Por Dr. Mercola
Os dias ensolarados do Verão chegaram e, com eles, aumentam as recomendações para se utilizar protetor solar. Infelizmente, a maioria dos protetores solares contém ingredientes tóxicos, que são facilmente absorvidos pela pele e podem prejudicar sua saúde.
A boa notícia é que você pode manter uma pele saudável e protegê-la de dentro para fora contra os danos causados pelos raios ultravioleta. Cientistas identificaram diversos nutrientes que possuem atividade protetora contra os raios UV, o que pode reduzir o risco de queimaduras e danos à pele.
Neste artigo, falarei sobre os principais deles: Astaxantina, licopeno, beta-caroteno, vitaminas D e E, galato de epigalocatequina (EGCG).
Astaxantina — O mais poderoso protetor solar natural
A Astaxantina, um dos antioxidantes mais potentes da natureza, demonstrou oferecer uma proteção significativa contra os danos causados pela radiação UV por agir como filtro solar interno. Ela possui uma forte atividade de eliminação de radicais livres, protegendo suas células, órgãos e tecidos do corpo de danos oxidativos.
A Astaxantina é produzida pela microalga Haematococcus pluvialis quando ela perde seu suprimento de água, o que a força a se proteger da radiação ultravioleta. A astaxantina é essencialmente o mecanismo de sobrevivência das algas. Este “escudo de radiação” explica como a Astaxantina pode protegê-lo dos raios UV, ajudando a prevenir rugas e o envelhecimento precoce da pele causado pelo Sol.
A astaxantina protege contra a morte celular causada pelos raios UV
Em se tratando de proteção contra a radiação solar, a Astaxantina ajuda especificamente a proteger contra a morte celular causada pelos raios UV. Ao contrário dos protetores de uso tópicos, a Astaxantina protege sua pele contra danos sem bloquear de fato os raios UV, e por isso não impede que o UVB seja convertido em vitamina D na sua pele.
Este efeito é tão poderoso que estudos mostram que ele ajuda a proteger contra:
- Irradiação corporal total, principalmente através da eliminação de espécies reativas de oxigênio intracelulares e redução da apoptose celular (morte programada da célula)
- Progressão de queimaduras, reduzindo a inflamação induzida pelo estresse oxidativo e a apoptose relacionada às mitocôndrias
A Cyanotech Corporation financiou um estudo através de um laboratório independente de pesquisa de consumo para medir a resistência da pele às radiações UVA e UVB antes e depois da suplementação com Astaxantina. Após tomar 4 mg de Astaxantina por dia durante duas semanas, os participantes mostraram um aumento significativo no tempo necessário para que a radiação UV causasse vermelhidão na pele.
Outro estudo demonstrou as propriedades de proteção UV de outros carotenoides: luteína e zeaxantina. Nele, chegou-se à conclusão de que a luteína e Zeaxantina podem aumentar aumento em até quatro vezes a proteção da pele quando ingeridas, e em até seis vezes quando houve aplicação tópica além do uso interno.
Muitos atletas relatam que a Astaxantina permite que eles permaneçam no sol por mais tempo sem queimaduras e insolação. Além disso, menos queimaduras também significa menor risco de câncer de pele.
Licopeno e Beta-Caroteno também aumentam o fator de proteção solar da pele
O licopeno também age como um protetor solar interno, embora não seja tão potente quanto a Astaxantina. Um estudo publicado em 2001 descobriu que a massa de tomate pode ajudar a proteger indivíduos de pele clara com tendência a se queimar em vez de bronzear.
Dezenove homens e mulheres de pele clara, olhos azuis e cabelos claros foram instruídos a acrescentar 10 gramas de azeite ou uma combinação de 10 gramas de azeite e 40 gramas de massa de tomate (cerca de 5 colheres de sopa, ou meia lata pequena) à sua dieta diária.
Trabalhos anteriores desta equipe de pesquisa mostraram que o cozimento melhora a biodisponibilidade do licopeno nos tomates, motivo pelo qual o extrato de tomate foi utilizado neste estudo. O óleo facilita ainda mais a absorção do nutriente pelo corpo.
