Mamografia: Uma mentira trágica

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Resumo da matéria -

  • A prática das mamografias apresenta uma quantidade considerável de desvantagens, e uma pesquisa recente demostrou que o exame não é capaz de reduzir seus riscos de morte pela doença
  • As mamografias, utilizadas para detectar o câncer de mama, utiliza a radiação ionizante, que aumenta os riscos de desenvolvimento de câncer. A nova mamografia 3D, também chamada de tomossíntese mamária, utiliza ainda mais radiação para gerar imagens mais definidas
  • Dados mostram que após 10 mamografias você sofre um risco de 50 a 60% de receber um resultado falso positivo, levando à necessidade de fazer mais mamografias, com ainda mais radiação, ou até de receber tratamento
  • Você pode ser capaz de prevenir de 75 a 90% dos cânceres de mama através de mudanças nos seus costumes, como a redução da sua exposição a toxinas perigosas, utilização de produtos orgânicos, redução do consumo de açúcar refinado e frutose, e limitação do consumo de proteínas

Por Dr. Mercola

A prática consistente das mamografias apresenta uma quantidade considerável de desvantagens. Embora seu médico possa dizer que a mamografia pode reduzir seu risco de morte por 20%, você ficaria surpresa em saber como essa porcentagem é calculada.

Como foi explicado pelo Dr. Andrew Lazris e pelo cientista ambiental Erik Rifkin, phD, para cada 1.000 mulheres que não fazem mamografias, cinco morrem de câncer de mama. E para cada 1.000 mulheres que fazem mamografias regularmente, quatro morrem.

A diferença entre esses dois grupos é de 20%, que representa aquela uma pessoa que foi salva por fazer a mamografia. Mas um novo estudo dos Países Baixos mostra que é muito provável que esse número não seja preciso, não importa como seja calculado. Pior ainda é que, na verdade, as mulheres acabam sofrendo danos pelo procedimento, ou acabam recebendo tratamentos desnecessários como resultado de falsos positivos.

As mamografias não salvam vidas

O estudo analisou a razão pela qual uma quantidade menor de mulheres está morrendo de câncer de mama nos Países Baixos após a instituição de um programa de rastreio agressivo em 1989, incluindo as mamografias regulares.

Os programas de rastreio presumem que a detecção precoce de uma doença a torna mais fácil de ser tratada, produzindo resultados melhores. Os participantes do estudo foram mulheres holandesas, que foram analisadas a cada dois anos, entre 1989 e 2012. Quase 8 milhões de mulheres foram incluídas na análise de dados.

A pesquisa foi liderada pelo Dr. Philippe Autier do Instituto de Saúde Pública da Universidade de Strathclyde. Sua intensão era determinar se a prática regular de mamografias influenciaria o número de casos avançados de câncer de mama detectados e no número de mortes causadas pela doença.

Em um estudo anterior, no qual os pesquisadores utilizaram alguns dos mesmos dados, eles identificaram uma redução na incidência de alguns casos avançados de câncer de mama, indicando que o uso generalizado da mamografia foi eficiente para a redução do número de mortes e para a melhora dos tratamentos precoces.

No entanto, quando os pesquisadores expandiram a análise dos dados, eles falharam em identificar a mesma redução. Durante o período do estudo em questão, não houve reduções significativas nos diagnósticos de câncer de mama do estágio 2 ao estágio 4.

Inicialmente, a redução no número de mortes resultantes de câncer de mama foi atribuída a um conjunto de fatores ambientais, genéticos e de costumes dos pacientes. Esses fatores podem ter resultado em uma redução de 5% entre 1955 e 2012. Embora o número de diagnósticos de câncer de mama do estágio 0 e 1 tenha aumentado drasticamente, o número de casos da doença em estágios superiores se manteve estável.

Em sequência, os pesquisadores analisaram os dados para determinar o que realmente influenciou a redução de mortes pelo câncer de mama, se não foi o programa de rastreio agressivo. E eles descobriram que 85% das reduções na mortalidade observadas estavam relacionadas a melhoras no tratamento, e não foram resultados da identificação de lesões pelas mamografias.

Como as mamografias funcionam?

A mamografia é uma imagem raio X do tecido mamário, tirada na esperança de detectar crescimentos celulares anormais que possam indicar câncer de mama. Os raios X, na verdade, não geram imagens do crescimento dos tumores, mas identificam alterações no tecido, o que pode indicar a presença de um tumor.

Também é possível que alguns tumores cresçam sem causar as alterações esperadas nos tecidos, passando despercebidos. Durante uma mamografia, seu tecido mamário é comprimido entre duas placas para reduzir a quantidade de tecido pelo qual os raios X precisarão passar, reduzindo assim a quantidade de radiação necessária e os desfoques causados por movimentos não intencionais.

