Por que a sucralose (SPLENDA) não é tão inofensiva quanto dizem? A segurança do seu consumo tem sido questionada

opções de adoçantes

Resumo da matéria -

  • Cozinhar usando a sucralose gera cloropropanóis, que fazem parte de uma classe de toxinas conhecidas por dioxinas, que estão relacionados ao câncer e distúrbios endócrinos. A exposição da sucralose ao calor gera outros compostos tóxicos, como as dibenzo-p-dioxinas policloradas e os dibenzofuranos policlorados
  • Pesquisas mostram que a sucralose, uma substância encontrada em adoçantes de marcas como Finn, Gold, Linea, União, Junior e Zero-Cal, é metabolizada e se acumula nas células adiposas
  • Muitos estudos já relacionaram o uso de adoçantes artificiais com um aumento nos riscos de obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica. E é exatamente por evitar essas doenças que o uso dos adoçantes é indicado
  • A sucralose reduz a microbiota intestinal em até 50%, e ataca principalmente as bactérias conhecidas por serem muito benéficas para a saúde humana. Adoçantes com sucralose também demostraram agravar doenças inflamatórias intestinais e intensificar os sintomas da doença de Crohn
  • Uma pesquisa publicada em 2016 demonstrou que camundongos machos, após receberem grandes doses de sucralose, apresentaram aumentos consideráveis no número de tumores malignos, e no desenvolvimento de câncer no sangue, como leucemia, linfoma e mieloma múltiplo

Por Dr. Mercola

Os adoçantes artificiais ainda fazem parte da sua dieta diária? Se for o caso, eu recomendaria que você reconsiderasse. É importante saber que, apesar dos adoçantes artificiais terem zero (ou muito poucas) calorias, eles ainda são metabolicamente ativos, e não de uma forma saudável.

Por exemplo, uma pesquisa publicada na versão online do Diário de Toxicologia e Saúde Ambiental em 21 de agosto de 2018, mostra que a sucralose, vendida no Brasil por marcas como Finn, Gold, Linea, União, Junior e Zero-Cal, é metabolizada e se acumula nas células adiposas.

É impressionante como os adoçantes artificiais se tornaram tão presentes no dia a dia. Uma pesquisa publicada na edição de abril de 2019 da revista Ecotoxicologia e Segurança Ambiental se refere a eles como contaminantes ambientais "emergentes", observando que eles apresentam "grande persistência na água".

De acordo com ela, os adoçantes artificiais estão quimicamente estáveis no ambiente, e as fontes de água estão sob grandes riscos de contaminação. Os pesquisadores examinaram 24 estudos ambientais avaliando a presença dos adoçantes artificiais no ambiente de 38 locais no mundo, incluindo a Europa, Canadá, EUA, e Ásia.

Segundo a pesquisa: "No geral, as descobertas quantitativas sugerem que os adoçantes artificiais não saudáveis estão presentes na água da superfície, na água encanada, nos lençóis freáticos, na água do mar, de lagos e da atmosfera". Ainda não se sabe quais serão as consequências disso para a natureza, especialmente a marítima, e para a saúde humana.

Adoçantes artificiais estimulam a obesidade, diabetes e síndromes metabólicas

Como explicado na pesquisa de 2016, "Efeitos Metabólicos de Adoçantes Não Saudáveis", muitos estudos já relacionaram o uso de adoçantes artificiais com um aumento nos riscos de obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica.

E isto vai totalmente contra o que as empresas dizem, pois continuam a dizer que os adoçantes artificiais são boas formas de reduzir os riscos dessas doenças. A pesquisa mostra várias formas pelas quais os adoçantes artificiais causam problemas metabólicos:

1. Eles interferem nas reações metabólicas que contribuem para o controle da glicose e para a homeostase energética. Estudos demostraram que quando o gosto doce e a ingestão calórica não são compatíveis, seu corpo perde a capacidade de regular sua glicemia de forma apropriada.

2. Eles interagem com receptores de sabor doce presentes no sistema digestório que são importantes para a absorção de glicose e causam a secreção de insulina, e dessa forma, induzem a intolerância à glicose e a resistência à insulina, aumentando os riscos de obesidade. O gosto doce sem as calorias também aumenta o apetite e a escala de fome e saciedade.

3. Eles destroem sua microbiota intestinal. Um estudo de 2008 revelou que a sucralose reduz a microbiota intestinal em até 49,8%, e ataca principalmente as bactérias conhecidas por serem muito benéficas para a saúde humana. O consumo de apenas sete pequenos pacotes de adoçantes com sucralose pode ser o bastante para causar efeitos prejudiciais à sua microbiota intestinal.

Uma pesquisa mais recente, publicada na página Molecules em outubro de 2018, confirmou e expandiu essas descobertas, mostrando que todos os adoçantes artificiais aprovados atualmente (aspartame, sucralose, sacarina, neotame, advantame e acesulfame-K) perturbam sua microbiota intestinal, danificando o DNA das bactérias e interferindo em suas atividades.

