Por Dr. Mercola
Pela primeira vez em mais de 20 anos, dados do National Center for Health Statistics mostraram em 2015 uma queda na expectativa de vida, e voltou a cair em 2017. Embora as 10 principais causas de morte em 2017 continuem as mesmas que em 2016, as mesmas representaram apenas 74% de todas as mortes.
Acredita-se que um dos principais motivos para esse declínio seja a overdose de drogas, mas outro fator importante identificado por um estudo de apoio foi o diabetes tipo 2. Uma atualização dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) registrou que mais de 114 milhões de adultos americanos vivem com diabetes ou pré-diabetes.
Embora a medicina convencional ainda considere a diabetes como uma perturbação nos níveis de açúcar no sangue, ela verdade é uma doença relacionada cujas raízes se encontram na resistência à insulina e na sinalização defeituosa da leptina. Em outras palavras, é uma condição derivada da dieta.
Viver com diabetes é um desafio, pois níveis elevados de açúcar no sangue afetam vários sistemas em seu corpo, criando demandas constantes por tempo e esforços. Com o auxílio de ferramentas psicométricas, os pesquisadores começaram a perceber os efeitos devastadores que o diabetes tem sobre as pessoas e a vida familiar. Muitas das comorbidades que ocorrem com diabetes deterioram ainda mais a qualidade de vida.
Como o calor do verão está se aproximando, é importante entender os efeitos únicos que a desidratação tem sobre o corpo daqueles que convivem com o diabetes, e as possíveis medidas preventivas para evitar a internação e até mesmo a morte.
Como a Diabetes tipo 2 afeta seu corpo
A Diabetes possui efeitos de curto e longo prazo em seu corpo. Entender essas mudanças pode ajudar a prevenir complicações durante o desenvolvimento da doença, incluindo aquelas relacionadas à desidratação. O tratamento da diabetes pela comunidade médica frequentemente inclui a administração de insulina para tratar o sintoma “açúcar elevado no sangue”, mas não consegue lidar com a resistência à insulina e os problemas na sinalização da leptina.
A diabetes tipo 2 pode ser chamada de diabetes não insulinodependente, uma vez que o pâncreas continua a produzir insulina, mas as células são incapazes de utilizá-la adequadamente. Na verdade, este é um estágio avançado da resistência à insulina, tipicamente desencadeado por uma dieta rica em açúcar e carboidratos.
Seu corpo usa o hormônio insulina para introduzir glicose nas células para ser utilizada como combustível. No início do estágio intermediário do diabetes tipo 2, o pâncreas secreta insulina, mas as células se tornam resistentes ao efeito. A glicose não é capaz de entrar nas células e, portanto, se acumula na corrente sanguínea, provocando complicações de saúde potencialmente graves.
Embora qualquer um possa desenvolver diabetes tipo 2, você corre um risco maior se estiver com sobrepeso, for sedentário, tiver histórico familiar de diabetes tipo 2, histórico de síndrome metabólica ou se tiver diabetes gestacional. Embora milhões de pessoas sofram desta condição, ela não deve ser considerada como algo inevitável.
Indivíduos com diabetes possuem maior risco de cegueira, doença vascular periférica, depressão, insuficiência renal e doença cardíaca. Alguns dos sintomas dos níveis descontrolados de açúcar incluem aumento da sede e micção frequente.
Você pode encontrar cetonas (um subproduto da quebra de músculo e gordura) na urina, ou sentir fadiga, irritabilidade ou visão embaçada. Quando você está desidratado, isto pode afetar as medições de glicose no sangue, gerando um ciclo vicioso que pode culminar em insuficiência renal e até mesmo morte.
Causas e sintomas da desidratação
Existem vários fatores que podem desencadear a desidratação, especialmente durante os meses de verão. A ingestão insuficiente de líquidos, o calor e o exercício extenuante contribuem fortemente para a perda de líquidos no corpo. Além disso, a desidratação também pode ocorrer devido à diarreia, vômito ou ingestão de álcool.