A máquina produz pequenos tiros de radiação ionizante, que podem ser lidas por filmes ou de forma digital. Um novo tipo de mamografia utiliza várias pequenas doses de raios X enquanto a máquina se move sobre a mama.

Esse estudo por imagem é conhecido como mamografia 3D ou tomossíntese mamária, e durante ele, o tecido mamário é comprimido uma vez, para que um computador gere uma imagem tridimensional. No entanto, embora esse tipo de imagem possa gerar resultados mais claros, você também será exposta a quantidades maiores de radiação.

O problema com a mamografia tradicional e com a mamografia 3D é que você será exposta à radiação ionizante. Essa exposição traz riscos consideráveis à saúde, incluindo o real desenvolvimento do câncer e o aumento dos riscos de câncer de mama. Os pesquisadores determinaram que as mulheres portadoras das mutações BRCA1 e 2 podem ser mais vulneráveis a cânceres induzidos por radiação.

Os dados sugerem que você tem de 50 a 60% de chance de receber um resultado falso positivo após fazer 10 mamografias anuais. Infelizmente, esses resultados positivos podem levar a mulher a fazer mais mamografias, biópsias e até a receber tratamentos, incluindo a mastectomia parcial.

As mamografias não fazem parte da medicina preventiva

Durante o estudo em questão, Dr. Philippe descobriu que as mamografias superdiagnosticou 59% de cânceres no estágio 1 e 33% de cânceres no estágio 0. Em outras palavras, as lesões identificadas pelas mamografias não necessariamente necessitavam de tratamento.

Essas descobertas sustentam um estudo mais antigo, publicado na revista Journal of the American Medical Association, que concluiu que a identificação de pequenos cânceres sem que esta resulte em uma redução na taxa geral de mortalidade sugere um grande número de superdiagnósticos e excessos de tratamentos.

Já que esses tumores foram identificados, as mulheres sofreram tratamentos desnecessários. Na verdade, um estudo demostrou que, todo ano, US$ 4 milhões são gastos em tratamentos médicos devido aos resultados falsos positivos das mamografias.

Dr. Philippe comentou: “De acordo come esses dados, eu não acho que continuar utilizando as mamografias seja uma boa solução, especialmente porque o preço a ser pago por mulher em termos de superdiagnóstico é enorme.” A prevenção é claramente o melhor remédio quando se trata de câncer, mas as mamografias não se qualificam como uma forma de prevenção.

Níveis adequados de vitamina D associados à prevenção do câncer

Uma pesquisa sobre níveis adequados de vitamina D já demostrou repetidamente que níveis entre 40 e 60 nanogramas por mililitro (ng/ml) proporcionam uma proteção impressionante contra o câncer. Acredito que testar seus níveis de vitamina D duas vezes por ano seja uma das prevenções mais importantes contra o câncer.

Embora haja casos em que o uso da mamografia seja justificado, existem outras alternativas não ionizantes que também podem ter a mesma eficiência. O ultrassom, por exemplo, já demostrou ser consideravelmente superior à mamografia, principalmente para mulheres com tecidos mamários densos, as quais têm riscos muito maiores de receberem resultados falsos positivos das mamografias. Voltando a falar de prevenção, em um estudo recente, os pesquisadores descobriram uma forte associação entre os níveis de vitamina D e a progressão e metástase do câncer de mama. Níveis mais altos de vitamina D também foram associados a um aumento nas chances de sobrevivência ao câncer de mama.

Em um estudo utilizando cobaias humanas, pacientes com um nível médio de 30 ng/ml de vitamina D apresentaram uma taxa de mortalidade 50% menor se comparados a pacientes com nível médio de 17 ng/ml de vitamina D. Em um estudo utilizando cobaias humanas, pacientes com um nível médio de 30 ng/ml de vitamina D apresentaram uma taxa de mortalidade 50% menor se comparados a pacientes com nível médio de 17 ng/ml de vitamina D.

A melhor forma de otimizar seus níveis de vitamina D é com uma exposição prudente ao sol, pois existem vários outros benefícios da exposição à luz do sol além da vitamina D. Por exemplo, raios quase infravermelhos do sol estimulam seu corpo a estruturar a água e aumentar os reparos e a regeneração mitocondrial.

Essa é uma das razões pelas quais eu me mudei para a Flórida. Eu não tomei nenhum suplemento de vitamina D pelos últimos oito anos, e ainda assim tenho níveis acima de 60 ng/ml. Se você vive em locais mais frios e tem níveis baixos de vitamina D, eu certamente recomendo tomar suplementos orais de vitamina D3.

No entanto, lembre-se de que essa prática é uma forma muito inferior de otimizar seus níveis da vitamina. Também é importante medir seus níveis de vitamina D duas vezes por ano, para se certificar de que estão na faixa saudável.

Algumas medidas que você pode tomar para reduzir seus riscos de câncer

De acordo com uma pesquisa recentemente publicada na Environmental Health Perspectives, você pode reduzir seus riscos de câncer de mama evitando certas substâncias químicas presentes em produtos comuns do dia-a-dia.

