Os derrames, frequentemente chamados de "ataques cerebrais" (em vez de "ataques cardíacos"), ocorrem quando um coágulo sanguíneo bloqueia uma artéria ou vaso, cortando o fluxo de sangue para o cérebro. Como resultado, os neurônios morrem e danos cerebrais podem ocorrer. Sem um tratamento rápido e adequado, um derrame pode ser fatal.
Embora a maioria dos derrames ocorra em pessoas com idade avançada, os jovens não estão imunes ao risco. Entre 1995 e 2012, as ocorrências de derrames praticamente dobraram em homens entre 18 e 44 anos, segundo a National Stroke Association. Estimativas sugerem que 10% dos derrames ocorram em pessoas abaixo dos 50 anos.
O falecimento recente de Luke Perry, de 52 anos, ator do popular programa dos anos 80 "Barrados no Baile", chamou novamente a atenção para os riscos do derrame, especialmente entre jovens adultos e pessoas de meia idade.
As análises revelam que 9 em cada 10 derrames são evitáveis ao abordar fatores relacionados ao estilo de vida, como pressão alta, obesidade, hiperglicemia, hiperlipidemia, disfunção renal, tabagismo, dieta e comportamento sedentário. Há também evidências de que os seus níveis de vitamina D e magnésio têm certa influência. O consumo de álcool na meia idade também parece um fator significativo.
Sinais e sintomas de um derrame
9 a cada 10 derrames são isquêmicos, ou seja, resultam da obstrução de um vaso ou artéria que fornece sangue para o cérebro. Pesquisas mostram que 15% dos derrames isquêmicos ocorrem em "adolescentes e jovens adultos". O outro tipo de derrame, conhecido como hemorragia cerebral, decorre de um rompimento de um vaso sanguíneo.
Os derrames podem ser particularmente devastadores porque ocorrem sem aviso. Quanto mais o cérebro fica sem oxigênio, maiores são os riscos de danos permanentes. Essa é uma área na qual a medicina moderna se superou, pois existe uma medicação emergencial que dissolve coágulos, permitindo que o sangue torne a fluir para o cérebro.
Para que esse tratamento seja eficiente, ele deve ocorrer dentro de três horas. Quanto mais cedo, melhor. Pesquisas também mostram que centros de atendimentos primários têm uma taxa de mortalidade menor do que os hospitais ao tratar de derrames, o que você deve considerar na hora de transportar um paciente.
Os seguintes sintomas podem sinalizar uma falta de oxigenação no cérebro, possivelmente relacionada a um derrame. Caso sinta algum deles, ligue imediatamente para um atendimento de emergência.
Lembre-se: você precisa chegar a um hospital o quanto antes. Em caso de suspeita de derrame, não dirija até o hospital.
Ligue para uma ambulância para garantir uma assistência rápida e especializada, pois cada minuto conta.
- Tontura súbita ou fraqueza no rosto, braço ou perna, especialmente quando ocorre apenas de um lado do corpo.
- Confusão súbita. Dificuldades para falar ou entender a fala de alguém.
- Dificuldades para enxergar em um dos dois olhos ou visão dobrada.
- Dificuldade repentina para andar, tontura, perda de equilíbrio ou coordenação.
- Dores de cabeça súbitas e severas sem motivo aparente, náusea ou vômito.
É importante ficar atento a esses sintomas, mesmo que eles ocorram por um curto período e desapareçam repentinamente, pois pode se tratar de um mini derrame, conhecido como ataque isquêmico transitório. É importante procurar ajuda médica para diagnosticar rapidamente um problema que pode ter consequências sérias no futuro. Uma sigla simples de memorizar é RFFA:
R: Rosto caído
F: Fraqueza no braço
F: Fala prejudicada
A: Ambulância!!!
