Os efeitos prejudiciais das bebidas energéticas

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Resumo da matéria -

  • Atualmente, as bebidas energéticas comuns são compostas por mais de 300 mg de cafeína e outros agentes metabólicos capazes de aumentar seus níveis de energia, perturbar seu sono, alterar o funcionamento do coração e interferir nas funções arteriais
  • Estudiosos se preocupam que a combinação da cafeína com os outros ingredientes das bebidas energéticas, presentes em concentrações muito maiores do que nas plantas e alimentos naturais, pode amplificar os efeitos da cafeína e causar problemas de saúde que podem até mesmo ser fatais
  • Os antioxidantes presentes no café orgânico são benéficos para a saúde, pois podem reduzir as taxas de mortalidade e melhorar as funções cognitivas
  • A hidratação com hidrogênio molecular ajuda a aumentar os níveis de energia sem riscos adicionais. Também é bom considerar outros costumes, como dormir bem, manter-se bem hidratado, cuidar da sua microbiota intestinal e se alimentar de forma balanceada, com uma dieta rica em gorduras saudáveis e pobre em carboidratos

Por Dr. Mercola

Nos últimos séculos, as pessoas têm consumido vários tipos de bebidas para ganharem mais energia. Embora a tendência tenha mudado do chá para o café, depois para os refrigerantes e, por fim, para as bebidas energéticas, o objetivo sempre foi o mesmo.

Apesar de não ter sido vendida como uma bebida energética, a Coca-Cola, lançada em 1886, pode ter sido o primeiro exemplar desse tipo de produto, pois continha dois estimulantes fortes na sua composição original: a cafeína e a cocaína.

O nome da empresa, Coca-Cola, foi baseado na planta coca, da qual a cocaína e a noz-de-cola, fonte da cafeína, são derivadas. Em 1960, a empresa japonesa Taisho Pharmaceuticals criou a primeira bebida feita para aumentar a energia. Ela continha vitaminas essenciais, taurina e niacina, agentes metabólicos capazes de melhorar a energia e a concentração.

Baseando-se nessa bebida, o austríaco Dietrich Mateschitz, em 1987, adicionou cafeína e açúcar na fórmula, e renomeou a bebida para Red Bull. Por volta de 1997, a Red Bull chegou aos EUA, seguida pelas bebidas Monster Energy e 5-hour Energy. Em 2006, houve uma explosão de vendas desse tipo de produto, e apesar de outras marcas terem conquistado parte do mercado, a Red Bull permanece sendo a bebida energética mais conhecida do mundo, com lucro anual de quase 2 bilhões de dólares.

Em 2012, 13 pessoas já haviam morrido pelo consumo da bebida 5-hour Energy, em menos de quatro anos. Apesar disso, há uma previsão de que o valor de mercado das bebidas energéticas vai alcançar 61 bilhões de dólares em 2021, e estima-se que 30% dos adolescentes de 12 a 17 anos de idade consomem bebidas energéticas regularmente.

Por mais que os fabricantes anunciem essas bebidas como suplementos capazes de melhorar o desempenho físico e cognitivo, existem relatos de efeitos prejudiciais, mais especificamente, problemas cardiovasculares e neurológicos.

O número de visitas aos departamentos de emergência dos hospitais provocadas pelas bebidas energéticas mais que dobrou entre 2007 e 2011. Uma pesquisa recente mostra que esses produtos prolongam as medições do eletrocardiograma de forma considerável, e aumentam a pressão arterial.

Estudo descobre que as bebidas energéticas interferem nas funções cardíacas

O objetivo da pesquisa era determinar o impacto que as bebidas energéticas podem causar sobre os parâmetros eletrocardiográficos e hemodinâmicos em participantes voluntários saudáveis sem riscos de doenças cardíacas. O estudo contou com a participação de 34 pessoas com uma média de idades de 22 anos, que passaram por um ensaio randomizado, duplo-cego e controlado por placebo.

Os participantes consumiram 1 L da bebida energética A, ou da bebida energética B, ou de um placebo, durante 60 minutos, por três dias de pesquisa. Antes de cada dia de pesquisa, eles passaram por um período de limpeza de seis dias.

