Por Dr. Mercola
Uma nova evidência de pesquisa, mostra que os probióticos podem auxiliar na redução dos sintomas de longa duração após o COVID-19. Algumas pessoas apresentam sintomas durante semanas ou até meses após passar por uma infecção de COVID-19. Quando esses sintomas persistem durante quatro semanas ou mais, eles são conhecidos como COVID de longa duração, COVID longo, COVID crônico ou síndrome de longo-curso.
Muitos dos sintomas relacionados ao COVID de longa duração também podem ser semelhantes aqueles causados pelas injeções de terapia genética COVID-19. Embora qualquer pessoa possa apresentar sintomas de COVID de longa duração, ele é mais frequente em pessoas que ficaram doentes o suficiente para serem hospitalizadas ou na UTI.
Segundo o Dr. Peter McCullough, internista e cardiologista certificado pelo conselho, 50% das pessoas que ficaram doentes o suficiente para serem hospitalizados vão apresentar sintomas de COVID de longa duração:
“Portanto, quanto mais doente uma pessoa estiver e quanto maior for a duração do COVID, maior será a probabilidade de ter a síndrome pós-COVID. Essa é a razão de gostarmos do tratamento precoce. Ao encurtar a duração dos sintomas há menos chance de que a síndrome pós-COVID ocorra.”
Os sintomas de COVID de longa duração incluem: fadiga, falta de ar, tosse, problemas de memória, perda de paladar, olfato, dores musculares, dor de cabeça, além de dores no peito ou nas articulações. Os sintomas são causados devido a danos nos pulmões, sistema imunológico, mitocôndrias, coração e sistema nervoso. McCullough continua explicando que, após um grave caso de COVID-19, coágulos sanguíneos e problemas cardíacos podem ocorrer por até 90 dias ou mais.
As inflamações ao redor do revestimento do coração, chamada de pericardite e do revestimento dos pulmões, a pleurite, também podem ocorrer na síndrome pós-COVID. Dados retirados de um estudo publicado em novembro de 2021, mostram que a administração de probióticos pode afetar o microbioma intestinal, em seguida, ajudar seu organismo a se curar dos sintomas de COVID de longa duração.
Dados mostram que probióticos são benéficos contra os sintomas de COVID de longa duração
Cerca de 12 milhões de pessoas podem sofrer com sintomas prolongados do COVID, onde um estudo sueco descobriu que poderia ser suavizado após 14 dias usando probióticos. O estudo foi publicado em setembro de 2021 na revista Medicines. Pesquisadores queriam avaliar a eficácia dos probióticos contra dois dos sintomas de COVID de longa duração, sendo eles: dor muscular e névoa mental.
Eles inscreveram 200 pacientes que apresentavam queixas de fadiga muscular, após o COVID. Dos participantes, 100 receberam placebo e outros 100 receberam uma combinação de ImmunoSEB (complexo enzimático sistêmico) e ProbioSEB CSC3 (complexo probiótico). Os participantes foram testados em diferentes momentos entre o dia 1 ao 14.
Dados mostraram que as pessoas tratadas com os suplementos, tiveram 91% de resolução da fadiga muscular no dia 14. Ocorreu também uma maior redução da fadiga mental, em comparação com as pessoas que receberam o placebo. Os pesquisadores concluíram:
“Esse estudo demonstra que uma suplementação de 14 dias feita com ImmunoSEB + ProbioSEB CSC3 resolve a fadiga pós-COVID-19, podendo melhorar o estado funcional e a qualidade de vida dos pacientes.”
A ABC News entrevistou o educador médico de saúde pública Dr. Shad Marvasti, que recomenda utilizar suplementos de probióticos com no mínimo 10 cepas de culturas ativas para ajudar a apoiar o sistema imunológico. Ele observou que alimentos fermentados, como chucrute, missô, kimchi e tempeh, ajudariam a preencher seu microbioma intestinal.
