A falta de zinco e selênio pode acarretar piores resultados a respeito do COVID

Fatos verificados
Falta de zinco e selênio

Resumo da matéria -

  • Dados provindos da Bélgica revelam que pacientes com falta de zinco e selênio, sobretudo aqueles com algum tipo de comorbidade associadas a casos de COVID, tiveram um risco maior de mortalidade e doenças graves
  • Cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo todo podem estar com baixos níveis de selênio, apresentando sintomas como: perda de cabelo, fadiga, ganho de peso, sistema imunológico e declínio cognitivo
  • Selecione alimentos que sejam ricos em zinco e selênio, como: carne ou frango, ovos caipiras, sementes de abóbora, castanha-do-pará e sardinha

Por Dr. Mercola

Outro estudo demonstrou a importância de apresentar níveis adequados de zinco e selênio em pacientes com COVID-19, e sobretudo naqueles que apresentaram comorbidades que podem aumentar a gravidade da doença. Isso inclui: hipertensão, doenças respiratórias, obesidade, câncer e diabetes tipo 2.

Organismo complexo, o corpo humano se utiliza de diversas vitaminas, minerais e elementos essenciais para manter a saúde ideal. O selênio e o zinco são dois nutracêuticos importantes para a saúde imunológica e para diversas outras funções. Embora os dois sejam importantes, é crucial entender que fazem parte dos requisitos gerais para uma boa saúde e bem-estar.

Com isso pode-se concluir ser importante reconhecer os papéis que o zinco e o selênio desempenham no organismo, enquanto você busca obter um equilíbrio de outras vitaminas e minerais para promover uma boa saúde. O zinco é o segundo mineral mais abundante em no organismo. Mesmo que seja crucial para a saúde, seu organismo não pode armazená-lo. Você deve consumir alimentos contendo zinco durante seu dia-a-dia para que as necessidades do seu corpo possam ser atendidas.

É essencial para o bom funcionamento de mais de 100 enzimas no seu corpo, relacionadas com o desenvolvimento do cérebro, ossos, rins, fígado, pâncreas e músculos. Você deve estar ciente de como o zinco funciona ao desempenhar um papel na redução do resfriado comum, pois pesquisas descobriram que ele pode reduzir a duração do mesmo cerca de 33%.

O selênio é um dos elementos mais importantes que seu corpo necessita, pois o mesmo atua na inibição da replicação e mutações do vírus RNA. O mineral foi descoberto entorno de 1817. O selênio é adicionado à fabricação de vidros e à fabricação de pigmentos para cerâmica, tintas e plásticos. Você deve conhecer o shampoo anti-caspa que contém selênio, pois é tóxico para o fungo parecido com a levedura que cria a caspa.

Défices com comorbidades ocasionam piores resultados

Em busca de marcadores preditivos para melhor estratificar os pacientes na admissão hospitalar, pesquisadores realizaram um estudo transversal de 138 pacientes internados no Hospital da Universidade de Ghent e no Hospital A Z Jan Palfijn em Ghent, na Bélgica. Na admissão, níveis de oligoelementos foram determinados utilizando níveis séricos ou plasmáticos de selênio, zinco, ferro e cobre.

Pesquisadores também mediram os níveis de selenoproteína P, que requerem selênio para sua total expressão. Essas proteínas enzimaticamente ativas incluem: glutationa peroxidases, tioredoxina redutases ou iodotironina desiodinases. O papel crucial que essas enzimas desempenham na regulação das espécies reativas de oxigênio faz com que o selênio esteja relacionado com suas respostas imunológicas e inflamatórias.

Os pacientes tinham idades entre 18 a 100 anos com diagnóstico positivo para COVID-19, sendo que 52% tinham mais de 65 anos. Além disso, 17% dos participantes tinham mais de 80 anos. Dados sobre idade, diagnóstico e sexo estavam disponíveis para ambos os locais de estudo.

No entanto, informações sobre fatores de risco e comorbidades, como diabetes tipo 2, câncer e obesidade, estavam disponíveis apenas na UZ Gent identificada como Estudo 1, e não no JPH Ghent, identificada como Estudo 2. Havia 79 participantes no Estudo 1 e 59 participantes do Estudo 2.