Antes das experiências, os pesquisadores mediram a pressão arterial central e periférica dos participantes e realizaram novas medições a cada 30 minutos após o início do processo, Até completar quatro horas. Nenhum dos participantes usavam qualquer tipo de medicamento, exceto três deles, que estavam usando pílulas anticoncepcionais.

O objetivo das medições era avaliar os ritmos cardíacos e as propriedades elétricas dos corações dos participantes, conhecidos em termos médicos por intervalos QT e QTc (QT corrigido), intervalo PR e duração do QRS.

O intervalo QT se refere ao ritmo do seu coração, e mede o tempo entre o começo da despolarização ventricular (conhecida como complexo QRS) até o final da repolarização ventricular (conhecida como onda T). Para os leigos, o intervalo QT pode ser explicado como os pulsos elétricos que controlam os batimentos do coração.

Intervalos QT longos ou prolongados significam batimentos cardíacos rápidos e descontrolados, que podem causar desmaios, convulsões ou até mesmo a morte súbita. De acordo com a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA), o prolongamento do intervalo QTc (medido no exame de eletrocardiograma) é um fator de risco para a arritmia cardíaca.

Os resultados confirmaram que as bebidas energéticas prolongaram o intervalo QTc, e este permaneceu prolongado por um período de quatro horas, de forma que não pode ser considerado um efeito passageiro. As duas bebidas energéticas utilizadas no estudo, encontradas facilmente no mercado, apresentaram efeitos similares sobre os parâmetros do eletrocardiograma.

Elas contêm uma combinação de cafeína, taurina, glucoronolactona e vitaminas B. A bebida placebo, por sua vez, continha suco de limão, água com gás e aromatizante de cereja.

As bebidas energéticas também causaram um aumento nas pressões arteriais centrais e periféricas dos pacientes. Então, os pesquisadores recomendaram que pessoas portadoras da síndrome do QT longo e/ou pressão alta deviam limitar o consumo de bebidas energéticas, pois esses produtos podem agravar as doenças.

Acredita-se que doses de menos de 400 mg de cafeína não influenciam nos resultados dos exames de eletrocardiograma, mas as duas bebidas energéticas utilizadas no experimento continham menos de 350 mg de cafeína. Uma das limitações do estudo foi que ele avaliou apenas os efeitos a curto-prazo das bebidas energéticas, ignorando os efeitos causados pelo consumo regular desses produtos.

Bebidas energéticas podem reduzir o diâmetro das suas artérias

O Dr. John Higgins, diretor de cardiologia do Hospital Lyndon B. Johnson, dirigiu um estudo avaliando os efeitos das bebidas energéticas sobre as funções dos vasos sanguíneos. Ele convidou 44 estudantes de medicina saudáveis, não fumantes, na casa dos 20 anos de idade, e analisou seus vasos sanguíneos antes e 90 minutos após consumirem 700 ml de uma bebida energética.

Através de um aparelho de ultrassom utilizado para analisar a saúde dos vasos sanguíneos, os pesquisadores verificaram uma redução considerável nas funções e no diâmetro dos vasos sanguíneos dos estudantes. Segundo suas análises, a dilatação era de 5,1% de diâmetro antes do consumo da bebida, e, após o consumo desta, caiu para 2,8%, o que sugere danos graves nas funções dos vasos sanguíneos.

Higgins diz que muitos jovens consomem bebidas energéticas quando praticam exercícios, ou em outras circunstâncias nas quais o corpo exige uma boa circulação sanguínea, para que o oxigênio possa chegar nas células de maneira mais rápida. No entanto, essa redução no diâmetro dos vasos limita a circulação sanguínea e o suprimento de oxigênio para as células. Higgins comentou:

“Essas bebidas esforçam o coração e diminuem o suprimento de oxigênio para as células. Isso pode explicar os casos em que crianças sofreram paradas cardíacas após consumirem bebidas energéticas.”

Outro estudo, publicado na Revista da Associação Médica Americana, propõe que as bebidas energéticas aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca de adultos saudáveis em repouso, e que essas alterações estão associadas à ativação do sistema nervoso simpático.

