Por Dr. Mercola
Ofuscado pela cobertura midiática da pandemia de COVID-19, encontra-se o lançamento de uma rede wireless ou sem fio com velocidade hiper-rápida: o 5G. Como milhões de norte-americanos agora trabalhando de forma remota, isso acabou se tornando uma forte chance para avançar com a regulamentação do 5G. Contudo, em vista da expansão das conexões wireless ou sem fio, um estudo emblemático aconselha diminuir esse tipo de exposição.
A implementação avança a qualquer custo com a desculpa de que vai oferecer uma internet mais rápida e eficiente, a despeito da preocupação de diversos especialistas. O termo 5G quer dizer que está a quinta geração da conexão sem fio, algo que o chefe da Wireless Infrastructure Association, Jonathon Adelstein, associa a um "4G com esteroides". A WIA representa quase 200 empresas da área de telecomunicações.
Entretanto, a definição "4G com esteroides" dada por Jonathon não é de todo precisa. No espectro de radiofrequência, a rede 4G utiliza menos de 6 GHz, mas o 5G vai ocupar de 30 GHz a 300 GHz, ou seja, comprimentos de onda milimétricos que são mais curtos. Ainda não há estudos completos sobre os efeitos da exposição continuada para a saúde a esses pulsos com tais comprimentos de onda, mas evidências iniciais revelam que podem ser perigosos.
Se os objetivos finais são, de fato, a velocidade mais rápida e confiabilidade, uma maneira muito melhor e mais segura seria a conexão de fibra ótica. O que preocupa os cientistas não é a velocidade mais rápidas que o 5G proporciona, mas a distribuição dos dados sem fio, uma vez que estes podem ser roteados de um modo mais fácil e econômico através dos cabos de fibra ótica.
Os mais novos dados reafirmam evidências anteriores
Depois que o projeto de lei 522 da Câmara de New Hampshire foi a aprovado, foi formada a Comissão para Estudo dos Efeitos Ambientais e para a Saúde da Tecnologia 5G em Evolução. Em 2019, a comissão recebeu a tarefa de "estudar os efeitos ambientais e para a saúde da tecnologia wireless ou sem fio 5G."
Os 13 membros da comissão detinham formação em epidemiologia, saúde ocupacional, toxicologia, física, engenharia eletromagnética, sendo um deles representante da indústria wireless. Conforme citação da EMF Safety Network, solicitou-se que a comissão respondesse a oito perguntas específicas, as quais incluem:
- Por que milhares de estudos revisados por pares sobre a radiofrequência (RF) revelam uma ampla faixa de efeitos para a saúde, como danos ao DNA, tumores no cérebro e coração, infertilidade e diversas outras doenças, são menosprezados pela Comissão Federal de Comunicações?
- Por que as diretrizes da Comissão Federal de Comunicações não levam em consideração os efeitos da tecnologia wireless ou sem fio para a saúde?
- Por que o limite de radiofrequência da Comissão Federal de Comunicações são 100 vezes maiores do que os de outros países?
- Por que a Comissão Federal de Comunicações menospreza a classificação do wireless pela OMS como um possível carcinógeno?
- Por que nada foi feito quando os maiores cientistas do mundo assinaram uma petição pela proteção da saúde pública contra a radiação sem fio?
A comissão ouviu os especialistas e, por fim, todos menos o representante das telecomunicações admitiram que a radiação por radiofrequência originária dos dispositivos sem fio geram efeitos nos seres humanos, animais, insetos e plantas. A comissão escreveu:
"Existem evidências crescentes de que pode haver danos ao DNA devido à radiação externa à faixa ionizante do espectro. A comissão ouviu a argumentação de ambas as partes acerca dessa questão, e muitos agora afirmam a existência de resultados que comprovam os efeitos biológicos dentro dessa faixa. Essa discussão se amplia à medida que as ondas milimétricas dentro da faixa de micro-ondas começam a ser usadas."
A primeira recomendação foi "uma revisão independente dos padrões atuais de radiofrequência para a radiação eletromagnética dentro do espectro de micro-ondas de 300 MHz a 300 GHz" no intuito de analisar os riscos para a saúde que estão relacionados às comunicações por celular.
As demais recomendações diziam respeito a diminuir a exposição individual à rede 5G e ampliar o conhecimento e a conscientização do público acerca de tal exposição.
