250 cientistas demostram preocupações sobre fones de ouvido

Fatos verificados
fones de ouvido

Resumo da matéria -

  • Fones de ouvido sem fio, como o popular AirPods da Apple, podem ser perigosos para a saúde humana, de acordo com uma petição assinada por 250 cientistas
  • A petição às Nações Unidas (ONU), liderada pela Aliança Internacional dos Campos Eletromagnéticos, é contra os campos eletromagnéticos não ionizantes (CEMs), que são usados pelos AirPods e outros dispositivos Bluetooth, além dos celulares e Wi-Fi, que emitem radiação radiofrequência
  • Um cientista que assinou a petição acredita que o uso de fones de ouvido parece ser um grande experimento, e pode aumentar seus riscos de problemas neurológicos

Por Dr. Mercola

Fones de ouvido sem fio, como o popular AirPods da Apple, podem ser perigosos para a saúde humana, de acordo com uma petição assinada por 250 cientistas. Os dispositivos, que incluem não só os AirPods, mas também outros fones sem fio Bluetooth, trazem um novo nível de funções e conveniência para aqueles que desejam ouvir músicas, podcasts, audiolivros e outras coisas enquanto andam.

Desde a sua introdução, mais de 44 milhões de AirPods foram vendidos, com previsão de outros 55 milhões a serem vendidos em 2019. A previsão é que 80 milhões serão vendidos em 2020. Não há como negar que é uma tecnologia encantadora (que se tornou um tipo de "necessidade" quando a Apple retirou o plug de fone de ouvido do seu iPhone 7), mas pode custar muito cara.

A petição às Nações Unidas (ONU), liderada pela Aliança Internacional dos Campos Eletromagnéticos, é contra os campos eletromagnéticos não ionizantes (CEMs), que são usados pelos AirPods e outros dispositivos Bluetooth, além dos celulares e Wi-Fi, que emitem radiação radiofrequência.

Cientistas advertem sobre os perigos dos CEMs

A petição, que foi lançada originalmente em 2015 e atualizada em 2019, é um apelo internacional de cientistas que trabalham de perto em um estudo sobre os efeitos que os CEMs não ionizantes causam à saúde. Por décadas, a indústria alegou que a radiação não ionizante é inofensiva e que a única radiação com a qual deveríamos nos preocupar é a radiação ionizante. Mas pelo contrário, os cientistas afirmam:

"Com base em uma pesquisa publicada revisada por pares, temos sérias preocupações a respeito da crescente e onipresente exposição aos CEMs gerados por dispositivos elétricos e sem fio.

Estes incluem, mas não estão limitados a, dispositivos emissores de radiação radiofrequência (RFR), como os celulares e os telefones sem fio e suas bases, Wi-Fi, antenas de transmissão, medidores de energia inteligentes e babás eletrônicas, além de dispositivos elétricos e infraestruturas usadas para o fornecimento de energia elétrica que geram campos eletromagnéticos de frequência extremamente baixa."

Denotando a classificação do CEM como um possível carcinógeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, eles também afirmaram que várias publicações científicas mostram que o CEM afeta os organismos a níveis "bem abaixo" da maioria das diretrizes internacionais e nacionais. Dentre os possíveis riscos da exposição, estão:

Câncer

Estresse celular

Aumento dos radicais livres nocivos

Danos genéticos

Alterações estruturais e funcionais no sistema reprodutivo

Déficit de memória e aprendizado

Distúrbios neurológicos

Impactos negativos sobre o bem-estar geral

A petição afirma que a Organização Mundial da Saúde, ao não tomar uma atitude, está "falhando em sua função como uma agência internacional preeminente de saúde pública", e adicionaram que o dano dos CEMs "vão muito além da raça humana, pois existe cada vez mais evidências sobre seus efeitos danosos sobre a vida animal e vegetal".

Os CEMs podem danificar suas células ao causar a formação excessiva de radicais livres

Martin Pall, Ph.D., professor emérito da Universidade do Estado de Washington, é outro dos cientistas que assinaram a petição. Ele descobriu mais de duas dúzias de pesquisas afirmando que os CEMs ativam canais de cálcio dependentes de voltagem (Cavs), que estão localizados na membrana exterior das suas células.

