Este adoçante natural pode reduzir seus níveis de açúcar no sangue?

Fatos verificados
Alulose

Resumo da matéria -

  • Adoçantes artificiais como o Splenda podem reduzir as bactérias intestinais, aumentar o pH intestinal e se acumular nas células de gordura; O Splenda está relacionado à leucemia, e o aspartame (Nutrasweet) está ligado à intolerância à insulina
  • O xarope de milho rico em frutose (HFCS, da sigla em inglês) é mais barato e 20% mais doce do que o açúcar, portanto, mais econômico para os fabricantes de alimentos. O FDA isentou a alulose de ser listada como adição de açúcar em alimentos processados
  • A sacarose (açúcar de mesa branco) e o xarope de milho rico em frutose (HFCS) são dois dos adoçantes mais comuns derivados de fontes vegetais; ambos afetam de forma negativa o metabolismo, mas o HFCS tem efeitos muito piores do que o açúcar branco
  • O açúcar é um carboidrato, mas a maior parte da alulose que você consome é excretada pelos rins antes de ser metabolizada, fornecendo poucas calorias. Ela também pode ajudar a reduzir sua pressão arterial

Por Dr. Mercola

Muitas pessoas gostam de doces. Para alguns, isso pode se tornar um vício, alimentado por uma indústria alimentícia que cria uma abundância de alimentos ultraprocessados, baratos e muito palatáveis. Como algumas empresas lucram com o mercado de adoçantes de baixo teor calórico, produzidos em laboratório, um adoçante natural pode ajudar a refrear sua vontade de comer doces sem aumentar os seus níveis de açúcar no sangue. Na verdade, ele pode ter o efeito oposto.

Enquanto os fabricantes buscam “alimentos elaborados”, a incidência de obesidade e problemas de saúde relacionados à mesma dispararam. O diabetes tipo 2 é uma das doenças relacionadas à obesidade, e tem um impacto significativo em muitos de seus sistemas corporais.

Indivíduos com diabetes têm maior risco de também ter doenças cardíacas, derrames, glaucoma, doenças renais e hipertensão. Faria sentido que, se a incidência de diabetes e obesidade diminuísse, veríamos um impacto positivo nessas condições que contribuem para pelo menos cinco das 10 principais causas de morte.

A epidemia de obesidade é um dos principais desafios de saúde pública global. A obesidade foi associada a 4,7 milhões de mortes prematuras em todo o mundo em 2017 e, segundo as Estatísticas Nacionais de Diabetes, 34,2 milhões de pessoas, ou 10,5% dos americanos, tem diabetes. Ao usar este adoçante, você pode reduzir o risco de resistência à insulina, um dos principais sintomas do diabetes.

Nem todos os açúcares são iguais

O açúcar é um carboidrato encontrado em frutas e vegetais e adicionado a produtos alimentícios. Os açúcares adicionados costumam ser sacarose (açúcar de mesa) e xarope de milho rico em frutose (HFCS). Assim que a digestão começa no estômago, os açúcares se decompõem em um dos três monossacarídeos a partir dos quais outros açúcares são formados.

Estes incluem glicose, frutose e galactose. A glicose é um dos principais compostos encontrados na sacarose, lactose e maltose. Esses são açúcares dissacarídeos encontrados em alimentos. A frutose é o principal tipo de açúcar encontrado em frutas e vegetais, e a galactose é encontrada em produtos lácteos.

No Ocidente, os adoçantes vegetais mais usados são a sacarose e o HFCS, um adoçante produzido a partir do milho. Evidências mostram que, independente do tipo de açúcar que você consome, ele tem um efeito significativo no seu metabolismo, mesmo em pessoas saudáveis.

O açúcar pode ser adicionado sob mais de 61 nomes, em 74% dos produtos alimentícios processados, em apesar de muitos estudos realizados ao longo de décadas demonstrarem os danos causados pelo açúcar, a indústria conseguiu ocultar muitas dessas evidências e ainda hoje alega que o açúcar não causa efeitos negativos à saúde e ao peso.

Em um estudo d e12 semanas, os pesquisadores mostraram que homens que ingeriram 650 calorias provenientes de açúcares por dia durante 12 semanas apresentaram níveis muito mais altos de gordura no sangue e no fígado. Os pesquisadores separaram os dois grupos entre aqueles que tinham evidência de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e aqueles que não tinham. Durante o estudo, cada participante seguiu ambas as dietas por 12 semanas.

O pesquisador-chefe Bruce Griffin, Ph.D, da Universidade de Surrey, comentou os resultados, dizendo que "As descobertas da nossa equipe corroboram para a hipótese de que consumir grandes quantidades de açúcar pode alterar o metabolismo de gordura de uma forma capaz de aumentar seu risco de ter uma doença cardiovascular".

O açúcar também pode afetar seu cérebro, humor e comportamento. Vários estudos descobriram uma relação entre o aumento da ingestão de açúcar e o aumento nas taxas de depressão.

