Resveratrol pode ajudar a reparar danos à pele

Fatos verificados
Benefícios do resveratrol

Resumo da matéria -

  • As evidências apontam que o resveratrol tópico pode acelerar e melhorar a cicatrização de feridas, além de reduzir o fotoenvelhecimento; os cientistas começaram a identificar os mecanismos característicos, através dos quais ocorre esse efeito positivo na cicatrização de feridas
  • O resveratrol é encontrado de forma natural, na casca das uvas, seja nas bagas azuis, roxas e em chocolate amargo. Ele atravessa a barreira hematoencefálica, que pode ajudar a regular a inflamação neurológica e reduzir o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas
  • O composto ajuda a desacelerar o declínio cognitivo em pessoas com Alzheimer, melhora a circulação cerebral, reduzindo o potencial de demência vascular e ajuda na estabilização do açúcar no sangue, considerado outro fator responsável desenvolvimento de demência
  • O resveratrol oferece suporte ao sistema imunológico, seja na redução de efeito do dano mitocondrial e no aumento das células assassinas naturais. Embora feito de uva, o vinho não fornece o bastante para obter os benefícios, afetando de modo negativo o envelhecimento do cérebro e provocando danos ao DNA

Por Dr. Mercola

Um estudo realizado em animais, publicado em julho de 2021, demonstrou um mecanismo pelo qual o resveratrol afetou de maneira positiva, a cicatrização de feridas na pele. Isso é muito importante, pois as feridas crônicas são um considerado um grande desafio para a saúde, afetando mais pessoas, com um fardo financeiro muito maior para a saúde do que se pensava no passado.

Um estudo publicado em 2018, teve como objetivo determinar o custo do tratamento de feridas crônicas, para indivíduos que recebem benefícios do Medicare. Eles usaram uma análise retrospectiva dos dados para estimar que o Medicare gasta no tratamento de feridas, em torno de $28,1 até $96,8 bilhões em apenas um ano, incluindo custos de infecção.

Os tratamentos mais caros pareciam ser os relacionados as feridas cirúrgicas, seguidas pelas úlceras do pé diabético. Os pesquisadores concluíram que os gastos com o tratamento de feridas, foram "muito maiores do que antes". Os dados mostraram tinha cerca de 8,2 milhões de pessoas que "haviam pelo menos um tipo de ferida ou infecção".

Um artigo publicado em 2019 avaliou os resultados de 28 estudos, encontrando análises alinhadas com pesquisas anteriores e identificou o maior número das feridas, como úlceras crônicas de perna, uma complicação comum do diabetes tipo 2. Alguns dos fatores que foram identificados e que afetam a cicatrização de feridas incluem hidratação, circulação sanguínea, obesidade, tabagismo, nutrição e diabetes.

Conforme discutido abaixo, o resveratrol aborda vários fatores que têm um impacto negativo na cicatrização de machucados, podendo provocar uma grande redução no número de feridas crônicas e impactar de modo positivo no fechamento da ferida. Os dados do estudo mais recente são bastante otimistas.

Resveratrol pode favorecer na cicatrização de feridas

Os pesquisadores vêm investigando a anos, as propriedades do resveratrol para curar a pele. O foco do estudo mudou. Antes ele focava na demonstração de que o resveratrol possui um impacto positivo na cicatrização de feridas, agora tem o foco em tentar identificar os mecanismos específicos por meio dos quais os efeitos positivos ocorrem.

Em revisões realizadas em 41 estudos, o resveratrol demonstrou conseguir aumentar a granulação e a cicatrização de feridas, através de estudos realizados em animais, demonstrou também uma melhora na cicatrização cutânea, nas cicatrizes e no fotoenvelhecimento.

Em 2020, um estudo de laboratório demonstrou que o resveratrol aumentou a secreção de células-tronco mesenquimais de fatores de crescimento, onde melhorou a cicatrização de feridas de uma maneira dependente da dose. No mesmo ano, após revisar os benefícios do resveratrol na pele, os autores de outro artigo sugeriram que eles acreditavam no:

"As evidências mostram que o resveratrol tópico pode ser uma boa alternativa, não apenas para o cuidado diário da pele, mas também para a prevenção e o tratamento de várias doenças cutâneas."

A administração tópica de resveratrol em camundongos com diabetes tipo 2, melhorou as respostas químicas que se relacionaram com uma maior densidade de vasos sanguíneos, sugerindo que o resveratrol poderia promover a proliferação de células endoteliais em pessoas com diabetes.

O estudo realizado em 2021, publicado na Laboratory Investigation, procurou analisar um meio, em que o resveratrol é usado para regular o reparo da pele. Eles utilizaram, um modelo de laboratório e um de cicatrização de feridas em animais, por meio do qual avaliaram a viabilidade celular e a apoptose. O objetivo foi medir a correlação entre microRNA-212 (miR-212) e caspase 8 (CASP8).