Outro estudo de 2018 descobriu que o consumo de adoçantes com sucralose pode agravar doenças inflamatórias intestinais e intensificar os sintomas da doença de Crohn, pois estimula a presença de bactérias nocivas na microbiota intestinal.

Esses resultados reafirmaram aqueles publicados em 2014, que demostraram que adoçantes com sucralose podem agravar os sintomas da doença de Crohn aumentando as "atividades inflamatórias a nível bioquímico" e alterando as interações micro-organismo - hospedeiro na mucosa intestinal.

De forma similar, uma pesquisa publicada em 2017 relacionou a sucralose a inflamações crônicas do fígado, pois a substância altera "a dinâmica do desenvolvimento da microbiota intestinal".

Por que você nunca deve cozinhar usando adoçantes com sucralose?

Alguns adoçantes com sucralose são indicados para preparos culinários, e são frequentemente utilizados na produção de alimentos processados, que envolvem muito calor. Sim, mesmo com os cientistas alertando sobre os perigos do aquecimento da sucralose há anos.

Em um estudo de 2013, "Sucralose, Um Adoçante Organoclorado Sintético: Uma Visão dos Problemas Biológicos", os autores afirmaram que "Cozinhar com sucralose em altas temperaturas… gera cloropropanóis, uma classe de compostos potencialmente tóxica". Esse estudo também advertiu que o nível aceitável de consumo diário de sucralose pode ser centenas de vezes mais alto do que deveria ser para garantir segurança em seu consumo.

O Instituto Federal de Avaliação de Riscos da Alemanha (BfR) recentemente emitiu um parecer sobre os dados disponíveis sobre a sucralose, confirmando que cozinhar usando a substância é provavelmente uma péssima ideia, pois as altas temperaturas formam os compostos clorados. A página MedicalXpress relatou:

"Quando a sucralose (E955) é aquecida a temperaturas maiores que 120 ºC, o adoçante é decomposto e declorificado gradualmente, conforme o aumento da temperatura.

Temperaturas entre 120 e 150 ºC são utilizadas pelas indústrias durante a produção e processamento de alimentos, e também em preparos culinários domésticos.

Isso leva à formação de compostos orgânicos clorados que podem causar danos à saúde, como as dibenzo-p-dioxinas policloradas (PCDD), dibenzofuranos policlorados (PCDF) e cloropropanóis."

Embora ainda pouco conhecidos, acredita-se que os cloropropanóis causem efeitos adversos aos rins e podem ser carcinogênicos. Uma boa razão para suspeitar dos cloropropanóis é que eles fazem parte de uma classe de toxinas conhecidas por dioxinas, que causam câncer e distúrbios endócrinos.

O fato de que a sucralose cria dioxinas tóxicas quando aquecida também é um motivo de preocupação para aqueles que usam líquidos para cigarros eletrônicos que contêm o adoçante artificial. Um estudo de 2017 descobriu que a sucralose contribui para o gosto adocicado apenas se for usada em cigarros eletrônicos com sistema de cartuchos, e uma análise química mostrou que o uso de cartuchos também aumentou a concentração de sucralose no aerossol.

Eu acho interessante que esses estudos estão confirmando as minhas suspeitas publicadas em meu livro, "Sweet Deception", publicado há mais de 10 anos, que expôs os adoçantes com sucralose.

A sucralose mostrou um potencial carcinogênico

Uma pesquisa publicada em 2016 no Diário Internacional de Saúde Ocupacional e Ambiental testou o potencial carcinogênico da sucralose adicionando a substância na dieta de camundongos, em várias concentrações, começando aos 12 dias de gestação e continuando durante suas vidas.

Os resultados demostraram que camundongos machos apresentaram aumentos consideráveis, de acordo com a dosagem de sucralose, no número de tumores malignos e neoplasias hematológicas (câncer do sangue, medula óssea e sistema linfático). As dosagens utilizadas foram 0, 500, 2.000, 8.000 e 16.000 partes por milhão (ppm). Os piores resultados foram nos machos que receberam 2.000 ppm e 16.000 ppm.

Grávidas, tomem cuidado

Uma pesquisa mais recente, publicada em 2018, revelou que a sucralose e o acesulfame-K dos adoçantes artificiais alcançam o leite materno. As grávidas precisam estar cientes desse fato, considerando os efeitos nocivos dessas substâncias. Para descobrir se os adoçantes poderiam chegar ao leite, os pesquisadores recrutaram 34 mulheres que estavam amamentando exclusivamente.

Cada uma das mulheres bebeu 360 ml de Diet Rite Cola (um refrigerante americano sem calorias), que contém 68 miligramas (mg) de sucralose e 41 mg de acesulfame-K, antes do café da manhã. Também foi avaliado por meio de um questionário se as mulheres tinham o hábito de consumir esses adoçantes artificiais.

