Por Dr. Mercola
Um estudo recente de pré-impressão demonstrou que as pessoas que usaram uma irrigação nasal com solução salina normal foram 19 vezes menos propensas a necessitar de hospitalização para o tratamento de COVID-19, do que a taxa nacional de hospitalizações. Você pode estar familiarizado com a irrigação nasal quando é utilizado um higienizador (Neti pot).
De acordo com um artigo de 2009 do American Family Physician, a irrigação nasal é uma terapia adjuvante para problemas respiratórios superiores e é prescrita após cirurgias nasais e sinusais. A irrigação nasal com um higienizador (lota), utilizando soro fisiológico nas passagens nasais com um pequeno dispositivo, que se parece com um bule de chá.
Após inserir a ponta do higienizador em um lado do nariz, a solução circula pelos pela narina e sai pela outra. Por exemplo, ao liberar o pólen do nariz e das cavidades nasais, ajuda a controlar os sintomas de rinite alérgica leve a moderada.
Embora o uso do higienizador (lota) seja de certo modo o método mais conhecido de irrigação nasal profunda, um estudo avaliou outras técnicas de irrigação, para descobrir qual alcançaria com mais eficácia o seio maxilar e o recesso frontal, após uma cirurgia endoscópica do seio nasal. Eles analisaram os resultados de um ‘spray’ nasal medido, nebulização e ducha nasal "ajoelhados com a cabeça para o chão."
A ducha nasal é um procedimento em que você "inspira" soro fisiológico nas narinas, e os pesquisadores descobriram ser mais eficaz do que um ‘spray’ nasal medido ou solução salina normal nebulizada, para atingir as cavidades sinusais.
Se você quiser tentar uma irrigação nasal com lota e estiver pensando em fazer sua própria solução salina, é importante lembrar de usar apenas água destilada, estéril ou resfriada e fervida. A água da torneira pode conter bactérias e protozoários que podem ser seguros no trato gastrointestinal, mas não nas passagens nasais, onde uma ameba microscópica de vida livre chamada Naegleria fowleri pode desencadear uma infecção cerebral devastadora que de modo geral é considerada fatal.
Irrigação nasal com hospitalizações reduzidas por solução salina normal
O estudo mais recente comparou os resultados clínicos em pacientes com COVID-19 usando irrigação salina nasal normal. Os pesquisadores envolveram pacientes com 55 anos ou mais que tiveram resultado positivo com um teste de PCR em um local de teste da comunidade.
Eles começaram com um grupo de 79 pacientes, que foram divididos em dois grupos. Os dados foram então comparados com os resultados do banco de dados nacional dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Nesse estudo, os participantes usaram um dos dois sistemas de irrigação nasal à base de pressão: o NAVAGE ou o NeilMed Sinus Rinse.
Os participantes foram selecionados de maneira aleatória para usar meia colher de chá de bicarbonato de sódio (alcalinização) com solução salina padrão duas vezes ao dia, durante 14 dias ou incluir 2,5 mililitros (cerca de meia colher de chá) de solução de iodopovidona a 10% (antimicrobiano) para o mesmo período. Os pesquisadores então acompanharam cada grupo 14 dias após sua intervenção final.
O desfecho primário foi hospitalização por COVID-19 nos primeiros 28 dias após o início da intervenção. Eles monitoraram a resolução dos sintomas, a adesão à intervenção e os efeitos colaterais que a intervenção pode ter causado no participante. Ao final de 28 semanas, 62 pacientes completaram seus diários de pesquisa e fizeram em média 1,79 lavagens por dia.
Após analisar os resultados, os pesquisadores descobriram que não houve diferenças estatísticas nos resultados quando os participantes usaram a solução antimicrobiana com iodopovidona ou alcalinizaram a cavidade nasal com bicarbonato de sódio. Nenhum dos pacientes designados para a lavagem com iodopovidona e apenas um designado para o grupo alcalinizado teve uma hospitalização relacionada ao COVID-19.