Ele também menciona o iogurte. No entanto, eu recomendo que se você for consumir iogurte, que ele seja caseiro, pois os produtos vendidos no supermercado são ricos em açúcar, sendo um nutriente que alimenta as bactérias nocivas no intestino. Além disso, se você decidir consumir soja fermentada, se certifique de que é cultivada de maneira orgânica, pois a maioria da soja nos EUA é um alimento transgênico contaminado com pesticidas e herbicidas.
Durante a coleta de dados para a pesquisa, os cientistas descobriram que outras infecções devido ao coronavírus, como a SARS, também desencadearam sintomas com uma longa duração. Durante o acompanhamento, dados mostraram que 64% relataram fadiga muscular durante três meses, 54% nos seis meses e fadiga muscular aos 12 meses em 60% dos examinados. Da mesma forma, após a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), 48% relataram fadiga após 12 meses.
Pesquisadores acreditam que o regime de suplementos utilizado nos participantes reduziu a fadiga física e mental, podendo ser uma intervenção precoce eficaz. Eles sugerem que enquanto os cientistas continuam a caracterizar a síndrome com longa duração, esses suplementos alimentares são adicionados às recomendações clínicas para ajudar a melhorar o estado funcional e a qualidade de vida.
Uma saúde intestinal ruim pode ser um sinal de COVID grave
Em um estudo não relacionado publicado em 2018, pesquisadores realizaram uma revisão sistemática de 70 ensaios clínicos randomizados controlados por placebo para avaliar a maneira como os probióticos específicos podem beneficiar indivíduos com síndrome do intestino irritável ou outros distúrbios gastrointestinais (GI). Dados da revisão indicaram haver probióticos específicos com efeitos benéficos em condições de saúde GI inferiores, como a síndrome do intestino irritável.
As inconformações de que os probióticos oferecem uma vantagem distinta ao sistema imunológico levou a estudos sobre a relação entre a saúde intestinal e resultados do COVID. O estudo em destaque, foi publicado no mesmo mês e ano de outro artigo que apresentava o uso de pós-bióticos para o tratamento de sintomas de longa duração, apresentados pós-COVID.
Os escritores defendem o uso de pós-bióticos que podem auxiliar a suavizar a carga de infecções virais no organismo e postulam que pode existir uma função para os “pós-bióticos de precisão” nas intervenções preventivas. Pós-biótico é um termo genérico utilizado para designar componentes da fermentação microbiana. Isso pode incluir: ácidos graxos de cadeia curta, proteínas funcionais, metabólitos e polissacarídeos extracelulares.
Desde o início da pandemia, diversos estudos mostraram que pacientes apresentando sintomas gastrointestinais, de certo modo manifestam doenças mais graves. Uma revisão com mais de 1.000 registros de pacientes, foi apresentada no American College of Gastroenterology. Os dados mostraram que as pessoas que se apresentaram sintomas gastrointestinais e suspeita de infecção por COVID-19, tiveram piores resultados que as que não apresentaram sintomas gastrointestinais.
Após ajuste para comorbidades, dados demográficos e outros sintomas clínicos de 1.000 pacientes, 22,4% apresentaram no mínimo um sintoma GI (gastrintestinal), o mais comum sendo náuseas e vômitos. Pesquisadores também descobriram que as pessoas que com sintomas gastrointestinais, tinham um índice de massa corporal mais elevado, uma maior prevalência de diabetes e pressão alta, nos mais velhos.
Embora esse grupo tenha apresentado taxa mais elevada de internação e intubação na UTI, o estudo não incluiu taxas de mortalidade na análise realizada. Porém, o SciTech Daily informou que os resultados e estudos da autópsia sugeriram que um número considerável de pessoas apresentando casos graves de COVID-19 também apresentavam problemas gastrointestinais. Um número significativo de pessoas apresentando problemas respiratórios também mostrou sintomas gastrointestinais, sugerindo assim que, quando o vírus afeta o trato gastrointestinal, pode causar um aumento na gravidade da doença.