Retardadores de chamas — produtos retardadores de chama, resinas de poliéster, polímeros plásticos e espumas rígidas de poliuretano.

Acrilamida — alimentos (especialmente alimentos ricos em amido, como batatas fritas, cozidos em altas temperaturas), fumaça de tabaco e géis de poliacrilamida em bens de consumo, como fraldas.

Aminas aromáticas — poliuretano, pesticidas, corantes Azo e muitos outros produtos.

Benzeno — gasolina (andar de carro, bombear gasolina e armazenar gasolina em um porão ou garagem), fumaça de tabaco, removedores de adesivos, tintas, selantes, finalizadores e combustíveis e óleos de motores.

Solventes orgânicos halogenados — lavagem a seco, propulsor de spray de cabelo, fumigantes do solo, processamento de alimentos, aditivos à gasolina e removedores de tinta e manchas.

Etileno (EtO) e óxido de propileno (PO) — o EtO é um gás usado para esterilizar equipamentos médicos, alimentos e especiarias, roupas e instrumentos musicais; também encontrado na fumaça do tabaco e no escapamento automático.

PO é um esterilizante e fumigante, também encontrado em produtos automotivos e de tintas.

1,3-Butadieno — fumaça de cigarro, escapamento de automóveis, fumaça de gasolina e emissões de instalações industriais.

Aminas heterocíclicas — carne cozida em altas temperaturas e fumaça de tabaco.

Hormônios endógenos e farmacêuticos e outras substâncias químicas que são desreguladores endócrinos — estrogênios, progesterona e DES, junto com outros hormônios.

Fármacos não hormonais com atividade hormonal — incluem quatro agentes quimioterapêuticos, dois medicamentos veterinários possivelmente presentes nos alimentos, a diurética furosemida, o antifúngico griseofulvina e vários agentes anti-infecciosos.

MX — uma das centenas de subprodutos genotóxicos da desinfecção da água potável.

Ácido perfluorooctanóico (PFOA) — revestimentos antiaderentes e resistentes a manchas em tapetes, móveis, roupas e utensílios de cozinha; aplicações de combate a incêndio, cosméticos, lubrificantes, tintas e adesivos.

Nitro-PAHs — poluição do ar, principalmente causada por escapamentos a diesel.

HAP — fumaça de tabaco, poluição do ar e alimentos carbonizados.

Ocratoxina A (uma micotoxina que ocorre naturalmente) — grãos, nozes e carnes suínas contaminados.

Estireno — alimentos que entraram em contato com poliestireno; produtos de consumo e materiais de construção, incluindo poliestireno, tapetes, adesivos, artigos para hobby e artesanato, e produtos para manutenção doméstica.

Os parabenos são usados como conservantes em antitranspirantes, protetores solares e vários cosméticos. Estudos demostraram que todos os parabenos apresentam uma atividade estrogênica em células do câncer de mama de humanos. Além disso, um estudo descobriu um ou mais ésteres de parabeno em 99% de 160 amostras de tecidos coletadas de 40 mastectomias.

A presença consistente dos parabenos sugere que os produtos que contêm os ésteres também podem aumentar seus riscos de câncer de mama. Embora os antitranspirantes sejam uma fonte comum de parabenos, os autores de um estudo observaram que a fonte não pôde ser provada, e 7 dos 40 pacientes disseram nunca terem usado desodorantes ou antitranspirantes em suas vidas.

Isso sugere que, não importa qual seja a fonte, os parabenos se acumulam no tecido mamário. E, como os parabenos são encontrados em uma grande variedade de produtos de cuidados pessoais, de beleza e medicamentos, a exposição a eles não está limitada à apenas uma fonte.

O Instituto Americano para Pesquisa do Câncer estima que, ao fazer três alterações nos seus costumes, você pode prevenir 33% de todos os cânceres de mama. Essas três mudanças incluem ficar e se manter saudável, manter um peso saudável e evitar o álcool.

Implementar estratégias de prevenção é muito mais eficaz do que a detecção precoce, pois melhora a sua saúde de forma geral e reduz seus riscos de exposição a compostos químicos nocivos, como as drogas quimioterapêuticas.

Além de consumir alimentos orgânicos, também recomendo procurar por outros produtos orgânicos, como roupas e lençóis (preferencialmente certificados com o selo de Padrão Global de Têxteis Orgânicos), produtos cosméticos e outros produtos de cuidados pessoais, detergentes e produtos de limpeza.

A exposição acumulada a toxinas e compostos químicos diruptores endócrinos por várias fontes tem um efeito cumulativo para a sua saúde, pois muitos desses compostos químicos não são metabolizados ou eliminados do seu corpo de forma adequada, se é que sequer começam a ser metabolizados e/ou eliminados do corpo.