No entanto, a resolução dos sintomas naqueles que usam iodopovidona eram mais prováveis. Os pesquisadores concluíram que a irrigação nasal com solução salina isotônica teve um efeito positivo na redução da hospitalização e "Mais pesquisas são necessárias para determinar se a adição de iodopovidona à irrigação reduz a morbidade e mortalidade da infecção por SARS-CoV-2."
Estudos extras também podem ser necessários para determinar se a alcalinização da cavidade nasal teve impacto na eliminação do vírus e na prevenção da hospitalização, já que o pH natural do corpo é um pouco alcalino e a maioria dos patógenos prefere um ambiente ácido. A limpeza da cavidade oral do SARS-CoV-2 também faz parte do protocolo ambulatorial IMASK da Front Line COVID-19 Critical Care Alliance.
A adição de iodo potidona pode melhorar a eficácia
No século IV a.C., um estudante de Aristóteles descobriu que o uso de algas marinhas ricas em iodo pode ajudar na dor de queimaduras solares. Uma das primeiras preparações de iodo usadas no cuidado e tratamento de feridas abertas foi a solução de Lugol que continha iodo elementar e potássio. Isso foi usado para tratar feridas durante a Guerra Civil Americana.
Às duas soluções de iodo mais comuns usadas nos dias de hoje são, povidona (PVP-I), também conhecido como Betadine, e cadexomer, usado no tratamento de feridas para preencher cavidades. A maneira exata como o iodo mata os micróbios não são bem compreendida, porém consta que esteja associada à capacidade de penetrar na parede celular dos microrganismos, o que afeta então a estrutura e a função.
No início de 2020, alguns médicos começaram a usar PVP-I na cavidade oral e nasal para proteção contra COVID-19. O Dr. Mostafa Arefin, do Dhaka Medical College and Hospital, em Bangladesh, publicou um artigo no início de 2021 detalhando o uso de PVP-I para si mesmo e mais de 50 outros médicos e outros profissionais de saúde.
Durante um período de cinco a nove meses, ele realizou cirurgias das vias aéreas nas quais se esperava que o SARS-CoV-2 fosse aerossolizado, como traqueostomias, cirurgias endoscópicas dos seios da face, biópsias da laringe e tonsilectomias. Na conclusão, ele recomendou que médicos, profissionais de saúde, pacientes com COVID-19 e outros utilizassem ‘spray’ oral e nasal, para reduzir a transmissão e como uma possível modalidade de tratamento.
Um estudo publicado no JAMA no início de 2021 investigou a aplicação nasofaríngea de iodo-povidona para reduzir a carga viral de pessoas que tinham COVID-19. Pacientes ambulatoriais adultos com teste positivo com um limite de ciclo de teste de PCR inferior a 20 nas últimas 48 horas foram incluídos.
O grupo foi dividido em duas facções. O grupo controle não sofreu intervenção. O grupo de intervenção usou enxaguatório bucal e gargarejo de 25 mililitros (um pouco mais de 5 colheres de chá) de solução de iodopovidona a 1% e, em seguida, 2,5 mililitros (meia colher de chá) de solução nasal cheirada em cada narina usando um dispositivo de atomização da mucosa.
Os participantes seguiram esse procedimento quatro vezes ao dia durante cinco dias. Os pesquisadores acompanharam e descobriram que ninguém exigia internação hospitalar e todos, exceto um dos pacientes, tinham um título viral negativo no final do dia 3. Disfunção tireoidiana ocorreu em 42% dos pacientes, mas se resolveu de maneira espontânea, quando o tratamento foi parado.
O estudo publicado no JAMA utilizou uma solução de 1%, enquanto Arefin e seus colegas usaram uma concentração de 0,23%, tendo encontrado que o PVP-I tinha 99,99% de eficácia virucida nessa concentração.
O peróxido de hidrogênio pode reduzir a hospitalização, complicações
No início de 2020, uma equipe de pesquisa conjunta da Itália e do Reino Unido publicou um artigo no Infection Control and Hospital Epidemiology. Em abril, eles reconheceram que "o vírus reside nas membranas mucosas e é transmitido pela saliva e gotículas respiratórias" para facilitar a disseminação do vírus.