Outro artigo publicado em janeiro de 2021, sugeriu que os sintomas gastrointestinais que predizem casos graves de COVID-19 são desencadeados devido a problemas de saúde intestinal. O escritor, Heenam Stanley Kim, Ph.D., da Korea University, propõe que a disbiose intestinal pode tornar mais intensa a gravidade da infecção.
Essa hipótese é sustentada por uma revisão de diversos estudos realizados no início da pandemia, onde também demonstraram uma relação entre doença grave e falta de diversidade microbiana. Um estudo inicial de 04/03/2020 de 2020 a 24/03/20 onde analisou alguns pacientes, mostrou que 31,9% apresentavam sintomas gastrointestinais na admissão.
Seu intestino possui um impacto na saúde e a imunidade do cérebro
A saúde intestinal possui um papel importante na saúde neurológica e no sistema imunológico. Uma parte muito grande do seu sistema imunológico é localizado no microbioma intestinal e no trato GI. Os pesquisadores estimam que cerca de 80% de suas células imunológicas podem ser encontradas no intestino.
A complexa interação entre seu microbioma intestinal, patógenos e o sistema imunológico, é afetada por diversos fatores, incluindo sua alimentação. Uma revisão da pesquisa publicada em 2021, analisou a função que uma alimentação possui na prevenção e no tratamento de doenças infecciosas.
Além disso, existem também conexões profundas entre seu intestino e cérebro. A Harvard Health, explica que essas duas estruturas estão ligadas por uma sinalização bioquímica. A conexão primária é o nervo vago, sendo esse o nervo mais longo do organismo.
Por exemplo, quando a resposta de luta ou fuga é acionada, sinais de alerta são enviados ao intestino. Esse é o motivo do porque os problemas digestivos podem ser desencadeados por um evento estressante. Por outro lado, problemas digestivos como síndrome do intestino irritável ou constipação crônica, podem causar ansiedade ou depressão.
A doença de Alzheimer continua sendo uma das principais causas de mortalidade nos EUA, com 1 em cada 3 idosos morrendo com Alzheimer ou demência, sendo esse número maior que o de mortes devido ao câncer de mama e próstata juntos.
Uma equipe de pesquisadores suíços e italianos, encontraram uma ligação entre a microbiota intestinal desequilibrada e o desenvolvimento de placas amilóides no cérebro, associadas ao Alzheimer. Em um estudo realizado antes, a equipe descobriu que a microbiota intestinal nas pessoas com doença de Alzheimer, difere das que não apresentam a doença; a diversidade microbiana é reduzida e certas bactérias estão sobre-representadas.
Em seu estudo atual, pesquisadores envolveram 89 pessoas com idades entre 65 e 85 anos. Alguns foram diagnosticados com doença de Alzheimer ou outras doenças neurodegenerativas e os outras eram saudáveis, não apresentando problemas relacionados à memória. Pesquisadores utilizaram imagens PET (tomografia por emissão de positrões) para medir os depósitos de amiloide no cérebro e os marcadores séricos de inflamação e proteínas produzidas por bactérias intestinais.
Como afirmado pela Moira Marizzoni, a autora da pesquisa no Centro Fatebenefratelli, em Bréscia, Itália: "Nossos resultados são indiscutíveis: existe uma relação entre a quantidade de placas de amiloides no cérebro e certos produtos de bactérias intestinais".
Os efeitos dos adoçantes artificiais, sono e luz solar
Diversos fatores influenciam seu microbioma intestinal. Um componente encontrado em diversos alimentos processados que possui um efeito muito negativo no microbioma intestinal são os adoçantes artificiais. No ano de 2008, os cientistas descobriram que a sucralose reduziu a contagem de bactérias intestinais em 47,4% para 79,7% e aumentou o nível de pH do intestino.
Os cientistas notaram que três dos adoçantes artificiais mais populares, incluindo sucralose (Splenda), aspartame (NutraSweet, Equal e Sugar Twin) e sacarina (Sweet'n Low, Necta Sweet e Sweet Twin) têm um efeito patogênico em duas categorias de intestino bactérias.