Fatores de risco de derrame em jovens adultos ou pessoas de meia idade
De acordo com o Dr. Lee H. Schwamm, diretor do centro de acidentes vasculares cerebrais do Massachusetts General Hospital, e Dr. Lawrence R. Wechsler, presidente do departamento de neurologia da Universidade de Pittsburgh, os fatores de risco de acidente vascular cerebral entre pacientes abaixo de 50 anos diferem daqueles entre idosos e incluem:
Dissecção arterial que causa um coágulo sanguíneo — A dissecção arterial, que é quando o revestimento de uma artéria rasga, pode ocorrer durante movimentos súbitos do pescoço, incluindo lesões esportivas no pescoço e solavancos que podem ocorrer ao andar em uma montanha-russa. |
Sopro no coração — Estima-se que uma em cada quatro pessoas tenha essa condição que aumenta as chances de um derrame, pois permite que um coágulo atravesse o coração e chegue ao cérebro. |
Coágulos sanguíneos. |
Problemas no coração ou perturbações no ritmo cardíaco. |
Estreitamento das artérias causado por estimulantes ou drogas, gerando uma súbita falta de oxigênio no cérebro. |
Aneurisma ou malformação arteriovenosa. |
A deficiência de magnésio ou vitamina D aumentam os riscos de derrame
A falta de certos nutrientes tem um papel importante na ocorrência de derrames. Dois dos mais importantes são a vitamina D e o magnésio. De acordo com uma pesquisa apresentada no encontro anual daAmerican Heart Association's (AHA) em 2010, a deficiência de vitamina D dobra o risco de derrames em caucasianos, mas não em afro-americanos.
Dito isso, a falta de vitamina D está ligada ao enrijecimento arterial em adolescentes negros, o que é um fator de risco para derrames.
Pesquisadores chineses também encontraram uma correlação entre a ingestão de magnésio e o risco de derrame. Após observar mais de 1 milhão de pessoas em nove países, os pesquisadores concluíram que pessoas que consumem mais magnésio têm 12% a menos de risco de ter um derrame.
Fudi, Wang, PH.D e líder do estudo, apontou que, embora as diretrizes norte-americanas recomendem a ingestão diária de 300 mg de magnésio para homens e 270 para mulheres, os casos de deficiência ainda são comuns.
Um motivo provável para isso é que pessoas não consomem vegetais frescos regularmente.
Estratégias de prevenção de derrames
Considerando que a maioria dos derrames é relacionada ao estilo de vida, eu recomendo que você assuma o controle da sua saúde de uma vez por todas e reduza seus riscos. Convencionalmente falando, muitos dos mesmos fatores de risco de doenças do coração também aumentam o risco de derrames, como:
Pressão alta |
Obesidade |
Alta contagem de triglicerídeos |
Nível elevado de homocisteína |
Baixos níveis de colesterol HDL e altos níveis de colesterol LDL |
Altos níveis de TMAO |
Tabagismo |
Ociosidade |
Para lidar com esses e outros fatores de risco, considere implementar as seguintes estratégias:
Consuma alimentos saudáveis — Uma dieta de alimentos não processados ou pouco processados pode proteger seu coração e saúde cardiovascular, minimizando a exposição a toxinas e ingredientes sintéticos, além de fornecer nutrientes de alta qualidade.
Certos conservantes, como o nitrato de sódio e o nitrito, encontrados em carnes defumadas e processadas, danificaram os vasos sanguíneos, o que pode aumentar o risco de derrame. Eu recomendo que você evite todos os tipos de carnes processadas, optando por cortes orgânicos e de animais terminados a pasto. |
Consuma alimentos ricos em probióticos — Os metabólitos produzidos por certos micróbios intestinais têm sido associados a um aumento do risco de aterosclerose, ataque cardíaco, derrame e morte precoce.
Além dos fatores de risco tradicionais, uma baixa contagem de metabólitos parece contribuir para a proteção contra eventos relacionados a coágulos.
Os probióticos encontrados em vegetais fermentados e laticíneos como iogurte e kefir podem ajudar a diminuir esses metabólitos. Os probióticos também diminuem seu risco de ter pressão alta, que, por sua vez, é um fator de risco para derrames e ataques cardíacos. Os maiores beneficiados pelos probióticos parecem ser aqueles que têm uma pressão arterial acima de 130/85.
Em estudos, probióticos com uma variedade de bactérias reduziram mais a pressão sanguínea do que aqueles que continham apenas um tipo de bactéria.
