Por Dr. Mercola
A niacina também é chamada vitamina B3. É uma vitamina solúvel em água, encontrada de maneira natural em alguns alimentos. Também pode ser adquirido como suplemento. Estudos recentes mostraram que a niacina desempenha um papel no metabolismo ativo, podendo ajudar a prevenir casos graves de COVID-19.
A niacina é um precursor do dinucleotídeo adenina nicotinamida (NAD), usado para catalisar mais de 400 reações enzimáticas no corpo. O NAD é necessário para a estabilidade do genoma e o controle da expressão genética.
Uma vez formado o NAD, ele pode ser alterado para formar outros compostos necessários, tais como fosfato de dinucleotídeo de nicotinamida adenina (NADP) e dinucleotídeo de nicotinamida adenina (NADH). A vitamina também ajuda a converter carboidratos em glicose e faz parte do processo de produção de vários hormônios esteroides.
É raro desenvolver uma deficiência absoluta, a menos que você sofra de uma condição médica subjacente, que reduza sua absorção no trato gastrointestinal. Embora esteja disponível como suplemento, quando tomado em grandes doses, existem vários efeitos colaterais que podem ser desconfortáveis. Um desses efeitos colaterais é bem conhecido como vermelhidão causada pela niacina.
O efeito colateral é tão desconfortável que muitas pessoas utilizam a forma de niacinamida, pois ela não produz reações alérgicas ou vermelhidões. No entanto, quando administrada para afetar os níveis de colesterol, a niacinamida não possui eficácia. Os sintomas de vermelhidão da niacina incluem: sensação de queimação, coceira ou formigamento.
A reação vai embora à medida que o corpo desenvolve uma tolerância; no entanto, beber álcool com niacina pode piorar essa reação. Embora seja irritante e às vezes preocupante, caso você não espere o efeito, uma descarga de niacina é inofensiva.
Combinação de niacina e melatonina melhora o metabolismo
A adiponectina é secretada pelos adipócitos (células de gordura) e desempenha um papel importante em doenças relacionadas à obesidade, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. O peptídeo tem ação direta na vasculatura, fígado e músculo esquelético. Os dados mostram que possui efeitos anti-inflamatórios, antiaterogênicos e sensibilizantes à insulina, podendo auxiliar na redução do peso corporal.
Os dados também mostram que os níveis de adiponectina em pessoas com doença arterial coronariana são mais baixos e o peptídeo afeta a função endotelial e a inflamação. Os dados também mostraram que ajuda a melhorar a hiperglicemia e a hiperinsulinemia, sem ganho de peso, o que levou o peptídeo a ser testado em animais, para tratar a obesidade.
Um estudo piloto em 2002 avaliou os efeitos da niacina contra a gordura abdominal e descobriu após um ano, 81% das pessoas que tomavam 3.000 mg por dia conseguem reduzir sua gordura intra-abdominal em uma média de 27%. Estudos em animais demonstraram que a administração de niacina atenua a obesidade, aumentando a adiponectina.
Esses estudos também demonstraram que a niacina pode reduzir a expressão de citocinas pró-inflamatórias e tem um efeito anti-inflamatório de citocinas. Um segundo estudo realizado em animais, publicado dois anos depois, encontrou resultados semelhantes que sugeriam que a niacina "exerce efeito benéfico sobre a adiposidade, tolerância à glicose, sensibilidade à insulina, lipídios plasmáticos e afeta o nível de adiponectina sérica sob condição de obesidade."
Um estudo realizado em animais publicado no The FASEB Journal, avaliou as vias que a niacina pode utilizar para manter a homeostase energética. Os pesquisadores criaram ratos deficientes no receptor de niacina GPR109A. Uma dieta rica em gordura induziu obesidade, eles descobriram não ocorrer em ratos selvagens que foram tratados com niacina.
Além disso, eles descobriram que a niacina promoveu a atividade termogênica no tecido adiposo marrom e branco, os ratos tratados com niacina tiveram uma diminuição na absorção de ácidos graxos e esteróis no trato intestinal.
Os dados também mostraram que a deficiência de melatonina parece estar correlacionada com a obesidade. Em um estudo realizado em humanos, a suplementação de melatonina parecia regular a atividade da adiponectina levando a uma perda de peso significativa no grupo de tratamento.
Quando a suplementação de melatonina foi avaliada em 56 mulheres na pós-menopausa, os pesquisadores descobriram que a essa suplementação contribuiu para uma melhora significativa na qualidade do sono e na redução do peso corporal. Isso levou a um estudo recente em animais, onde os pesquisadores avaliaram a combinação de niacina e melatonina na obesidade.