Dados trazidos do laboratório, demonstraram que os produtos podem desencadear bactérias benéficas para se tornarem patogênicas e potencialmente elevar o risco de problemas graves de saúde. Esse é o primeiro estudo que demonstrou como duas categorias diferentes de bactérias benéficas podem adoecer e invadir a parede intestinal. As bactérias estudadas foram a Escherichia coli (E. coli) e Enterococcus faecalis (E. faecalis).
Essa pesquisa apoia evidências anteriores, onde dizem que os adoçantes artificiais não calóricos induziram “alterações composicionais e funcionais” no microbioma intestinal. Dados também mostraram que os adoçantes artificiais podem elevar a permeabilidade da barreira epitelial intestinal, o que desencadeia doenças inflamatórias sistêmicas. Em laboratório, altas concentrações de aspartame e sacarina induziram a morte celular, já em baixas concentrações, elevaram a permeabilidade epitelial.
Duas estratégias que também possuem um papel no microbioma intestinal são: dormir por mais horas e ficar exposto ao sol. Pesquisadores descobriram uma curiosa relação bidirecional entre a saúde intestinal e o sono.
Conforme observado no estudo Frontiers in Psychiatry, pesquisas crescentes sugerem que o microbioma intestinal ajuda a regular não apenas o humor, mas também o ciclo do sono, conhecido como eixo intestino-cérebro — uma "via" de comunicação bidirecional que liga os sistemas nervoso central e entérico.
Durante os últimos meses de pandemia, tornou-se cada vez mais claro que manter níveis ideais de vitamina D pode auxiliar na redução do risco de doenças infecciosas. Uma equipe de pesquisa da Universidade da Colúmbia Britânica, também estava interessada em como a exposição à luz UVB pode afetar o microbioma intestinal humano.
Estudos anteriores, sugeriram que a vitamina D poderia alterar o microbioma intestinal e, como não existem muitos alimentos naturais contendo vitamina D, a maioria das necessidades do seu organismo é de certo modo atendida pela exposição da pele à luz UVB.
Os pesquisadores da Colúmbia Britânica, observaram que pesquisas anteriores mostraram que a luz solar possui um efeito positivo em pessoas com doença inflamatória intestinal e esclerose múltipla, ambas exacerbadas pela inflamação.
Como potencializar seu microbioma intestinal
As escolhas que você faz todos os dias, possuem um impacto no seu microbioma intestinal. Otimizar a flora intestinal e o nível de vitamina D é fundamental para uma boa saúde. A maneira mais fácil, eficaz e barata de promover um impacto considerável sobre o microbioma intestinal consiste em consumir com regularidade alimentos com culturas bacterianas e fermentados de maneira tradicional.
Entre as opções saudáveis podemos citar: lassi (um iogurte indiano), laticínios orgânicos com culturas bacterianas produzido com leite de vacas terminadas a pasto como kefir e iogurte, natto (soja fermentada) e todos os tipos de vegetais fermentados. Acredito que a maioria de seus nutrientes precisa ser derivado dos alimentos. No entanto, os probióticos suplementares são uma exceção caso não consuma alimentos fermentados de modo regular. Os probióticos à base de esporos, ou esporobióticos, podem ter sua importância se forem necessários antibióticos.
Além de dormir com qualidade suficiente e manter ideais níveis de vitamina D, também é importante alimentar suas bactérias benéficas com os nutrientes de que precisam para se manter saudáveis. Enquanto as bactérias nocivas prosperam com o consumo de açúcar e carboidratos, as bactérias benéficas prosperam devido ao consumo de fibras.
Segundo um estudo publicado em 2019 no The Lancet, pessoas que ingeriam de 25 a 29 gramas de fibra por dia, tinham um risco reduzido de uma série de resultados críticos, como acidente vascular cerebral, doença cardíaca coronária, diabetes tipo 2 e mortalidade devido a diversas causas. No entanto, eles descobriram que consumir 29 gramas por dia era apenas o ideal, escrevendo:
“As curvas de dose-resposta sugeriram que uma maior ingestão de fibra alimentar pode trazer mais benefícios na proteção contra doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer colorretal e de mama”.