Os glucosinolatos exclusivos encontrados na moringa

Fatos verificados
Moringa

Resumo da matéria -

  • Os glucosinolatos são compostos fitoquímicos encontrados em vegetais crucíferos e na moringa, planta reconhecida por seus fins medicinais há séculos
  • Os glucosinolatos são metabolizados em isotiocianatos bioativos. O isotiocianato primário da moringa é a moringina. Assim omo o sulforafano no brócolis, a moringina tem poderosos efeitos antibacterianos, anti-inflamatórios e anticâncer
  • Pesquisadores descobriram recentemente um novo tipo de glucosinolato em formas selvagens da Moringa oleifera, apelidada de 4GBGS. Formas domésticas da Moringa oleifera, ou aquelas cultivadas especificamente para consumo humano, também têm alguns níveis de 4GBGS, mas em concentrações muito mais baixas

Por Dr. Mercola

Os glucosinolatos são fitoquímicos que contém enxofre, encontrados principalmente em vegetais crucíferos como brócolis, repolho e couve de Bruxelas. Mas a pesquisa mostra que a moringa, também conhecida como raiz-forte, também é rica nesses compostos que promovem a saúde.

De acordo com um relatório de maio de 2018 publicado na Scientific Reports, a Moringa não apenas contém altos níveis de glucosinolatos, mas também possui glucosinolatos exclusivos que são responsáveis por muitas de suas propriedades medicinais.

Os glucosinolatos, que são inertes, são convertidos em isotiocianatos bioativos como o sulforafano por uma enzima chamada mirosinase. O isotiocianato primário na Moringa responsável por muitos de seus benefícios à saúde é a moringina, criado pela hidrólise de glucomoringina.

Essa enzima também produz o isotiocianato moringina, um composto da moringa oleífera também conhecido como 4RBITC devido a seu nome químico. Assim como o sulforafano no brócolis, a moringina apresenta grandes efeitos anti-inflamatórios e citoprotetores.

De acordo com Jed Fahey, um bioquímico nutricional e professor assistente na Johns Hopkins Medical School, a moringina mostrou-se tão potente quanto o sulforafano em alguns testes e mais potente em outros.

O que é a moringa?

Antes de mergulhar nos benefícios específicos para a saúde da Moringa e por que os glucosinolatos são importantes, é útil saber o que é a Moringa em si. A moringa é uma árvore nativa da Índia, Paquistão, Bangladesh e Afeganistão.

Existem 14 espécies diferentes de Moringa, mas a mais comum e mais consumida é a Moringa oleifera, às vezes chamada de “vegetal milagroso”. Caso more em uma área subtropical e decida plantar esta árvore, tome cuidado, pois é uma das árvores de crescimento mais rápido que já vi.

Eu plantei algumas como arbustos e para encorpar minha salada. Parei de usá-la quando mudei para alimentação carnívora e, seis meses depois, as árvores já tinham sete metros e meio de altura, bloqueando meus painéis solares, e os troncos tinham uma circunferência de 30 centímetros.

Durante séculos, a Moringa oleifera foi usada na medicina ayurvédica e natural como remédio para inflamações, doenças infecciosas e crônicas, doenças cardíacas, doenças do sangue e distúrbios digestivos.

Embora a moringa oleifera seja uma excelente fonte de vitaminas, minerais e vários compostos fenólicos, muitos dos benefícios da planta à saúde se resumem aos seus glucosinolatos e ao isotiocianato moringina. Curiosamente, pesquisas recentes revelaram um glucosinolato até então desconhecido na moringa selvagem.

O glucosinolato previamente desconhecido encontrado na moringa

Os glucosinolatos são uma classe de compostos que contém enxofre e são encontrados em vegetais crucíferos, também chamados de família de vegetais Brassica, mas a moringa oleifera contém vários membros da família dos glucosinolatos que não são encontrados em nenhum outro lugar. O glucosinolato mais concentrado na moringa oleifera é a glucomoringina (GMG), que tem benefícios antioxidantes e anticâncer.

Pesquisadores descobriram recentemente um novo tipo de glucosinolato em formas selvagens de Moringa oleifera apelidado de (4GBGS). Formas domésticas da Moringa oleifera, ou aquelas cultivadas especificamente para consumo humano, também têm alguns níveis de 4GBGS, mas em concentrações muito mais baixas.

Os pesquisadores especulam que isso pode ser devido ao desejo dos fabricantes de melhorar o sabor naturalmente amargo da moringa. Como os glucosinolatos contêm enxofre, eles têm um sabor característico e às vezes desagradável.

Além de GMG e 4GBGS, a Moringa oleifera também contém pelo menos 10 outros glucosinolatos que atuam juntos para fornecer muitos dos seus benefícios de saúde.

