Por Dr. Mercola
O termo médico para descrever o resfriado comum é infecção do trato respiratório superior (ITRS). Ela geralmente é causada por um vírus que infecta o nariz, a garganta e a boca. Existem mais de 200 vírus diferentes que responsáveis pelo resfriado, sendo os rinovírus os mais comuns.
Em um estudo transversal publicado em 2016, cientistas da Índia analisaram a incidência de ITRS em populações rurais e urbanas. Houve um total de 3.498 pessoas examinadas durante o estudo, das quais 287 tinham uma infecção do trato respiratório superior na época. As crianças eram infectadas com mais frequência do que os adultos, especialmente as que tinham menos de 5 anos.
As prescrições de antibióticos não são recomendados para crianças ou adultos com resfriado comum, pois esses medicamentos tratam infecções bacterianas, não as infecções virais. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) recomendam um enfoque no alívio sintomático, como:
"Administrar medicamentos para tosse e resfriado isentos de prescrição a crianças com menos de 6 anos apresenta um potencial para danos e nenhum benefício comprovado. Essas substâncias estão entre as 20 principais substâncias que causam a morte em crianças menores de 5 anos."
Identifique as infecções do trato respiratório superior
Muitos dos sintomas das alergias sazonais, do resfriado comum e das infecções do trato respiratório inferior (ITRI) que acompanham a gripe podem ser semelhantes. ITRI agudas da gripe foram associados a 34.800 mortes em 2018. Por isso, é importante ser capaz de compreender os sintomas.
Em uma revisão da literatura médica de 2015, cientistas analisaram 56 estudos e encontraram 124 definições de infecções agudas dos tratos respiratórios superior e inferior. Essa variabilidade influencia a capacidade de generalizar as recomendações de prevenção e tratamento.
Médicos de Louisville, em Kentucky, dizem que há sinais e sintomas que distinguem as alergias sazonais, resfriados e gripes:
Sintoma |
Alergia |
Resfriado |
Gripe |
Nariz entupido |
Comum |
Comum |
Às vezes |
Espirros |
Comum |
Habitual |
Às vezes |
Dor de garganta |
Às vezes |
Comum |
Às vezes |
Tosse |
Às vezes |
Leve a moderado |
Comum, pode se tornar grave |
Febre |
Não |
Raro |
Alto: 38ºC a 40ºC por três a quatro dias |
Dor de cabeça |
Comum |
Raro |
Frequente |
Fadiga |
Comum |
Leve |
Dura de duas a três semanas |
Dores |
Nunca |
Levemente |
Podendo ser grave |
O mel é um tratamento superior para ITRS
Embora as crianças sejam mais comumente infectadas do que os adultos com o vírus do resfriado, esse continua sendo o terceiro diagnóstico mais frequente para adultos, que às vezes contraem entre dois e quatro resfriados por ano. O CDC recomenda que os adultos tratem seus sintomas com descongestionantes e anti-inflamatórios não esteroides.
O uso de anti-histamínicos isoladamente, corticosteroides intranasais e opioides não é apoiado por evidências científicas. Embora a maioria das ITRS seja resultado de uma infecção viral, as infecções agudas do trato respiratório continuam a ser a razão mais comum para a prescrição de antibióticos para adultos. A Mayo Clinic recomenda tratamentos caseiros específicos:
Beber muitos líquidos |
Comer canja de galinha |
Controlar a temperatura e umidade ambiente |
Fazer gargarejo com água salgada para acalmar a garganta |
Pingar uma solução salina no nariz para aliviar a congestão |
Usar medicamentos isentos de prescrição para resfriado e tosse a fim de aliviar os sintomas |
Ficar em repouso |
|
Embora os medicamentos isentos de prescrição não sejam considerados eficazes para crianças menores de 6 anos, em uma revisão da literatura médica pela Cochrane observou-se que, embora muitos deles tenham poucos efeitos colaterais em adultos, eles podem não funcionar melhor do que um placebo.