O documento relata como, em fevereiro de 2020, o governo italiano recomendou higienizar o meio ambiente com peróxido de hidrogênio a 0,5%, visto que já estava em uso tanto para fins de desinfecção quanto para o tratamento de gengivite oral. Eles citaram um estudo de 2016 com o coronavírus SARS, que mostrou que o vírus permanece nas membranas mucosas até dois dias antes de se mover para o trato respiratório inferior.
A equipe identificou esse atraso como uma janela de oportunidade para prevenir o início dos sintomas. Como o peróxido de hidrogênio inativa de maneira eficiente o coronavírus em superfícies inanimadas e, visto que foi testado e está em uso na saúde humana, eles propuseram que o peróxido de hidrogênio poderia reduzir a hospitalização e a gravidade da doença quando usado na mucosa oral e nasal.
Eles postularam que gargarejar três vezes ao dia e usar uma lavagem nasal e nebulizador duas vezes ao dia pode ser seguro e eficaz. Em março de 2020, um professor aposentado da Escola de Medicina da Universidade de Gana escreveu em uma carta ao editor do BMJ que "há evidências de que até 0,5% de peróxido de hidrogênio pode inativar o SARS-CoV-2 em superfícies."
E, como o peróxido de hidrogênio é usado na prática odontológica há quase 100 anos e em vista de sua segurança, ele propôs à Organização Mundial da Saúde adicionar enxaguatório bucal com peróxido de hidrogênio e gargarejos aos seus protocolos preventivos.
Em maio de 2020, notícias sobre o peróxido de hidrogênio chegaram aos ouvidos da Federal Trade Commission, que começou então a emitir cartas de advertência para aqueles que ousassem sugerir que o peróxido de hidrogênio era um tratamento caseiro que pode ser eficaz contra a SARS-CoV-2.
O peróxido de hidrogênio nebulizado ajuda a impedir infecções respiratórias
Na entrevista abaixo com o Dr. David Brownstein, discutimos o protocolo que ele vem usando há mais de 25 anos para pacientes com resfriado e gripe. Ele está usando o mesmo protocolo para pacientes com COVID-19 e, no momento da gravação, tratou com sucesso mais de 220 pacientes sem nenhuma morte e apenas algumas hospitalizações.
Em uma carta aberta, o médico e advogado Thomas Levy atribui o conceito original de nebulização de peróxido de hidrogênio ao Dr. Charles Farr, que o "defendeu" em 1990. Na carta, ele discute como o átomo de oxigênio extra no peróxido de hidrogênio é mortal para vírus e como, em circunstâncias normais, suas células imunológicas produzem seu próprio peróxido de hidrogênio.
No entanto, quando seu sistema imunológico está sobrecarregado com a replicação viral, ele pode não ser capaz de produzir peróxido de hidrogênio suficiente. A terapia original usava administração intravenosa, o que tornava o processo indisponível para a maioria das pessoas.
Dr. Frank Shallenberger, conhecido por sua pesquisa em função mitocondrial e utilização de oxigênio, passou a propor e usar peróxido de hidrogênio nebulizador, descobrindo ter uma vantagem adicional, visto que a intervenção foi de maneira direta para a área do corpo que foi mais afetada por um vírus.
Embora Levy recomende o uso de peróxido de hidrogênio a 3% pronto para uso e não diluído, eu prefiro o peróxido de hidrogênio de grau alimentício que não contém os aditivos e estabilizantes que você encontra nos produtos vendidos em grandes lojas.
Na entrevista, Brownstein fala sobre a mudança que ele foi pioneiro no tratamento — que foi adicionar iodo ao peróxido de hidrogênio nebulizado. Ele usou o iodo nebulizado primeiro com seus pacientes e, em seguida, adicionou peróxido de hidrogênio ao protocolo de tratamento.