Painel de especialistas em saúde infantil: Seriam os celulares e Wi-Fi um risco para a fertilidade, crianças e fetos?

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Resumo da matéria -

  • Um painel de especialistas apresentou uma série de evidências científicas de que a radiação eletromagnética dos celulares e de outras tecnologias sem fio, de fato, afetam a saúde geral, biológica e mental, e são de especial preocupação em se tratando das crianças
  • Já foi comprovado que a radiação dos celulares e do Wi-Fi diminui o tempo de reação e a função motora cerebral em crianças, além de causar problemas socioemocionais e incapacidade de se concentrar em tarefas complexas e demoradas
  • O uso do celular está associado a nove tipos de câncer e a declínios na contagem de espermatozoides e na fertilidade
  • As evidências apoiam claramente a necessidade de áreas com pouco ou nenhum Wi-Fi, nas quais gestantes, crianças e outras pessoas sensíveis aos campos eletromagnéticos possam ficar protegidas, além de conscientização preventiva para esse público
  • Com base nos impactos consolidados ao DNA, agora existem evidências suficientes para que se tome medidas proativas no intuito de proteger as crianças, e isso é especialmente importante, pois as mutações no DNA são irreversíveis e transmitidas para as futuras gerações
  • As crianças pequenas não devem usar celulares, exceto em situações de emergência, nem devem fazê-los de brinquedo. Embora você possa colocar o telefone no "modo avião", que o desconecta do Wi-Fi e da internet, o celular ainda emite campos magnéticos através da bateria, o que também mostrou ter consequências biológicas igualmente importantes, incluindo relação com asma infantil e obesidade através da exposição do feto
  • O uso excessivo da internet e a multitarefa em crianças também estão associados ao subdesenvolvimento social, emocional e relacional, bem como uma visão cronicamente distraída do mundo

Por Dr. Mercola

"Pode ser preciso algum tipo de catástrofe para chamar a atenção das pessoas", disse Frank Clegg, ex-presidente da Microsoft Canada e fundador da Canadians 4 Safe Technology, referindo-se à crescente saturação das tecnologias Wi-Fi para a ampla sociedade e especialmente as crianças.

Recentemente, os maiores especialistas de universidades importantes se reuniram para um programa organizado pela ElectromagneticHealth.org em Connecticut, a fim de discutir uma catástrofe que está se formando e que agora, como alertou o painel, está trazendo impactos negativos para a fertilidades, crianças e fetos. Mas a maioria dos pais não está vendo a conexão dos sintomas de seus filhos com a radiação.

Durante a discussão "Celulares e Wi-Fi: Um risco para a fertilidade, crianças e fetos?", foi apresentada uma série de evidências científicas de que a radiação eletromagnética de rádio frequência/ondas milimétricas incontestavelmente afeta a saúde geral e biológica, mesmo que não seja térmica, e sua exposição crônica costuma estar associada a graves danos. Esse é o tipo de radiação emitida não apenas pelos celulares, mas também por:

Roteadores Wi-Fi

Babás eletrônicas

Fones bluetooth

Torres

Antenas

Quadros interativos

Medidores de energia inteligentes

Telefones sem fio

Outros dispositivos sem fio

"Nossos filhos e netos estão sendo usados como ratos de laboratório..."

Esta citação, de Devra Davis, Ph.D., MPH, presidente da Environmental Health Trust, resume o que talvez seja a questão mais alarmante até hoje sobre os campos eletromagnéticos. Uma coisa é certa: nós sabemos que a exposição a essa "banheira de radiação artificial" danifica o DNA e prejudica os processos naturais de reparo celular, um fenômeno que pode levar ao câncer. No entanto, continuamos com esse experimento descontrolado e em larga escala.

Por ainda estarem em desenvolvimento, as crianças apresentam uma rápida replicação celular e taxas de crescimento que as tornam especialmente vulneráveis a danos no DNA. E, ao longo da vida, sua exposição a essa nova radiação será maior do que a de qualquer geração anterior.

Como o painel de especialistas declarou, pesquisas mostram que a radiação dos celulares e do Wi-Fi está causando diminuição do tempo de reação e da função motora em crianças, aumento da distração, hiperatividade e incapacidade de se concentrar em tarefas complexas e demoradas.

Num estudo controlado, pesquisadores da Universidade de Yale colocou um celular em cima da gaiola de fêmeas de camundongos grávidas. O aparelho transmitiu uma chamada ativa ininterrupta durante 17 dias da gestação dos animais.

Posteriormente, quando as crias foram examinadas, elas demonstraram sinais de TDAH, incluindo uma redução nas transmissões do córtex pré-frontal no cérebro. É de amplo conhecimento que as crianças, devido aos seus crânios mais finos, cérebros menores, tecido cerebral mais macio e células que se dividem muito mais rapidamente, são ainda mais suscetíveis aos danos causados pelo uso de celulares do que os adultos. Esse estudo mostrou claramente que os padrões cerebrais são alterados, com repercussões duradouras por breves exposições à radiação de micro-ondas antes mesmo do nascimento.