Uma vez ativados, eles permitem um grande influxo de cálcio para dentro das células: cerca de 1 milhão de íons de cálcio por segundo, por Cav. Quando há um excesso de cálcio nas células, há um aumento nos níveis de óxido nítrico (NO) e superóxido. Embora o NO tenha muitos efeitos beneficiais à saúde, quantidades excessivas reagem com o superóxido, formando peroxinitrito, que é um estressor oxidante extremamente potente.

Os peroxinitritos, por sua vez, se quebram para formar radicais livres reativos, tanto espécies reativas de nitrogênio quanto espécies reativas de oxigênio, incluindo radicais hidroxila, radicais carbonato e radicais NO2, sendo que os três são danosos. Os peroxinitritos também causam seus próprios danos.

Dessa forma, os CEMs não causam danos por influência térmica ou aquecendo seus tecidos. Eles não estão "cozinhando" suas células, como algumas pessoas sugerem. Na verdade, a radiação CEM ativa os Cavs da membrana exterior das células, causando uma reação em cadeia de eventos devastadores, resultando em:

  • Danificação das funções mitocondriais, e das membranas e proteínas celulares
  • Causa danos celulares severos
  • Quebra do DNA
  • Acelera dramaticamente o processo de envelhecimento
  • Aumenta os riscos de doenças crônicas

Assim como Moskowitz, Martin acredita que as consequências da exposição crônica dos CEMs sobre o cérebro podem incluir alterações neurológicas que levam à ansiedade, depressão, autismo e mal de Alzheimer. Além disso, sabe-se que a atividade elevada dos Cavs em certas partes do cérebro produz uma variedade de efeitos neuropsiquiátricos. De acordo com Martin:

"Eu revisei um [grande número] de estudos sobre vários tipos de exposição aos CEMs, e cada um deles mostrou efeitos neuropsiquiátricos. O que descobri é que esses efeitos se repetiram várias vezes nestes estudos epidemiológicos.

São as mesmas coisas que todo munto têm reclamado: 'Estou cansado o tempo todo', 'Não consigo dormir', 'Não consigo me concentrar', 'Estou deprimido', 'Fico ansioso o tempo todo', 'Minha memória já não funciona muito bem'.

Sabemos que todas essas coisas são causadas pelas exposições aos CEMs. Não há dúvidas quanto a isso. Como sabemos seus efeitos sobre o cérebro, sabemos que a atividade excessiva dos Cavs pode produzir vários problemas neuropsiquiátricos."

Proteções necessárias antes que a tecnologia 5G se difunda

A petição dos cientistas é um aviso sombrio, já que o 5G, ou a "5ª Geração", de redes sem fio continua a se desenvolver. Diferente da tecnologia de “4ª geração” (4G) utilizada atualmente, que conta com torres de celular enormes de 30 metros de altura, cada uma com cerca de uma dúzia de portas de antena, o sistema 5G utiliza instalações de “pequenas células”, cada uma com cerca de 100 portas de antena.

Espera-se que a tecnologia 5G seja de 10 a 100 vezes mais rápida que a 4G e seja capaz de suportar pelo menos 100 bilhões de dispositivos. O 5G se baseia principalmente na largura de banda da onda milimétrica (MMW), a qual vai de 30 GHz a 300 GHz, de acordo com o especialista em CEM e escritor Lloyd Burrell.

As MMWs não foram muito utilizadas até hoje, mas existem alguns fatos preocupantes sobre elas, como que os dutos de suor da pele humana funcionam como antenas quando entram em contato com as MMWs.

Além disso, existe a possibilidade de que a tecnologia possa piorar os problemas das bactérias resistentes a antibióticos que já se alastra pelo mundo, pois causa alterações na E. coli e muitas outras bactérias, deprimindo seu crescimento e alterando suas propriedades e atividades.