Durante o teste, com duração de 10 semanas, os pesquisadores testaram periodicamente a tolerância dos participantes à radiação solar, irradiando uma pequena área de pele nas costas dos participantes com uma lâmpada solar, avaliando quanto tempo levava para que o avermelhamento (eritema) ocorresse.
O grupo que acrescentou apenas o azeite não apresentou mudanças na tolerância no período do estudo, mas aqueles que consumiram a massa de tomate além do óleo exibiram 40% menos vermelhidão no final das 10 semanas em comparação com as primeiras quatro semanas.
Segundo os autores, “os dados demonstram que é possível obter proteção contra o eritema induzido pela luz UV através ingestão de uma fonte de licopeno comumente consumida”.
A Vitamina D reduz o risco de câncer de pele
É provável que você, como a maioria das pessoas, tenha sido mal orientado pelo conselho equivocado da maioria dos dermatologistas e autoridades de saúde pública de evitar o sol para reduzir o risco de câncer de pele.
Infelizmente, evitar completamente o sol é desaconselhável, e pode aumentar seu risco em vez de diminuí-lo. Basicamente, a vitamina D que seu corpo produz em resposta à radiação UVB ajuda a proteger contra o melanoma. Conforme observado em um estudo da Lancet:
“Paradoxalmente, os trabalhadores ao ar livre possuem taxas menores de melanoma quando comparados a trabalhadores internos, sugerindo que a exposição crônica à luz solar pode ter um efeito protetor”.
A otimização da sua vitamina D através da exposição solar consciente também pode ajudar a proteger contra diversos tipos de câncer internos, que causam um número de mortes muito maior do que o melanoma sozinho. A vitamina D também é crucial para a prevenção de outras doenças crônicas, e tem se mostrado um fator importante para a longevidade.
Um estudo sueco publicado em 2014, por exemplo, que acompanhou 29.518 mulheres idosas e de meia-idade por até 20 anos, descobriu que as mulheres que evitavam a exposição ao sol e camas de bronzeamento tinham duas vezes mais chances de morrer no decorrer do estudo. Os pesquisadores atribuíram esse achado à influência protetora da vitamina D.
A vitamina E desempenha um papel importante na fotoproteção, mas escolha o seu suplemento com cuidado
Outra vitamina que ajuda a prevenir danos à pele relacionados ao sol é a vitamina E, especialmente quando combinada com vitamina C. Um artigo do site Micronutrient Information Center da Oregon State University aborda as diferentes funções da vitamina E na pele, observando que “a vitamina E pode absorver energia da luz ultravioleta.
Desempenhando assim um papel importante na fotoproteção e prevenindo os danos causados pelos radicais livres gerados pela radiação UV.” A alimentação é a melhor fonte de vitamina E, uma vez que contém uma combinação dos oito tipos de vitamina E.
Se você estiver usando um suplemento, certas considerações importantes devem ser levadas em conta. A vitamina E sintética (alfa-tocoferol) é derivada de produtos petroquímicos, e sabe-se que possui efeitos nocivos.
A vitamina E natural inclui oito compostos diferentes em todo, e um equilíbrio adequado de todos os oito ajuda a otimizar suas funções antioxidantes. Estes compostos são divididos em dois grupos de moléculas:
1. Tocoferóis
a. Alfa
b. Beta
c. Gama
d. Delta
2. Tocotrienóis
a. Alfa
b. Beta
c. Gama
d. Delta
Os tocoferóis são considerados a “verdadeira” vitamina E, e muitos afirmam que é o único tipo que oferece benefícios reais para a saúde. Parte do problema com os tocotrienóis é que eles simplesmente não receberam tanta atenção científica. No entanto, na minha opinião, é seguro assumir que você se beneficiaria de um equilíbrio entre os oito, e não apenas um.
Suplementos sintéticos de vitamina E tipicamente incluem apenas alfa-tocoferol, e pesquisas publicadas em 2012 concluíram que os alfa-tocoferóis sintéticos, encontrados em suplementos de vitamina E, não proporcionam proteção significativa contra o câncer, enquanto o gama e delta-tocoferóis ajudam a prevenir câncer de cólon, pulmão, mama e próstata.