O corpo humano possui em sua composição entre 60% e 70% de água, que é utilizada em todas as células, órgãos e tecidos para ajudar a regular a temperatura e manter a função. Você perde água normalmente água através da respiração, digestão e sudorese. Com a ingestão de água em quantidade apropriada, seu corpo é capaz de remover resíduos através da transpiração e urina.
Seus rins e fígado usam água para eliminar os resíduos corporais, e a ingestão suficiente de água evita que você fique constipado uma vez que suaviza as fezes. Sempre que você estiver perdendo grandes quantidades de líquido devido à sudorese, seja devido à temperatura, esforço físico ou febre, ou se tiver vômito ou diarreia, é fundamental aumentar a ingestão de líquidos para proteger seu corpo.
Embora não exista uma regra exata sobre como determinar suas necessidades de hidratação, um dos melhores indicadores é a cor da sua urina, que deve possui uma coloração amarela clara. Se ela estiver muito escura, é provável que você está ficando desidratado.
Os sintomas de desidratação incluem sede, ressecamento das mucosas (boca e olhos), tontura, fadiga e dor de cabeça. Como discutido, sua urina também apresentará coloração mais escura. À medida que a desidratação se torna mais grave você experimentará pressão arterial baixa, pulso enfraquecido, confusão e apatia.
Sem a presença de altos níveis de glicose no sangue (diabetes), a reidratação é um processo simples. No entanto, indivíduos com diabetes apresentam desafios celulares únicos, o que pode impossibilitar a reversão da cascata de eventos que ocorre quando você fica desidratado sem tratamento imediato.
O vicioso ciclo da desidratação em indivíduos com diabetes
Seus rins são o principal órgão responsável pela manutenção do seu estado de hidratação. Quando os níveis de glicose no sangue estiverem mais altos do que deveriam, os rins tentarão remover o excesso excretando através da urina. Para isso, os rins retiram água do seu sangue, O que causa um aumento da sede.
Ao beber água, você ajuda a reidratar o sangue e fornece aos rins o líquido disponível para excretar o excesso de glicose. No entanto, à medida que você fica desidratado, seu corpo tentará extrair água de outras fontes, como saliva, lágrimas e a água armazenada dentro de suas células.
Quando os níveis de glicose no sangue estiverem altos, você sentirá a boca e os olhos secos, enquanto seu corpo tenta remover a glicose usando água de outras áreas. Estes são os mesmos sintomas que você sentirá quando estiver desidratado devido ao excesso de suor, calor ou doença.
Isso inicia um ciclo vicioso que pode acarretar em danos aos órgãos. À medida que seu corpo perde fluido através do calor, da transpiração ou da doença, a glicose acaba sendo deixada para trás e a concentração de açúcar no sangue aumenta, diminuindo a capacidade dos vasos sanguíneos de proverem aos órgãos os nutrientes necessários.
Atingir níveis perigosos de desidratação pode levar poucas horas
Dentro de seu corpo, os vasos sanguíneos começam grandes e gradualmente se vão se estreitando à medida que viajam do coração para o interior de seus órgãos. Boa parte do seu sangue está localizada nesses vasos periféricos.
Quando você perde uma quantidade significativa de fluido, a insulina e a glicose não conseguem atingir adequadamente esses vasos menores. Isso faz com que a concentração de açúcar no sangue suba ainda mais.
Quanto maior o seu nível de açúcar no sangue, maior a resistência à insulina que você experimenta. Quanto mais resistentes à insulina suas células estiverem, maior será o nível de açúcar no sangue. Cria-se um círculo vicioso, que é exacerbado quanto mais desidratado você fica. Em um dado momento, as células periféricas começam a metabolizar a gordura, gerando cetonas.
Para excretar as cetonas, seus rins precisam produzir mais urina, e quanto mais você urina, mais severa se torna a desidratação. Esse efeito cascata pode ocorrer em questão de horas devido a doenças ou sudorese excessiva.
É fundamental que você preste atenção ao seu nível de hidratação para evitar essa sequencia de eventos desencadeados pela resistência à insulina levando a um aumento no açúcar no sangue, ao desenvolvimento de cetonas e ao aumento da desidratação à medida que seu corpo tenta excretar o excesso de glicose e cetonas.
