Como a ativação dos processos de reparo celular do seu corpo pode melhorar sua saúde e bem-estar

Ativando a autofagia

Resumo da matéria -

  • A autofagia consiste em “comer a si mesmo” e se refere ao processo no qual seu corpo digere as células danificadas. É um processo de limpeza que incentiva a propagação de novas células, mais saudáveis
  • A ciclicidade da nutrição é um componente importante para a saúde. As células estão se construindo ou desintoxicando, e cada fase tem suas próprias exigências

Por Dr. Mercola

Naomi Whittel é ex-CEO da Twinlab e escreveu um livro interessante sobre como alcançar uma saúde radiante ativando os processos naturais de autofagia do seu corpo.

Em "Glow 15: A Science-Based Plan to Lose Weight, Revitalize Your Skin, and Invigorate Your Life", ela compartilha uma série de estratégias valiosas para fazer isso naturalmente. Seu profundo interesse por uma vida saudável foi consequência de sua luta ao longo da vida contra o eczema, uma deficiência auto-imune.

"O processo inflamatório simplesmente devastou meu corpo", diz ela. "Minha pele sangrava, expelia pus. Meus pais até sabiam que os alimentos que eu podia comer e o tipo de material eu poderia vestir, pois a nossa pele precisa respirar — é nosso maior órgão.

Eu nasci em numa fazenda biodinâmica e, no entanto, esse distúrbio autoimune e tantos outros [problemas de saúde] que desenvolvi com o tempo controlaram minha vida.

Então, sempre fui treinada a comer alimentos específicos e beber certos tipos de água. Meus pais nunca me deixavam tomar água com flúor. Eu nunca fui vacinada. Tanto se pensou no que eu colocava dentro e fora do meu corpo, mesmo assim eu não conseguia superar a inflamação.

Em meados da adolescência, sempre me cobria com blusas de mangas compridas, meio que como hoje. Mas não era pelos mesmos motivos.

Eu me cobria porque tinha vergonha da minha aparência. Era baile da primavera, e havia um garoto com quem eu queria muito ir ao baile. Naquele tempo, minha mãe me disse: "Sabe, você não devia se cobrir o tempo todo.

Você tem muitos amigos. Você pode ter mais autoconfiança". Eu dei ouvidos a ela e vesti shorts com camiseta de manga curta. Minha pele estava exposta, ele deu olhada e não me convidou. Aquele foi um momento decisivo, pois havia sido tão rejeitada por causa da minha aparência".

Do natural ao convencional e de volta ao primeiro

Depois daquela rejeição no baile de primavera, Whittel decidiu mudar e tentar a rota convencional. Por um tempo, usou esteróides para controlar seu eczema, mas os efeitos colaterais a levaram a retornar às suas raízes naturais. Com vinte e poucos anos, ela conseguiu eliminar cerca de 95% de seu eczema com uma combinação de ervas chinesas, acupuntura e jejum para desintoxicação.

Infelizmente, quando se preparava para uma gravidez, alguns anos depois, descobriu que tinha toxicidade por metais pesados, que seu médico atribuiu às ervas chinesas que havia tomado, devido ao solo em que cresciam e à maneira como eram processadas.

"Eu envenenei meu corpo com aquelas ervas que haviam sido tão terapêuticas", diz ela. "Esse foi outro momento decisivo para mim. Eu decidi que precisava saber, daquele momento em diante, exatamente de onde as coisas vinham. Então, comecei o processo de sempre ir à fonte... Por fim, criei uma empresa chamada Reserveage, cujo objetivo era descobrir de onde as coisas vêm.

Eu estava na Calábria, Itália, quando comecei a aprender sobre a bergamota. Os pesquisadores de lá me ensinaram a beber chá de bergamota. A pesquisadora chefe, Dra. Elzbieta Janda, bebia quatro ou cinco xícaras todos os dias e, enquanto eu estava lá, fazia isso com ela. Eu perguntei a ela: "Por quê?"... Ela me disse: "Eu uso para ativar minha autofagia". Essa foi a primeira vez que ouvi a palavra".