Tenha em mente que um suplemento raramente dirá diretamente que é sintético, então você precisará saber o que procurar no rótulo:
- O Alfa-tocoferol sintético é tipicamente listado com um "dl" (isto é, dl-alfa-tocoferol)
- Os não-sintéticos ou de origem natural são tipicamente listados com um "d" (d-alfa-tocoferol). Observe que, quando a vitamina E é estabilizada pela adição de ácido succínico ou ácido acético, o nome químico muda de tocoferol para tocoferil (como no succinato de d-alfa-tocoferil, por exemplo).
Recomendações sobre a vitamina E
Eu recomendo fortemente evitar suplementos de vitamina E sintéticos, pois foi demonstrado que eles possuem efeitos tóxicos em maiores quantidades e / ou a longo prazo. A vitamina E sintética também tem sido associada a um aumento na progressão de tumores, tendo acelerado o câncer de pulmão em camundongos.
Então, se você optar por um suplemento, certifique-se de que está recebendo um suplemento de vitamina E natural e equilibrado. Também procure um suplemento que seja livre de soja, derivados de óleo de soja e ingredientes geneticamente modificados (GM). Os ingredientes geneticamente modificados mais comuns encontrados nos suplementos são os derivados de milho, soja e algodão.
De acordo com uma revisão científica publicada em 2015, apenas 21% da população global estudada apresentava níveis séricos de vitamina E acima de 30 micromol por litro (μmol / L), que parece ser o mínimo para que sejam obtidos os seus efeitos benéficos à saúde.
De acordo com o paper "100 Anos de Vitaminas", uma edição especial publicada no International Journal for Vitamin and Nutrition Research em 2012, atingir um nível de 30 μmol/L requer uma ingestão diária de 15 a 30 mg de vitamina E.
A principal razão para tal deficiência generalizada é que a maioria das pessoas possui uma dieta baseada em produtos processados, que tende a ser pobre em nutrientes importantes como a vitamina E, entre outros.
Os antioxidantes no chá verde ajudam a prevenir danos genéticos na pele exposta aos raios UV
O antioxidante galato de epigalocatequina (EGCG), encontrado no chá-verde, também demonstrou prevenir danos genéticos em células da pele expostas à radiação UV. O estudo, publicado no Journal of Nutrition em 2011, descobriu que as mulheres que consumiram uma bebida com polifenóis do chá-verde (teor total de catequinas 1,402 mg) apresentou um risco reduzido de queimaduras solares em comparação com o grupo de controle.
Conforme relatado neste estudo:
“A fotoproteção, estrutura e função da pele foram medidas no início (semana 0), semana 6 e semana 12. Após a exposição de áreas da pele a doses de radiação eritemal mínimas equivalentes a 1,25 em um simulador solar, o eritema induzido pelos raios UV diminuiu significativamente, no grupo de intervenção, entre 16 e 25% após 6 e 12 semanas, respectivamente.”
“As características estruturais da pele que foram afetadas positivamente incluíram elasticidade, rugosidade, descamação, densidade e homeostase da água… Em suma, os polifenóis do chá-verde fornecidos em uma bebida protegeram a pele contra a radiação UV prejudicial e ajudaram a melhorar a qualidade geral da pele nas mulheres.”
Para melhorar ainda mais os benefícios do chá-verde, você pode adicionar um pouco de suco de limão à sua xícara. A pesquisa demonstrou que a vitamina C aumenta significativamente a biodisponibilidade das catequinas do chá.
A adição de 30 mg de ácido ascórbico (vitamina C) a 250 ml de chá aumentou a recuperação dos níveis de EGCG para 56% a 76%, ao passo que, normalmente, menos de 20% das catequinas permanecem após a digestão.
A saúde da pele e a proteção solar são criadas de dentro para fora
Como você pode ver, há diversas maneiras de melhorar a capacidade da sua pele de suportar a ação dos raios solares, permitindo assim que você obtenha os seus benefícios sem aumentar muito os riscos. Como mencionado anteriormente, a chave para prevenir danos à pele e o câncer de pele é evitar as queimaduras.
Tão logo sua pele comece a ficar rosada (o que será relativo, dependendo da coloração natural dela), o ideal é sair do sol ou colocar roupas protetoras. Um chapéu de aba larga para proteger o seu rosto é sempre aconselhável, já que esta é uma região sensível. A maior parte da sua produção de vitamina D provem da exposição de áreas do seu corpo com maior superfície.