Por Dr. Mercola
Doenças de tireoide estão entre os problemas mais comuns que enfrentamos nos dias de hoje. De um ponto de vista prático, há várias formas de abordar o problema. Em sua entrevista, o Dr. Jonathan Wright, pioneiro da medicina natural, compartilha seus protocolos para lidar com a disfunção da tireoide.
O hipotireoidismo (quando a tireoide é menos ativa do que o normal) é um problema muito comum e que tem muitas causas, como o consumo de água com cloro e flúor ou farinha bromada. O cloro, flúor e bromo são da mesma família que o iodo e podem deslocar iodo para sua glândula tireoide.
Para começar, muitas pessoas não fazem a ingestão diária adequada de iodo. Pode ser que sua ingestão atual de iodo seja apenas o suficiente para evitar um bócio.
A terceira principal causa de hipotiroidismo está relacionada aos níveis elevados de T3 reverso. É interessante notar que, em 95% das ocasiões, pessoas com níveis elevados de T3 reverso atingirão níveis normais após serem submetidos à quelação com EDTA e DMPS, que extraem cádmio, chumbo, mercúrio e outros metais tóxicos do corpo.
Essencialmente, a toxidade dos metais pesados pode causar uma forma funcional de hipotiroidismo.
"É amplamente reconhecido que o chumbo e o cádmio interferem na produção de testosterona", diz o Dr. Wright. "Um fato não tão conhecido é que o T3 reverso é estimulado pelos metais pesados, um estímulo que cresce junto com seus níveis de presença no corpo.
Com efeito, os níveis podem ser tão altos que conseguem ultrapassar os do T3 regular. Você pode ter hipotiroidismo funcional ainda que seus níveis de TSH e T3 livre estejam normais".
Quanto iodo você precisa consumir para garantir a saúde da sua tireoide?
No Japão, a dose diária de iodo obtida através da dieta está entre 2.000 e 3.000 microgramas (mcg) ou 2-3 miligramas (mg). Há motivos para acreditarmos que essa dosagem é muito mais adequada do que a recomendada nos Estados Unidos, que é de 150 mcg por dia.
Alguns alegam que o valor deveria ser ainda mais alto do que no Japão. É o caso do Dr. Browstein, que recomenda um consumo regular de 12.5 mg. Outro defensor de um alto consumo de iodo é Guy Abraham, obstetra, ginecologista e endocrinologista da Universidade do Sul da Califórnia.
"Curiosamente, ele não fez muitas das suas publicações até se aposentar da Universidade do Sul da Califórnia. Mas, depois disso, ele criou um site incrível, o optimox.com, que contém muito material de leitura gratuito", diz o Dr. Wright.
"Há um estudo razoavelmente cuidadoso que afirma que a glândula tireoide não começa a se regular, diminuindo sua atividade, até consumirmos um total de 14 ou 14.5 mg em iodo e iodeto. É provavelmente por isso que o Dr. Abraham, seguido por outros, criou suplementos líquidos e em comprimidos com 12 ou 12.5 mg de iodo.
Curiosamente, em 1829, o Dr. Lugol criou uma combinação de iodo e iodeto. Duas gotas do composto continham exatamente 12.5 mg. Como o Dr. Lugol sabia? Nós não fazemos ideia. Mas seu composto funciona muito bem desde 1829 e ainda está disponível sob o nome de Lugol (sob receita médica)...
Normalmente, para mulheres, eu recomendo uma gota de Lugol, o que dá aproximadamente 6 mg. Para os homens, que não têm tanto tecido mamário, eu recomendo 3 mg. Para prevenir o câncer, eu sempre penso em um consumo maior para as mulheres.”
O iodo também ajuda a proteger a saúde da mama...
Na experiência do Dr. Wright, não há efeitos adversos em tomar 12.5 mg de iodo por dia. Em alguns casos, valores mais altos podem trazer benefícios não só para a tireoide. Há pesquisas convincentes sugerindo que o iodo é igualmente importante para a saúde das mamas e que o iodo, não o iodeto, se combina com um lipídio para formar moléculas que matam células cancerígenas.
