Por Dr. Mercola
O orégano (Origanum vulgare) é associado à culinária italiana. A planta perene faz parte da família das mentas (Lamiaceae) e é nativa dos países do Mediterrâneo e da Ásia Ocidental. Hoje, é uma das ervas mais utilizadas e é até encontradas no pó de pimenta.
Embora popular na Grécia e na Itália, não foi trazido para os EUA até depois da Segunda Guerra Mundial, quando a pizza começou a ser tendência, aumentando a venda da erva em 5.200% entre 1948 e 1956.
Outra variedade de orégano mais familiar às refeições mexicanas é chamada de orégano mexicano (Lippia graveolens). É de uma família botânica diferente e às vezes é chamada de manjerona mexicana, porque o orégano é um parente próximo da manjerona.
A manjerona é do mesmo gênero do orégano, mas é uma espécie diferente, com aroma e sabor mais suaves. O orégano pode ser usado fresco ou seco, mas a manjerona fica melhor quando utilizada fresca. O orégano seco possui um sabor melhor do que o sabor pungente das folhas frescas.
Origanum vulgare é uma planta perene que cresce até 3 metros de altura e 2 de largura. É cultivada de forma fácil em seu jardim, gosta de sol pleno e é uma planta de baixa manutenção que atrai borboletas. Floresce entre julho e outubro com flores rosa-púrpura ou brancas.
Os óleos essenciais de orégano foram estudados de forma extensiva, pois a planta e o óleo possuem uma rica história na medicina tradicional, começando na Idade Média, quando as folhas eram mastigadas para ajudar a reduzir a dor de reumatismo, de dente e indigestão. Os antigos gregos a utilizavam para tratar doenças da pele e a na China para febre e dores de estômago.
O orégano é um potente antioxidante com alto valor ORAC
A erva é rica em fenóis, fitoquímicos naturais com efeitos antioxidantes benéficos. Os dois mais abundantes são o timol e o carvacrol. Um antioxidante é um termo utilizado para descrever um composto que neutraliza moléculas instáveis. Eles são chamados de radicais livres e são produzidos de forma natural durante o metabolismo oxidativo.
Uma análise de laboratório da capacidade antioxidante dos alimentos é chamada de Capacidade de Absorção Radical de Oxigênio (ORAC). A medição foi utilizada para demonstrar que alimentos ricos em capacidade antioxidante podem ajudar a retardar o processo de envelhecimento no cérebro e no corpo.
O Departamento de Agricultura dos EUA relatou estudos publicados em 1999 que mostraram que alimentos com alto teor de ORAC podem ajudar a prevenir a perda de memória de longo prazo, aumentar os níveis séricos de antioxidantes e proteger os capilares em um modelo animal contra danos causados pelo oxigênio. O nutricionista Ronald L. Prior, Ph.D., sustentou:
"Se pudermos mostrar alguma relação entre a ingestão de ORAC e os resultados de saúde nas pessoas, acho que podemos chegar a uma situação em que o valor ORAC se tornará um novo padrão para uma boa proteção antioxidante."
Segundo o Natural Products Insider, em 2012, o USDA removeu o ORAC Database for Selected Foods citando evidências de que os valores não possuem relevância para o efeito de compostos específicos na saúde humana. Segundo o USDA, "os valores ORAC são de forma rotineira mal utilizados por empresas fabricantes de alimentos e suplementos dietéticos para promover seus produtos e pelos consumidores para orientar suas escolhas de alimentos e suplementos dietéticos."
Prior, que foi o pesquisador sênior do USDA por 35 anos, discorda, dizendo que é lamentável que o ORAC às vezes tenha sido mal utilizado,
“… Mas isso não significa que a informação não seja útil se utilizada de forma adequada. Em muitos casos, o objetivo foi obter o maior valor antioxidante. Nem sempre a maior quantidade significa que é melhor e, em alguns casos, utilizando mais compostos antioxidantes individuais pode ser prejudicial.”
A lista de alimentos já foi retirada do ar, mas está disponível para download. O orégano fresco possui um valor ORAC de 13.970 e a erva seca um valor de 175.295. Uma lista de comparação de ervas frescas coloca o orégano logo abaixo da manjerona, tomilho e sálvia em uma lista de ervas.
Separar os fitoquímicos das plantas e utilizar eles de forma individual aumenta o potencial de efeitos colaterais. Os compostos antioxidantes encontrados em toda a planta de orégano ou óleo essencial trabalham de forma sinérgica para fornecer uma série de benefícios à saúde das propriedades antioxidantes, antimicrobianas, antivirais e antifúngicas.