"Auto" em grego significa "si mesmo" e "phagy" significa "comer". Logo, a autofagia se refere a um processo de auto-consumo em que seu corpo digere as células danificadas. É basicamente um processo de limpeza que estimula a propagação de células novas e saudáveis.

A Reserveage, que mais tarde foi vendida para a Twinlab, foi fundada com base no princípio de que cada ingrediente é cuidadosamente adquirido e processado de forma a garantir a mais alta qualidade e pureza.

Isso inclui fazer testes no solo e trabalhar com os agricultores e intermediários para entender cada etapa do processo do cultivo à mesa. Infelizmente, poucas empresas realmente investem o tempo e recursos necessários para fazer isso. "Isso me surpreende, porque é uma desconexão", diz Whittel. "Em última análise, há tantas coisas que podem dar errado ao longo do caminho."

O segredinho sórdido dos óleos de peixe

Whittel trabalhou recentemente com Jeff Bland, Ph.D., em uma viagem ao Alasca para investigar a fabricação de óleo de fígado de bacalhau. "Para mim, pessoalmente, o óleo de peixe é uma parte importante da minha saúde. Por causa dos meus distúrbios auto-imunes, eu cresci bebendo um pouco de óleo de fígado de bacalhau todo as manhãs…

Mas quando criei minha empresa, a Reserveage, nunca consegui encontrar outra fonte além do krill, com a qual me sentisse à vontade para trazer ao mercado", diz ela. Qual é o problema da maioria dos óleos de peixe? Whittel explica:

"O que acontece é que os peixes são capturados em grandes redes. Mesmo pensando que o óleo de peixe vem da Noruega ou da Europa, a captura é feita na América Central e na América do Sul com essas grandes redes. Os peixes são então jogados no fundo do barco... [onde] ficam completamente rançosos.

São simplesmente deixados ali. Quando chegam à Europa, as entranhas estão tão rançosas que, para extrair o ômega-3, precisam passar por um processo de extração de toxinas e dessa rancidez.

[No fim], sobra algo que não tem nenhum dos co-fatores desejados. Foi tão contaminado para se retirar a rancidez que, se você quiser obter algum dos benefícios da vitamina A ou vitamina D, estes precisam ser adicionados de volta. Então, há uma enorme desconexão… Quando eu soube disso, isso arruinou meu relacionamento com os óleos de peixe”.

Encontrando óleo de fígado de bacalhau puro

Bland lhe disse que fez uma parceria com David Little, um engenheiro e pescador que possui seis grandes barcos de pesca no Alasca. Little construiu e implementou um processo de congelamento de carne em seus barcos. Assim que os bacalhaus são capturado, eles são congelados.

Os peixes são vendidos para os japoneses, mas eles não faziam nada com os fígados e tripas do peixe, que é de onde os óleos são extraídos. Então, Bland and Little estabeleceram uma parceria para extraírem o óleo de peixe das tripas do bacalhau, enquanto o resto do peixe é enviado para o Japão.

O bom desse processo é que preserva os mediadores lipídicos especializados em pró-resolução (SPMs) no óleo — muitos dos quais são poderosos componentes anti-inflamatórios — juntamente com as vitaminas A e D. "Consegui literalmente retirar o óleo do equipamento de processamento e bebê-lo, ali mesmo na fábrica", diz Whittel.

"Tem cheiro de produto fresco, e [gosto] bom. É por isso que eu, pela primeira vez na minha carreira, senti confiança o suficiente para trazer um óleo de fígado de bacalhau para o mercado... Não há nada igual por aí, do ponto de vista do fígado de bacalhau."

Essa história é apenas uma de muitas a mostrar que você precisa fazer sua lição de casa quando se trata de alimentos e suplementos. Whittel estima que cerca de 98% dos produtos com ômega-3 no mercado são inferiores devido à forma como os peixes são capturados e processados.