Outro estudo em animais publicado no ano passado descobriu que o probiótico lactobacillus marinus previne a hipertensão sensível ao sal por meio da modulação das células TH17 (uma outra pesquisa descobriu que uma alta ingestão de sal inibe o lactobacillus marinus, contribuindo para a hipertensão). |
Aumente sua ingestão de fibras — Pesquisadores descobriram que, para cada 7 gramas a mais de fibra consumidas diariamente, seu risco de derrame diminui em 7%. Esta conclusão foi elaborada com base em dados de oito estudos observacionais. A fibra é a parte não digerível das plantas, podendo ser solúvel ou insolúvel. As fibras solúveis parecem reduzir ainda mais o risco de derrames. |
Evite refrigerantes "diet" — Idealmente, para manter uma boa saúde e prevenir doenças, elimine todos os refrigerantes da sua dieta, já que uma lata contém cerca de 1,5 vez o valor diário recomendado de açúcar. |
Exercite-se regularmente — A musculação pode ser particularmente importante para a saúde do coração. Uma pesquisa mostra que menos de uma hora de treino de força por semana pode reduzir o risco de ataques cardíacos e derrames em 40% a 70%, independentemente de exercícios aeróbicos.
O fato de os benefícios cardiovasculares da musculação serem independentes de exercícios aeróbicos, como caminhada e corrida, significa que o treino de força é suficiente por si só. Ele pode reduzir seu risco de ataques cardíacos e derrames mesmo que você não cumpra as recomendações voltadas para atividades aeróbicas. |
Otimize seus níveis de vitamina D — Idealmente, é uma boa ideia aferir seus níveis de vitamina D duas vezes ao ano para garantir valores entre 60 e 80 ng/ml (150 and 200 nmol/L) o ano todo, seja por suplementação oral, exposição solar ou ambos. |
Otimize seus níveis de magnésio — Faça um exame para descobrir seus níveis de magnésio, verifique sintomas de insuficiência e determine qual é sua ingestão recomendada. A falta de potássio ou cálcio também é um sinal laboratorial comum de uma deficiência de magnésio.
Para aumentar seus níveis, consuma alimentos ricos em magnésio ou tome um suplemento equilibrado com vitaminas D3, K2 e cálcio. Embora a ingestão diária recomendada de magnésio seja de 310 a 420 mg por dia, dependendo da sua idade e sexo, alguns especialistas recomendam até 600 a 900 mg por dia. |
Controle o estresse — O estresse é um fator de risco geral para derrames. Quanto mais estressado você é, em maior risco está. Um estudo de 2008 demonstrou que, para cada ponto mais abaixo em uma escala de bem-estar mental, o risco de derrame aumenta em 11%. Não é de se surpreender que a relação entre angústia psicológica e derrames seja mais do que comprovada em casos fatais. |
Trate os níveis elevados de TMAO — Estudos mostraram que altos níveis de N-óxido de trimetilamina (TMAO) estão associados a um aumento do risco de ataques cardíacos e derrames, portanto, aferir seu nível de TMAO sanguíneo pode ser uma poderosa ferramenta preditiva para avaliar seu risco de derrame. Em uma análise, níveis sanguíneos elevados de TMAO aumentaram o risco de morte por todas as causas em quatro vezes pelos próximos 5 anos.
Uma pesquisa demostrou que o óleo de krill, a astaxantina, o óleo de peixe e a berberina podem estar entre as melhores estratégias suplementares para aqueles com altos níveis de TMAO depois da otimização da dieta, pois trata-se simplesmente de um reflexo da resistência à insulina no fígado. |
Limite seu consumo de álcool — Pesquisas mostram que o alto consumo de álcool durante a meia idade pode ser um fator de risco para derrames. Pessoas que tomam mais do que dois drinques por dia têm 34% a mais de risco de ter um derrame do que aquelas que tomam menos de meio drinque por dia.
De acordo com este estudo, "pessoas que consomem álcool exageradamente na meia-idade estão sob alto risco desde o início até os 75 anos de idade, quando a hipertensão e a diabetes passam a ser os fatores de risco mais relevantes. Em análises de pares de gêmeos monozigóticos, o consumo excessivo de álcool encurtou a idade média para um derrame em cinco anos". |
Pare de fumar — O tabagismo é um dos maiores fatores de risco para derrames. Parar de fumar é muito importante caso você esteja preocupado com o risco de um derrame. |