Os autores de uma recente revisão da literatura médica procuravam avaliar como o mel se compara aos tratamentos habituais e aos antibióticos para o alívio sintomático em adultos com infecções do trato respiratório superior. Os cientistas incluíram 14 estudos nos quais a frequência e gravidade da tosse, bem como a pontuação dos sintomas, foram comparados. Eles concluíram que:
“O mel foi superior ao tratamento habitual para a melhora dos sintomas das infecções do trato respiratório superior. Essa é uma alternativa amplamente disponível e barata aos antibióticos. O mel pode ajudar a retardar a propagação da resistência antimicrobiana, mas são necessários mais ensaios clínicos controlados com placebo de alta qualidade.”
Os resultados desse estudo apoiam dados anteriores com resultados semelhantes. Em um estudo italiano envolvendo 134 crianças com tosse inespecífica, os pesquisadores compararam o uso de múltiplas doses de mel ao uso de dextrometorfano e levodropropizina, dois dos medicamentos para tosse de venda livre mais comumente prescritos na Itália.
As crianças tomaram uma mistura de leite e mel de flores silvestres ou uma dose de um dos medicamentos, de acordo com o grupo ao qual foram atribuídas. Os pesquisadores descobriram que a mistura de leite e mel era pelo menos tão eficaz quanto os medicamentos.
O mel reduz a tosse noturna em crianças
Em um estudo anterior, a eficácia do mel foi comparada à do dextrometorfano em 105 crianças com ITRS que ficaram doentes por sete dias ou menos. Os pesquisadores descobriram que o mel teve o melhor desempenho, e os pais o classificaram de modo mais favorável.
Outro grupo de pesquisadores comparou a eficácia do dextrometorfano e da difenidramina com a do mel. Eles estavam interessados em saber se os tratamentos reduziriam ou não a tosse associada a ITRS que dificultavam o sono. Cento e trinta e nove crianças foram divididas em quatro grupos, nos quais receberam mel, dextrometorfano, difenidramina ou cuidados de apoio.
A equipe do estudo descobriu que uma dose de 2,5 ml de mel na hora de dormir aliviou mais a tosse do que os outros tratamentos. Curiosamente, não houve diferença estatística na eficácia do dextrometorfano em relação à difenidramina.
De acordo com os autores de um artigo publicado no Canadian Family Physician, em uma determinada semana, um ou mais medicamentos isentos de prescrição são usados por mais de 50% das crianças com menos de 12 anos. Medicamentos para tosse e resfriado representam a maioria deles.
Com base nos resultados de uma meta-análise, os cientistas demonstraram que não havia evidências a favor ou contra o uso de medicamentos isentos de prescrição. Em outro ensaio clínico, uma equipe egípcia inscreveu 100 crianças de 5 anos ou menos que estavam tossindo por causa de uma ITRS. O grupo de intervenção tomou remédio para tosse com uma combinação de mel e limão.
Os pesquisadores descobriram que as crianças que tomaram mel e limão sentiram maior alívio do que aquelas que receberam apenas a medicação. Muitos medicamentos isentos de prescrição apresentam possíveis riscos para as crianças, incluindo insônia e sonolência.
Tomados em conjunto, os resultados de todos esses estudos sugerem que o mel funciona tão bem quanto o dextrometorfano e a difenidramina. E também é mais seguro. No entanto, não deve ser usado em crianças menores de 1 ano, pois pode conter clostridium botulinum dormente, que pode causar botulismo infantil.
Por esse motivo, é importante não dar produtos que contenham mel a crianças menores de 1 ano. O autor de um artigo publicado no Canadian Family Physician diz que o mel pode ser recomendado "...como uma dose única de 2,5 mililitros (meia colher de chá) antes de deitar para crianças com mais de 1 ano que apresentam tosse."
O mel pode ajudar a retardar a propagação da resistência aos antibióticos
Um benefício secundário do uso de produtos naturais como o mel é que eles ajudam a retardar a disseminação de bactérias resistentes a antibióticos. O uso excessivo de antibióticos é um fator que contribui para o crescimento de superbactérias. Os pesquisadores sugeriram que a instrução de pais e profissionais pode ajudar a reduzir o uso indevido de antibióticos.