A moringa tem poderosos efeitos antibióticos

Assim como o brócolis, a moringa oleífera também demostrou fortes propriedades antibióticas contra uma grande variedade de patógenos como Escherichia coli, Salmonella typhimurium, Candida e Helicobacter pylori (H. pylori). De acordo com relatórios científicos:

“…(4RBITC), o isotiocianato criado pela hidrólise da ‘glucomoringina’... da planta M. oleífera é um antibiótico forte e seletivo contra a H. pyroli.

Outos estudos já demostraram que a atividade antibiótica do 4RBITC da M. oleífera também é forte e seletiva contra outros patógenos humanos importantes, como Staphylococcus aureus e Candida albicans. Ele também parece ser eficiente no controle de certas manifestações de ALS e esclerose múltipla em testes com camundongos.

Um número crescente de estudos epidemiológicos, animais e clínicos vinculam os glucosinolatos dos alimentos e seus isotiocianatos cognatos à proteção contra doenças crônicas, incluindo uma variedade de cânceres, diabetes e transtorno do espectro do autismo...”

Um estudo de 2005 da Planta Medica comparou a eficácia de vários isotiocianatos diferentes para ver qual oferece a proteção mais potente contra H. pyroli. Dos isotiocianatos testados, o sulforafano e a moringina (4RBITC) foram os mais eficientes.

Em outro estudo, os pesquisadores recolheram amostras de bactérias de fezes fornecidas por um hospital em Portugal. Um total de 18 cepas bacterianas aeróbias, incluindo Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus, E. coli (duas cepas) e Salmonella typhi, foram isoladas.

As amostras foram então expostas a três glucosinolatos e três isotiocianatos diferentes. Embora os glucosinolatos intactos não tenham surtido efeito sobre as bactérias, os isotiocianatos, especificamente SFN, BITC e PEITC, apresentaram alta atividade antimicrobiana. Em alguns casos, os isotiocianatos foram realmente mais eficazes do que os antibióticos.

A moringa contém todos os aminoácidos essenciais

A moringa também é uma fonte de proteína de alta qualidade. Apenas 2 colheres de chá de pó de moringa seca contêm 1 grama de proteína e o conteúdo médio total de proteína da moringa oleifera domesticada é de 30,24%. Talvez o mais importante seja o fato de que a moringa contém todos os nove aminoácidos essenciais, algo que muitas outras fontes de proteína vegetal não possui.

Os aminoácidos são importantes porque são a base das proteínas. Por outro lado, quando seu corpo decompõe ou digere as proteínas que você ingere, os aminoácidos são o que fica para trás. Seu corpo usa aminoácidos para fazer novas proteínas que realizam uma variedade de funções diferentes, desde o crescimento e reparação até a cura de feridas e metabolismo dos alimentos.

Existem 20 aminoácidos diferentes que são classificados como essenciais ou não essenciais. Seu corpo pode produzir os aminoácidos não essenciais, mas não os aminoácidos essenciais. É por isso que você precisa ingeri-los através da alimentação.

Os nove aminoácidos essenciais são histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, triptofano, treonina e valina. Três desses aminoácidos essenciais (leucina, isoleucina e valina) também são categorizados como aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) porque eles têm uma estrutura molecular ramificada.

Embora o fígado quebre a maioria dos aminoácidos, ele não consegue quebrar os BCAAs. Por isso, eles são decompostos principalmente nos músculos. Graças a isso, eles ajudam a melhorar o desempenho nos exercícios e a reduzir a degradação muscular.

Não há muitos alimentos vegetais que contenham todos os aminoácidos essenciais, mas a moringa sim. De acordo com o African Journal of Biotechnology, a moringa tem um total de 19 aminoácidos, incluindo todos os nove aminoácidos essenciais. Conforme detalhado em vários artigos de pesquisa, incluindo a revista Amino Acids, os nove aminoácidos essenciais têm papéis biológicos importantes são os seguintes:

Isoleucina — Ajuda a estabilizar o açúcar no sangue e é necessária, junto com a leucina e a valina, para a síntese, reparo, energia e resistência musculares.

Leucina — ajuda a reduzir o açúcar no sangue que está elevado e ativa a produção do hormônio do crescimento. Junto com a isoleucina e a valina, a leucina promove o crescimento dos músculos, ossos e pele.

Valina — ajuda a manter o metabolismo muscular e o equilíbrio do nitrogênio. Também é usado na reparação de tecidos e produção de energia.

Lisina — É necessária na produção de hormônios, colágeno, enzimas e anticorpos. Também ajuda a combater vírus e desempenha um papel na assimilação do cálcio e na construção de proteínas nos ossos e músculos.

Metionina — é convertida em homocisteína e vice-versa, de acordo com as necessidades do seu corpo. É também a principal fonte de enxofre em seu corpo, necessário para cabelos, pele e unhas saudáveis.

Triptofano — auxilia na produção de niacina (vitamina B3), necessária para a produção de serotonina e melatonina.

Fenilalanina — desempenha um papel na formação da memória e no funcionamento do sistema nervoso e ajuda a reduzir a inflamação.