Foram coletadas amostras do leite materno das mulheres antes de consumirem a bebida, e a cada hora após o consumo, até seis horas. Acredita-se que essa foi a primeira vez que pesquisadores demostraram que os bebês estão de fato expostos aos adoçantes artificiais enquanto são amamentados (caso suas mães consumam os adoçantes).

Bebidas 'dietéticas' foram associadas a maior risco de derrame cerebral e ataque cardíaco

Outro estudo de 2018, pela Associação Americana do Coração (AHA), descobriu que, comparadas a mulheres que não bebem, ou que bebem apenas uma bebida "diet" por semana, as mulheres acima de 50 anos de idade que bebem duas ou mais bebidas artificialmente adocicadas por dia têm:

  • Risco 31% maior de acidente vascular cerebral isquêmico
  • Risco 29% maior de doença arterial coronariana
  • Risco 32% maior de qualquer tipo de derrame
  • Risco 16% maior de morte prematura

O risco é particularmente alto para mulheres sem nenhum histórico de doenças cardíacas, aquelas que estão obesas, e/ou mulheres de descendência afro-americana. O estudo incluiu mais de 81.714 mulheres do Estudo Observacional da Iniciativa de Saúde da Mulher, um estudo longitudinal da saúde de 93.676 mulheres na pós-menopausa entre 50 e 79 anos.

O período médio de acompanhamento foi de quase 11.9 anos. Em um editorial que acompanhou o estudo, "Adoçantes Artificiais, Riscos Reais", Hannah Gardener, cientista assistente no departamento de neurologia da Universidade de Miami, e o Dr. Michell Elkind, da Universidade de Columbia, sugeriram o consumo de água pura no lugar de bebidas adocicadas sem calorias, pois ela é de longe a bebida de baixa caloria mais segura e saudável que existe.

Se você quiser um pouco mais de sabor, esprema um pouco de limão fresco ou lima na água. E se você achar que suas comidas ou bebidas precisam de um pouco de adoçante, cuidado com suas escolhas.

A sucralose está relacionada a danos ao fígado, rins e timo

Outra pesquisa recente publicada na revista Morphologie descobriu que a sucralose causou "mudanças definitivas" no fígado de ratos, "indicando efeitos tóxicos se for consumida regularmente". Os pesquisadores advertem que essas descobertas sugerem que a sucralose deve ser "consumida com cuidado para evitar doenças hepáticas".

Em outras palavras, o uso regular de adoçantes com sucralose pode danificar seu fígado. Nessa pesquisa, os ratos adultos receberam altas doses (não letais) de sucralose, 3 gramas (3.000 mg) do adoçante para cada quilograma de massa corporal por dia, por 30 dias, após as quais os fígados dos animais foram dissecados e comparados com fígados de controle, livres de sucralose. De acordo com os autores:

"Os ratos do experimento sofreram degeneração irregular dos hepatócitos, juntamente com hiperplasia das células de Kupffer, infiltração linfocítica, dilatação sinusoidal e fibrose, indicando que a ingestão regular de sucralose causa danos hepáticos definitivos. A largura sinusoidal dos animais também demostrou um crescimento em relação aos animais de controle."

Estudos também relacionaram o consumo da sucralose com o aumento no tamanho do fígado e dos rins, e com a calcificação nos rins. Outro órgão afetado pela sucralose é o seu timo. Estudos relacionam o consumo do adoçante com o encolhimento do timo (em até 40%) e o aumento da população de leucócitos (células do sistema imunológico) no timo e nos gânglios linfáticos.

Substitutos mais saudáveis para o açúcar

Dois dos melhores substitutos para o açúcar são a estévia e a siraitia (também conhecida como fruta-dos-monges). A estévia, um adoçante de origem vegetal altamente doce, obtido a partir das folhas da estévia, uma planta sul-americana, é vendida como suplemento. A planta é completamente segura em sua forma natural e pode ser usada para adoçar a maioria dos pratos e bebidas.

O Lo Han Kuo é similar à estévia, mas é o meu predileto pessoalmente. Eu uso o adoçante da marca Lakanto, sabor baunilha, que pra mim é uma delícia. As siraitias são usadas como adoçantes há séculos, e são cerca de 200 vezes mais doces que o açúcar.

Uma terceira alternativa é usar glicose pura, também conhecida como dextrose. A dextrose tem somente 70% da doçura da sacarose, então você vai ter que usar uma quantidade um pouco maior para conseguir a mesma doçura, fazendo com que fique um pouco mais caro do que o açúcar normal. Mas ela é mais segura do que o açúcar, que é 50% frutose.

E como a dextrose não possui nenhuma quantidade de frutose, ela vale muito à pena por ser mais saudável. Ao contrário da frutose, a glicose pode ser usada de forma direta por todas as células do seu corpo, e por isso é uma alternativa muito segura ao açúcar.

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