"Os seios são grandes esponjas de iodo", aponta o Dr. Wright. "Não é o caso do iodeto, que é melhor absorvido pela glândula tireoide. Se você tomar uma quantidade suficiente de iodo, terá moléculas prontas para matar novas células de câncer!"
De acordo com o Dr. Wright, o iodo também é crucial para tratar outros problemas relacionados aos seios, como a doença fibrocística da mama, na qual o tratamento com iodo é bem sucedido em quase 100% dos casos. Curiosamente, em casos graves, recomenda-se a aplicação de iodo em todo o cérvix.
"Em casos realmente graves, você precisa trabalhar em conjunto com seu médico. Submeter-se à aplicação de iodo", diz o Dr. Wright. "Quanto mais a doença fibrocística da mama piora, mais tratamento ela demanda. Mas quanto a isso [o tratamento com iodo], eu praticamente posso oferecer uma garantia de satisfação... porque eu jamais precisaria devolver o dinheiro do paciente".
Dito isso, seria prudente para a maioria das pessoas evitar doses tão altas a menos que seja como tratamento terapêutico, por um curto período de tempo. Pessoalmente, eu acredito que, para suplementação, uma dose 10 vezes menor, ou de poucos miligramas, pode ser o melhor para a maioria.
Boas fontes de iodo
Além do Lugol, as algas marinhas também são uma ótima fonte de iodo. Uma delas, frequentemente recomendada por herbalistas para melhorar a saúde da tireoide, é a fava-do-mar (nome científico: Fucus vesiculosus). Você pode encontrar em cápsulas ou pó. Caso queira, você pode usar a alga para condimentar alimentos, pois ela tem um sabor levemente salgado.
A desvantagem é que, para atingir um consumo de 3 mg, você precisa de uma ingestão diária de pelo menos duas colheres de chá. Outra preocupação é a possível presença de radiação do reator de Fukushima, que contaminou grande parte das algas marinhas do Japão. Portanto, é melhor conferir a procedência das algas que você compra.
Tente adquirir algas marinhas da costa da Noruega ou de locais tão distantes quanto possível do Japão. Embora os fabricantes ainda não tenham adicionado a informação "livre de radiação" nos rótulos, você pode conferir por si mesmo usando um contador de Geiger.
O programa de tratamento de tireoide do Dr. Wright
O Dr. Wright sempre começa com um exame físico, no qual ele procura sinais de disfunções da tireoide. Isso inclui sintomas como pele ressecada, afinamento das margens externas das sobrancelhas, acúmulo sutil de líquido nos tornozelos, constipação, ausência de transpiração, ganho de peso e colesterol alto. Um exame antigo, porém útil, envolve medir sua temperatura todas as manhãs e observar se ela está sempre próxima de 37 graus.
Esse teste remete ao trabalho do Dr. Broda Barnes, que dada dos anos 30 e 40. O Dr. Barnes descobriu que temperaturas baixas são uma indicação confiável de pouca atividade na tireoide (hipotireoidismo)."Nos dias de hoje, com tantas outras coisas acontecendo, percebo que esse sinal é útil em algumas pessoas, mas não todas", aponta o Dr. Wright. "Mas eu quero testar com todas".
Quanto aos exames laboratoriais, o painel completo da tireoide inclui o hormônio estimulante da tireoide (TSH), o T4 total, o T4 livre, o T3 total, o T3 livre e o T3 reverso. Ele adverte contra confiar no teste de TSH como uma ferramenta primária de diagnóstico, apesar de essa ser a norma convencional.
Sua recomendação se baseia na pesquisa do Dr. St. John O'Reilly, especialista em saúde da tireoide da Universidade da Escócia. Seu trabalho mostrou que o teste de TSH praticamente nunca está correlacionado com a condição clínica do paciente. De acordo com o Dr. Wright, o nível de TSH não é um indicador valioso do hipotireoidismo a menos que esteja alto, digamos, entre 5 e 10.
A terapia da tireoide existe desde a década de 90, e até o teste de TSH se tornar a norma, a dose média da tireoide era quase exatamente o dobro da dose média de quando todos começaram a prestar atenção ao exame de laboratório, em vez de aos sinais clínicos. O Dr. St. John O'Reilly recomenda basear os diagnósticos no exame físico e nos níveis de T3 livre, protocolo que o Dr. Wright usa em sua clínica.
