Aumenta-se o risco de síndrome do choque tóxico com uso de absorvente interno

Absorventes comuns e internos

Resumo da matéria -

  • A síndrome do choque tóxico (SCT) está associada ao uso de absorventes internos. Usar absorvente interno de super absorção e/ou deixá-lo inserido por muito tempo são os dois maiores fatores de risco
  • Recentemente, Michigan detectou um aumento repentino nos casos de SCT associada ao uso de absorventes internos. No primeiro trimestre de 2016, houve cinco casos. Na última década, houve uma média de menos de quatro casos por ano
  • Uma investigação francesa revelou traços de dioxinas, pesticidas, inseticidas e subprodutos halogenados em 11 marcas de absorventes externos e internos. O glifosato foi encontrado numa marca de absorventes fabricados com algodão orgânico

Por Dr. Mercola

Uma mulher comum usa de 11.000 a mais de 16.000 absorventes internos no decorrer da vida. Além disso, muitas outras usam absorventes externos. Mas você sabia que esses produtos podem ser uma importante fonte de exposição a toxinas?

Por exemplo, os ftalatos - que dão um acabamento lisinho aos aplicadores de absorventes - são conhecidos por desregular a expressão de genes e hormônios.

Os fabricantes de absorventes internos e externos não precisam divulgar os ingredientes usados, pois os produtos de higiene feminina são considerados "instrumentos médicos", e o teor é de propriedade da empresa.

Dito isto, a maioria dos absorventes internos contém uma combinação de algodão, rayon e fibras sintéticas. Hoje, a maior parte do algodão é geneticamente modificada (GM) e, embora os riscos sejam desconhecidos, inserir um algodão desse tipo na vagina várias vezes por mês provavelmente não é diferente de ingerir alimentos geneticamente modificados.

Pelo que sabemos, pode ser pior, considerando o fato de que a parede vaginal é altamente permeável, permitindo que as proteínas geneticamente modificadas tenham acesso direto à corrente sanguínea. A contaminação por pesticidas é outra preocupação, assim como a adição de qualquer substância química e subprodutos não revelados durante o processo de fabricação.

A síndrome do choque tóxico

A síndrome do choque tóxico não é novidade. Sempre foi um risco associado ao uso de absorventes internos. A relação entre os absorventes internos e a síndrome do choque tóxico (SCT) foi inicialmente descoberta na década de 1980 pelo microbiologista Philip Tierno, PhD, e sua equipe.

Na época, foi determinado que o SCT estava relacionada aos materiais sintéticos usados nos absorventes internos de super absorção. Tais materiais sintéticos não são mais permitidos, mas a SCT continua sendo um problema. Várias reações alérgicas agora também estão sendo relatadas.

De acordo com a CNN:

"'Essas fibras amplificavam a bactéria estafilococos, se uma cepa toxigênica estivesse presente', disse Tierno. Cerca de 20% das pessoas têm estafilococos naturalmente. No auge do surto de SCT em 1980, houve 890 casos relatados ao CDC.

... [O] número de casos de SCT desde 1998 variou entre 138 e 65 em 2012. Mas Tierno disse que ainda existem produtos que utilizam rayon de viscose, que ele chamou de "o melhor dos quatro ingredientes ruins".

O rayon é um material sintético feito de serragem, e um de seus subprodutos é a dioxina, que a EPA considera possivelmente cancerígena... "Claro que, num absorvente interno, são vestígios", disse Tierno, "mas considere a vida menstrual de uma mulher... É muita dioxina absorvida diretamente pela vagina".

Vai diretamente para o sangue... Cada material contido num absorvente interno deve ser submetido a pesquisa. Já sabemos que as fibras contêm dezenas (de substâncias químicas), o poliéster contém centenas delas. Não é apenas uma fibra que você insere na vagina."

Os casos de SCT aumentam em Michigan

Por razões ainda desconhecidas, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos de Michigan detectou recentemente um pico nos casos de SCT associada ao uso de absorventes internos. No primeiro trimestre de 2016, cinco casos foram relatados. Na última década, houve uma média de menos de quatro casos por ano.

Conforme relatado pela CBS Detroit:

“O choque tóxico é uma síndrome rara, mas grave, causada por uma infecção bacteriana. Os sintomas incluem febre súbita, vômito, diarreia, tontura e choque com disfunção de múltiplos órgãos.