Isso também levanta preocupações pela possibilidade da tecnologia causar alterações similares nas células humanas. De acordo com os pesquisadores da revista Applied Microbiology and Biotechnology:

"As MMW... ou campos eletromagnéticos de frequências extremamente altas de baixa intensidade é um novo fator ambiental, cujo nível aumenta conforme a tecnologia avança. É possível que as bactérias e outras células possam se comunicar uma com as outras através de campos magnéticos de frequências extremamente altas...

A ação conjunta das MMWs e dos antibióticos resultou em efeitos mais fortes. Estes efeitos são significantes para o entendimento das vias metabólicas alteradas e para distinguir o papel das bactérias no ambiente. Eles podem levar à resistência aos antibióticos por parte das bactérias."

Estudos já demostraram que as MMWs podem causar alterações nas proteínas do estresse em plantas, como os brotos de trigo, e que baixos níveis de radiação não ionizante foram associados a distúrbios e problemas de saúde em pássaros e abelhas.

Evite os fones de ouvido, e outras dicas para reduzir sua exposição aos CEMs

Está claro que, quando se trata de usar fones de ouvido, não custa usar o princípio da precaução. Não se torne parte do experimento. Evite os fones de ouvido e escute suas músicas e vídeos da maneira antiga.

Fora isso, aqui estão 19 sugestões que ajudarão a reduzir sua exposição aos CEMs e a mitigar os danos causados por exposições inevitáveis.

1. Identifique as principais fontes de CEM, como seu telefone celular, telefones sem fio, roteadores Wi-Fi, fones de ouvido Bluetooth e outros itens equipados com Bluetooth, mouses sem fio, teclados, termostatos inteligentes, babás eletrônicas, medidores inteligentes e o micro-ondas na sua cozinha. O ideal é lidar com cada fonte e determinar como você pode limitar melhor o uso delas.

Salvo uma emergência de risco de vida, as crianças não devem usar celulares nem dispositivos sem fio de qualquer tipo. As crianças são muito mais vulneráveis à radiação do celular do que os adultos, por terem os ossos do crânio mais finos e terem o sistema imunológico e cerebral ainda em desenvolvimento.

2. Conecte seu computador à Internet usando uma conexão física com cabos Ethernet e certifique-se de também deixar seu computador em modo avião, se possível. Também evite acessórios sem fio como teclado, mouse, acessórios para jogos, impressoras e telefones residenciais sem fio. Opte pelas opções com fio.

3. Se você precisa usar Wi-Fi, desligue quando não estiver usando, especialmente durante a noite quando você vai estar dormindo. Idealmente, tente cabear sua casa com fios para ter conexões físicas com a internet e poder eliminar o Wi-Fi completamente. Se o seu notebook não tem nenhuma porta Ethernet, um adaptador USB para Ethernet permite fazer uma conexão física com a internet usando um cabo.

4. Evite usar carregadores sem fio para o seu celular, pois eles também aumentarão os CEMs em toda a sua casa. O carregamento sem fio também é muito menos eficiente em termos de energia do que o uso de um carregador conectado à tomada, pois ele consome energia contínua (e emite CEMs), independentemente de você estar usando ou não.

De acordo com Venkat Srinivasan, diretor do Centro Colaborativo Argonne para Ciência de Armazenamento de Energia, manter o seu celular ou tablet totalmente carregado o tempo todo também reduz a vida útil da bateria, o que exigirá a compra de um novo dispositivo.

À medida que uma bateria de íons de lítio é carregada e descarregada, os íons passam entre um eletrodo positivo e um eletrodo negativo. Quanto maior a carga da bateria, mais rápido os íons se degradam, por isso é melhor alternar entre 45% e 55%.

5. Desligue fontes de eletricidade em seu quarto durante a noite. Isso geralmente funciona para reduzir os campos elétricos provenientes dos fios nas paredes, a menos que exista algum cômodo adjacente ao seu quarto. Se esse for o caso, será preciso usar um medidor para determinar se você também precisa desligar a eletricidade no cômodo adjacente.

6. Use um despertador que funcione com pilhas ou baterias, idealmente, um que não emita nenhuma luz. Eu uso um rádio-relógio com alarmes de voz para pessoas com dificuldades visuais.