Apesar do estudo ter utilizado uma amostra pequena, os pesquisadores descobriram que as bebidas energéticas aumentam consideravelmente a pressão arterial e a taxa de catecolamina de jovens adultos saudáveis. Eles propõem que essas alterações podem aumentar os riscos de eventos cardiovasculares. Higgins recomenda evitar as bebidas energéticas durante exercícios ou estudos.

O alto teor de cafeína pode interagir com os outros ingredientes das bebidas energéticas

Como mencionado anteriormente, as bebidas energéticas testadas no estudo em questão tinham teor de cafeína 50 mg abaixo do nível considerado perigoso para o coração. No entanto, a Associação Americana de Bebidas continua afirmando que as bebidas energéticas são seguras, pois seus ingredientes podem ser encontrados em outros alimentos e são considerados seguros.

A maioria dessas bebidas contém cafeína, açúcares e vitaminas B. Também podem conter estimulantes legais como o guaraná, a taurina, um aminoácido encontrado em carnes e peixes, e a L-carnitina, uma substância usada pelo corpo para transformar gordura em energia. Porém, o problema está na quantidade dessas substâncias, como explicado por Kathenire Zeratsky, nutricionista clínica da Clínica Mayo, em uma entrevista à CNN:

"No geral, o problema é que essas vitaminas, aminoácidos e ervas estão presentes nas bebidas energéticas em concentrações maiores do que quando encontradas em alimentos ou plantas, e seus efeitos ao corpo podem aumentar quando combinadas, principalmente com a cafeína.”

Em outras palavras, Zeratsky identificou um dos problemas existentes nos testes de produtos químicos utilizados em alimentos processados.

Na maioria dos casos, esses produtos químicos são testados de forma isolada, e os pesquisadores não são capazes de prever o que pode acontecer quando são combinados. Higgins também disse à CNN que mais pesquisas serão necessárias para determinar como os ingredientes podem interagir entre si e causar efeitos prejudiciais à saúde.

"Eles são como uma caixa preta. Nós não sabemos muito sobre eles. E as pessoas precisam estar cientes disso.

Isso pode ser muito perigoso para alguns grupos de pessoas, como jovens com menos de 18 anos de idade, grávidas, pessoas sensíveis à cafeína, pessoas que não estão acostumadas a consumir cafeína, e pessoas que usam certos medicamentos, como a anfetamina para o transtorno do déficit de atenção.”

E sobre o consumo de cafeína, pesquisadores descobriram que doses acima de 200 mg podem causar intoxicação por cafeína. Os sintomas podem incluir distúrbios gastrointestinais, contrações musculares, ansiedade, inquietação e insônia. O alto consumo de cafeína também foi associado à dores de cabeça diárias.

A Academia Americana de Pediatria recomenda que as crianças não consumam mais de 100 mg de cafeína por dia, pois pode causar pressão alta durante a adolescência.

As bebidas energéticas também interferem na qualidade do seu sono

Dentre os grupos que emitiram advertências sobre o consumo de bebidas energéticas, está o exército dos EUA, que aconselhou suas tropas a não consumirem grandes quantidades desses produtos, pois interferem na qualidade do sono, causando longos períodos de fadiga.

Em um estudo realizado em 2010, os pesquisadores descobriram que trabalhadores que bebiam três ou mais bebidas energéticas por dia dormiam, em média, quatro horas por noite, ou menos.

A qualidade do sono é fundamental para a sua imunidade, metabolismo, e capacidade de aprendizagem. E apesar das bebidas energéticas também serem populares entre os estudantes universitários, elas afetam a qualidade do sono e podem causar efeitos prejudiciais a longo prazo.

Os benefícios do café livre de produtos químicos

Apesar da mistura da cafeína e outros aditivos ser capaz de aumentar os efeitos da cafeína, e da maioria das bebidas energéticas terem alto teor de cafeína, é importante considerar os benefícios à saúde proporcionados pelo café orgânico puro.