Em uma revisão retrospectiva de prontuários, foi constatado que 64,2% das pessoas com infecções do trato respiratório receberam antibióticos inadequados, os mais comuns dos quais foram azitromicina, amoxicilina-clavulanato (Augmentin) e moxifloxacina. Curiosamente, nessa revisão, a alergia à penicilina e a presença de tosse foram preditores significativos do uso inadequado de antibióticos.
Alguns especialistas acreditam que os números reais possam ser até sete vezes maiores. Um especialista em doenças infecciosas da Universidade de Washington, Dr. Jason Burnham, juntamente com dois colegas, levantaram dados de 2010. Eles expandiram a definição de mortes por resistência a antibióticos e concluíram que 153.113 mortes poderiam ter sido atribuídas a organismos multirresistentes.
Esses relatórios mostram o que os especialistas nos alertam há décadas: as bactérias continuam a evoluir e sofrer mutações para que possam sobreviver. À medida que mais e mais antibióticos são usados na saúde e na agricultura, eles se tornam cada vez menos eficazes e nós nos tornamos cada vez mais vulneráveis a infecções resistentes a antibióticos.
Preste atenção no mel que você compra
O mel é usado há séculos por seu valor medicinal e porque as pessoas gostam de seu sabor. Cientistas descobriram que ele tem atividade antibacteriana contra Staphylococcus epidermidis, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Salmonella enterica. Ele demonstrou atividade contra bactérias sensíveis e resistentes a antibióticos.
O mel de Manuka tem sido usado para tratar feridas porque inibe o crescimento bacteriano enquanto estimula uma resposta imunológica local e suprime a inflamação. Os benefícios do mel são significativos, mas, como avisei antes, eles não se estendem ao mel processado que você encontra nas prateleiras dos supermercados, que geralmente é pouco mais do que xarope de frutose.
É especialmente importante que o mel do supermercado nunca seja usado em feridas, pois pode aumentar o risco de infecção.
Além da dificuldade de encontrar mel de qualidade em lojas comuns, foi descoberto que o mel pode ser adulterado ou mesmo falsificado — apresentado e vendido como mel quando, na verdade, é outra coisa — porque a população de abelhas está despencando e não há mais tanto mel de verdade disponível.
Considere a possibilidade de comprar mel orgânico e verdadeiro de produtores locais em feiras. Como o mel verdadeiro não expira, mesmo depois de aberto, é seguro comprar o suficiente no verão para durar até a primavera seguinte. Também vale a pena saber como testar o mel em casa. Aqui estão algumas das propriedades físicas que você pode procurar no mel de qualidade:
Odor — Seu primeiro teste é o aroma do mel, que deve lembrar flores e gramíneas de onde as abelhas coletam pólen; o mel industrializado tem um cheiro artificial. |
Espessura — O movimento deve ser lento e denso. Coloque uma gota no seu polegar. Se começar a se espalhar, o mel não é puro. O mel puro e denso permanece intacto no dedo. |
Sabor — Ao comer mel puro, o sabor desaparece rapidamente, mas o mel adulterado é rico em açúcar. |
Dissolução — Quando adicionado à água, o mel puro permanece intacto, enquanto o mel adulterado se dissolve. O mel puro não é absorvido por papel de seda, mas o mel adulterado deixa manchas ao ser absorvido. |
Calor e chama — Quando aquecido no fogão, o mel adulterado forma bolhas. Experimente mergulhar a ponta do fósforo no mel e depois tentar acendê-lo. Se acender, o mel provavelmente é puro, pois a umidade adicionada ao mel adulterado torna quase impossível acender o fósforo. |
Testes — Considere estes testes adicionais:
- Adicione 2 a 3 colheres de sopa de vinagre a um copo de água. Adicione o mel e misture bem. O mel adulterado faz espuma.
- Espalhe um pouco de mel em um pedaço de pão; o mel puro solidifica o pão, enquanto o mel adulterado o deixa úmido e macio.
- Verifique se há impurezas examinando através de um recipiente transparente. O mel adulterado é transparente, enquanto o mel puro terá partículas de pólen ou partes de abelhas.
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