Segundo a agência, o choque tóxico associado ao absorvente interno tem sido historicamente atribuído ao uso inadequado do produto, como deixar o absorvente inserido por muito tempo. A agência diz que não se deve deixar o absorvente inserido por mais de seis a oito horas, e deve-se sempre usar o de menor absorção necessária."

Historicamente, a super absorção tem sido um fator de risco primário. Em quatro dos cinco casos de Michigan, as mulheres usavam absorventes internos de super absorção da marca Playtex Sport. Segundo o Departamento de Saúde de Michigan, a seleção de produtos era o único fator comum entre os cinco casos.

Quais são alguns dos misteriosos ingredientes dos absorventes internos?

Enchimento de celulose

Polímeros fundidos

Fibras quimicamente enrijecidas, fibras de poliéster, turfa e espuma

Laminados e papel de seda

Géis super absorventes e espumas de células abertas

Myreth-3-myristate (como lubrificante) (Patente nos EUA #5.591.123)

Zeólitas naturais e sintéticas (como partículas que absorvem odores) (Patente nos EUA #5.161.686)

Álcool etoxilado

Ésteres de glicerol, polissorbato-20 (como surfactantes para dispersar fragrâncias)

Agentes antibacterianos sem nome (Patente nos EUA #8.585.668)

Substâncias químicas causadoras de câncer, como: estireno, piridina, metileugenol e hidroxianisol butilado (produtos perfumados)

Ftalatos preocupantes (DEP e DINP) (produtos perfumados)

Almíscares sintéticos (possíveis desreguladores hormonais) (produtos perfumados)

Inúmeros alérgenos (produtos perfumados)

Os defensores da saúde da mulher pedem maior transparência

Relatos contínuos de SCT e reações alérgicas, além de testes que revelaram substâncias químicas questionáveis em absorventes internos e externos, levaram a um crescente movimento de transparência e divulgação dos ingredientes em produtos de higiene feminina, tanto nos EUA quanto no exterior. Como relatado pela CNN:

"... A Women's Voices for the Earth... há dois anos vem liderando uma campanha chamada "Detox the Box". Quando o grupo testou os absorventes Always da P&G, descobriu que o produto liberava substâncias químicas como estireno, cloreto de etila e clorofórmio.

A Organização Mundial da Saúde classifica o estireno como cancerígeno. E a EPA diz que a exposição a curto prazo a altas concentrações de clorometano pode ter efeitos neurológicos.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças afirmam que altos níveis de exposição ao cloreto de etila podem resultar em falta de coordenação muscular e inconsciência."

Uma investigação francesa levou ao recolhimento de produtos

Uma recente investigação da revista francesa 60 Millions de Consommateurs também revelou vestígios de substâncias químicas nocivas em 11 absorventes externos e internos, incluindo dioxinas, pesticidas organoclorados, inseticidas piretroides e subprodutos halogenados.

As marcas testadas incluíram Tampax, Always, OB, Nett e até uma marca orgânica. A descoberta de glifosato em protetores diários orgânicos fez com o que fabricante Croman recolhesse 3.100 caixas do produto na França e no Canadá. A investigação também levou a Instituição Nacional Francesa de Consumidores a exigir um controle mais rígido do governo sobre os produtos de higiene feminina e maior transparência na rotulagem. De acordo com o Independent:

“Tem havido um amplo debate sobre se essa substância química amplamente usada é cancerígena, e a empresa disse que a medida era apenas uma 'precaução' enquanto investiga sua cadeia de fornecimento de matérias-primas. Um porta-voz da Corman disse que vestígios residuais de glifosato foram encontrados em uma amostra, o que 'não deveria ocorrer no algodão orgânico'."

O preço que você paga por absorventes branquinhos

Parte do problema tem a ver com o processamento dos ingredientes usados nos absorventes internos. Para lhes dar aquele aspecto branco de "limpo", é preciso alvejar as fibras. O cloro é comumente usado para isso, podendo criar dioxinas tóxicas e outros subprodutos da desinfecção, como o trialometano. O FDA recomenda que os absorventes internos sejam livres de resíduos de dioxinas, pesticidas e herbicidas. Mas isso é apenas uma recomendação, não uma exigência.