O Dr. Taylor afirma que foi encontrada uma relação entre exposição e resposta, e que a interrupção da sinalização elétrica entre os neurônios resultou em mudanças permanentes na maneira como o cérebro é padronizado, algo que seguirá até a idade adulta. A sinalização elétrica desempenha um papel importante na maneira como o cérebro se desenvolve, o que determina muito de quem somos quando adultos, disse ele, incluindo "como pensamos e como nos comportamos".

"Essa é a primeira evidência experimental de que a exposição fetal à radiação de radiofrequência dos celulares afeta o comportamento adulto..." disse Hugh Taylor, professor e presidente do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Ciências da Reprodução da Universidade de Yale.

Camilla Rees, MBA do ElectromagneticHealth.org, disse que o Dr. Taylor incentivou o público a entender que, embora não passemos 24 horas por dia no celular, o celular ainda está emitindo radiação 24 horas por dia, 7 dias por semana, se estiver ligado perto de nós, seja dia ou noite.

"O que importa não é falar ao telefone, é ter o celular sempre ligado", disse ele. A cada 900 milissegundos, esteja você usando o telefone ou não, seu celular tem um pico de radiação porque está procurando um sinal da torre..."

Ela resumiu os principais impactos para as crianças que resultam da radiação do celular e Wi-Fi, extraídos do Bio Initiative Report, o relatório Mobile Wise (Reino Unido) sobre os efeitos do celular em crianças, pesquisa russa supervisionada pelo presidente do Comitê Nacional Russo da Proteção contra a Radiação Não-Ionizante e o relatório de Yale, "Celulares: Tecnologia, exposições e efeitos para a saúde".

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Também foram feitas referências à seção do Bio Initiative Report (2012) que aborda possíveis associações dos campos eletromagnéticos ao autismo, conteúdo escrito pela Professora de Harvard Dra. Martha Herbert, que dirige o Transcend Research Lab no Massachusetts General Hospital. A Dra. Herbert disse:

"A radiação por radiofrequência e os campos eletromagnéticos das torres de celular e do Wi-Fi podem exercer um efeito desorganizador na capacidade de aprendizado e memória, e também pode desestabilizar a função imunológica e metabólica. Com isso, o aprendizado de algumas crianças será mais difícil, principalmente daquelas que já têm problemas."

"Entidades industriais poderosas têm um grande interesse em levar o público a acreditar que a radiação por radiofrequência e os campos eletromagnéticos, que não podemos ver, provar ou tocar, são inofensivos, mas isso não é verdade."

Vários membros do painel se referiram à nova condição como "Demência Digital", que é cada vez mais relatada globalmente e caracterizada por sinais de deterioração das habilidades cognitivas das crianças devido ao uso excessivo das tecnologias da internet, o que resulta num desequilíbrio do desenvolvimento cerebral. A exposição a radiofrequência/ondas milimétricas também resulta em menor função cognitiva, mas os pesquisadores que enfocam o uso excessivo dessas tecnologias ainda não estão cientes deste fator.

Mais pesquisas são necessárias para descobrir quanto dos efeitos comportamentais e cerebrais do uso excessivo da tecnologia se devem à radiofrequência/ondas milimétricas, ou os aspectos da própria tecnologia que alteram o cérebro, incluindo a menor interação humana e os relacionamentos de menor qualidade que dela resultam.

Um novo livro excelente de Raffi Cavoukian, cantor renomado, herói das crianças e defensor de uma infância livre de comercialização, "#LightWebDarkWeb", apresenta um profundo olhar filosófico à aprovação inquestionável da sociedade ao uso dessas tecnologias por parte das crianças. O livro aborda questões de saúde física, vício, privacidade, segurança, proteção e saúde social, sociológica e mental derivadas do uso das mídias sociais e das modernas tecnologias de comunicação pelas crianças. Raffi diz que precisamos "agir rápido para deter os perigos à sombra das tecnologias da informação" e "fazer a relação risco-benefício pesar a favor da LightWeb".

Tendo em vista as crescentes evidências dos danos causados a crianças e fetos, a Dra. Davis explicou:

"Os padrões usados hoje para os 6,5 bilhões de celulares no mundo foram estabelecidos há 17 anos e nunca foram atualizados, apesar do fato de que os usuários e usos de celulares são muito diferentes hoje. E sua segurança nunca foi testada em crianças... Estamos no meio de uma enorme experiência conosco mesmos e em nossos filhos...

Uma geração inteira desconhecia os riscos da radiação sem fio e não tomou precauções. É por isso que as autoridades de saúde pública estão tão preocupadas. Já existem evidências de que a exposição excessiva à radiação de radiofrequência leva à doenças. E essas exposições sofreram um drástico aumento nos últimos anos. Nossos filhos e netos estão "sendo usados como ratos de laboratório numa experiência sem qualquer controle… é isso que estamos fazendo com nossos filhos hoje através dos celulares e da radiação sem fio."

Frank Clegg, ex-CEO da Microsoft Canadá, também comentou a adequação das diretrizes de segurança: Clegg disse que está decepcionado com a indústria e lamenta a falta de responsabilidade demonstrada pelo setor de tecnologia ao fechar os olhos às realidades biológicas dessa radiação.