Os resultados do estudo com animais foram estimulantes, pois descobriram que os efeitos da suplementação de melatonina e niacina, além do exercício em esteira, resultaram na perda de peso após 10 dias. A perda de peso foi maior no grupo melatonina e niacina, do que no grupo somente niacina. Esses dois grupos experimentaram maior perda de peso do que o grupo de controle.
Efeito potencial que a niacina pode ter na infecção por COVID
Os efeitos anti-inflamatórios da niacina e os efeitos que ela exerce sobre as citocinas, levaram a vários artigos que postulavam o papel que a niacina pode desempenhar contra COVID-19. Além disso, há mais dois estudos em ensaios clínicos com datas de conclusão previstas de dezembro de 2021 e junho de 2022.
Um estudo está avaliando o uso potencial do ribosídeo de nicotinamida em pacientes com COVID-19 para proteger a função renal e o segundo está usando uma forma de vitamina B3 para determinar se ela reduz a gravidade da doença. Um terceiro estudo está investigando o efeito da niacina em idosos com COVID. Desde o início de 2020, três artigos foram publicados avaliando a eficácia potencial da niacina contra COVID-19.
Um artigo publicado em Maturitas foi uma colaboração entre cientistas da Austrália e dos Emirados Árabes Unidos. Os cientistas postularam que o efeito das vitaminas B no sistema imunológico e na competência imunológica, pode torná-la um auxiliar útil como estratégia de tratamento e possível prevenção. Eles escreveram:
"A vitamina B ajuda na devida ativação das respostas imunológicas inatas e adaptativas, reduz os níveis de citocinas pró-inflamatórias, melhora a função respiratória, mantém a integridade endotelial, previne a hipercoagulabilidade e pode reduzir o tempo de permanência no hospital", escreveram os pesquisadores no jornal Maturitas.
Portanto, a vitamina B deve ser avaliada em pacientes com COVID-19, podendo ser usada como um complemento não farmacêutico para os tratamentos atuais.”
O artigo segue detalhando como cada uma das vitaminas B pode ajudar a controlar alguns dos sintomas do COVID-19, incluindo como a niacina é um bloco de construção do NAD e do NADP, que são vitais para combater a inflamação. Um estudo de laboratório publicado no final de 2020, analisou a niacina como um tratamento potencial para pacientes com câncer colorretal que podem ter uma suscetibilidade aumentada ao COVID-19.
Eles demonstraram que a niacina tinha funções moleculares que poderiam ajudar a tratar pacientes com câncer colorretal que tinham COVID-19, porém os resultados não foram validados em humanos, então os pesquisadores recomendaram uma investigação mais aprofundada para confirmar o uso potencial. Um artigo recente escrito por Dmitry Kats, Ph.D., foca sobretudo na niacina e levantou a questão sobre se ela pode ser crucial no processo da doença.
Um aumento acentuado de citocinas pró-inflamatórias, foi responsabilizada por uma cadeia de eventos que levam à falência de múltiplos órgãos, causando a morte. O controle potencial dessas citocinas pode reduzir o dano. NAD + desempenha um papel importante no controle de citocinas pró-inflamatórias, e a niacina é um bloco de construção de NAD.
O Curioso Caso de Risco Reduzido de COVID-19 em Fumantes
No início de 2020, os dados mostraram haver um baixo número de fumantes diários que passaram a ser sintomáticos com COVID-19. Isso é curioso, já que o COVID-19 começa sobretudo como uma condição respiratória e o tabagismo é bem conhecido por seus efeitos nocivos nos pulmões.
No entanto, se isso for considerado como esperança para a niacina, uma insuficiência da mesma pode aumentar o risco de doença grave. A nicotina e a niacina são análogos - o que significa que têm meios semelhantes pelos quais atuam. Na verdade, a desintoxicação bem-sucedida do vício em nicotina, utiliza a niacina para ajudar a repor a nicotina no corpo.
Essa relação também pode ajudar a explicar como os adolescentes se tornam viciados em fumar de maneira rápida. Um pesquisador postulou que se a dieta de um adolescente for insuficiente em niacina, isso aumentaria o desejo do corpo por tabaco. Segundo o National Institutes of Health Office of Dietary Supplements, a dose diária recomendada de niacina é de 16 mg para homens e 14 mg para mulheres que não estão grávidas ou amamentando.
Uma porção de fígado bovino contém 14,9 mg, que atende às necessidades de uma mulher. Caso contrário, para atender às necessidades diárias, uma pessoa precisaria comer duas porções de frango, ou 2 de salmão, 3 de carne moída ou 3 xícaras de arroz integral. Uma batata média contém 2,3 mg e uma fatia de pão integral contém 1,4 mg.