Os pesquisadores separaram a classificação da gravidade da doença em cinco categorias. No entanto, havia apenas 15 pacientes na categoria A que apresentavam doença leve. Portanto, na primeira e segunda classificações foram fundidas em uma categoria de pacientes com baixa necessidade de oxigênio para processamento de dados.

No hospital, todos os pacientes do Estudo 1 fizeram exames de sangue para medir os níveis de cobre, ferro, zinco e selênio. Os pacientes foram divididos em homens e mulheres, acima e abaixo de 65 anos e os que apresentavam ou não comorbidades. Os pesquisadores descobriram que os níveis de cobre eram adequados na maioria dos pacientes, já os de ferro eram maiores nos homens do que nas mulheres.

Pacientes com câncer apresentaram déficits significativos de selênio e zinco. Três dos cinco pacientes com baixos níveis de ferro, que também apresentavam déficits profundos de selênio e zinco, vieram ao óbito durante o estudo. A análise dos dados demonstrou haver níveis bem baixos de selênio e zinco na maioria dos pacientes hospitalizados em um dos dois hospitais.

Quando os pacientes que apresentavam comorbidades foram analisados, houve um déficit de selênio, zinco e ferro nos pacientes com câncer e uma maior chance de sobrevida nos que tenham câncer com níveis mais elevados de selênio.

A gravidade da doença foi associada com baixos níveis de selênio, já a mortalidade foi associada à deficiência de zinco, sobretudo em pacientes com diabetes. No entanto, a maioria dos pacientes que faleceram, apresentavam défice de selênio e de zinco. Os pesquisadores concluíram que:

"... um Se (Se e SELENOP total) e status de Zn insuficientes na admissão no hospital, estão associados a um risco de mortalidade muito alto e com um agravamento do COVID-19.

Visando a precisão preditiva da deficiência de Se e Zn como fator de risco de mortalidade na admissão hospitalar, o fornecimento de Se e Zn suplementar deve ser considerado para apoiar o sistema imunológico, em particular para pacientes com comorbidades relacionadas à inflamação, como câncer ou diabetes mellitus.”

Como o organismo utiliza o selênio e sinais de deficiência

Os resultados desse estudo sustentam outro que foi publicado na Environmental Research no início de 2021, onde demonstrou uma relação entre o selênio e a gravidade do COVID. Os autores do artigo propuseram que a insuficiência ou deficiência poderia ser um fator crucial no desenvolvimento da síndrome respiratória aguda grave de uma infecção com SARS-CoV-2.

Dados analisaram a relação entre os níveis de selênio no solo em diferentes cidades na província de Hubei, China, a incidência e severidade de COVID-19 nessas áreas. Eles encontraram informações de base que demonstraram que o selênio teve um efeito na prevenção e no controle da infecção.

O selênio é um oligoelemento nutricional essencial, que pode ser encontrado nos alimentos, necessário para o bom funcionamento de muitos antioxidantes. Por exemplo, o selênio é necessário para a expressão de cinco glutationa peroxidases identificadas, que reduzem o dano de espécies reativas de oxigênio. Essas enzimas também são importantes para a fertilidade masculina.

O selênio é encontrado no solo, onde se concentra os alimentos vegetais. No entanto, os especialistas estimam que até 1 bilhão de pessoas no mundo todo podem ser afetadas pela deficiência de selênio, devido à ingestão inadequada. Aqueles com deficiência de selênio possuem um maior risco de desenvolver doenças que afetam o sistema endócrino, cardiovascular, imunológico e o reprodutor, podendo afetar o humor e o comportamento.

Embora seja necessário realizar um teste de plasma ou soro para determinar se você possui baixos níveis, existem vários sintomas que podem indicar que você não está ingerindo selênio suficiente na dieta. Isso inclui:

Queda de cabelo

Fadiga

Ganho de peso

Aparecimento de doenças

Estresse oxidativo

Falta de ar

Perda cognitiva

Fraqueza muscular

O zinco é vital para a função imunológica

Se você não sabia antes do COVID-19 de que o zinco ajuda a reduzir a duração das doenças virais, de certo modo já deve ter ouvido sobre ele. O zinco pode ser encontrado de diversas maneiras, sendo ele essencial para o metabolismo celular. Uma deficiência que pode ser fatal é difícil de acontecer, associada de maneira frequente a uma condição hereditária chamada acrodermatite enteropática.