Treonina — importante para o sistema cardiovascular saudável, sistema nervoso central, sistema imunológico e função hepática. Ele também desempenha um papel na digestão de gorduras e promove colágeno, tecido muscular, pele e ossos saudáveis.

Histidina — necessária para a produção de glóbulos vermelhos e brancos e auxilia na reparação dos tecidos. É importante ressaltar que a histidina ajuda a proteger seus nervos, mantendo uma cobertura de mielina ao redor deles.

Além de aminoácidos essenciais, a moringa contém ácidos graxos benéficos (44,57% sendo ácido a-linolênico), beta-caroteno, fenólicos, zeatina, quercetina, beta-sitosterol, kaempferol, flavonoides e isotiocianatos. Duas colheres de chá de pó de moringa seca também oferece 0,999 grama de fibra, 80 mg de cálcio e 200 UI de vitamina C.

Outros benefícios da moringa

Além dos benefícios para a saúde mencionados anteriormente, outros estudos relatam que Moringa também:

Ajuda a proteger os pacientes com diabetes da retinopatia — A retinopatia é causada pela inflamação dos vasos sanguíneos dos olhos, o que pode causar vazamento de fluido. Caso não seja tratada, a retinopatia pode evoluir para cegueira completa.

A moringa pode ajudar a interromper a retinopatia regulando o açúcar no sangue de pacientes com diabetes e protegendo a retina contra inflamação. Isso geralmente é atribuído ao alto teor de antioxidantes da moringa.

Pode aliviar a asma — Um estudo descobriu que a Moringa oleifera pode diminuir a gravidade dos sintomas em pessoas com asma e melhorar os parâmetros da função pulmonar, incluindo capacidade vital forçada, volume expiratório forçado e fluxo expiratório máximo, sem quaisquer efeitos colaterais negativos. A moringa oleifera também demonstrou reduzir a gravidade dos ataques de asma.

Ajuda a proteger a saúde do fígado, rim, coração, testículos e pulmão

Tem propriedades analgésicas

Tem atividade antiulcerativa

Ajuda a baixar a pressão arterial

Protege contra radiação

Ajuda a modular a função imunológica

Possui atividade anti-inflamatória e antiviral, graças à quercetina

Como incluir a moringa em sua dieta?

Semelhante ao matchá, a maior parte da moringa está disponível na forma de pó. As folhas da moringa são secas e depois moídas para formar um pó concentrado, rico em todos os compostos benéficos, vitaminas e minerais que a moringa tem a oferecer.

Consumir moringa dessa forma pode ser especialmente benéfico porque as folhas nunca são cozidas, apenas secas. O cozimento pode desnaturar a enzima mirosinase, reduzindo a quantidade de glucosinolatos que são convertidos em isotiocianatos ativos e a quantidade de isotiocianatos que seu corpo absorve.

Você também pode comprar moringa em óleo ou cápsula. Ao decidir sobre uma fonte, considere uma feita de moringa selvagem. A moringa colhida na natureza pode ser mais amarga do que as versões de plantio, mas garante que você receberá todos os glucosinolatos benéficos e as vantagens decorrentes para sua saúde.

Os suplementos de moringa podem conter uma grande variedade de pó de folhas de Moringa, de 500 a 2.000 mg, dependendo do tamanho da cápsula. A quantidade recomendada para a suplementação de adultos é de duas cápsulas por dia, uma pela manhã e outra à noite.

No entanto, é melhor consultar um médico ou profissional de saúde antes de tomar o suplemento. Isso garantirá que a dosagem seja aconselhável para você ou que o suplemento não interagirá com quaisquer medicamentos que você esteja tomando no momento.

Embora a moringa ofereça benefícios impressionantes à saúde, também é importante estar ciente dos possíveis efeitos colaterais que a suplementação pode causar. No caso de gestantes, é melhor evitar o uso de suplementos de moringa oleifera, pois não há estudos suficientes que mostram que ela é segura durante a gestação. Existem também alguns estudos que sugerem que a moringa, quando tomada durante os primeiros estágios da gravidez, pode causar aborto espontâneo devido à sua capacidade de causar contrações uterinas.

Você também semear e colher os brotos da moringa para usar em sua dieta.

Outras fontes de glucosinolatos

É verdade que a moringa contém glucosinolatos únicos, como a glucomorina, que você não encontra em nenhum outro lugar, mas ela não é única fonte de glucosinolatos na dieta. Se você quiser aumentar a ingestão desses compostos vegetais benéficos de outras maneiras, pode fazê-lo incluindo os seguintes alimentos:

Couve-de-bruxelas

Brócolis

Agrião

Agrião-da-índia

Folhas de mostarda

Nabo

Couve-lombarda

Couve

Folhas de nabos

Repolho roxo

Raiz-forte

Couve-flor

Bok choy

Couve-galega

Couve-rábano