O açúcar estimula a liberação da dopamina, um neurotransmissor que atua em muitas vias importantes, muitas das quais afetam o humor. É isso que faz com que o açúcar seja prazeroso, e os fabricantes usam isso para influenciar seu comportamento. Porém, assim como outras drogas viciantes, o açúcar não é saudável.

Alulose, o adoçante natural que tem uma ação única sobre o açúcar no sangue

Uma opção de adoçante natural é Astrea Alulose. Embora o mercado no Japão seja significativo, este é um adoçante alternativo ainda pouco conhecido no Ocidente. A alulose é encontrada em pequenas quantidades em algumas frutas, como figos, jacas e passas, e recebeu uma designação Considerada Segura (GRAS) pelo FDA.

A alulose é um açúcar monossacarídeo que difere da frutose apenas em um dos átomos de carbono. Essa pequena mudança faz uma grande diferença na maneira como a molécula age no corpo. É um carboidrato, absorvido em grande parte no intestino delgado. No entanto, a maior parte da alulose é excretada pelos rins antes de ser metabolizada.

Isso significa que a maioria das calorias que você consome da alulose são excretadas pelos rins antes de serem metabolizadas. Apenas o FDA diferenciou a alulose da sacarose ou HFCS nos rótulos nutricionais. Até então, sempre que era adicionada a um alimento processado, ela era listada como açúcar adicional.

Portanto, houve pouco incentivo para incluir a alulose nos produtos. Como a alulose tem 95% menos calorias do que a sacarose, o FDA permitiu que os fabricantes a excluíssem da contagem total de açúcares adicionados nos rótulos nutricionais.

A porcentagem do monossacarídeo que não é metabolizado não contribui para a ingestão energética ou calórica. Em um estudo com animais, os pesquisadores descobriram que a alulose contribui com uma fração de 1% da energia da sacarose.

Os pesquisadores consideraram o valor energético "zero", e sugeriram que "ele pode ser útil como adoçantes para pessoas obesas, como um auxílio para redução de peso."

Além de contribuir com pouca ou nenhuma caloria, a alulose provoca uma resposta fisiológica no corpo que pode diminuir a glicose no sangue e reduzir a gordura abdominal e o acúmulo de gordura ao redor do fígado. Isso pode reduzir o número crescente de pessoas que têm DHGNA. A alulose também pode diminuir a resistência à insulina e reduzir o risco potencial de diabetes tipo 2.

Composto natural pode reduzir a glicose com poucos efeitos colaterais

Em uma análise de 40 testes em humanos, a alulose demonstrou a capacidade de reduzir muito a resposta à insulina após as refeições, que os pesquisadores acreditam “levar a melhorias modestas na glicose pós-prandial e na regulação da insulina”.

Outro estudo envolveu 30 pessoas sem diabetes. Eles receberam uma dose de ataque de sacarose e, em seguida, receberam de forma aleatória 2.5, 5, 7.5 ou 10 gramas de alulose. Os níveis plasmáticos de glicose e insulina foram medidos 30, 60, 90 e 120 minutos após a ingestão. Os pesquisadores descobriram que, de maneira dependente da dose, a alulose reduziu os níveis de glicose e insulina no plasma.

Em outras palavras, a alulose não apenas contribui muito pouco para a ingestão calórica ou glicose no sangue, mas também pode ajudar a melhorar a regulação da insulina. Embora ainda não existam estudos humanos específicos em relação à segurança da alulose, os estudos em animais não encontraram toxicidade mesmo em altas doses.

Em um estudo controlado não randomizado com 30 indivíduos saudáveis dentro de uma faixa normal de IMC, os pesquisadores descobriram que os indivíduos experimentaram sintomas gastrointestinais (GI) quando a dose atingiu 0,4 gramas por quilograma de peso corporal (g/kg*gPC). O teste de tolerância gastrointestinal não indicou diarreia grave ou outros sintomas até a dose atingir 0,5 g/kg*PC.

Os pesquisadores sugerem que, com base em seus resultados, uma dose única máxima não deve ser superior a 0,4 g/kg*PC. Isso significa que uma pessoa que pesa 70kg pode comer 28 gramas de alulose em uma porção, o que equivale a 7,25 colheres de chá do açúcar, sem apresentar sintomas gastrointestinais.

Embora não haja efeito tóxico imediato no corpo, as evidências sugerem que o uso continuado pode afetar o peso dos rins e do fígado, os dois órgãos pelos quais este adoçante natural passa. Em um estudo publicado em 2019, os pesquisadores observaram que o uso de alulose pode prevenir a obesidade, mas o consumo contínuo pode aumentar o peso do fígado e dos rins "sem anormalidades patológicas e funcionais aparentes".

O estudo investigou a possibilidade de esses parâmetros mudarem depois que o participante deixasse de consumir alulose. Usando um modelo animal, os pesquisadores alimentaram com alulose por quatro semanas e, em seguida, uma dieta controlada sem alulose por mais 10 semanas. Ao final de quatro semanas, os pesos do fígado e rim eram maiores, mas a diferença desapareceu depois que os animais deixaram de receber mais alulose.