CASP8 são casos de proteínas de cisteína, que estão envolvidas na apoptose e no processo de citocinas. miR-212 são moléculas de RNA não codificantes, de fita simples que possui um papel na regulação da expressão gênica.

Os pesquisadores mediram a área da ferida para determinar a eficácia do resveratrol na cura. Eles também descobriram que trouxe a proliferação e migração celular, aumentando o miR-212. Quando utilizado para tratar camundongos, o miR-212 obteve uma redução na cicatrização de feridas. Os pesquisadores descobriram com isso, que o resveratrol causava:

"… Facilidade na proliferação e migração celular em células HaCaT, tratadas com LPS, além de promover a cicatrização de feridas cutâneas em um modelo de camundongo, regulando o eixo miR-212 / CASP8."

Efeitos neuroprotetores apoiam a saúde do cérebro

O resveratrol é encontrado de forma natural, na casca das uvas, seja nas bagas azuis, roxas e em chocolate amargo. A evidência sugere que pode cruzar a barreira hematoencefálica. Esta é uma barreira natural que seu corpo utiliza para proteger o cérebro de substâncias que podem ter um efeito tóxico no sistema nervoso central.

Uma vez que o resveratrol pode atravessar a barreira hematoencefálica, ele pode ajudar a regular a inflamação do cérebro, que é um fator significativo no desenvolvimento de muitas doenças neurodegenerativas. De acordo com um relatório do Centro Médico da Universidade de Georgetown, dar resveratrol a indivíduos com Alzheimer ajuda a restaurar a integridade da barreira hematoencefálica e reduz a capacidade das moléculas imunológicas prejudiciais de se infiltrarem no tecido cerebral.

Ao diminuir a inflamação das células cerebrais, ele desacelerou o declínio cognitivo dos indivíduos, quando comparado a um grupo compatível de pacientes tratados com placebo com Alzheimer. Outro estudo realizado em animais envolvendo o resveratrol teve efeitos interessantes, incluindo aumento da atividade aeróbica, como o tempo de corrida, além da proteção contra obesidade, sendo esta induzida por dieta e resistência à insulina, também teve um efeito na função metabólica regulada e em uma saúde estável.

Melhorias na atividade aeróbia, redução na resistência à insulina e obesidade também são neuroprotetoras. Foi descoberto que o resveratrol suprime os efeitos inflamatórios em certas células cerebrais ao inibir diferentes citocinas pró-inflamatórias e moléculas sinalizadores importantes. Em um estudo posterior, os cientistas confirmaram que as propriedades anti-inflamatórias do resveratrol possuem efeitos neuroprotetores.

Também há dados comprovando que o resveratrol ajuda a limpar as placas do cérebro que levam ao mal de Alzheimer. Um estudo publicado na revista Journal of Biological Chemistry descobriu que o resveratrol exerce uma "potente atividade antiamiloidogênica".

Um estudo chinês realizado em animais também descobriu que o resveratrol pode reduzir o risco de demência vascular, sendo esta, a segunda forma de demência mais comum, depois do mal de Alzheimer. No entanto, ao contrário do Alzheimer, a demência vascular não é um produto da formação de placas no cérebro, mas sim de problemas no fluxo sanguíneo. Um estudo feito em 2010 revelou que a dose única pode melhorar o fluxo sanguíneo para o cérebro, seguindo as descobertas dos cientistas em 2017:

"...o resveratrol suprime a proliferação das células do músculo liso vascular, promove a autofagia, e vem sendo investigado no contexto da senescência vascular.

Modelos pré-clínicos demonstraram de maneira inequívoca, vários efeitos vasculoprotetores do resveratrol. Em ensaios clínicos, o resveratrol reduziu de maneira moderada a pressão arterial sistólica de pacientes hipertensos, além da glicemia em pacientes com diabetes mellitus."

Outros estudos mostraram que ele também ativa a autofagia e inibe a apoptose neuronal, trabalhando para melhorar a função cognitiva. Um estudo de 2020 realizado em humanos, mostrou que:

"...o consumo regular de resveratrol pode melhorar as funções cognitivas e cerebrovasculares em mulheres na pós-menopausa, com potencial para retardar o declínio cognitivo devido ao envelhecimento e à menopausa."

O resveratrol melhora a densidade óssea, açúcar no sangue e imunidade

Evidências sugerem que o resveratrol possui muitos outros benefícios para a saúde. Estudos demonstram que ele possui propriedades anti-inflamatórias, cardioprotetoras, antioxidantes e antienvelhecimento, além de propriedades quimioprotetoras. O fluxo sanguíneo adicional para o cérebro demonstrou que pode melhorar o aprendizado, o humor e a memória.