Você já considerou utilizar o óleo de orégano para um resfriado comum?
Segundo o Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa, a cada ano há mais de 1 bilhão de pessoas que contraem um resfriado nos EUA e até 20% das pessoas contraem a gripe. O rinovírus é um dos vírus mais comuns que causam o resfriado. Outros vírus também podem causar sintomas de resfriado, como o coronavírus, SARS-CoV-2.
Alguns estudos avaliaram a eficácia do óleo essencial de orégano ou extrato de óleo de orégano contra infecções respiratórias superiores. Um estudo de 2019 analisou uma mistura de óleos de orégano, tomilho e sálvia contra vírus do trato respiratório superior, incluindo adenovírus 5, rinovírus, influenza e RSV. A mistura mostrou forte atividade antiviral contra o rinovírus e duas das três cepas de influenza.
O ácido rosmarínico foi identificado como um importante antioxidante no orégano, e pesquisas demonstraram que ele pode inibir a rinoconjuntivite alérgica sazonal em pacientes utilizando dois mecanismos independentes, a inibição da resposta inflamatória e a eliminação de espécies reativas de oxigênio.
Os dados também mostram que os comprimidos de orégano franceses reduziram de forma rápida os sintomas em pacientes com tosse e resfriado comum. A pesquisa descobriu que era eficaz de maneira dose-dependente e era superior ao tratamento convencional utilizado durante o estudo.
O orégano auxilia seu trato GI
Seu sistema imunológico é muito apoiado pelas bactérias benéficas do trato gastrointestinal, conhecidas como microbioma intestinal. O óleo de orégano pode possuir um impacto no apoio ao microbioma intestinal e no tratamento do super crescimento bacteriano.
O norovírus desencadeia quase 1 em cada 5 casos de gastroenterite que acarretam a diarreia e o vômito. A cada ano, de forma aproximada 900 pessoas morrem de norovírus em até 21 milhões de casos relatados. Utilizando culturas de células de pequenos animais, os pesquisadores descobriram que o carvacrol pode diminuir a infectividade viral dentro de 15 minutos após a exposição.
O óleo de orégano e o carvacrol também são ativos contra agentes bacterianos na cozinha que podem causar intoxicação alimentar. Por exemplo, outro estudo descobriu que o óleo essencial de orégano pode remover biofilmes de staphylococcus aureus em aço inoxidável.
O óleo de orégano também demonstra atividade contra o super crescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO). Essa condição pode se desenvolver após cirurgia, doença ou medicamentos que atrapalham o trato intestinal, criando um local fértil para bactérias nocivas. O excesso de bactérias pode causar perda de peso, desnutrição e diarreia.
Em uma revisão da literatura, os pesquisadores descobriram que mais de 38% das pessoas com síndrome do intestino irritável também tinham SIBO. Outro estudo reuniu participantes que testaram positivo para SIBO e ofereceram fitoterapia ou rifaximina, hoje em dia utilizada para diarreia do viajante causada por E. coli.
Os resultados mostraram que 46% das pessoas que utilizaram o tratamento fitoterápico com óleo de orégano tiveram um seguimento negativo em comparação com 34% que usaram a medicação. No grupo participante, 31,8% não apresentaram resposta à rifaximina e, depois, receberam terapia de resgate com ervas. Desses grupos, 57.1% tiveram um TRL negativo após a conclusão do tratamento. Os pesquisadores concluíram:
“As terapias à base de ervas são pelo menos tão eficazes quanto a rifaximina para a resolução da SIBO pelo LBT [teste respiratório da lactulose]. As ervas também parecem ser tão eficazes quanto a terapia antibiótica tripla na terapia de resgate para SBID para pacientes que não responderam à rifaximina. Estudos prospectivos posteriores são necessários para validar essas descobertas e explorar terapias alternativas adicionais em pacientes com SBID refratário.”
O óleo de orégano trata várias doenças da pele
Quase 25% de todas as infecções fúngicas em todo o mundo são causadas por dermatófitos. As infecções de pele são difíceis de tratar e estão se tornando resistentes aos medicamentos convencionais. Um estudo publicado em 2020 avaliou a eficácia de uma grande variedade de óleos essenciais contra Microsporum e Trichophyton, dois fungos comuns responsáveis pelo pé de atleta e micose. Eles descobriram que dos 65 óleos essenciais testados, o orégano estava entre os cinco mais potentes.