Havia também um relatório minoritário menos extenso, escrito por um representante comercial e da indústria e outro das telecomunicações, os quais discordavam dos especialistas, que eram maioria. No que a EMF Safety Network escreveu: "Esse relatório minoritário reproduz a linguagem do setor das telecomunicações e expõe sua pauta de menosprezar a ciência e continuar promovendo a confusão do público".
De que modo o 5G se difere do 4G?
Como a IEEE Spectrum, membro de uma grande empresa devotada à engenharia, esclarece no vídeo abaixo, há várias distinções entre as tecnologias 4G e 5G. Tendo em vista que já há muitas pessoas que sofrem de hipersensibilidade eletromagnética, saturar com mais radiofrequência as cidades e regiões suburbanas apenas irá ampliar essa condição outrora rara.
Um dos problemas mais consideráveis da tecnologia é sua dependência primária pelas ondas milimétricas. Sabe-se que estas são capazes de penetrar até 2 milímetros no tecido humano, sendo absorvidas pela superfície córnea e transportadas pelas glândulas sudoríparas da pele. Esses fatores desencadeiam uma relação com uma variedade de possíveis problemas de saúde.
O Departamento de Defesa dos EUA, por exemplo, usa as ondas milimétricas em armas de controle em massa intituladas Active Denial System (Sistema Ativo de Negação), pois gera uma intensa sensação de queimação. O Departamento de Defesa escreve: "O Sistema Ativo de Negação cria um feixe de radiofrequência com ondas milimétricas que é focado e bastante direcionado".
Também sabe-se que as ondas milimétricas inibem a função imunológica e aumentam o estresse celular, os nocivos radicais livres, deficit de aprendizagem e talvez resistência das bactérias e a antibióticos. Nada indica que o 5G vai gerar danos menores do que a tecnologia que se encontra em uso, e há milhares de estudos que comprovam seus efeitos nocivos.
Uma pesquisa de Martin Pall, Ph.D., mostra em detalhes como o estresse oxidativo em excesso, que é provocado pela exposição às micro-ondas da tecnologia sem fio, é capaz de gerar danos reprodutivos e distúrbios neurológicos como ansiedade, depressão, autismo e doença de Alzheimer.
Se não tem como escolher, o que você pode fazer?
Uma vez instalado o 5G na sua região, você não terá escolha contra a exposição. Humphrey diz que "o 5G vai estar em quase todas as partes, e a opção de "fugir" acabará sendo muito limitadas à medida que milhões de dispositivos de pequenas células vão sendo implementados".
Não há dúvidas de que a radiação por micro-ondas das tecnologias sem fio é um risco considerável para a saúde e com o qual você deve lidar caso se preocupe com isso. Acontece que a implantação do 5G só vai dificultar qualquer medida corretiva. E é por isso que todos temos que entrar em ação e fazer o que for preciso, como falar com os legisladores locais e promover abaixo assinados, para impedir sua implantação antes de mais nada.
Veja diversas sugestões para diminuir sua exposição e atenuar os danos da tecnologia wireless ou sem fio.
Identifique as maiores fontes de campos eletromagnéticos na sua casa. Ex.: celulares, telefones sem fio, roteadores Wi-Fi, fones de ouvido Bluetooth e outros dispositivos com Bluetooth, mouses sem fio, teclados, termostatos inteligentes, babás eletrônicas, medidores inteligentes e o micro-ondas da cozinha. O ideal é lidar com cada fonte e determinar como limitar melhor o uso delas.
Salvo uma emergência que envolva risco de vida, as crianças não deveriam usar celulares nem qualquer tipo de dispositivo sem fio. Por terem os ossos cranianos mais finos e os sistemas imunológico e cerebral ainda em desenvolvimento, as crianças são muito mais vulneráveis do que os adultos à radiação do celular.