Por exemplo, em um estudo, os pesquisadores descobriram que as pessoas que mais consumiram café durante um período de observação de 16,4 anos, apresentaram riscos reduzidos de mortalidade por todas as causas.

Para todos os participantes do estudo, o consumo de café foi relacionado à uma redução do número de mortes devido a doenças digestivas. Outros estudos já demonstraram que beber café pode ajudar a proteger contra quatro das doenças mortais mais comuns: doenças cardíacas, câncer, diabetes e derrame.

A hipótese dos pesquisadores é que o café contém agentes antioxidantes fortes, chamados de polifenóis, que podem fornecer às células uma proteção adequada contra espécies reativas de oxigênio ou radicais livres. O consumo de café também foi associado à uma redução nos riscos de glioblastoma, e pode ajudar a melhorar as funções cerebrais, reduzindo os riscos de mal de Alzheimer e outros tipos de demência.

No entanto, é importante que você beba o tipo correto de café, pois a torra clara e a torra média contêm quantidades maiores de acrilamida, um subproduto tóxico encontrado em 40% das calorias consumidas por um americano médio. Também já foi provado que a acrilamida causa câncer em animais, e é provável que também cause câncer em humanos.

A opção mais saborosa e saudável são os grãos de café orgânicos, cultivados em sombreamento, e moídos por você mesmo. Isso ajuda a prevenir a rancidez, pois grãos de café previamente moídos podem estar rançosos quando consumidos.

Apesar do café de torra escura ser amargo, quanto mais o café for torrado, mais acrilamida é queimada.

Hidrate-se com o hidrogênio molecular, pois é saudável e não oferece riscos à saúde

Outra opção para aumentar os seus níveis de energia é o hidrogênio molecular, também conhecido por gás hidrogênio, formado pela união de dois átomos de hidrogênio. Foi descoberto que essa substância é capaz de curar o estresse oxidativo, um dos principais mecanismos capazes de destruir a saúde humana.

Já foi demostrado que o hidrogênio molecular pode beneficiar quase todos os órgãos do corpo humano, além de atenuar as causas principais de várias doenças, inflamações e oxidações. O consumo de água rica em hidrogênio demostrou ser seguro e eficiente, e apresentou vários benefícios clínicos.

Talvez os benefícios que o hidrogênio molecular traz para a saúde e o bem-estar, além do aumento nos níveis de energia, sejam o suficiente para te convencer a usá-lo para se reidratar depois de praticar exercícios. A adição de hidrogênio à água trouxe os seguintes benefícios para animais e humanos durante os estudos:

Um antioxidante natural para combater o estresse. Pesquisas mostram que ele é capaz de destruir os radicais livres, sem se decompor em novos radicais livres.

Melhora a qualidade de vida após tratamentos com radiação, reduzindo as reações biológicas sem comprometer os efeitos antitumorais dos tratamentos.

Pode reforçar a qualidade de vida ao melhorar o funcionamento do sistema nervoso.

Pode reduzir o estresse oxidativo em pessoas com artrite reumatoide.

Pode regular as reações imunológicas e as doenças cardiometabólicas.

Proporciona uma melhora rápida e considerável para pessoas com psoríase, depois de lavar a área com água rica em hidrogênio molecular, devido à sua capacidade de remover as espécies reativas de oxigênio.

Demostrou efeitos anti fadiga em camundongos durante o nado.

Se hidratar com água rica em hidrogênio molecular antes de praticar exercícios reduz os níveis de lactato e a deterioração do funcionamento muscular.

Acelera a cicatrização de ferimentos de pele causados por radiação.

Outras formas de aumentar os seus níveis de energia

É importante considerar como os seus costumes podem afetar a sua energia e a sua capacidade de se concentrar e de se manter atento.

Em outras palavras, apesar de uma dose de cafeína ser útil de vez em quando, provavelmente não é uma coisa que você quer fazer todos os dias. Ao invés disso, é importante avaliar suas escolhas, pois elas estão diretamente relacionadas com a sua saúde e sua energia.

Dormir com qualidade, cuidar da sua microbiota intestinal, se alimentar de forma balanceada e se manter hidratado são apenas algumas maneiras de melhorar os seus níveis de energia.

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