sugerindo que a alimentação influencia a resposta do corpo à poluição do ar. Outro estudo descobriu que a suplementação com antioxidantes ajudou a modular o impacto da exposição à poluição do ar em pequenas vias aéreas em crianças diagnosticadas com asma de moderada a grave.
Em outro recente estudo duplo-cego, com controle de placebo, envolvendo adultos, os pesquisadores avaliaram o efeito da suplementação diária de vitamina E por 14 dias sobre as características inflamatórias da asma. Comparado ao placebo, a vitamina E resultou em uma maior redução dos sintomas da asma.
O que é Asma?
Segundo a Mayo Clinic, a asma é uma condição na qual suas vias aéreas incham, se estreitam e produzem excesso de muco. Isso dificulta a respiração e geralmente provoca tosse, chiado e falta de ar. Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, assim como a frequência do ataque e a gravidade dos sintomas.
Muitos pacientes são capazes de identificar os gatilhos ou os fatores ambientais que aumentam a chance de sofrer um surto. Gatilhos comuns incluem irritantes ambientais, como fumaças químicas, gases, poeira ou perfumes, além de substâncias transportadas pelo ar, como pólen, mofo e saliva seca de animais de estimação.
Outros podem apresentar sintomas ao se exercitar ao ar frio e seco. A asma é uma condição pulmonar crônica que pode afetar indivíduos de todas as idades, mas geralmente começa durante a infância. Em alguns casos, os sintomas são leves e desaparecem por conta própria ou após um tratamento mínimo. Em outros casos, pode ser necessário um tratamento adicional de emergência durante um ataque ou surto.
O diagnóstico é feito com base no seu histórico médico, exame físico e alguns resultados de teste, incluindo medições da quantidade de ar inspirado e expirado e testes para medir como as vias aéreas reagem durante a exposição à atividade física ou ao ar frio. Se o médico suspeitar de que sua asma está relacionada a alergias, ele pode recomendar um teste de alergia.
Um raio-X do tórax ou eletrocardiograma pode ser solicitado se o seu médico suspeitar de que um objeto estranho ou outra condição de saúde pode estar desencadeando os sintomas. Embora a condição seja crônica e administrável, ela também pode ser grave ou até mesmo letal durante uma crise severa.
Poluição do ar interno relacionada a sintomas de asma e mais
As crianças são expostas ao ar poluído dentro e fora de casa. Segundo a OMS, 98% das crianças com menos de 5 anos em países com renda baixa e média estão expostas à poluição por PM2,5 em níveis mais altos do que as diretrizes de qualidade do ar da OMS.
As crianças são mais vulneráveis já que seus corpos estão se desenvolvendo, o que as põe em risco de inflamação e outros danos à saúde causados pelos poluentes. Elas também possuem uma expectativa de vida mais longa, o que faz com que haja mais tempo para o surgimento de doenças.
A partir de uma análise de estudos publicados nos últimos 10 anos e da contribuição de dezenas de especialistas, a OMS lista alguns dos principais riscos da poluição para a saúde das crianças, incluindo mortalidade infantil, obesidade infantil, função e desenvolvimento pulmonar prejudicado, câncer infantil e condições adversas no parto.
Além dos sintomas de curto prazo devidos à exposição à poluição do ar em ambientes fechados, incluindo o agravamento da asma, dores de cabeça, tontura e fadiga, a exposição crônica pode resultar em graves problemas de saúde, incluindo:
Morte prematura |
Problemas reprodutivos |
Diminuição da função cognitiva |
Câncer — De acordo com pesquisas publicadas este ano, quanto maior a exposição à poluição, maior o risco de câncer |
Bronquite, asma, enfisema, envelhecimento acelerado do tecido pulmonar, vermelhidão e inchaço do tecido pulmonar, chiado e falta de ar. |
Atrasos no desenvolvimento infantil |
Pressão alta,ataques cardíacos e derrames |
Pouco sono — Pesquisas recentes indicam que dois poluentes amplamente difundidos — Dióxido de Nitrogênio (relacionado ao tráfego) e PM2.5 (poluição por partículas finas) — perturbam e reduzem a eficiência do sono (uma medida que determina o tempo gasto dormindo efetivamente em relação ao tempo gasto acordado, deitado na cama tentando dormir).
Indivíduos expostos a níveis mais altos de PM2.5 e dióxido de nitrogênio possuíam probabilidades 50% e 60% maiores, respectivamente, de apresentar baixa eficiência do sono ao longo de um período de 5 anos, quando comparados o grupo menos exposto. |
A importância de se equilibrar a ingestão de ômega-3 e ômega-6 para a saúde geral
O ômega-3 é uma gordura poli-insaturada (PUFA – do inglês Poly Insaturated Fatty Acid) que o corpo humano não é capaz de fabricar, de forma que deve ser obtido através da alimentação. Ele é utilizado em diversas funções corporais, incluindo a divisão celular e funcionamento dos receptores celulares, atividade muscular, cognição e saúde do coração.