Um estudo de 2019 publicado na revista Nutrients também descobriu que ele ajuda na prevenção de doenças crônicas ou no atraso delas, através de várias vias imunológicas. Segundo os pesquisadores:

"...o resveratrol regula a imunidade, interferindo na regulação das células imunológicas, na síntese de citocinas pró-inflamatórias e na expressão gênica... tem como alvo a sirtuína, a adenosina monofosfato-quinase, o fator nuclear κB, as citocinas inflamatórias, as enzimas antioxidantes, além de... gliconeogênese, metabolismo lipídico, biogênese mitocondrial, angiogênese e apoptose.

O resveratrol pode suprimir a expressão dos receptores do tipo toll (TLR) e dos genes pró-inflamatórios. A atividade antioxidante do resveratrol e a capacidade de inibir as enzimas envolvidas na produção de eicosanoides contribuem para suas propriedades anti-inflamatórias."

O potencial de reforço imunológico gerou uma consequência na pesquisa, a respeito do possível efeito que pode ter sobre o câncer. Os pesquisadores escreveram que alguns dos mecanismos usados ​​pelo resveratrol que podem alterar o sistema imunológico incluem a redução dos efeitos do dano mitocondrial, a diminuição da ativação anormal das células T e o aumento das células assassinas naturais.

O resveratrol também influencia na densidade e qualidade óssea. Em mulheres, a osteoporose é considerada uma doença grave e generalizada após a menopausa. À medida que os ossos se tornam mais frágeis e porosos, eles ficam com maior risco de fratura. Dentre os indivíduos com mais de 50 anos, cerca de 50% das mulheres e 25% dos homens tem chances de ter uma fratura nos próximos anos.

Um estudo da Universidade de Newcastle em New South Wales, encontrou melhorias na densidade óssea em mulheres na pós-menopausa, que tomaram resveratrol. Os participantes tomaram 75 miligramas (mg) duas vezes ao dia ou um placebo por 12 meses. A densidade óssea foi medida com varreduras de absorciometria de raio-X de energia dupla, também chamadas varreduras DEXA.

Um autor do estudo disse que um pequeno aumento no colo do fêmur resultou em melhorias e em"uma redução na probabilidade de 10 anos de risco de fratura grave". Os médicos prescrevem hormônios de reposição e bifosfonatos para tratar a osteoporose, porém, como mencionado em um estudo em Nutrientes, seus efeitos colaterais podem ser tão perigosos que podem de superar os benefícios.

O composto também foi encontrado para realizar uma melhora no açúcar do sangue de pessoas com diabetes tipo 2. Após oito semanas de suplementação com resveratrol, a glicemia em jejum dos participantes diminuiu, a lipoproteína de alta densidade aumentou e os níveis de insulina melhoraram.

O estudo foi feito em 71 pacientes com sobrepeso, diabetes tipo 2 e um índice de massa corporal entre 25 e 30. Os participantes receberam 1.000 mg/dia de trans-resveratrol ou metilcelulose (placebo) durante oito semanas. Um segundo estudo com 56 participantes que tinham diabetes tipo 2 e doença coronariana, encontrou resultados otimistas. Os pesquisadores concluíram:

"O resveratrol reduziu a glicemia em jejum, a insulina e a resistência à insulina, além de aumentar de maneira considerável, a sensibilidade à insulina quando comparado ao grupo placebo. O resveratrol também aumentou de modo significativo os níveis de colesterol HDL e diminuiu a proporção colesterol total/colesterol HDL quando comparado ao grupo placebo."

Considere esses benefícios e procure uma fonte saudável de resveratrol

O resveratrol é um polifenol criado para aumentar a vida útil das plantas, promovendo a resistência doenças e a agentes estressores, mudanças drásticas no clima e excesso de luz ultravioleta. No entanto, embora as uvas sejam uma fonte de resveratrol, você não obterá os benefícios de neuroprotetores e antienvelhecimento ao beber vinho tinto.

Gregorio Valdez, Ph.D., é professor assistente no instituto Virginia Tech Carilion Research. Embora o vinho tinto tenha vestígios de resveratrol, ele se encontra em quantidades tão pequenas que seria impossível beber o suficiente para obter os benefícios. Além disso, como já escrevi antes, o álcool tem vários efeitos negativos significativos na sua saúde, incluindo sono, envelhecimento do cérebro e danos ao seu DNA.

Uma forma de obter os benefícios do resveratrol, é ingerindo uva muscadine, que contêm a maior concentração entre os alimentos, sobretudo na pele. Amoras e mirtilos são outras fontes boas.

Limite a ingestão a meia xícara por dia, porque a fruta também contém frutose. Um suplemento alimentar integral de resveratrol contendo pedaços de casca de uva muscadine é outra opção.

+ Recursos e Referências