Por Dr. Mercola
Desde os tempos antigos, o mel é utilizado contra infecções e como curativo natural de feridas. Agora, uma nova pesquisa mostra que um tipo específico de mel originário da Nova Zelândia – o mel de Manuka – pode oferecer inúmeros outros benefícios curativos.
O mel de Manuka é produzido por abelhas que se alimentam das flores de Manuka, uma planta medicinal nativa da Nova Zelândia.
Todo mel contém um teor variado de peróxido de hidrogênio, que se forma quando as abelhas operárias secretam uma enzima (glicose oxidase) no néctar.
O mel de Manuka, no entanto, tem propriedades curativas que vão além dos efeitos curativos atribuídos ao peróxido de hidrogênio sozinho, incluindo a melhora da saúde dentária.
Será que o mel de Manuka pode reduzir a formação de placas?
Recentemente, pesquisadores indianos investigaram uma séries de estratégias para a redução da placa dentária:
- Mel de Manuka, que tem poderosas propriedades antibacterianas
- Enxaguante bucal com gluconato de clorexidina, que costuma ser usado para o tratamento de gengivite
- Chiclete com xilitol, um poliálcool que, conforme se descobriu, ajuda a combater as cáries
Sessenta voluntários saudáveis foram submetidos a uma profilaxia profissional com o objetivo de ficarem com os dentes 100% livres de placa.
Em seguida, foram divididos aleatoriamente em três grupos, que receberam mel de Manuka, gluconato de clorexidina ou chiclete com xilitol. Após 72 horas, os pesquisadores examinaram o nível de placas dos voluntários e descobriram que:
"Tanto o mel de Manuka quanto o enxaguante com clorexidina reduziram consideravelmente a formação de placa, mais do que o chiclete de xilitol".
Portanto, o mel de Manuka funcionou tão bem quanto o enxaguante bucal – e melhor do que o xilitol – na redução das placas, provavelmente graças às suas poderosa propriedades antibacterianas.
Outra diferença fundamental é que, de acordo com o banco de dados toxicológico da Biblioteca Nacional de Medicina, o Toxnet, a clorexidina "é alta e agudamente tóxica quando aplicada no olho" (o que pode acontecer acidentalmente), enquanto o mel de Manuka não apresenta esse risco.
O mel de Manuka é eficaz contra centenas de cepas bacterianas e fungos, entre outros
Ensaios clínicos mostraram que o mel de Manuka pode erradicar com eficiência mais de 250 cepas clínicas de bactérias, incluindo as variedades resistentes a antibióticos, tais como:
- MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina)
- MSSA (Staphylococcus aureus sensível à meticilina)
- VRE (Enterococcus resistentes à vancomicina)
- Helicobacter Pylori (que pode causar úlceras estomacais)
A FDA (órgão semelhante à Anvisa nos EUA) chegou a aprovar curativos à base de mel de Manuka em 2007. O veredito ainda depende de como exatamente o mel de Manuka mata as bactérias, mas o professor bioquímico Peter Molan da Universidade de Waikato, chamou o efeito de "Fator Original Manuka" ou UMF. Conforme disse ao BBC News:
"Nós sabemos que [o mel de Manuka] tem um amplo espectro de ação... funciona em bactérias, fungos e protozoários. Não encontramos nada em que não funcionasse em meio a organismos infecciosos".
Embora se saiba que o alto teor de açúcar no mel suprima o crescimento de microrganismos, uma pesquisa independente sugeriu a existência de um outro modo de atuação: na verdade, o mel pode funcionar porque destrói proteínas essenciais para as bactérias.
No site GreenMedInfo.com, podemos ver uma lista de diversos estudos clínicos que mostram a eficácia do mel de Manuka contra uma ampla variedade de doenças e condições de saúde, incluindo:
Úlcera na perna |
Cáries |
Placas dentárias |
MRSA |
Infecção periodontal e gengivite |
Colite ulcerativa e doenças inflamatórias intestinais |
Infecção por Helicobacter Pylori |
Ferimentos |
Infecções bacterianas |
Será que você deve comer mel para prevenir cáries?