Questões complicadoras: tireoide autoimune
Infelizmente, a maioria das pessoas que fazem a reposição do hormônio da tireoide recebe o hormônio tireoidiano sintético, mais uma vez, tipicamente T4, comumente prescrito sob as marcas Synthroid ou Levothroid. Os médicos tradicionais os prescrevem em quase todos os casos e todos que não o fazem são frequentemente criticados e denunciados ao conselho estadual de medicina.
Isso aconteceu comigo e eu sequer havia feito a prescrição. Eu parei de aceitar pacientes, mas escrevi sobre isso neste boletim informativo. Fui chamado perante o conselho médico para defender minha posição sobre a prescrição do hormônio de tireoide bioidêntico em vez do Synthroid ou Levothroid, embora meu artigo tenha sido apoiado por uma referência de estudo do New England Journal of Medicine, um periódico de grande prestígio.
O Dr. Wright também prefere a reposição com hormônios bioidênticos e trata os pacientes com tireoides inteiramente derivadas de animais (tipicamente vaca, ovelha ou porco).
O papel da toxidade dos metais pesados
Como mencionado inicialmente, uma das principais causas do hipotireoidismo está relacionada com os níveis de T3 reverso, que podem se elevar em resposta a uma alta toxidade por metais pesados. Em casos assim, o Dr. Wright recomenda a desintoxicação antes do início do tratamento da tireoide. O protocolo de desintoxicação varia de acordo com os níveis de chumbo, cádmio, mercúrio e outros metais pesados.
"Algumas pessoas conseguem remover esses metais do corpo eficientemente com 10 a 15 tratamentos de quelação". Outros, particularmente aqueles que sempre viveram em grandes áreas metropolitanas, precisam de 30 a 40 tratamentos de quelação para remover todos os metais tóxicos", ele aponta.
"Durante o tratamento, você deve procurar um médico que siga os procedimentos do Conselho Americano de Terapia de Quelação (ABCT, sigla em inglês). A quelação remove os minerais tóxicos. Porém, ainda não foi descoberto um material de quelação capaz de remover os metais tóxicos sem remover também os metais normais como o cálcio, magnésio, zinco e cobre.
Os médicos supervisionando a quelação devem reinserir os minerais normais periodicamente, de acordo com os exames anteriores à primeira quelação. O exame inicial da quelação mostra, na página um, todos os metais tóxicos que foram ou não removidos. A página dois, que nunca deve ser omitida, precisa ser observada. Ela mostra os níveis dos minerais normais".
Eliminar metais pesados exige cuidados especiais
Claramente, esse é um processo que você não pode conduzir por conta própria. Você precisa de um mentor de saúde, um clínico respeitado e confiável, capaz de fazer os exames e procedimentos relevantes, e que também possa prescrever os suplementos e a reposição dos devidos hormônios da tireoide, os quais você não pode comprar sem receita.
A eliminação de toxinas com base em carbono, como herbicidas e pesticidas, pode ser feita através de suadouro induzido por sessões de sauna. O protocolo de Hubbard leva essa prática um passo à frente e envolve o uso de niacina, exercícios de alta intensidade e saunas regulares para ajudar a mobilizar e eliminar toxinas. Infelizmente, o suadouro não remove toxinas de metais pesados. No caso delas, é preciso uma abordagem mais agressiva como a quelação.
Tipos recomendados de medicamentos para a tireoide
Uma vez que seu T3 reverso tenha sido normalizado e quaisquer problemas auto-imunes tenham sido abordados, o Dr. Wright continua a prescrever uma reposição do hormônio da tireoide, como:
- Thyroid Armour
- Nature-Throid
- Westhroid
O Thyroid Armour tem uma desvantagem: embora seja praticamente um genérico hoje em dia, ele é mais caro do que os outros dois. Porém, a menos que o custo seja um fator decisivo, há vários tipos de exames de compatibilidade que determinam qual deles funciona melhor para você.