Além desse óleo de fígado de bacalhau da Twinlab, o óleo de krill é outra excelente fonte marinha de ácidos graxos omega-3. Ao contrário do bacalhau, o krill é uma fonte muito mais sustentável desses valiosos óleos. Você pode aprender mais sobre as salvaguardas para garantir a sustentabilidade do krill neste artigo.

A importância da autofagia cíclica

Assim como eu, Whittel também chegou à conclusão de que é importante fazer muitas escolhas relacionadas ao estilo de vida para melhorar sua saúde. Para ela, tudo começou com o entendimento intuitivo de que as células estão se construindo ou desintoxicando, e que cada fase tem suas próprias exigências.

O jejum, ou seja, a abstenção completa de alimentos, acabou sendo um componente crucial que finalmente permitiu que ela controlasse a inflamação em seu corpo, e ela pratica o jejum cíclico há quase 25 anos.

Novamente, uma das coisas que o jejum faz é ativar a autofagia, o processo de limpeza do seu corpo que limpa e desintoxica as células e recicla as partes das organelas que não são mais necessárias, de modo que suas células se comportem de maneira mais jovial.

Mas a autofagia não pode permanecer continuamente ativada o tempo todo. Você também precisa permitir que as células se reconstruam e rejuvenesçam, o que ocorre durante a fase de realimentação.

Em sua busca por especialistas em autofagia, Whittel se deparou com o trabalho do Dr. Richard Wang, um dermatologista e especialista em autofagia, Dr. Beth Levine, cujo foco é o exercício, e William A. Dunn, Ph.D., da Universidade da Flórida, que pesquisa autofagia há 30 anos, entre outros. Ela então montou um protocolo para trabalhar sua própria saúde.

Como ativar a autofagia

Então, como fazer para ativar o mecanismo de autofagia do seu corpo? Aqui está um resumo de quatro das 11 estratégias detalhadas no livro dela:

1. Jejum intermitente associado ao ciclo proteico ⁠— Jejum intermitente a cada dois dias (16 horas sem comer, que é o tempo necessário para ativar a autofagia e oito horas de alimentação programada). Nos dias em que você não estiver fazendo o jejum intermitente, coma a quantidade regular de proteína que você normalmente consumiria e, em seu dia de jejum intermitente, reduza as proteínas para cerca de 5% de suas calorias durante o dia.

2. Ordem certa dos nutrientes ⁠— Coma gorduras primeiro e carboidratos por último, esteja no jejum intermitente ou não.

3. Exercícios cíclicos ⁠— Dia sim, dia não, faça 30 minutos de treino intervalado de alta intensidade ou treino de resistência. "Pode ser tão simples quanto andar mais rápido por um minuto e depois diminuir a velocidade, e fazer isso de um lado para outro por 30 minutos. O treino de resistência pode até ser yoga”, diz ela. "É esse estresse agudo, o bom estresse, que tem um impacto benéfico na autofagia."

4. Coma mais alimentos ativadores da autofagia ⁠— Whittel inclui 140 tipos diferentes de alimentos que ajudam a ativar a autofagia — como chá de bergamota, chá verde e açafrão — e outras diversas recomendações, dependendo de se você está fazendo jejum intermitente com baixo teor de proteína no dia ou não.

Por exemplo, num dia em jejum com baixo teor de proteína, ela recomenda remover a clara de ovo (a parte altamente proteica) ao comer ovos. Em dias sem jejum e com alto teor de proteína, coma tanto a clara de ovo como a gema.

A ativação cíclica da autofagia é crucial para a saúde e longevidade

"Em 2016, o Nobel de medicina foi dado ao biólogo japonês Yoshinori Ohsumi por sua pesquisa sobre a autofagia... Isso fará boa parte da nossa saúde e bem-estar na próxima década, e agora as pesquisas estão começando a se encaixar", diz ela.

Seu livro é consequência de um aprofundamento nas pesquisas disponíveis, para aprender mais sobre a autofagia e como ativar esse processo de rejuvenescimento. Não deixe de comprar o seu "Glow15".