No entanto, a deficiência ou insuficiência adquirida é possível devido à falta de ingestão alimentar, síndrome da má absorção ou alcoolismo crônico. Segundo a Oregon State University, a deficiência pode afetar até 2 bilhões de pessoas em no mundo todo. A deficiência de zinco é relacionada com mais de 450.000 mortes todos os anos em crianças com menos de 5 anos.

Os sinais de deficiência de zinco ou altos níveis de insuficiência estão relacionados às funções a que o mesmo desempenha no organismo. Isso inclui função neurológica deficiente. O zinco desempenha um papel crucial no sistema imunológico, portanto, baixos níveis podem levar a uma imunidade fraca.

Diarreia, falta de apetite e queda de cabelo são ligados a baixos níveis de zinco. Indivíduos com acne podem observar uma falta de zinco ou aqueles que perderam o paladar e o olfato.

A quercetina melhora a função do zinco que atua no COVID-19

Em 2010, os pesquisadores reconheceram a função intracelular que o zinco exercia contra o COVID e a necessidade dos ionóforos de zinco para transportar de maneira ativa o mesmo para dentro da célula. Durante o ano de 2020, o tratamento feito com hidroxicloroquina, um ionóforo de zinco, contendo azitromicina, foi publicado pelo Dr. Vladimir Zelenko, que obteve um grande sucesso com eles em seus pacientes.

Desde então, foram publicados dois estudos, onde foi demonstrado que a função da quercetina é segura, muito mais barata e fácil de obter do que a hidroxicloroquina. No primeiro estudo, havia 42 pacientes ambulatoriais com COVID-19 divididos para receber terapia médica padrão ou terapia com 600 miligramas (mg) de quercetina durante uma semana, seguido por outra semana com 400 mg por dia.

Após uma semana, 16 pessoas das 21 no grupo que recebeu quercetina tiveram resultado negativo para COVID-19 e 12 delas relataram que todos os sintomas haviam reduzido. No segundo estudo, os pesquisadores deram a 152 pacientes com COVID-19, uma dose diária de 1.000 mg de quercetina durante 30 dias.

Os cientistas descobriram ter ocorrido uma redução na frequência e duração da hospitalização no grupo de pacientes. Também houve menor necessidade de oxigenoterapia não invasiva e menor número de indivíduos internados em unidade de terapia intensiva. Dessa forma, os pesquisadores concluíram:

“QP (Quercetina Phytosome®) é um agente seguro e em combinação com o tratamento padrão, quando usado no estágio inicial da infecção viral, pode auxiliar na melhora dos primeiros sintomas e na prevenção da gravidade do COVID-19. É sugerido que um ensaio clínico controlado por placebo deve ser realizado de modo urgente para confirmar os resultados de nosso estudo.”

Opções de alimentos ricos em zinco e selênio

Eu recomendo tentar obter o máximo possível de suas vitaminas, minerais e elementos essenciais de sua dieta. A dose diária recomendada de zinco varia de 2 mg para bebês, 11 mg a 8 mg para homens e mulheres com mais de 19 anos. As fontes alimentares incluem ostras, carnes de boi, carne de frango, sementes de abóbora e cajus torrados.

A dose diária recomendada de selênio varia de 15 microgramas (mcg) para bebês, a 55 mcg para homens e mulheres com mais de 19 anos. As melhores fontes de alimentos contendo selênio são as castanhas-do-pará. Apenas 6 a 8 nozes fornecem 544 mcg, ou 989% da sua dose diária. Outras fontes são: sardinhas, carnes de boi, peru, frango e ovos caipiras.

Por um curto período, enquanto você está doente, pode ser útil consumir zinco e selênio. A alimentação com zinco maior do que o nível superior de ingestão de uma a duas semanas durante um resfriado não resultou em efeitos colaterais graves. No entanto, o consumo a longo prazo pode resultar em deficiência de cobre, afetando assim o sistema imunológico.

Suplementos dietéticos para selênio podem ser encontrados em multivitaminas e produtos exclusivos contendo o mesmo. Os dados demonstram que a suplementação reduz o colesterol plasmático total, porém não previne doenças cardíacas. Em um estudo relatado pelo NIH, o selênio em conjunto com as vitaminas C e E, beta-caroteno e zinco melhorou a memória e os resultados dos testes de fluência semântica.