O xarope de milho com alto teor de frutose é pior que o açúcar branco

O HFCS, também conhecido como açúcar de milho, é outra forma comum de açúcar encontrada em alimentos processados. Embora seja mencionado de forma intercambiável com a frutose, HFCS e frutose não são a mesma coisa. A frutose é um adoçante simples, encontrado em muitas frutas e vegetais. O HFCS, por outro lado, é produzido de forma artificial a partir do milho, por meio de um processo que envolve primeiro sua transformação em amido de milho e depois em uma mistura de frutose e glicose.

Mas, seja frutose simples ou HFCS, evidências mostram que esse tipo de açúcar causa maiores danos do que a glicose simples ou o açúcar de mesa. Isso ocorre porque a frutose não age da mesma forma que a glicose no seu corpo.

Em um estudo, um grupo de mulheres pós-menopausa com sobrepeso ou obesas consumiu bebidas de frutose junto às refeições por 10 semanas. Os dados mostraram que essa prática aumentou a glicemia em jejum e reduziu a resposta à insulina. Os pesquisadores concluíram que “os resultados atuais sugerem que o consumo a longo prazo de dietas ricas em frutose pode levar a um aumento do risco de DCV [doença cardiovascular]”.

Como o HFCS é mais barato e 20% mais doce do que o açúcar de mesa comum, ele é usado por muitos fabricantes de alimentos e bebidas, embora tenha sido demonstrado por vários estudos que ele não só pode contribuir para o comprometimento da tolerância à glicose, doenças cardiovasculares e diabetes, mas também pode interferir na sua sensação de fome e saciedade.

Em relação ao diabetes, com uma análise global de 43 países, os pesquisadores descobriram que a prevalência de diabetes era 20% maior em áreas onde o HFCS estava muito disponível. Os resultados sugeriram que o consumo aumentado de HFCS aumentava o risco de diabetes tipo 2, independente de obesidade.

Em outro estudo, homens e mulheres receberam 700ml onças de uma bebida adoçada com HFCS ou sacarose. Amostras de sangue e urina foram coletadas ao longo de seis horas, e diversos biomarcadores metabólicos foram medidos. Os pesquisadores descobriram que o HFCS levou a efeitos metabólicos agudos diferentes dos da sacarose.

Os especialistas pensaram que a frutose seria uma escolha melhor porque tem um índice glicêmico baixo. No entanto, apenas o fígado pode metabolizar a frutose. E, como mencionado, consumir frutose também aumenta o apetite, o que acaba contribuindo para a obesidade, diabetes e DHGNA.

Os efeitos tóxicos dos adoçantes artificiais

Muitos adoçantes têm efeitos colaterais, e os dos adoçantes artificiais são ainda mais tóxicos do que outros. Uma pesquisa em 2008 revelou que a Sucralose, também conhecida como Splenda, reduz as bactérias intestinais em 50% e aumenta o pH no seu intestino. Um estudo de 2018 descobriu que a Sucralose é metabolizada e se acumula nas células de gordura.

Uma pesquisa publicada em 2016 pelo Instituto Ramazzini relacionou a Splenda à leucemia. Não muito tempo depois que esse estudo foi publicado em um jornal com revisão por pares, a empresa contratou a empresa de relações públicas Ketchum, famosa por seu trabalho próximo com a Monsanto e trabalho promocional para plantações modificadas utilizando genética.

Parece que a jogada de marketing funcionou, pois a empresa reduziu o impacto das evidências científicas. Em 2017, a pesquisa de mercado mostrou que o tamanho do mercado da Splenda foi avaliado em $697,4 milhões, e foi projetado para aumentar em 3% até 2025. A América do Norte e a Ásia-Pacífico responderam pela maior parte deste mercado.

A princípio, esperava-se que os adoçantes artificiais ajudassem a reduzir o desejo por doces em pessoas com diabetes. Ainda assim, em um estudo com participantes de saúde, levou apenas duas semanas para que o adoçante artificial desencadeasse efeitos adversos nos níveis de açúcar no sangue, o principal autor do estudo, Richard Young, da Universidade de Adelaide, comentou em um comunicado à imprensa:

"Isso destaca o potencial para níveis exagerados de glicose pós-refeição em usuários habituais de ANCS [adoçantes artificiais não calóricos], o que pode predispô-los a desenvolver diabetes tipo 2".

Os adoçantes artificiais também podem aumentar o risco de ganho de peso, obesidade, síndrome metabólica e outros problemas relacionados, como diabetes tipo 2, induzindo "desarranjos metabólicos", de acordo com um relatório publicado no jornal Trends in Endocrinology and Metabolism.

Outras pesquisas descobriram que o aspartame (NutraSweet), outro adoçante artificial, está associado a uma maior intolerância à glicose em pessoas com obesidade. Esses são apenas alguns dos efeitos colaterais dos adoçantes artificiais, que aumentam o risco de problemas de saúde e não são uma alternativa segura ao açúcar de mesa.

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