Essas quantidades podem ser suficientes para evitar a pelagra, que é uma deficiência grave de niacina, podendo causar sintomas neurológicos e progredir para comportamentos paranoicos ou suicidas com alucinações auditivas e visuais. Se não for tratada, a pelagra pode causar a morte. No entanto, é fácil ver como a ingestão alimentar pode levar à insuficiência crônica.
De acordo com Kats, o efeito downstream da niacina é a sinalização apropriada do cálcio, sendo responsável por inibir o SARS-CoV-2 de infectar uma célula e por expulsá-lo de uma célula já infectada. O processo é regulado pelo ácido nicotínico adenina dinucleotídeo fosfato (NAADP), gerado a partir do NADP.
A niacina é um precursor do NAD, que pode ser alterado para NADP. Portanto, sem uma quantidade razoável de niacina, seu corpo não pode produzir NAADP suficiente, afetando a sinalização do cálcio e pode, portanto, aumentar o risco de COVID-19 grave.
A melatonina ajuda a proteger as células cerebrais durante a infecção por COVID
A combinação de melatonina e niacina também pode ter benefícios adicionais se você estiver com COVID-19. A Frontline COVID-19 Critical Care Alliance (FLCCC) também recomenda o uso de melatonina em seus protocolos de tratamento ambulatorial e hospitalar.
Em maio de 2020, um artigo escrito por um grupo de cientistas dos EUA e da Espanha, sugeriu que a melatonina fosse considerada para profilaxia ou tratamento de SARS-CoV-2. O Dr. Paul Marik foi um desses cientistas.
Marik havia desenvolvido um protocolo de tratamento para sepse com excelentes resultados e, em seguida, fez parte da equipe de médicos intensivistas que desenvolveram os protocolos IMASK e MATH +. Outros grupos de médicos também questionaram se a melatonina pode ser útil no tratamento de COVID-19.
Um grupo da Turquia propôs o uso de melatonina em idosos, pois ela influencia o ritmo circadiano, a função cardiovascular e o sistema imunológico. Os pesquisadores sabem que os níveis de melatonina diminuem com a idade, o que também está associado a doenças relacionadas à idade. Eles postularam que, por esta razão, a suplementação de melatonina pode ser benéfica no tratamento de adultos mais velhos.
Em dezembro de 2020, uma equipe de cientistas de Buenos Aires e da Universidade de Toronto, Canadá, colaborou em um artigo sugerindo haver um potencial terapêutico significativo para a melatonina para “neutralizar as consequências das infecções por COVID-19.”
Os escritores postularam que a melatonina tem efeitos únicos e abrangentes como agente anti-inflamatório, antioxidantes e composto imunomodulador, podendo ser a “bala de prata”(solução) no tratamento de pacientes com COVID-19. Administrado à noite, pode reverter com eficácia os distúrbios do sono e ajudar a controlar o delírio em alguns pacientes.
A melatonina é um conhecido citoprotetor e serviu no passado para combater vários dos problemas associados a doenças graves, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes e síndrome metabólica. Além disso, a melatonina tem propriedades neuroprotetoras que podem reduzir de modo potencial as sequelas neurológicas examinadas em pacientes com COVID-19.
Outro artigo publicado em fevereiro de 2021 no International Journal of Molecular Medicine também pede que a melatonina seja usada como um tratamento auxiliar, após apresentarem uma breve revisão destinada a traçar o perfil da melatonina em vários ensaios clínicos recentes.
A melatonina pode reduzir a vermelhidão causada pela niacina?
Muitas pessoas consideram a liberação de niacina desafiadora e desconfortável. Ainda assim, a adesão ao uso do suplemento é necessária para que ele seja usado em casa, para tratamento ou prevenção. Kats tem evidências engraçadas de que tomar melatonina com niacina, ajuda a reduzir e, em alguns casos, eliminar os sintomas de vermelhidão causados pela niacina.
Em um tópico do Twitter — que agora foi excluído, pois o Twitter suspendeu sua conta — ele descreveu o protocolo de combinação que vinha usando, chamado “niatonin”. Nele, ele disse que encontrou uma proporção de 50 para 1 de niacina para melatonina, a quantidade certa para ele.
No entanto, ele alertou que se você estiver grogue pela manhã, quer dizer que possa ter ingerido melatonina demais e pouca niacina. Da mesma forma, se você tiver uma reação de vermelhidão, quer dizer que ingeriu niacina em excesso e melatonina insuficiente para equilibrar.
Ele também aconselha, a partir de evidências anedóticas, que aqueles com sintomas de longa distância podem encontrar alívio com a suplementação de melatonina e aqueles que tiveram uma lesão ou reação à injeção podem encontrar alívio usando a combinação de niacina e melatonina.