Oxigenoterapia hiperbárica para a COVID-19

Fatos verificados
Oxigenoterapia hiperbárica

Resumo da matéria -

  • O Hospital Hera Opelousas em Luisiana implantou o "uso compassivo" da oxigenoterapia hiperbárica (OHB) para tratar todos os pacientes da COVID-19 com hipoxemia resistente a oxigênio
  • Durante a OHB, você simplesmente respira o ar, ou oxigênio, em uma câmara pressurizada, que permite que seu corpo ignore seus pulmões e absorva o oxigênio diretamente para dentro dos seus tecidos. Nenhum ar é forçado diretamente para dentro dos seus pulmões, o que evita que danos associados à ventilação sejam causados sobre eles
  • A OHB ajuda a tratar a COVID-19 revertendo a hipóxia, reduzindo a inflamação nos pulmões, aumentando a quantidade de espécies reativas de oxigênio viricidas, regulando positivamente os peptídeos de defesa do hospedeiro que aumentam o HIF e reduzindo citocinas pró-inflamatórias como a IL-6
  • O Centro Médico NYU Langone está recrutando 40 pacientes com COVID-19 para realizar um estudo utilizando a OHB

Por Dr. Mercola

Venho dizendo há meses que a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) seria um tratamento adjunto excelente para casos graves da COVID-19 e uma alternativa superior a ventiladores, que já demonstraram causar danos em muitos pacientes, aumentando os riscos de óbito.

A ventilação mecânica pode facilmente danificar os pulmões devido ao fato de que empurra o ar para dentro dos órgãos com força, para tratar uma doença em que os alvéolos estão comprometidos e cheios de fluidos de citocinas inflamatórias por causa da resistência à insulina. A OHB ignora este problema, pois fornece oxigênio 100% em uma câmara pressurizada, que permite que seu corpo ignore seus pulmões e absorva o oxigênio diretamente para dentro dos seus tecidos.

Dessa forma, nenhum ar é forçado diretamente para dentro dos seus pulmões. A OHB também melhora a função mitocondrial, ajuda com a desintoxicação, inibe e controla a inflamação e otimiza a capacidade natural de regeneração do corpo.

Hospital de Luisiana implanta a OHB para tratar a COVID-19

No dia 23 de abril de 2020, a WGNO, um canal de televisão local de Luisiana relatou que o Hospital Geral Opelousas em Luisiana, que conta com um centro hiperbárico, tem implantado o "uso compassivo" da OHB como uma alternativa para pacientes que teriam necessitado da ventilação. A dr. Kelly Thibodeaux disse à WGNO:

"O que vemos em pacientes da COVID-19 em estado grave é uma complicação com a incapacidade de transportar oxigênio, além do problema causado aos próprios pulmões. Não se trata de uma simples lesão pulmonar. O vírus faz alguma coisa com os glóbulos vermelhos do sangue de alguns pacientes ...

Ficar dentro das câmaras hiperbáricas não causa lesões. É uma maneira menos invasiva de fornecer oxigênio que não requer um tubo sendo enfiado pela traqueia."

A OHB no tratamento da COVID-19

A OHB no tratamento da COVID-19

Disponível apenas em inglês

O dr. Kerry Thibodeaux apresentou suas descobertas em um webinário recente realizado pela Associação para o Avanço do Tratamento de Ferimentos (AAWC), uma organização sem fins lucrativos dos EUA. Como explicado no webinário, a OHB pode ajudar no tratamento da COVID-19 das seguintes maneiras:

  • Revertendo a hipóxia
  • Reduzindo a inflamação nos pulmões
  • Aumentando as espécies reativas de oxigênio viricidas
  • Regulando positivamente os peptídeos de defesa do hospedeiro que aumentam o HIF
  •  Reduzindo citocinas pró-inflamatórias como IL-6, IL-1β, IL-18, TNF-α e NF-κB

Kerry, que é certificado em cirurgia geral e tratamento de ferimentos, colaborou com o dr. Amer Raza, um doutor em pneumologia e cuidados intensivos, para desenvolver um plano de tratamento inclusivo utilizando a OHB uma vez por dia, por 90 minutos.