De acordo com o FDA, quantidades vestigiais de dioxinas nos absorventes internos não representam riscos para a saúde, ainda assim, estudos demonstraram que a dioxina se acumula nos tecidos adiposos e, de acordo com um relatório preliminar da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), a dioxina é uma ameaça grave à saúde pública e que não possui nível de exposição "seguro". Por que o FDA não leva isso em consideração? Relatórios publicados mostram que mesmo níveis baixos ou vestígios de dioxinas podem estar relacionados a:

  • Crescimento anormal do tecido no abdômen e nos órgãos reprodutivos
  • Crescimento celular anormal em todo o corpo
  • Supressão do sistema imunológico
  • Distúrbio dos sistemas hormonal e endócrino

Pesquisas demonstraram que as substâncias químicas não apenas são rapidamente absorvidas pela vagina e circulam pelo resto do corpo como algumas delas, como substâncias que imitam hormônios, podem levar a "exposições mais altas do que o esperado" no restante do corpo. Por exemplo, uma dose de estradiol aplicada por via vaginal resultou em níveis sistêmicos de estradiol 10 a 80 vezes mais altos do que o resultado da mesma dose administrada por via oral.

Como evitar a síndrome do choque tóxico

É importante lembrar que os absorventes internos, independentemente do material de que são feitos, podem criar um ambiente favorável à proliferação de bactérias. As microfissuras deixadas na parede vaginal pelos absorventes internos permitem que as bactérias penetrem e se acumulem.

A Síndrome do Choque Tóxico (SCT) está tipicamente associada às toxinas venenosas das bactérias Staphylococcus aureus ou estreptococos do grupo A. A SCT pode colocar a vida em risco, por isso é importante reconhecer seus sinais e sintomas. Se algum destes sintomas ocorrerem durante o uso de um absorvente interno, procure um médico:

Febre alta repentina

Vômito

Diarreia

Pressão baixa

Convulsões

Comichão na palma das mãos ou na sola dos pés

Dores musculares

Vermelhidão dos olhos, boca e/ou garganta

Para minimizar o risco dessa condição potencialmente fatal:

Evite os absorventes internos de super absorção - escolha a menor absorção necessário para o seu fluxo e troque o absorvente com mais frequência

Nunca durma usando um absorvente interno, use o externo

Ao inserir um absorvente interno, tenha muito cuidado para não arranhar o revestimento vaginal (evite aplicadores de plástico)

Alterne o uso de absorventes internos com externos durante o período menstrual

Troque os absorventes internos a cada 4-6 horas

Não use absorventes internos entre uma menstruação e outra

Alternativas mais seguras

Muitos dos produtos de higiene feminina são feitos principalmente de rayon, viscose e celulose... não algodão, muito menos algodão orgânico. O rayon e a viscose apresentam um potencial risco, em parte devido às suas fibras altamente absorventes. Quando usadas nos absorventes internos, essas fibras podem grudar na parede vaginal e, quando você remove o absorvente, as fibras soltas ficam para trás, dentro do seu corpo, aumentando o risco de SCT.

Felizmente, existem alternativas mais seguras e, como o FDA regula o nível de absorção dos absorventes internos, todos os absorventes internos do mercado devem atender às mesmas diretrizes de absorção. De acordo com Tierno, no NYU Medical Center, os absorventes internos feitos 100% de algodão apresentam "consistentemente níveis detectáveis de toxinas da SCT em testes".

No entanto, considerando a alta probabilidade de o algodão estar contaminado por pesticidas e inseticidas, é melhor optar por absorventes internos de algodão orgânico 100% certificados pelo ministério da agricultura.

A introdução do algodão Bt em 2002, que foi geneticamente modificado para produzir seu próprio pesticida interno, deveria levar a uma diminuição do uso de pesticidas nas plantações de algodão. Na verdade, o algodão Bt requer mais pulverizações de pesticidas do que o algodão indígena. O algodão Bt criou novas pragas resistentes e, para controlá-las, os agricultores agora usam 13 vezes mais pesticidas do que antes de sua introdução.

Portanto, o próprio algodão é um pesticida (visto que a toxina Bt é produzida em todas as células da planta) e a colheita também é contaminada com pesticidas externos! No geral, isso faz do algodão Bt uma opção questionável para os absorventes internos. Outra alternativa é o coletor menstrual, que funciona de maneira semelhante a um diafragma, permitindo que se evite completamente o uso de absorventes internos. Procure também absorventes internos que são:

  • Processado sem cloro para evitar subprodutos tóxicos como a dioxina
  • Livre de fibras sintéticas e plásticos
  • Livre de celulose do tipo fluff - Respirável, absorvente e também poupa as árvores
  • Hipoalergênico, especialmente se você tem pele sensível