Outro estudo descobriu que a combinação de óleo de orégano, calor e sal era um tratamento eficaz para o pé de atleta causado por Trichophyton mentagrophytes. E outra equipe de pesquisadores utilizou com sucesso óleos essenciais de orégano e tomilho para agir contra fungos que atacam grãos armazenados, descobrindo que era uma alternativa eficaz aos produtos químicos.
As propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas do óleo de orégano o tornam uma opção para o tratamento de acne e eczema. Um estudo avaliou esse tratamento alternativo no laboratório e em um modelo animal, descobrindo que quando o orégano foi formulado como uma nanoemulsão exibia propriedades cicatrizantes e antimicrobianas superiores em comparação ao controle antibiótico.
As infecções de feridas representam um desafio significativo para os cuidados de saúde, custando ao Medicare até R$497 bilhões de reais por ano. Um estudo demonstrou que a combinação de extratos de açafrão e orégano pode ser um complemento eficaz para curativos de tratamento de feridas para diabéticos e não diabéticos. Utilizando concentrações baixas, demonstrou propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias.
Um segundo estudo incorporou óleo essencial de orégano em curativos antimicrobianos e descobriu que concentrações de 5% inibiam todas as cepas de bactérias testadas, incluindo Staphylococcus aureus, MRSA e E coli.
Dor e inchaço respondem ao óleo de orégano
Uma resposta inflamatória crônica é um sintoma característico da artrite reumatoide. Os pesquisadores estudaram o efeito que o carvacrol pode ter na supressão da resposta inflamatória. Em 2010, os pesquisadores descobriram que o carvacrol poderia manipular proteínas de choque térmico no laboratório e em um estudo com animais para aumentar as respostas protetoras das células T e regular a resposta inflamatória.
Mais tarde, os pesquisadores utilizavam um modelo animal para demonstrar que o fitonutriente carvacrol poderia reduzir as respostas patogênicas das células T, o que sugeriu que oferecia uma nova oportunidade para desenvolver “uma intervenção baseada na dieta em doenças inflamatórias crônicas.”
Em 2018, os pesquisadores estavam analisando o efeito que o carvacrol tinha nos sinoviocitos semelhantes a fibroblastos, que desempenham um papel no processo inflamatório crônico encontrado na artrite reumatoide. Os pesquisadores descobriram que o fitoquímico pode inibir a produção de citocinas inflamatórias e prevenir a ativação de várias vias que podem estar envolvidas na inflamação.
As propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas do óleo de orégano o tornaram uma adição popular aos produtos para a pele. Um estudo analisou a atividade biológica em um modelo de célula da pele humana e encontrou evidências que sugerem que o óleo essencial de orégano não é apenas um candidato promissor como anti-inflamatório, mas também com propriedades anticancerígenas.
Cuidado ao escolher o óleo
O óleo de orégano pode ser comprado como extrato ou óleo essencial. O óleo essencial é feito de brotos e folhas secas e é extraído por destilação a vapor. O óleo essencial pode ser misturado com um óleo transportador e utilizado na pele.
O extrato de óleo de orégano, também chamado de óleo de orégano, pode ser feito em casa apenas adicionando folhas picadas ao azeite e aquecendo a mistura em banho-maria fervente por 10 minutos para liberar o óleo natural das folhas de orégano. Isso é armazenado por uma a duas semanas antes que as folhas sejam drenadas, e o óleo é guardado em um recipiente hermético. O óleo de orégano também pode ser adquirido na forma líquida ou em cápsulas.
Ao comprar seu óleo de orégano, verifique o rótulo para certificar-se de que é feito por um fabricante confiável que vende óleos orgânicos puros, pois muitas marcas ruins podem ser adulteradas. Lembre-se também de que o óleo de orégano deve ser utilizado com transportador. Minhas principais opções de óleo transportador são azeitona, coco ou jojoba. Quando estiver pronto para ser utilizado, lembre-se de primeiro testá-lo em uma pequena área da pele, para ter certeza de que não possui uma reação alérgica local.
A fitoterapeuta clínica Michelle Lynde escreveu que a proporção ideal ao diluí-lo para uso tópico é de uma parte de óleo de orégano para três partes de óleo carreador. Algumas gotas de óleo essencial também podem ser adicionadas a um vaporizador ou difusor para ajudar a aliviar os sintomas de alergias, sinusite, bronquite crônica e tosse.
O óleo diluído deve ser evitado em gestantes ou lactantes, e não deve ser administrado a bebês ou crianças. Pessoas com pressão alta ou problemas cardíacos também devem evitar utilizar o óleo de orégano.