No vídeo acima, Kerry discute detalhes sobre os primeiros cinco casos. Todos receberam melhoras rápidas em suas taxas respiratórias e reduções dramáticas na PCR (um indicativo inflamatório) e D-dímeros (uma medida de coagulação do sangue). O número de tratamentos requeridos variaram de um a nove.

Na época que o vídeo foi gravado, 11 pacientes haviam recebido a OHB. Nenhum deles necessitou de ventilação e cinco receberam alta. Como consequência desses resultados positivos, o Hospital Geral Opelousas agora está utilizando a OHB para tratar todos os pacientes com hipoxemia resistente a oxigênio.

Médicos chineses relatam resultados positivos da OHB

A decisão do Hospital Geral Opelousas de implantar o uso compassiva da OHB foi sustentada parcialmente pelas descobertas de médicos chineses que relataram "resultados promissores" após tratarem cinco pacientes da COVID-19 com a OHB. Dois estavam em condições críticas e cinco em condições graves. A Associação Internacional Hiperbárica relatou:

"A oxigenoterapia hiperbárica foi adicionada na lista atual de tratamentos compreensivos realizados no hospital para pacientes afetados pela COVID-19, com uma dose de 90-120 minutos a pressões de tratamento de 1,4 a 1 fi.ATA.

Os resultados foram muito encorajadores, pois estes cinco pacientes receberam benefícios terapêuticos consideráveis, inclusive o alívio rápido dos sintomas após a primeira sessão da terapia.

A razão para a adição deste procedimento é ajudar a combater a hipoxemia progressiva (baixos níveis de oxigênio) que pode ser causada por COVID-19. A oxigenoterapia hiperbárica também é capaz de fornecer oxigênio extra para a corrente sanguínea em quantidades substanciais ..."

A OHB possui muitos benefícios se comparada às suas alternativas

O relato da China afirma que pacientes da COVID-19 em estado grave sofreram alívio rápido dos sintomas hipóxicos, rápida correção da hipoxemia, melhoria da patologia pulmonar e uma reversão geral das doenças associadas, incluindo sintomas gastrointestinais, apetite, dores de cabeça e de estados mentais.

O relato também detalhou algumas das mecânicas por trás da OHB e por que a terapia é benéfica para o tratamento da COVID-19. O importante é que o fornecimento de oxigênio sob pressão permite uma maior absorção do oxigênio pelo tecido pulmonar inflamado.

A terapia também aprimora a absorção de oxigênio pelas células de forma geral, em maior grau que a oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), procedimento que envolve a oxigenação do sangue do paciente do lado de fora do corpo, para então bombeá-lo de volta para a circulação sanguínea.

E, embora a ECMO seja recomendada para pacientes relativamente jovens, com poucas comorbidades, que não estejam respondendo ao tratamento com ventilador pulmonar, o trabalho do Hospital Geral Opelousas mostra que a OHB pode ser utilizada com sucesso em pacientes mais velhos com várias comorbidades. Além do mais, como observado no relatório chinês, a OHB não entra em conflito com outros meios convencionais de tratamento intensivo:

"A OHB não é o tratamento etiológico da COVID-19, mas sim o tratamento sintomático da hipóxia em pacientes com COVID-19, e é um suplemento para outras tecnologias de tratamento com oxigênio ...

Além da OHB, os cínicos de UTI ainda são responsáveis pelo tratamento compreensivo diário dos pacientes em estado grave acima mencionados. Não há conflitos entre as tecnologias de tratamento. Pelo contrário, a OHB é capaz de fornecer maior suporte a outros tratamentos auxiliares."

Ensaios da OHB para a COVID-19 estão em andamento

O Centro Médico NYU Langone está recrutando pacientes com COVID-19 para realizar um estudo utilizando a OHB. O estudo foi publicado no dia 2 de abril de 2020, e estima-se que seja concluído em julho de 2020. Como detalhado na página ClinicalTrials.gov:

"Este é um estudo de coorte piloto prospectivo de centro único para avaliar a segurança e eficácia da oxigenoterapia hiperbárica (OHB) como um dispositivo investigativo de emergência para o tratamento de pacientes com o novo coronavírus, COVID-19 ...