A desidratação pode levar à falência renal
A desidratação extrema pode levar à insuficiência renal, à necessidade de diálise e ao potencial de morte. A associação entre a desidratação e a disfunção renal aguda é bem conhecida, sendo geralmente considerada reversível quando cuidados imediatos estão disponíveis.
No entanto, uma epidemia de doença renal crônica na América Central levou a um estudo para avaliar se os mecanismos que levam à insuficiência renal devido à desidratação recorrente também podem levar a danos permanentes nos rins.
Pesquisadores descobriram três destes mecanismos, chegando à conclusão de que a desidratação leve pode ser um fator de risco na progressão de todos os tipos de doença renal crônica, e que a manutenção da hidratação pode prevenir a doença renal crônica.
De acordo com a Fundação Nacional do Rim, à medida que você se torna desidratado, é mais difícil para o sangue distribuir nutrientes importantes e transportar os resíduos para os seus rins. A desidratação leve pode fazer com que você se sinta cansado e prejudicar as funções normais do corpo, mas a desidratação grave pode levar a danos nos rins.
A desidratação também provoca um acúmulo de resíduos em seu corpo que entope seus rins com proteínas musculares, O que também prejudica a função renal. A manutenção da hidratação adequada reduz o risco de formação de cálculos renais e ajuda a dissolver os antibióticos usados no tratamento de infecções do trato urinário, tornando-os mais eficazes.
Diabetes Insipidus desencadeia um conjunto particular de problemas
A Diabetes Insipidus é uma forma especial de diabetes que não está diretamente relacionada ao açúcar no sangue. Nessa condição, o corpo é incapaz de regular adequadamente a quantidade de água liberada pelos rins. A condição deixa você com muita sede e faz com que produza grandes quantidades de urina.
Em casos graves, a produção de urina pode chegar a 20 litros por dia. Para efeito de comparação, um adulto saudável tipicamente urinará uma média de 1 a 2 litros por dia. A regulação dos fluidos é controlada pelo hormônio antidiurético (ADH), também chamado de vasopressina. O ADH é produzido no hipotálamo e armazenado na glândula pituitária em seu cérebro.
A Diabetes Insipidus pode ser desencadeada após cirurgia cerebral, tumor ou traumatismo craniano. A Diabetes Insipidus nefrogênica ocorre quando há um defeito nos túbulos renais. A diabetes insipidus gestacional é rara, e ocorre apenas durante a gravidez quando uma enzima produzida na placenta destrói o ADH na mãe.
Se você foi diagnosticado com Diabetes Insipidus, provavelmente foi aconselhado pelo seu médico provavelmente a beber uma quantidade específica de água todos os dias, e ele pode aconselhá-lo a tomar fluidos específicos contendo eletrólitos caso você esteja em uma situação em que a desidratação seja um risco potencial.
Frequentemente, a hidratação ideal envolve fatores mais do que aumentar o consume de água
Existem diversas razões para se empenhar em manter uma hidratação adequada. Recentemente, cientistas consideraram como a água que você bebe desempenha um papel em como seu corpo regula o açúcar no sangue. A vasopressina, um hormônio que regula a retenção de água, também está envolvida em estimular o fígado a produzir açúcar no sangue, que, com o tempo, pode desencadear a resistência à insulina.
Um dos principais fatores para uma hidratação adequada é colocar a água nas células. A água encontrado no interior das células é chamada de água da zona de exclusão (EZ). Este é também o tipo de água encontrada nas plantas e na natureza, de acordo com Gerald Pollack, Ph.D., autor de “The Fourth Phase of Water.” (“A Quarta Fase da Água”).
Esta “quarta fase da água”, a água EZ, contém energia e funciona como uma bateria. Uma das maneiras mais simples é incorporar essa água em suas células é comer mais vegetais folhosos e estruturar a água já presente em seu corpo expondo regularmente a pele nua à luz solar.
Esse tipo de hidratação pode ajudar a prevenir a desidratação precoce e pode ajudar a melhorar a saúde e a longevidade.