Existem algumas ressalvas sobre o mel às quais você precisa se atentar. A primeira é a de que grande parte do mel vendido e consumido nos Estados Unidos é processada ou refinada.
E, assim como a maioria dos alimentos refinados, o mel processado promove doenças e danos à saúde (incluindo aos dentes) – sem oferecer os mesmos benefícios que o mel de Manuka puro e de alta qualidade.
Outro ponto importante para lembrar é que 70-80% do mel geralmente é composto por frutose, que em excesso, pode aumentar a resistência pré-existente à insulina e causar sérios estragos no organismo.
Cada colher de chá de mel tem quase quatro gramas de frutose. É preciso controlar com atenção a quantidade total de gramas de frutose (incluindo as frutas) consumidas por dia. O ideal é um valor abaixo de 25 gramas ao dia. Isso é especialmente importante se você já apresenta sinais de que a insulina está alta, como:
- Sobrepeso
- Pressão alta
- Colesterol alto
- Diabetes
- Gordura abdominal
Desde que usado com moderação, o consumo do mel de Manuka ou seu uso tópico nos dentes e em ferimentos provavelmente trará benefícios para a saúde.
Uma opção ainda melhor do que o mel de Manuka para a saúde oral
Pelo que eu observo, o mel de Manuka tem evidências atrativas que o fazem ser considerado um poderoso agente curativo. Ele foi claramente superior ao enxaguante bucal usado no estudo. No entanto, de acordo com minha própria jornada de saúde, acredito que haja alternativas mais eficazes.
Você pode se surpreender ao saber que, apesar da minha rotina agressiva de exercícios e excelente dieta, cuja maior parte do tempo é isenta de grãos e açúcar, eu passei algum tempo combatendo a placa dentária.
A placa era tanta que exigia idas mensais ao dentista para limpeza. Isso me deixou frustrado por muitas décadas. Apesar de escovar os dentes regularmente, usar fio dental e irrigador, eu não via melhora na placa.
No início deste mês, parece que finalmente encontrei algo que funcionava. Após uma palestra no evento Weston Price Wise Traditions em Dallas, no mês de novembro, fui apresentado aos vegetais fermentados e passei a consumi-los regularmente desde então.
Essa foi a única mudança que fiz em meus hábitos, e minha placa foi reduzida pela metade, além de ficar muito mais maleável.
Há poucas dúvidas em minha mente de que as bactérias benéficas nos vegetais tenham alterado a flora na minha boca e ajudado a reduzir a placa bacteriana. Estou muito animado com essa melhora e farei muitos artigos sobre o assunto no ano que vem. Também comecei a praticar o oil pulling (bochecho com óleo) com óleo de coco e manteiga, e verei se haverá mais melhoras.
Meu objetivo é passar anos sem ter que fazer limpeza nos dentes com a mesma frequência de muitos dos meus amigos. Ainda farei os check-ups regularmente, mas não quero fazer mais limpezas se não for absolutamente necessário.
Mais dicas para os seus dentes
A boa saúde bucal e os dentes fortes e saudáveis NÃO são resultado da água fluoretada nem da escovação com pasta de dentes com flúor. Tem muito mais a ver com a sua dieta.
O Dr. Weston A. Price, que foi um dos principais pioneiros nutricionais do século XX, concluiu umas das mais incríveis pesquisas sobre esse assunto na época, que continua muito relevante até os dias de hoje.
Ele descobriu e documentou em seu clássico livro Nutrition and Physical Degeneration (em tradução livre: Nutrição e Degeneração Física) que as tribos nativas que consumiam sua dieta tradicional tinham dentes quase perfeitos e estavam quase 100% livres de cáries - e não tinham escovas de dente, fio dental, pasta de dentes, tratamentos de canal e obturações.
Mas quando essas populações tribais foram apresentadas ao açúcar refinado e à farinha branca, adivinha o que aconteceu... sua saúde e seus dentes perfeitos se deterioraram rapidamente. Ao evitar os açúcares refinados e os alimentos processados, você previne a proliferação das bactérias que causam cáries.