É importante ressaltar que o ácido docosahexanóico (DHA) e o ácido eicosapentaenóico (EPA) — dois PUFAs de cadeia longa, encontrados em peixes gordurosos e óleo de krill — são, na verdade, componentes celulares, o que os torna cruciais para o funcionamento ideal das células e das mitocôndrias. Eles não estão disponíveis em alimentos de origem vegetal.
O DHA é particularmente importante para o cérebro, já que cerca de 90% da gordura presente no cérebro é DHA, enquanto o EPA é particularmente importante para a saúde do coração. Uma pesquisa financiada pelo National Institutes of Health (NIH) mais uma vez destaca a importância do nível de ômega-3 para a saúde do coração e bem-estar geral.
O estudo, publicado no Journal of Clinical Lipidology, analisou o valor da medição dos níveis sanguíneos de EPA e DHA para avaliar o risco de desenvolvimento de certas doenças. Os dados revelaram que maiores índices de ômega-3 estavam associado a um risco menor de:
- Eventos totais de doença cardiovascular
- Eventos totais de doença cardíaca coronariana
- Acidente vascular cerebral
No entanto, como demonstrado no estudo em destaque, a alimentação tipicamente norte-americana tende fortemente para a gordura ômega-6, encontrada em óleos vegetais. Alimentos processados — desde batatas fritas a refeições congeladas, molhos de saladas a salgadinhos — geralmente são repletos de ômega-6, devido aos óleos vegetais usados para produzi-los.
A ciência aponta para a necessidade de um equilíbrio correto entre as gorduras ômega-3 e ômega-6 para que elas sejam mais saudáveis. A maioria das pessoas consome muito ômega-6, que tende a favorecer o processo inflamatório quando consumido em excesso.
O ideal seria manter uma proporção de 4 para 1, ou menos, entre ômega-6 e ômega-3, o que é quase impossível se você consome alimentos processados ou come em restaurantes regularmente.
Aumente com segurança sua ingestão de ômega-3
O ômega-3 de origem animal é a melhor fonte dessa gordura essencial. Existem três estratégias para obter mais dele em sua alimentação diária. No entanto, cada uma possui vantagens e desvantagens.
• Peixe — Peixes pequenos e gordurosos de água fria, como anchovas e sardinhas, são uma excelente fonte de ômega-3, com baixo índice de contaminação por substâncias perigosa. O Salmão do Alasca pescado na natureza é outra excelente fonte com baixo teor de mercúrio e outras toxinas ambientais.
Como grande parte do suprimento de peixes está contaminado com toxinas e poluentes industriais, incluindo metais pesados como arsênico, cádmio, chumbo, mercúrio e venenos radioativos, é extremamente importante ser seletivo, escolhendo peixes ricos em gorduras saudáveis e com baixo teor de contaminantes.
• Óleo de peixe — Embora, a princípio, o óleo de peixe possa parecer uma maneira prática e relativamente barata de aumentar sua ingestão de ômega-3, ele normalmente não fornece uma quantidade suficiente de antioxidantes. Além disso, é altamente propenso à oxidação, levando à formação de radicais livres nocivos.
• Óleo de krill — O óleo de krill é a minha escolha preferida como suplemento de ômega-3, pois contém ômega-3 DHA e EPA de origem animal indispensável para o seu corpo, em uma forma menos propensa à oxidação.
Com a ajuda de fosfolipídios, os nutrientes do óleo de krill são transportados diretamente para as membranas celulares, onde são mais facilmente absorvidos. Além disso, eles podem atravessar sua barreira hematoencefálica, alcançando estruturas cerebrais importantes.
Por mais tentado que você possa ser a obter seu ômega-3 das seguintes fontes, principalmente porque elas tendem a ser menos dispendiosas e de mais fácil obtenção do que as fontes mencionadas acima, eu aconselho que você evite:
• Salmão de piscicultura — Contém cerca de metade dos níveis ômega-3 presentes no salmão selvagem, além de ser frequentemente alimentado com uma dieta baseada em derivados de milho e soja transgênicos, e pode conter antibióticos, pesticidas e outras toxinas químicas.
• Grandes peixes carnívoros — Marlim, peixe-espada e atum (incluindo o atum em enlatado), por exemplo, tendem a conter algumas das maiores concentrações de mercúrio, uma conhecida neurotoxina.