7. Se você ainda usa um forno de micro-ondas, considere substitui-lo por um forno de convecção, que aquece suas refeições tão rápido quanto, e de maneira mais segura.

8. Evite usar eletrodomésticos e termostatos "inteligentes" que precisam de sinais sem fio. Isso inclui todas as novas TVs "inteligentes". Esses dispositivos também são chamados de inteligentes porque emitem sinais de Wi-Fi mas, ao contrário do seu computador, nesses casos a emissão de sinais via Wi-Fi não podem ser desligada. Ao invés disso, considere usar um monitor de computador grande como sua TV, já que eles não emitem sinais de Wi-Fi.

9. Recuse os medidores inteligentes sempre que possível, ou blinde os que já existem com materiais que já demonstraram reduzir a radiação de 98 a 99%.

10. Considere mudar o berço do bebê para o seu quarto em vez de usar uma babá eletrônica sem fio. Como alternativa, use um modelo de babá eletrônica com fio para monitorar o bebê.

11. Substitua as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas incandescentes. O ideal seria remover todas as luzes fluorescentes da sua casa. Elas não só emitem uma luz que não é saudável, como também, e mais importante, transferem corrente elétrica para o seu corpo se você estiver perto das lâmpadas.

12. Evite transportar o celular junto ao seu corpo se ele não estiver em "modo avião", e nunca durma com o celular na sua cama, a menos que ele esteja em modo avião. Mesmo em "modo avião" o celular ainda pode emitir sinais, motivo pelo qual eu coloco meu celular em uma bolsa de Faraday.

13. Ao usar seu celular, use o viva-voz e mantenha o aparelho a pelo menos 3 cm de distância. Tente reduzir radicalmente o tempo que você passa no celular. Em vez disso, use um telefone com software VoIP (Voice over IP) enquanto estiver conectado à internet através de uma conexão física com cabos.

14. Evite usar seu celular e outros dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora (de preferência várias) antes de dormir, pois a luz azul da tela e os CEMs inibem a produção de melatonina.

15. Os efeitos dos CEMs são reduzidos pelos bloqueadores dos canais de cálcio, portanto, certifique-se de estar ingerindo magnésio suficiente. A maioria das pessoas tem deficiência de magnésio, o que piora o impacto dos CEMs.

16. Martin publicou um artigo sugerindo que aumentar o nível de Nrf2 pode ajudar a melhorar os danos dos CEMs. Uma maneira simples de ativar o Nrf2 é consumindo compostos alimentares que aumentam o Nrf2.

Exemplos incluem vegetais crucíferos contendo sulforafano, alimentos ricos em antioxidantes fenólicos, as gorduras ômega-3 de cadeia longa DHA e EPA, carotenoides (especialmente o licopeno), compostos sulfurados de vegetais da família da cebola e do alho, isotiocianatos do grupo do repolho e alimentos ricos em terpenoides.

Exercícios, restrição calórica (como jejum intermitente) e ativação da via de sinalização do óxido nítrico (uma forma é através dos exercícios de descarga de óxido nítrico) também aumentam o Nrf2.

17. Inclua a descarga de óxido nítrico à sua rotina diária de exercícios. De acordo com Martin, a via de sinalização do óxido nítrico e as vias do peroxinitrito inibem uma à outra, o que significa que conforme a sinalização de óxido nítrico aumenta, os peroxinitritos diminuem. Como a descarga de óxido nítrico aumenta o óxido nítrico, ela pode ajudar a fornecer alguma proteção contra os danos dos CEMs.

18. O hidrogênio molecular demostrou alvejar os radicais livres produzidos em resposta à radiação, como os peroxinitritos. Estudos mostram que o hidrogênio molecular é capaz de mitigar cerca de 80% do dano.

19. Certas especiarias podem ajudar a prevenir ou reparar os danos causados pelos peroxinitritos. Temperos ricos em fenólicos, especificamente canela, cravo, raiz de gengibre, alecrim e açafrão exibiram efeitos protetores contra danos induzidos pelo peroxinitrito.