O paciente receberá 90 minutos de oxigênio hiperbárico em 2,0 ATA com ou sem quebras de ar pelo médico hiperbárico. Ao completar o tratamento, o paciente retornará para a unidade médica para retomar todos os tratamentos padrões ...

Após a porção de intervenção deste estudo, será realizada uma revisão gráfica a fim de comparar os resultados alcançados por pacientes que receberam a intervenção e pacientes que receberam apenas tratamentos padrões."

Este estudo também avaliará se a OHB é capaz de reduzir a tempestade de citocinas, uma reação muito prevalente dentre os pacientes com COVID-19 em estado grave, e como isso poderá influenciar no processo de recuperação. O estudo contará com a participação de 40 pacientes, ao todo. Para serem elegíveis, os pacientes devem apresentar resultados positivos em testes da COVID-19 e ser diagnosticados com dificuldades respiratórias. Todos serão recrutados do Hospital NYU Winthrop.

A hipóxia é o primeiro indicativo para a OHB

Como mencionado, agora o Hospital Geral Opelousas está usando a OHB para tratar todos os pacientes com hipoxemia resistente a oxigênio. De forma similar, o relatório chinês afirma que a "hipóxia é o primeiro indicativo para a OHB". Outro indicativo para a OHB é um diagnóstico de anóxia, ou seja, uma hipóxia grave na qual o paciente é severamente privado de oxigênio.

"O efeito terapêutico em cinco pacientes foi considerável, e ambos os índices clínicos subjetivos e objetivos demonstraram que a deterioração da hipóxia foi interrompida imediatamente, e então o corpo inteiro se recuperou gradualmente após a primeira sessão de OHB", afirmou o relatório chinês.

"De acordo com as leis da estatística, uma resposta tão consistente ao tratamento não pode ser explicada pelo acaso. O mecanismo acima demonstrou que a eficácia da OHB em cinco pacientes não foi acidental ...

Há inúmeras pesquisas, literaturas e trabalhos científicos relevantes. A superioridade da OHB na resolução da hipóxia grave em pacientes com COVID-19 é claramente científica.

Ao contrário dos estágios de tratamento recém-desenvolvidos ou da eficácia de medicamentos ainda em estágio de hipótese científica, a OHB não necessita de verificação por ensaios clínicos como outros métodos de oxigenoterapia que já foram usados clinicamente, como a ventilação mecânica ou a ECMO, e pode ser utilizada de forma sensata."

Tanto o dr. Kerry Thibodeaux quanto o relatório chinês também avaliaram o excelente histórico de segurança da OHB. Não existe nenhum lado ruim no tratamento, além do fato de que alguns pacientes podem ser muito vulneráveis para serem transportados para a câmara.

De forma geral, parece claro que a OHB pode ser um tratamento complementar extremamente valioso para a COVID-19, podendo ajudar a reduzir a taxa de mortalidade da doença.

Outras utilidades da OHB

É excitante testemunhar esta intervenção valiosa fornecer resultados tão promissores para o tratamento da COVID-19, precisamente como eu havia previsto. No entanto, a OHB também é útil para uma grande variedade de outros problemas, como traumatismo craniano (TCE), acidente vascular cerebral, lesões e até mesmo tratamentos complementares para o câncer.

Existem basicamente dois tipos diferentes de câmaras hiperbáricas: as macias e baratas que custam de U$ 5.000 a U$ 30.000, ou as câmaras profissionais, rígidas, de nível hospitalar. Algumas câmaras utilizam concentradores de oxigênio para fornecer o oxigênio, mas as melhores utilizam oxigênio líquido 100%.

Estas últimas normalmente custam acima de U$ 100.000. Dentre elas, a mais comum é produzida pela Sechrist, e é esta que é utilizada no centro hiperbárico do Hospital Geral Opelousas, que conta com seis câmaras.