Pesquisas também comprovam que os vídeos da internet não contribuem para o aprendizado da linguagem de bebês abaixo de 12 meses e as crianças não transmitem para o mundo real o que aprendem num tablet. Logo, engana-se quem pensa que os dispositivos eletrônicos promovem valiosas experiências educacionais. |
Conecte seu computador à internet através de uma conexão física com cabos Ethernet e lembre-se de deixar seu computador em modo avião, se possível. Também evite acessórios sem fio como teclado, mouse, acessórios para jogos, impressoras e telefones residenciais sem fio. Opte pelas opções com fio. |
Se você precisa usar o Wi-Fi, desligue quando não estiver usando, ainda mais durante a noite, quando estiver dormindo. Se possível, tente cabear sua casa com fios para ter conexões físicas com a internet e poder eliminar o Wi-Fi. Se o seu notebook não tem nenhuma porta Ethernet, você pode fazer a conexão física usando um cabo com adaptador USB para Ethernet. |
Evite recarregar seu celular com carregadores sem fio, pois estes aumentam os campos eletromagnéticos pela casa. Em termos de energia, o carregador sem fio é bem menos eficiente do que um cabo conectado à tomada, pois consome energia contínua (e emite campos eletromagnéticos) independente de estar sendo usado naquele momento. |
Desligue as fontes de eletricidade do seu quarto durante a noite. Isso costuma ser suficiente para diminuir os campos elétricos dos fios nas paredes, a menos que exista algum cômodo adjacente ao seu quarto. Nessa, talvez seja preciso usar um medidor para saber se também é preciso desligar a eletricidade no cômodo adjacente. |
Use um despertador à pilha que, de preferência, não emita nenhuma luminosidade. Eu uso um relógio com comando de voz para pessoas com dificuldades visuais. |
Se você ainda usa micro-ondas, considere a possibilidade de substituí-lo por um forno de convecção, que aquece suas refeições tão rápido quanto o micro-ondas, mas de maneira mais segura. |
Evite o uso de eletrodomésticos e termostatos "inteligentes" que precisam de sinais sem fio. Isso inclui as novas "Smart" TVs, uma vez que emitem um sinal Wi-Fi que, diferente do computador, não pode ser desativado. Em vez disso, considere a possibilidade de usar um monitor de computador grande no lugar da TV, já que ele não emite sinais de Wi-Fi. |
Recuse-se ao máximo a usar um medidor inteligente na sua casa ou coloque uma proteção no seu; algumas são capazes de diminuir a radiação em até 98%. |
Considere a possibilidade de colocar o berço do bebê no seu quarto em vez de usar uma babá eletrônica sem fio. Como alternativa, use um modelo de babá eletrônica com fio para monitorar o bebê. |
Substitua as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas incandescentes. O ideal seria remover todas as luzes fluorescentes da sua casa. Elas não só emitem uma luz que é nociva para a saúde, como transferem uma corrente para o seu corpo apenas pela proximidade com a lâmpada. |
Evite transportar o celular junto ao seu corpo se ele não estiver em "modo avião", e nunca durma com o celular na cama, a menos que ele esteja em modo avião. Mesmo em "modo avião" o celular ainda pode emitir sinais, motivo pelo qual eu coloco meu celular em uma bolsa de Faraday. |
Ao falar no celular, use o viva-voz e mantenha o aparelho a pelo menos 90 cm de distância. Tente reduzir tanto quanto possível o tempo que você passa no celular. Em vez disso, use um telefone VoIP (Voice over IP) enquanto estiver conectado à internet através de uma conexão física via cabos. |
Pelo menos uma hora antes de dormir (de preferência mais) evite o uso do celular e de outros dispositivos eletrônicos, uma vez que a luz azulada da tela e os campos eletromagnéticos inibem a produção de melatonina. Se precisar usar o celular, verifique se os filtros de luz azul estão ativados e se o dispositivo está no modo escuro. |
Os bloqueadores dos canais de cálcio reduzem os efeitos dos campos eletromagnéticos. Portanto, certifique-se de ingerir magnésio suficiente. A maioria das pessoas tem deficiência de magnésio, o que piora o impacto dos campos eletromagnéticos. |
Um artigo publicado por Pall sugere que elevar o teor de Nrf2 pode amenizar os danos causados pelos campos eletromagnéticos. Consumir alimentos que aumentam o Nrf2, como vegetais crucíferos e bebidas e alimentos fermentados, é uma forma simples de ativar o Nrf2.
Outras formas de aumentar o Nrf2 incluem: exercício, restrição calórica (ex.: jejum intermitente) e ativação da via de sinalização do óxido nítrico (que pode ser alcançada através do exercício de descarga de óxido nítrico). |